Segundo as contas do blasfemo Gabriel, a vaca marsupial pública teve no ano passado um aumento líquido de 4.401 utentes pendurados nas suas flácidas e escanzeladas tetas. Para quem queria «diminuir, em pelo menos 75 mil efectivos, o pessoal da Administração Pública, ao longo dos quatro anos de legislatura», está agora na posição de ter que diminuir em pelo menos 79.401 utentes ao longo dos três anos de legislatura que lhe restam.
En passant, regista também o blasfemo Gabriel as dificuldades aritméticas evidenciadas pelo jornalista do Diário de Notícias. É mais um que não sabe a tabuada.
31/01/2006
30/01/2006
SERVIÇO PÚBLICO: la putain de la république
O Grande Loja do Queijo Limiano faz aqui uma oportuna retrospectiva do caso Duarte Lima, já esquecido e obliterado pelos escândalos que lhe sucederam. One man show, rivaliza com a boys band do caso Eurominas e, ao pé dele, o caso Isaltino é uma pequena operação de mãos mal lavadas.
29/01/2006
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: graxa pública, repugnância privada
Alguns detractores habituais do Impertinências indignaram-se com o tom (insultuoso, segundo um deles) com que este vosso criado abordou esta nova área temática.
Acontece que o Impertinências não é sócio de nenhuma das corporações que constituem as elites deste país, que geralmente praticam, com agonia mal disfarçada, a graxa pública às supostas qualidades do povo, ao mesmo tempo que nutrem em privado a maior repugnância pelos usos, costumes e valores da turba. Com a mesma duplicidade com que cantam as virtudes das escolas públicas, enquanto matriculam os seus rebentos no Colégio Alemão, no Liceu Francês ou equivalente.(*) Ou, ainda, como exaltam os atributos do Serviço Nacional de Saúde, ao mesmo tempo que tratam das suas maleitas na Cruz Vermelha, no Cuf Descobertas ou equivalente.(*)
Nomeadamente o Impertinências não sente nenhuma obrigação de dar graxa à turba. Pelo contrário, o Impertinências esmera-se em dar paulada na cabeça da turba, tal como se esmerava a fazer o mesmo no toutiço dos filhos para lhes incutir um módico de boas maneiras, ciência e diligência para fazerem pela vida. Esmero que, em ambos os casos, tem (quase) as mesmas razões, diga-se.
(*) E, podendo, fazem eles muito bem. Mas fazem mal em insultar a inteligência da turba.
Acontece que o Impertinências não é sócio de nenhuma das corporações que constituem as elites deste país, que geralmente praticam, com agonia mal disfarçada, a graxa pública às supostas qualidades do povo, ao mesmo tempo que nutrem em privado a maior repugnância pelos usos, costumes e valores da turba. Com a mesma duplicidade com que cantam as virtudes das escolas públicas, enquanto matriculam os seus rebentos no Colégio Alemão, no Liceu Francês ou equivalente.(*) Ou, ainda, como exaltam os atributos do Serviço Nacional de Saúde, ao mesmo tempo que tratam das suas maleitas na Cruz Vermelha, no Cuf Descobertas ou equivalente.(*)
Nomeadamente o Impertinências não sente nenhuma obrigação de dar graxa à turba. Pelo contrário, o Impertinências esmera-se em dar paulada na cabeça da turba, tal como se esmerava a fazer o mesmo no toutiço dos filhos para lhes incutir um módico de boas maneiras, ciência e diligência para fazerem pela vida. Esmero que, em ambos os casos, tem (quase) as mesmas razões, diga-se.
(*) E, podendo, fazem eles muito bem. Mas fazem mal em insultar a inteligência da turba.
27/01/2006
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: se não é estupidez, o que será?
Se, como até o ministro das Finanças já teve que reconhecer para a audiência da RTP, o estado napoleónico-estalinista não garante, nem pode garantir, o pagamento futuro da reforma que hoje seria suposto garantir quando esportula aos portugueses as contribuições para a segurança social, o que leva «cerca de metade dos portugueses (a confiar) no Estado para assegurar as suas reformas»? (ver estudo da TNS Sofres, citado pelo DE).
BLOGARIDADES: «O Mundo Imperfeito», um post perfeito
Fechado o Jaquinzinhos, jcd continua a produção no Blasfémias. Desta vez mostra como o inferno está cheio de boas intenções, a propósito do trabalho infantil. Benditas, pois, as multinacionais, que tiram as crianças dos arrozais para trabalharem no aconchego do lar.
26/01/2006
SERVIÇO PÚBLICO: o saber não ocupa lugar
Sabia que investigações recentes evidenciam a convivência e o cruzamento do Homo neanderthalensis com o Homo sapiens? (Fonte: The Economist)
Sabia que em Portugal, no Lapido, foi encontrado em 1999 o esqueleto, com cerca de 25.000 anos, duma criança híbrida Homo neanderthalensis e Homo sapiens? (Fonte: BBC)
Separados à nascença? Se sim no Lapido, porque não em Gondomar?
Sabia que em Portugal, no Lapido, foi encontrado em 1999 o esqueleto, com cerca de 25.000 anos, duma criança híbrida Homo neanderthalensis e Homo sapiens? (Fonte: BBC)
Separados à nascença? Se sim no Lapido, porque não em Gondomar?
24/01/2006
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA : nova área temática
Chegou ao fim este calvário eleitoral em que os portugueses tiveram que escolher, entre os admiradores do estado napoleónico-estalinista, aquele em cujo colo fofo irão carpir as maldades que o governo (falsamente socialista, dizem) lhes pretende infligir nos próximos 3 anos.
A mudança nas pessoas, nas organizações e nos países é um processo doloroso. Só muda quem não tem outro jeito. Há várias condições necessárias para mudar, sendo a primeira a percepção de que só temos futuro se mudarmos. É preciso que alguma coisa mude para que tudo continue na mesma, pensou com resignação Lampedusa pela boca do príncipe de Salina.
Para fazer as reformas necessárias num país possuído e extorquido por um estado napoleónico-estalinista, é preciso uma aguda consciência de desconforto. A última coisa que as elites aflitas deste país aflito devem fazer é o que fazem: negação dos problemas, discursos desculpabilizantes, promoção da «auto-estima», ou infantilizar das pessoas, como se elas não fossem capazes de lidar com a realidade. Ao contrário, é preciso mostrar porque temos as más atitudes, os maus costumes e as más práticas sociais, empresariais e políticas, é que precisamos de as mudar. Se tivéssemos as boas práticas que os políticos trombeteiam que temos (insultando a nossa inteligência) não precisaríamos de mudá-las.
Para comemorar este alívio, o Impertinências inaugura uma nova área temática.
Deixar de dar graxa para mudar de vida
Nesta área temática trata-se, com impertinência, das necessárias mudanças de paradigma, do dar corda aos sapatos, do pôr fim às desculpas dos ELES, do pôr a trabalhar os estradistas, do acabar a ilusão do sol na eira e da chuva no nabal. E, claro, trata-se também de como, para fazer isso, termos que emagrecer o monstro, o tratador da vaca marsupial pública, que vituperamos pela palha que consome, mas cujas tetas procuramos sofregamente.
A mudança nas pessoas, nas organizações e nos países é um processo doloroso. Só muda quem não tem outro jeito. Há várias condições necessárias para mudar, sendo a primeira a percepção de que só temos futuro se mudarmos. É preciso que alguma coisa mude para que tudo continue na mesma, pensou com resignação Lampedusa pela boca do príncipe de Salina.
Para fazer as reformas necessárias num país possuído e extorquido por um estado napoleónico-estalinista, é preciso uma aguda consciência de desconforto. A última coisa que as elites aflitas deste país aflito devem fazer é o que fazem: negação dos problemas, discursos desculpabilizantes, promoção da «auto-estima», ou infantilizar das pessoas, como se elas não fossem capazes de lidar com a realidade. Ao contrário, é preciso mostrar porque temos as más atitudes, os maus costumes e as más práticas sociais, empresariais e políticas, é que precisamos de as mudar. Se tivéssemos as boas práticas que os políticos trombeteiam que temos (insultando a nossa inteligência) não precisaríamos de mudá-las.
Para comemorar este alívio, o Impertinências inaugura uma nova área temática.
Deixar de dar graxa para mudar de vida
Nesta área temática trata-se, com impertinência, das necessárias mudanças de paradigma, do dar corda aos sapatos, do pôr fim às desculpas dos ELES, do pôr a trabalhar os estradistas, do acabar a ilusão do sol na eira e da chuva no nabal. E, claro, trata-se também de como, para fazer isso, termos que emagrecer o monstro, o tratador da vaca marsupial pública, que vituperamos pela palha que consome, mas cujas tetas procuramos sofregamente.
23/01/2006
SERVIÇO PÚBLICO: é a concorrência, estúpidos.
É um empresário meio desqualificado, que se propõe comercializar «dois modelos da marca chinesa Geely no mercado português, a metade do preço dos modelos do segmento que pretende ocupar, actualmente disputado pelos Renault Mégane e Opel Astra» e a pretender transformar «Portugal numa plataforma logística para a entrada dos carros chineses na Europa, como a Bélgica o foi para os carros japoneses e a Alemanha para os coreanos» (JdeN).
É só uma questão de tempo. Apesar da indústria automóvel atravessar a crise mais grave do pós-guerra, com excesso de capacidade, existe um mercado para carros baratos e os construtores tradicionais não têm produtos para esse mercado. Cheira-me que a Comissão Europeia, pressionada pela França, vai erguer mais uma muralha da China. Como a outra muralha, é só uma questão de tempo.
É só uma questão de tempo. Apesar da indústria automóvel atravessar a crise mais grave do pós-guerra, com excesso de capacidade, existe um mercado para carros baratos e os construtores tradicionais não têm produtos para esse mercado. Cheira-me que a Comissão Europeia, pressionada pela França, vai erguer mais uma muralha da China. Como a outra muralha, é só uma questão de tempo.
SERVIÇO PÚBLICO: quando a esmola é muita, o pobre desconfia
Na semana que antecedeu as eleições para escolher o sapo que devemos engolir, como por acaso, o governo anunciou uma profusão de novos (e velhos, como o da refinaria em Sines) projectos de investimento que vão desde o turismo ao mobiliário, passando pelas energias renováveis e não renováveis e, last but not least, por levar o evangelho das TI segundo Bill Gates a 4.500 electronicamente ignaros trabalhadores têxteis, desempregados pela acção do exército do lumpenproletariat amarelo.
Para começar pelo fim, é preciso muita fé para imaginar o sucesso desta conversão de 4.500 trabalhadores, na sua maioria desprovidos das competências mínimas exigidas pela maioria das profissões onde hoje se podem encontrar empregos. Mais fé ainda carece acreditar no milagre que seria conseguir uma «certificação reconhecida no mercado de trabalho no final das acções», como o doutor Nicolau Encomiástico Santos escreve na sua 5.ª coluna no Expresso.
Em contrapartida não é preciso nem um grama de fé para acreditar na racionalidade da decisão da Ikea de investir em Portugal, em vez da Espanha que pratica o dobro dos salários, 32 milhões de euros numa fábrica de produtos para exportação desenhados na Suécia, que serão fabricados segundo o processo de produção montado na Suécia, e vendidos com o marketing concebido na Suécia. Também não custa acreditar na racionalidade da Ikea investir em Portugal cerca de 15 vezes mais (470 milhões de euros) em espaços comerciais para vender os produtos que importa, que, para bem dos consumidores portugueses, têm virtualidades de arrumar várias Moviflores duma assentada. Não sendo caso para lamentar, também não se vê razão para celebrar com tanta alegria um investimento estrangeiro que vem na mesma linha que nos conduziu ao ponto em que estamos hoje.
Havemos de ver quantos destes investimentos se irão de facto confirmar, descontados os sound-bites eleiçoeiros.
Para começar pelo fim, é preciso muita fé para imaginar o sucesso desta conversão de 4.500 trabalhadores, na sua maioria desprovidos das competências mínimas exigidas pela maioria das profissões onde hoje se podem encontrar empregos. Mais fé ainda carece acreditar no milagre que seria conseguir uma «certificação reconhecida no mercado de trabalho no final das acções», como o doutor Nicolau Encomiástico Santos escreve na sua 5.ª coluna no Expresso.
Em contrapartida não é preciso nem um grama de fé para acreditar na racionalidade da decisão da Ikea de investir em Portugal, em vez da Espanha que pratica o dobro dos salários, 32 milhões de euros numa fábrica de produtos para exportação desenhados na Suécia, que serão fabricados segundo o processo de produção montado na Suécia, e vendidos com o marketing concebido na Suécia. Também não custa acreditar na racionalidade da Ikea investir em Portugal cerca de 15 vezes mais (470 milhões de euros) em espaços comerciais para vender os produtos que importa, que, para bem dos consumidores portugueses, têm virtualidades de arrumar várias Moviflores duma assentada. Não sendo caso para lamentar, também não se vê razão para celebrar com tanta alegria um investimento estrangeiro que vem na mesma linha que nos conduziu ao ponto em que estamos hoje.
Havemos de ver quantos destes investimentos se irão de facto confirmar, descontados os sound-bites eleiçoeiros.
22/01/2006
DIÁRIO DE BORDO: por falar nisso
Agora que fecharam as urnas, fui assaltado por uma dúvida dilacerante. Se é verdade, como historicamente tem sido, que os portugueses só aceitam mudar de vida em estado de desespero, em vez de votar no sapo dos paliativos, deveria ter votado no sapo mais apto para ajudar a apressar a chegada ao estado de desespero?
21/01/2006
DIÁRIO DE BORDO: engolir o sapo
Está prometido. Amanhã vou lá engolir o sapo. Mas, façam-me o favor de não me contarem mais fábulas. São todos sapos, variedades da mesma espécie de adoradores do estado napoleónico-estalinista.
E não me contem também mais estórias, porque nem a falecida lady Di, se (um grande SE) beijasse este sapo, o transformaria numa criatura vagamente parecida com um liberal.
E não me contem também mais estórias, porque nem a falecida lady Di, se (um grande SE) beijasse este sapo, o transformaria numa criatura vagamente parecida com um liberal.
19/01/2006
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: neocon? moi?
- As intenções do Irão reiniciar o processamento do urânio enriquecido são muito perigosas. Talvez seja preciso acabar com a conversa mole.
- Perigosas ou não, têm todo o direito.
- Mas isso permitirá ao Irão produzir a bomba atómica.
- E daí? Israel tem. Paquistão tem. Índia tem. Porque não pode o Irão?
- Mas isso não é matéria de direitos. Com aquela liderança estamos a falar duma ameaça à segurança internacional.
- Ah estamos? E a bomba atómica de Israel não é uma ameaça à segurança internacional?
- Pode parecer. Mas na situação concreta de Israel, cercado pelo mundo islâmico hostil, vejo mais a coisa como dissuasor e garantia de paz no Médio Oriente do que como ameaça.
- Pronto. Já vi tudo. Você é um neocon!
- Con, até posso ser. Neo, já não tenho idade.
- Perigosas ou não, têm todo o direito.
- Mas isso permitirá ao Irão produzir a bomba atómica.
- E daí? Israel tem. Paquistão tem. Índia tem. Porque não pode o Irão?
- Mas isso não é matéria de direitos. Com aquela liderança estamos a falar duma ameaça à segurança internacional.
- Ah estamos? E a bomba atómica de Israel não é uma ameaça à segurança internacional?
- Pode parecer. Mas na situação concreta de Israel, cercado pelo mundo islâmico hostil, vejo mais a coisa como dissuasor e garantia de paz no Médio Oriente do que como ameaça.
- Pronto. Já vi tudo. Você é um neocon!
- Con, até posso ser. Neo, já não tenho idade.
18/01/2006
BLOGARIDADES: não é a cóltura, estúpidos!
«Jerónimo sabe a língua de pau e as convenções, conhece o partido de dentro e sabe como ele se move. Mas tem uma vantagem sobre muitos dos burocratas que não saem das sedes e das reuniões de organismos. Jerónimo conhece o eleitorado comunista, não conhece só o partido. Pode falar aos deficientes das Forças Armadas, dizendo naturalmente que também esteve na guerra (desobedecendo ás instruções do PCP, que pedia aos seus militantes que fizessem o serviço militar e depois desertassem), pode falar dos seus namoricos, da sua infância, do seu trabalho como afinador de máquinas. Conta que não podia ter o cabelo comprido, quando ele se usava entre os jovens, porque isso era incompatível com a higiene exigida numa fábrica, onde as máquinas sujam tudo de óleo, e onde é perigoso deixar-se “agarrar” por uma alavanca, uma roldana ou uma roda dentada.
Isto é o tipo de frases que só quem conhece o mundo fabril de dentro pode dizer, e que obviamente mais ninguém na primeira divisão da vida política portuguesa sabe ou pode dizer. É outro mundo, que os yuppies, os funcionários públicos, os estudantes da Católica, os jornalistas, os frequentadores do Lux, os “jovens” da JSD e da JS, os autores de blogues, não conhecem e não lhes passa pela cabeça que lhes digam que também “é a cultura, estúpidos!”.»
(Abrupto, aqui)
O camarada Jerónimo pode deixar fascinado um intelectual como Pacheco Pereira, mas a mim não me fascina nada. Porque não sou intelectual e porque conheço as duas espécies o suficiente para não me deixar nem seduzir por uns, nem convencer por outros. Não falo do homem Jerónimo, que esse até me seria, mais ou menos, simpático. Seria, porque o camarada Jerónimo não tem essa dimensão. O camarada é um militante da causa comunista, é um sacerdote da religião marxista-leninista, ponto final. Por muito que a queda do muro tenha mudado os paradigmas e essa condição, nos dias que correm, tenha que estar convenientemente ataviada por camadas de cosmética democrática.
Também me parece muito discutível a inclusão dos autores de blogues na lista dos que não percebem o outro mundo que o discurso do camarada nos revela. Também aqui, Pacheco Pereira pode estar absolutamente equivocado. Por duas razões. À uma porque a vivência do camarada Jerónimo no mundo operário já se perdeu na noite dos tempos. Faz mais de trinta anos que a única máquina que o camarada afina é a velha máquina do partido comunista. A ferramenta dele é o hoje o paleio. Tal como todos os outros políticos e aquelas categorias sociais que Pacheco Pereira enumera nos surdos ao discurso. À outra, porque os autores de blogues são uma categoria quase tão pouco homogénea como os contribuintes. Entre eles há gente que percebe melhor o que é a vivência a que o paleio do camarada faz referência, do que o próprio camarada Jerónimo.
Para a coisa se compor, PP deveria ter rematado o último parágrafo citado, não como o fez, mas com não é a cóltura, estúpidos!
Isto é o tipo de frases que só quem conhece o mundo fabril de dentro pode dizer, e que obviamente mais ninguém na primeira divisão da vida política portuguesa sabe ou pode dizer. É outro mundo, que os yuppies, os funcionários públicos, os estudantes da Católica, os jornalistas, os frequentadores do Lux, os “jovens” da JSD e da JS, os autores de blogues, não conhecem e não lhes passa pela cabeça que lhes digam que também “é a cultura, estúpidos!”.»
(Abrupto, aqui)
O camarada Jerónimo pode deixar fascinado um intelectual como Pacheco Pereira, mas a mim não me fascina nada. Porque não sou intelectual e porque conheço as duas espécies o suficiente para não me deixar nem seduzir por uns, nem convencer por outros. Não falo do homem Jerónimo, que esse até me seria, mais ou menos, simpático. Seria, porque o camarada Jerónimo não tem essa dimensão. O camarada é um militante da causa comunista, é um sacerdote da religião marxista-leninista, ponto final. Por muito que a queda do muro tenha mudado os paradigmas e essa condição, nos dias que correm, tenha que estar convenientemente ataviada por camadas de cosmética democrática.
Também me parece muito discutível a inclusão dos autores de blogues na lista dos que não percebem o outro mundo que o discurso do camarada nos revela. Também aqui, Pacheco Pereira pode estar absolutamente equivocado. Por duas razões. À uma porque a vivência do camarada Jerónimo no mundo operário já se perdeu na noite dos tempos. Faz mais de trinta anos que a única máquina que o camarada afina é a velha máquina do partido comunista. A ferramenta dele é o hoje o paleio. Tal como todos os outros políticos e aquelas categorias sociais que Pacheco Pereira enumera nos surdos ao discurso. À outra, porque os autores de blogues são uma categoria quase tão pouco homogénea como os contribuintes. Entre eles há gente que percebe melhor o que é a vivência a que o paleio do camarada faz referência, do que o próprio camarada Jerónimo.
Para a coisa se compor, PP deveria ter rematado o último parágrafo citado, não como o fez, mas com não é a cóltura, estúpidos!
17/01/2006
SERVIÇO PÚBLICO: a cóltura não é barata
Segundo o insuspeito Expresso, e acreditando nos cálculos do insuspeito doutor Mário Vieira de Carvalho, secretário de estado da Cóltura, no teatro dona Maria II «cada espectador custou 2.500 euros», pelo menos na peça «Conferência de Imprensa» de ... guess who. Adivinharam. Harold Pinter.
Vamos dar de borla que as outras peças foram um pouco mais baratas e supor que a audiência média tenha sido de 50 espectadores (o Actual refere «31 lugares preenchidos, às vezes 48»). Como o dona Maria tem um orçamento de 5,4 milhões de euros e apresentou 188 espectáculos, em média «cada espectador custou» cerca de 600 euros.
Se o Impertinências e a patroa viajarem para Londres nos primeiros dias de Março, ainda conseguem um voo ida e volta na easyjet por 2x(22,99+43,29)=132,56 euros. Em Londres podem alojar-se durante dois dias num hotel decente em quarto duplo por 2x250 libras=730 euros e comprar dois bilhetes por 2x50,35 libras = 147 Euros no Duchess Theatre para ver o rançoso «Birthday Party» do Pinter (é uma péssima ideia, mas já que estamos a falar do dona Maria).
Chegados a este ponto, ainda só se gastaram cerca de 1.010 euros. Dos 2x600=1.200 euros, que o governo nos vai dar para irmos ao teatro, ainda sobram 190 euros, que geridos com parcimónia são suficientes para comer nos dois dias da estadia em gastropubs.
Como estamos a falar de Pinter, talvez o doutor Mário Vieira de Carvalho nos conceda a benção dos 2x2.500 = 5.000 euros que, então sim senhor, permitiriam ao casal impertinente acomodar-se e amesendar-se à altura que devem elevar-se as pessoas com Cóltura.
Vamos dar de borla que as outras peças foram um pouco mais baratas e supor que a audiência média tenha sido de 50 espectadores (o Actual refere «31 lugares preenchidos, às vezes 48»). Como o dona Maria tem um orçamento de 5,4 milhões de euros e apresentou 188 espectáculos, em média «cada espectador custou» cerca de 600 euros.
Se o Impertinências e a patroa viajarem para Londres nos primeiros dias de Março, ainda conseguem um voo ida e volta na easyjet por 2x(22,99+43,29)=132,56 euros. Em Londres podem alojar-se durante dois dias num hotel decente em quarto duplo por 2x250 libras=730 euros e comprar dois bilhetes por 2x50,35 libras = 147 Euros no Duchess Theatre para ver o rançoso «Birthday Party» do Pinter (é uma péssima ideia, mas já que estamos a falar do dona Maria).
Chegados a este ponto, ainda só se gastaram cerca de 1.010 euros. Dos 2x600=1.200 euros, que o governo nos vai dar para irmos ao teatro, ainda sobram 190 euros, que geridos com parcimónia são suficientes para comer nos dois dias da estadia em gastropubs.
Como estamos a falar de Pinter, talvez o doutor Mário Vieira de Carvalho nos conceda a benção dos 2x2.500 = 5.000 euros que, então sim senhor, permitiriam ao casal impertinente acomodar-se e amesendar-se à altura que devem elevar-se as pessoas com Cóltura.
16/01/2006
TRIVIALIDADES: a lei das compensações
A vacuidade que ocupou o lugar de presidente da câmara de Lisboa, a capital dum país que tem 1/3 do PIB per capita dos EU, o hiper-decisório (professor Marcelo dixit) doutor Santana Lopes, mandou a câmara comprar, com o dinheiro dos alfacinhas e, em parte, dos outros contribuintes, um automóvel blindado Audi A8 4.2 V8 Tipronic Quattro, com um preço mais comprido do que o nome - 99 800 euros. Após 2 anos ao serviço na noite lisboeta, a máquina vai ser vendida por uma fracção do seu preço. Para quem sempre viveu de sinecuras políticas directas ou indirectas (SCP e escritórios de advogados «amigos») e torrou o único negócio em que se meteu, com dinheiro alheio, que nem chegou arrancar, temos que concluir que esta largesse é um pouco bizarra.
Em compensação, mais 65º a Oeste, quase à mesma latitude, Mike Bloomberg, que construiu a partir do nada o maior império de informação financeira, e é hoje um dos homens mais ricos do planeta, desde 2002 mayor de Nova Iorque, cidade que tem mais de 10 vezes o número de habitantes de Lisboa (à escala o doutor Santana Lopes ficaria pelos calcanhares do mayor Bloomberb, sem ser à escala nem tanto), com um rendimento per capita cerca de 4 vezes maior do que o de Lisboa, o Mike, dizia eu, costumava ir para o trabalho de strike bike, antes de a oferecer a uma criança necessitada, e agora vai de metro.
Em compensação, mais 65º a Oeste, quase à mesma latitude, Mike Bloomberg, que construiu a partir do nada o maior império de informação financeira, e é hoje um dos homens mais ricos do planeta, desde 2002 mayor de Nova Iorque, cidade que tem mais de 10 vezes o número de habitantes de Lisboa (à escala o doutor Santana Lopes ficaria pelos calcanhares do mayor Bloomberb, sem ser à escala nem tanto), com um rendimento per capita cerca de 4 vezes maior do que o de Lisboa, o Mike, dizia eu, costumava ir para o trabalho de strike bike, antes de a oferecer a uma criança necessitada, e agora vai de metro.
A cada um o seu veículo
15/01/2006
ARTIGO DEFUNTO: sondagens de causas, as favoritas do Expresso (2)
Já aqui escrevi sobre a insustentável leveza da sondagem que serviu de pretexto ao Expresso para produzir o título de 1.ª página «Um milhão de portugueses são homossexuais».
Escondido na página 20 da edição deste fim de semana, o Expresso publicou um artigo, com o mesmo título, do professor Afonso de Albuquerque, um conhecido psiquiatra, que certamente não poderá ser acusado de homofobia.
Depois de reduzir a pó a fiabilidade da sondagem, que entre outras enfermidades sofre de um «enviesamente por auto-selecção da amostra», e assolapar a bondade das conclusões que ela (não) suporta, o professor Albuquerque cita dois estudos recentes de prevalência da homossexualidade (um da universidade de Chicago e o inglês NATSAL 2000) baseados em métodos rigorosos e amostragens de grande dimensão. Esses estudos evidenciam percentagens semelhantes de homossexuais exclusivos (2,3% nos homens e 0,3% nas mulheres), que nada têm a haver com as frequências fantasistas do «estudo» da Eurosondagens.
A que se deverá, então, essa manipulação sem escrúpulo para produzir um sound bite desta magnitude? Estupidez? Incompetência? Talvez um pouco das duas - ou seja a consagrada chico-espertice, mas sobretudo um propósito mal disfarçado de mostrar músculo eleitoral para impressionar os poderes fácticos vigentes e vindouros, marcando o terreno das próximas batalhas: o «casamento» e a «adopção».
Se o «casamento», entendido como um contrato jurídico distinto do casamento institucional normal, se pode aceitar, na condição de não acarretar benefícios pagos pelos contribuintes para promover o desvio, a «adopção» equivale a meter a raposa no galinheiro e dar aos homossexuais o acesso directo aos meios de replicação do seu desvio em crianças sem maturidade para fazerem escolhas. Além do mais, a adopção não é um direito de quem adopta, seja ele hetero ou homo. A adopção é um direito da criança.
Escondido na página 20 da edição deste fim de semana, o Expresso publicou um artigo, com o mesmo título, do professor Afonso de Albuquerque, um conhecido psiquiatra, que certamente não poderá ser acusado de homofobia.
Depois de reduzir a pó a fiabilidade da sondagem, que entre outras enfermidades sofre de um «enviesamente por auto-selecção da amostra», e assolapar a bondade das conclusões que ela (não) suporta, o professor Albuquerque cita dois estudos recentes de prevalência da homossexualidade (um da universidade de Chicago e o inglês NATSAL 2000) baseados em métodos rigorosos e amostragens de grande dimensão. Esses estudos evidenciam percentagens semelhantes de homossexuais exclusivos (2,3% nos homens e 0,3% nas mulheres), que nada têm a haver com as frequências fantasistas do «estudo» da Eurosondagens.
A que se deverá, então, essa manipulação sem escrúpulo para produzir um sound bite desta magnitude? Estupidez? Incompetência? Talvez um pouco das duas - ou seja a consagrada chico-espertice, mas sobretudo um propósito mal disfarçado de mostrar músculo eleitoral para impressionar os poderes fácticos vigentes e vindouros, marcando o terreno das próximas batalhas: o «casamento» e a «adopção».
Se o «casamento», entendido como um contrato jurídico distinto do casamento institucional normal, se pode aceitar, na condição de não acarretar benefícios pagos pelos contribuintes para promover o desvio, a «adopção» equivale a meter a raposa no galinheiro e dar aos homossexuais o acesso directo aos meios de replicação do seu desvio em crianças sem maturidade para fazerem escolhas. Além do mais, a adopção não é um direito de quem adopta, seja ele hetero ou homo. A adopção é um direito da criança.
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: somos todos alentejanos?
- As exportações aumentaram.
- Sim, um pouco, mas as importações aumentaram mais e o défice agravou-se.
- E daí? Dentro da mesma zona monetária isso não é problema.
- Não é problema? Então o endividamento?
- Puf. Veja o Alentejo. O que produz só cobre uma pequena parte do que consome.
- Pois é. Esse é o problema.
- Problema? Os alentejanos vendem os montes aos alfacinhas e lá continuam vivendo.
- Ah.
- Sim, um pouco, mas as importações aumentaram mais e o défice agravou-se.
- E daí? Dentro da mesma zona monetária isso não é problema.
- Não é problema? Então o endividamento?
- Puf. Veja o Alentejo. O que produz só cobre uma pequena parte do que consome.
- Pois é. Esse é o problema.
- Problema? Os alentejanos vendem os montes aos alfacinhas e lá continuam vivendo.
- Ah.
14/01/2006
SERVIÇO PÚBLICO: somos todos chineses?
Agora que a «China ‘faz’ de Portugal quinta potência na Europa» vamos continuar a erguer muralhas da China e açular tigres de papel para travar a entrada de produtos chineses a preços que são uma fracção do custo dos produzidos em Portugal? Para quê? Para adiar a falência de empresas inviáveis à custa da competitividade das empresas viáveis? Para defender empregos impossíveis à custa dos empregos possíveis?
SERVIÇO PÚBLICO: as pirâmides do estado napoleónico-estalinista (8)
Sequência dos capítulos anteriores: (5), (6), (7), sendo o capítulo (5) a continuação de outra série (ver links no respectivo post)
Por falar em vôos para Madrid a 60 euros, seria possível explicar-me se nos estudos feitos os passageiros que vão viabilizar o TGV Lisboa-Madrid também contaram para viabilizar o aeroporto da Ota?
Por falar em vôos para Madrid a 60 euros, seria possível explicar-me se nos estudos feitos os passageiros que vão viabilizar o TGV Lisboa-Madrid também contaram para viabilizar o aeroporto da Ota?
12/01/2006
SERVIÇO PÚBLICO: a extinção extinta
Em 25 de Junho de 2001, foi ejaculado o Decreto-Lei n.º 188/2001, que determinou a extinção retroactiva a 19 de Junho do ano anterior da SILOPOR, uma empresa pública que durante muitos anos teve o monopólio da importação e comercialização de cereais. Extinto o monopólio em consequência da adesão à CEE, a SILOPOR, limitada às operações de descarga e ao armazenamento, entrou rapidamente em perda e, já cadaverosa, teve uma certidão de óbito passado pelo governo de então.
6 anos e várias ejaculações do órgão legislativo depois, a SILOPOR continua em liquidação - a portaria de nomeação dos felizes contemplados com lugares na comissão de extinção e pelo menos os decretos-lei n.ºs 188/2001, de 25 de Junho e 29/2003, de 12 de Fevereiro foram entretanto também ejaculados. Continua em liquidação e, aliás, não está feito o essencial das operações de extinção, que incluía a concessão da exploração das actividades da SILOPOR.
Durante esses anos, uma comissão liquidatária com as suas secretárias, com o seu volumoso staff, as suas viaturas de serviço, os seus gabinetes, já torrou vários milhões de euros e ainda vai torrar mais alguns com a aprovação do Decreto-Lei n.º 2/2006 de 3 de Janeiro, que dá à assembleia geral da SILOPOR poderes para prorrogar a liquidação «na medida do necessário à conclusão das operações» - acabaram de entregar a gestão do galinheiro à raposa.
Alguém sabe quantas extinções estão em curso neste momento?
6 anos e várias ejaculações do órgão legislativo depois, a SILOPOR continua em liquidação - a portaria de nomeação dos felizes contemplados com lugares na comissão de extinção e pelo menos os decretos-lei n.ºs 188/2001, de 25 de Junho e 29/2003, de 12 de Fevereiro foram entretanto também ejaculados. Continua em liquidação e, aliás, não está feito o essencial das operações de extinção, que incluía a concessão da exploração das actividades da SILOPOR.
Durante esses anos, uma comissão liquidatária com as suas secretárias, com o seu volumoso staff, as suas viaturas de serviço, os seus gabinetes, já torrou vários milhões de euros e ainda vai torrar mais alguns com a aprovação do Decreto-Lei n.º 2/2006 de 3 de Janeiro, que dá à assembleia geral da SILOPOR poderes para prorrogar a liquidação «na medida do necessário à conclusão das operações» - acabaram de entregar a gestão do galinheiro à raposa.
Alguém sabe quantas extinções estão em curso neste momento?
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: a Teoria Geral do Prego ficou temporariamente pendurada
Devido aos múltiplos afazeres de APS, cumpridos ao ritmo do látego da patroa, a produção dos Contributos ficou prejudicada. Seja pela ameaça do látego, seja por qualquer outra razão igualmente boa, o autor sentiu necessidade de rever o texto já publicado antes de completar os capítulos em falta.
Espera-se que dentro de poucos dias seja possível republicar as partes já publicadas ((1),(2),(3) (4), (5), (6) e (7)) e retomar a publicação das restantes.
Espera-se que dentro de poucos dias seja possível republicar as partes já publicadas ((1),(2),(3) (4), (5), (6) e (7)) e retomar a publicação das restantes.
11/01/2006
BLOGARIDADES: o talento de Zé Mourinho visto por um rocinante
Não foi só o maradona que leu a review deste rocinante ao «Anatomy of a Winner», livro escrito com baba por um tal Patrick Barclay, grande admirador do Zé Mourinho - até ver o melhor treinador do mundo em exercício, digo eu, que de futebol só sei vagamente que se joga com uma bola.
Levado por este encomiástico post (devia ter desconfiado), li a prosa do rocinante e tive logo o impulso de pegar no cacete. Pousei-o por falta de tempo e por carência de ciência futebolística - que aliás não é nada chamada aqui para o caso, como então desconfiei e agora tenho a certeza. Ganhei um novo impulso depois de ler o post do maradona, que apesar de ser mau em ortografia é bom em muitas outras coisas. Escreveu ele, melhor e com muito mais propriedade (e mais erros ortográficos) quase tudo o que eu gostaria de ter escrito. Quase, mas não tudo. A propósito, vão lá depressa antes que o marmanjo apague tudo, como é seu mau costume.
Que o livro deve ser uma boa merda, percebe-se sem dificuldade, por isso nem vou perder tempo com ele. Mas a crítica não lhe fica atrás. Pelo contrário, fica-lhe muito à frente. Enquanto Patrick Barclay afaga com a baba o Zé, mas não afoga os factos, o rocinante, para além do grandioso dispêndio de erudição, só escreve duas coisas dignas de registo. A primeira é uma tosca tentativa de reduzir um profissional excepcional como o Zé Mourinho a um gajo com sorte. De passagem, o rocinante consome-se de ressaibo a falar duma criatura que além de ser a natural born leader e bem parecido, tem uma mente inteligente, metódica e racional, é um trabalhador infatigável e, por isso, será capaz de gerir qualquer coisa incluindo até, possivelmente, o departamento de Política da universidade de Cambridge onde o rocinante ensina estas aleivosias.
A segunda coisa notável que o rocinante escreve é uma notável asneira, típica dum emplastro (segundo o Glossário esta categoria abrange, entre outros, os multiculturalistas, os ambientalistas compulsivos, e em geral quase todos os sociólogos e antropólogos, profissões onde o emplastrum é endémico e que, por isso, emplastram tudo onde tocam). Para ele aquela coisa que faz a diferença nas equipas, nas empresas, nos partidos e nas organizações em geral, não existe. Aquele suplemento invisível, mas bem real, que transforma uma manada de jogadores ou de outros profissionais num todo coerente, eficaz a atingir os objectivos e eficiente a utilizar os recursos, não existe para o rocinante. Duma pazada o emplastrum rocinante soterra com a sua prosa rebarbativa não apenas a ciência do management (sim, essa coisa existe), o que já não seria pouco, como a evidência dos factos que todos os dias nos mostram a diferença de resultados entre um gestor medíocre e um gestor com talento, por muito que inevitavelmente alguns constrangimentos condicionem um e outro. Para dizer uma banalidade, o gestor medíocre sofre as ameaças, o gestor de talento transforma-as em oportunidades. Como dizia o outro, o gestor é ele e a oportunidade. Mesmo que a oportunidade seja igual, eles são diferentes. Viva a diferença.
Informação inútil: O rocinante chama-se David Runciman e a prosa chama-se «He shoots! He scores!».
Levado por este encomiástico post (devia ter desconfiado), li a prosa do rocinante e tive logo o impulso de pegar no cacete. Pousei-o por falta de tempo e por carência de ciência futebolística - que aliás não é nada chamada aqui para o caso, como então desconfiei e agora tenho a certeza. Ganhei um novo impulso depois de ler o post do maradona, que apesar de ser mau em ortografia é bom em muitas outras coisas. Escreveu ele, melhor e com muito mais propriedade (e mais erros ortográficos) quase tudo o que eu gostaria de ter escrito. Quase, mas não tudo. A propósito, vão lá depressa antes que o marmanjo apague tudo, como é seu mau costume.
Que o livro deve ser uma boa merda, percebe-se sem dificuldade, por isso nem vou perder tempo com ele. Mas a crítica não lhe fica atrás. Pelo contrário, fica-lhe muito à frente. Enquanto Patrick Barclay afaga com a baba o Zé, mas não afoga os factos, o rocinante, para além do grandioso dispêndio de erudição, só escreve duas coisas dignas de registo. A primeira é uma tosca tentativa de reduzir um profissional excepcional como o Zé Mourinho a um gajo com sorte. De passagem, o rocinante consome-se de ressaibo a falar duma criatura que além de ser a natural born leader e bem parecido, tem uma mente inteligente, metódica e racional, é um trabalhador infatigável e, por isso, será capaz de gerir qualquer coisa incluindo até, possivelmente, o departamento de Política da universidade de Cambridge onde o rocinante ensina estas aleivosias.
A segunda coisa notável que o rocinante escreve é uma notável asneira, típica dum emplastro (segundo o Glossário esta categoria abrange, entre outros, os multiculturalistas, os ambientalistas compulsivos, e em geral quase todos os sociólogos e antropólogos, profissões onde o emplastrum é endémico e que, por isso, emplastram tudo onde tocam). Para ele aquela coisa que faz a diferença nas equipas, nas empresas, nos partidos e nas organizações em geral, não existe. Aquele suplemento invisível, mas bem real, que transforma uma manada de jogadores ou de outros profissionais num todo coerente, eficaz a atingir os objectivos e eficiente a utilizar os recursos, não existe para o rocinante. Duma pazada o emplastrum rocinante soterra com a sua prosa rebarbativa não apenas a ciência do management (sim, essa coisa existe), o que já não seria pouco, como a evidência dos factos que todos os dias nos mostram a diferença de resultados entre um gestor medíocre e um gestor com talento, por muito que inevitavelmente alguns constrangimentos condicionem um e outro. Para dizer uma banalidade, o gestor medíocre sofre as ameaças, o gestor de talento transforma-as em oportunidades. Como dizia o outro, o gestor é ele e a oportunidade. Mesmo que a oportunidade seja igual, eles são diferentes. Viva a diferença.
Informação inútil: O rocinante chama-se David Runciman e a prosa chama-se «He shoots! He scores!».
10/01/2006
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Contributos para a Teoria Geral do Prego (7)
(continuação de (1),(2),(3) (4), (5) e (6))
2.2. - Teoria Geral do Prego
A teoria geral do prego vai então ser construída através da elaboração de uma série de passos cuja finalidade é ocupar todo o tempo reservado ao terceiro problema. Cada passo será independente dos restantes podendo deste modo criar-se uma teoria modular onde os aperfeiçoamentos não irão incompatibilizar o que acaba de se fazer num lado com o que se faz num outro.
A estrutura de passos e a sua sequenciação a seguir descriminada está muito longe de ser a definitiva.
2.2.1 – Decisão
A decisão de pregar um prego á a madre de tudo o que na teoria do prego vier a ser feito. É a sua causa eficiente.
Como se imagina as mais das vezes a decisão de pregar um prego é tomada por todos menos por quem vai ter, no fim das contas, de o pregar.
Este pequeno detalhe obriga-me a fazer uma referência negativa à teoria dos jogos, para realçar que esta é insuficiente e muitas vezes inadequada para dar conta da generalidade das situações que surgem neste passo crucial da teoria do prego. Vejamos:
Num enormíssimo número de ocasiões é a mulher que “manda” o marido pregar o prego.
Não é por acaso que se colocou o termo mandar entre aspas, pois mandar aqui tem mais acepções do que o próprio termo prego.
(continua, se a patroa de APS o instruir nesse sentido, sob ameaça do látego; no caso contrário, provavelmente prevalecerá o culto da obra inacabada)
2.2. - Teoria Geral do Prego
A teoria geral do prego vai então ser construída através da elaboração de uma série de passos cuja finalidade é ocupar todo o tempo reservado ao terceiro problema. Cada passo será independente dos restantes podendo deste modo criar-se uma teoria modular onde os aperfeiçoamentos não irão incompatibilizar o que acaba de se fazer num lado com o que se faz num outro.
A estrutura de passos e a sua sequenciação a seguir descriminada está muito longe de ser a definitiva.
2.2.1 – Decisão
A decisão de pregar um prego á a madre de tudo o que na teoria do prego vier a ser feito. É a sua causa eficiente.
Como se imagina as mais das vezes a decisão de pregar um prego é tomada por todos menos por quem vai ter, no fim das contas, de o pregar.
Este pequeno detalhe obriga-me a fazer uma referência negativa à teoria dos jogos, para realçar que esta é insuficiente e muitas vezes inadequada para dar conta da generalidade das situações que surgem neste passo crucial da teoria do prego. Vejamos:
Num enormíssimo número de ocasiões é a mulher que “manda” o marido pregar o prego.
Não é por acaso que se colocou o termo mandar entre aspas, pois mandar aqui tem mais acepções do que o próprio termo prego.
(continua, se a patroa de APS o instruir nesse sentido, sob ameaça do látego; no caso contrário, provavelmente prevalecerá o culto da obra inacabada)
BLOGARIDADES: vão lá insultar a inteligência do eleitor
«Há os chãos escorregadios dos mercados repletos de restos de nabiças e escamas de peixe, há os beijos às crianças ranhosas e às peixeiras tresandando a pexum, há o sovacão dos ciganos das feiras, há ... mas se o povo está nos hipermercados e nos centros comerciais, que vão os candidatos fazer para os mercados e feiras?», pergunta a Joana do Semiramis.
Vão lá insultar a inteligência do eleitor, que eles julgam que se comove com as facécias popularuchas, acho eu.
Vão lá insultar a inteligência do eleitor, que eles julgam que se comove com as facécias popularuchas, acho eu.
09/01/2006
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Contributos para a Teoria Geral do Prego (6)
APS continua os Contributos, mas não já incansavelmente. O ritmo afrouxa. A pulsão criativa abranda. Faltam ainda vários capítulos. Mais tarde ou mais cedo a coisa é descoberta pelo betandwin e vão ser feitas apostas sobre o quê e o quando, ou mesmo o se - lembro o culto da obra inacabada a que APS sucumbe frequentemente, sem o látego da patroa.
(continuação de (1), (2), (3), (4) e (5))
2.1 - O pentalema
A teoria do prego permite explicar como a simples operação de pregar um prego, se for efectuado da maneira correcta, pode exaurir todo o tempo de uma vida, correndo-se mesmo o risco de prejudicar os conteúdos do primeiro e segundo problemas. Não foi fácil a sua elaboração.
A primeira dificuldade de monta resulta de o termo prego ter pelo menos 5 acepções totalmente diferentes:
- prego pode significar a meritória actividade financeira de financiar os encalacrados por via do penhor. Ninguém mais o faz, particularmente os bancos os quais se encarniçam em evitar que os ditos encalacrados lhe batam à porta, chegando mesmo à má educação e uso da força para os escorraçar das instalações;
- prego pode ter uma conotação gastronómica pois é com este termo que se designa um petisco composto por um papo seco entremeado com um naco de bife frito. Actualmente atravessa uma fase de degradação porque dada a carestia de vida o bife de vaca está a ser substituído por outras carnes menos nobres;
- prego é ainda o presente do indicativo do verbo pregar. Isto parece dizer tudo mas não diz, uma vez que este ditoso verbo tem vários significados diferentes: pregar um botão, pregar uma partida ou pregar como quem fala aos peixinhos ou a outros bichos;
- prego, também quer dizer qualquer coisa em italiano mas como tenho um amigo italiano não quero criar uma eventual qui pro quo com ele só por causa de uma mera alternativa entre cinco disponíveis. Descarto a versão italianizante do pentalema;
- prego, finalmente, refere-se a uma haste de metal afiada numa ponta e achatada na outra cuja utilidade genérica é a de ser cravado em objectos de natureza diversificada as mais das vezes sem finalidade nenhuma.
A primeira fase do desenvolvimento da teoria geral do prego será pois fixar qual a opção que será tida em conta dentro das 4 possíveis dado que uma já foi arredada do universo de opções.
Não é uma decisão susceptível de ser racionalizavél no sentido de construir um conjunto de argumentos consistente e logicamente encadeados que desemboquem numa das alternativas.
Rigorosamente sair desta fase de desenvolvimento da teoria poder-me-ia tomar facilmente o melhor dos próximos anos e acredito, com invulgar veemência, que obteria bons contributos para a teoria geral da confusão, se algum dia viesse a embrenhar-me nesse projecto. Deste modo, decidi saltar sobre esta fase, que será posteriormente revisitada, e, em detrimento de qualquer outra opção, entrar directamente na teoria geral do prego entendido como um objecto longilíneo, basicamente destinado a ser cravado num sítio qualquer.
(a tese continua)
(continuação de (1), (2), (3), (4) e (5))
2.1 - O pentalema
A teoria do prego permite explicar como a simples operação de pregar um prego, se for efectuado da maneira correcta, pode exaurir todo o tempo de uma vida, correndo-se mesmo o risco de prejudicar os conteúdos do primeiro e segundo problemas. Não foi fácil a sua elaboração.
A primeira dificuldade de monta resulta de o termo prego ter pelo menos 5 acepções totalmente diferentes:
- prego pode significar a meritória actividade financeira de financiar os encalacrados por via do penhor. Ninguém mais o faz, particularmente os bancos os quais se encarniçam em evitar que os ditos encalacrados lhe batam à porta, chegando mesmo à má educação e uso da força para os escorraçar das instalações;
- prego pode ter uma conotação gastronómica pois é com este termo que se designa um petisco composto por um papo seco entremeado com um naco de bife frito. Actualmente atravessa uma fase de degradação porque dada a carestia de vida o bife de vaca está a ser substituído por outras carnes menos nobres;
- prego é ainda o presente do indicativo do verbo pregar. Isto parece dizer tudo mas não diz, uma vez que este ditoso verbo tem vários significados diferentes: pregar um botão, pregar uma partida ou pregar como quem fala aos peixinhos ou a outros bichos;
- prego, também quer dizer qualquer coisa em italiano mas como tenho um amigo italiano não quero criar uma eventual qui pro quo com ele só por causa de uma mera alternativa entre cinco disponíveis. Descarto a versão italianizante do pentalema;
- prego, finalmente, refere-se a uma haste de metal afiada numa ponta e achatada na outra cuja utilidade genérica é a de ser cravado em objectos de natureza diversificada as mais das vezes sem finalidade nenhuma.
A primeira fase do desenvolvimento da teoria geral do prego será pois fixar qual a opção que será tida em conta dentro das 4 possíveis dado que uma já foi arredada do universo de opções.
Não é uma decisão susceptível de ser racionalizavél no sentido de construir um conjunto de argumentos consistente e logicamente encadeados que desemboquem numa das alternativas.
Rigorosamente sair desta fase de desenvolvimento da teoria poder-me-ia tomar facilmente o melhor dos próximos anos e acredito, com invulgar veemência, que obteria bons contributos para a teoria geral da confusão, se algum dia viesse a embrenhar-me nesse projecto. Deste modo, decidi saltar sobre esta fase, que será posteriormente revisitada, e, em detrimento de qualquer outra opção, entrar directamente na teoria geral do prego entendido como um objecto longilíneo, basicamente destinado a ser cravado num sítio qualquer.
(a tese continua)
DIÁRIO DE BORDO: mordido pelo próprio cão
Na sua coluna «Choque e Pavor» no Expresso, lugar geométrico de indignações, o doutor Daniel Oliveira desta vez indigna-se com os ataques que o Estado (com maiúscula), por essa Europa fora, faz aos direitos dos fumadores, que ele com ímpeto fundacional enumera assim:
1. Fumar é um direito. A saúde é um bem individual e a forma como cada cidadão a trata apenas a si próprio diz respeito.
2. Os fumadores têm direito a espaços dignos, arejados, confortáveis e asseados para fumar nos locais de trabalho e em todos os espaços onde sejam obrigados a permanecer por tempo prolongado.
3. Os fumadores são consumidores e contribuintes com direitos. Devem pagar um preço justo pelo tabaco e este deve ser taxado de forma razoável. O Estado não deve beneficiar para lá do que é normal das dependências de qualquer cidadão.
4. Os fumadores não podem ser ofendidos na sua dignidade em nenhuma campanha patrocinada pelo Estado. Devem ser informadas dos riscos inerentes ao consumo de tabaco sem o recurso a linguagem alarmista, moralista e ofensiva.
Distraído pela sua indignação, o doutor Oliveira não repara que, segundo a doutrina que partilha com o Bloco de Esquerda, a saúde não respeita ao cidadão mas ao Estado (com maiúscula), que é quem lhe paga, com o dinheiro extorquido aos não fumadores, o exercício dos seus direitos a fumar. Como não repara que, para ter direito «a espaços dignos, arejados, confortáveis e asseados para fumar nos locais de trabalho», o Estado deverá garantir-lhe o emprego que as empresas privadas, sem esses «espaços dignos, arejados, confortáveis e asseados», não lhe irão oferecer.
Também não nos esclarece sobre como e quem fixará o «preço justo», já que a «taxa razoável» todos sabemos que será proposta pelo grupo parlamentar do BE. Talvez o «preço justo» possa também resultar duma proposta do BE para nacionalizar a Phillip Morris.
O doutor Oliveira também não se digna explicar-nos a razão porque se indigna por esta «campanha patrocinada pelo Estado», quando outras campanhas com o mesmo patrocinador o deixam indiferente ou até alegre, como a campanha para divulgar na internet a informação fiscal dos cidadãos que contribuem para pagar o direito dos fumadores a ser tratados dos seus enfisemas e dos seus cancros.
1. Fumar é um direito. A saúde é um bem individual e a forma como cada cidadão a trata apenas a si próprio diz respeito.
2. Os fumadores têm direito a espaços dignos, arejados, confortáveis e asseados para fumar nos locais de trabalho e em todos os espaços onde sejam obrigados a permanecer por tempo prolongado.
3. Os fumadores são consumidores e contribuintes com direitos. Devem pagar um preço justo pelo tabaco e este deve ser taxado de forma razoável. O Estado não deve beneficiar para lá do que é normal das dependências de qualquer cidadão.
4. Os fumadores não podem ser ofendidos na sua dignidade em nenhuma campanha patrocinada pelo Estado. Devem ser informadas dos riscos inerentes ao consumo de tabaco sem o recurso a linguagem alarmista, moralista e ofensiva.
Distraído pela sua indignação, o doutor Oliveira não repara que, segundo a doutrina que partilha com o Bloco de Esquerda, a saúde não respeita ao cidadão mas ao Estado (com maiúscula), que é quem lhe paga, com o dinheiro extorquido aos não fumadores, o exercício dos seus direitos a fumar. Como não repara que, para ter direito «a espaços dignos, arejados, confortáveis e asseados para fumar nos locais de trabalho», o Estado deverá garantir-lhe o emprego que as empresas privadas, sem esses «espaços dignos, arejados, confortáveis e asseados», não lhe irão oferecer.
Também não nos esclarece sobre como e quem fixará o «preço justo», já que a «taxa razoável» todos sabemos que será proposta pelo grupo parlamentar do BE. Talvez o «preço justo» possa também resultar duma proposta do BE para nacionalizar a Phillip Morris.
O doutor Oliveira também não se digna explicar-nos a razão porque se indigna por esta «campanha patrocinada pelo Estado», quando outras campanhas com o mesmo patrocinador o deixam indiferente ou até alegre, como a campanha para divulgar na internet a informação fiscal dos cidadãos que contribuem para pagar o direito dos fumadores a ser tratados dos seus enfisemas e dos seus cancros.
08/01/2006
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Contributos para a Teoria Geral do Prego (5)
APS prossegue incansavelmente a sua tese. Só é possível saber-se que começou aqui. Não é possível prever quando terminará. Se terminar - APS cultiva a obra inacabada. Ou mesmo nunca começada, como é o caso dos «Navios de Agamenon», romance que tem projectado escrever, desde o fim das guerras púnicas, sobre o rei de Micenas, marido de Clitemnestra e cunhado de Helena (a de Tróia).
(continuação de (1),(2),(3) e (4))
2 - Teoria do prego
O conjunto de teorias, nas quais se inclui a teoria do prego, são teorias minimalistas sobre o conteúdo do terceiro problema: já que temos de fazer alguma coisa optamos por um projecto que seja o mais simples possível e dure tanto quanto possível, idealmente todo o tempo de uma vida, de modo que nem sequer se realize, o que constitui o objectivo da correspondente meta teoria
Já se disse que do ponto de vista ético são tão válidas as teorias maximalistas como as minimalistas e resulta difícil aplicar na escolha de uma ou de outra, qualquer critério que não o da arbitrariedade é insuficiente.
Tenho uma carteira de exemplos de projectos candidatos ao respectivo desenvolvimento teórico, mas que sofrem de algum dos males ou bens atrás definidos. No meu entender os projectos não devem facilitar a vida do pretendente ao seu desenvolvimento proporcionando-lhe razões fortes para desistir, como seja ser muito difícil ou demorar muito tempo. Isto é, devem ter um Bem ou um Mal compatível com a sua finalidade que é a de encher todo o tempo de uma vida. Exemplos:
- desenhar e construir o modelo operacional, à escala, de uma locomotiva a vapor conhecida como Big Boy, coisa altamente complicada e complexa. Quem o tentasse realizar encontraria boas razões para o não terminar ou até simplesmente iniciar Isto é, o projecto, como se vê, sofre do Bem de Albert. Ocupar-se com um modelo não operacional desescalado cairíamos num projecto com uma dose já razoável de Bem Melhor de APS;
- construir uma teoria geral da confusão que cubra toda a área da vida humana que não está racionalizada, quer porque tal nunca se tentou quer porque disso não é susceptível. O objectivo de uma teoria deste jaez, tal como a imagino, não seria a de racionalizar o que quer que fosse, mas, simplesmente, garantir que o que estava confuso assim continuaria e muito do que não estava, passaria a estar. O Bem aplicável a este projecto é também o de Albert, claramente;
- criar uma teoria da procura em que quando o preço varia num sentido a quantidade procurada varia em qualquer sentido. Como se pode calcular trata-se de uma tarefa altamente complicada e nada fácil. O risco deste projecto sofrer do mal de Frege é óbvio;
- projectar e construir uma bóia fixa para produção de energia eléctrica a partir das ondas com base na técnica da oscilação de uma coluna de água. O Mal que afecta este projecto é o de Frege, pois é trabalho já feito por outros;
- a teoria do parafuso já é um projecto mais acomodável pois, e se sofrer de alguma coisa, o que lhe é mais aplicável é o Bem Melhor de APS ainda que, podendo o parafuso ficar mal aparafusado ou ocorrer qualquer outro azar, erro ou omissão, possa ser afectado pelo Mal Pior de APS. É claro que dado o enormíssimo leque de opções que se levanta no desenvolvimento dum projecto desta natureza o nível quantitativo e qualitativo de desculpas admissíveis para o pretendente é ainda muito elevado para atrair a atenção da maioria dos potenciais interessados;
- a teoria do prego não sendo um projecto perfeito é todavia aquele que mais livre de bens e males encontrei, minimizando drasticamente o número e a qualidade das desculpas para o não desenvolver.
De modo arbitrário, o que acontecerá mais frequentemente do que seria desejável, escolhi desenvolver a teoria geral do prego e sinto que não tenho o conforto de uma decisão lógica ao fazer esta opção, que nem sequer é fundada na escolha do mais fácil, pois um qualquer projecto sujeito ao risco do Bem Melhor de APS é de mais difícil execução do que um sujeito só ao Bem de Albert (afirmação que, todavia, não se encontra ainda demonstrada).
Suponho que se vê aqui com total exemplaridade a dificuldade da auto-referência na programação do cérebro do homem.
(continua)
(continuação de (1),(2),(3) e (4))
2 - Teoria do prego
O conjunto de teorias, nas quais se inclui a teoria do prego, são teorias minimalistas sobre o conteúdo do terceiro problema: já que temos de fazer alguma coisa optamos por um projecto que seja o mais simples possível e dure tanto quanto possível, idealmente todo o tempo de uma vida, de modo que nem sequer se realize, o que constitui o objectivo da correspondente meta teoria
Já se disse que do ponto de vista ético são tão válidas as teorias maximalistas como as minimalistas e resulta difícil aplicar na escolha de uma ou de outra, qualquer critério que não o da arbitrariedade é insuficiente.
Tenho uma carteira de exemplos de projectos candidatos ao respectivo desenvolvimento teórico, mas que sofrem de algum dos males ou bens atrás definidos. No meu entender os projectos não devem facilitar a vida do pretendente ao seu desenvolvimento proporcionando-lhe razões fortes para desistir, como seja ser muito difícil ou demorar muito tempo. Isto é, devem ter um Bem ou um Mal compatível com a sua finalidade que é a de encher todo o tempo de uma vida. Exemplos:
- desenhar e construir o modelo operacional, à escala, de uma locomotiva a vapor conhecida como Big Boy, coisa altamente complicada e complexa. Quem o tentasse realizar encontraria boas razões para o não terminar ou até simplesmente iniciar Isto é, o projecto, como se vê, sofre do Bem de Albert. Ocupar-se com um modelo não operacional desescalado cairíamos num projecto com uma dose já razoável de Bem Melhor de APS;
- construir uma teoria geral da confusão que cubra toda a área da vida humana que não está racionalizada, quer porque tal nunca se tentou quer porque disso não é susceptível. O objectivo de uma teoria deste jaez, tal como a imagino, não seria a de racionalizar o que quer que fosse, mas, simplesmente, garantir que o que estava confuso assim continuaria e muito do que não estava, passaria a estar. O Bem aplicável a este projecto é também o de Albert, claramente;
- criar uma teoria da procura em que quando o preço varia num sentido a quantidade procurada varia em qualquer sentido. Como se pode calcular trata-se de uma tarefa altamente complicada e nada fácil. O risco deste projecto sofrer do mal de Frege é óbvio;
- projectar e construir uma bóia fixa para produção de energia eléctrica a partir das ondas com base na técnica da oscilação de uma coluna de água. O Mal que afecta este projecto é o de Frege, pois é trabalho já feito por outros;
- a teoria do parafuso já é um projecto mais acomodável pois, e se sofrer de alguma coisa, o que lhe é mais aplicável é o Bem Melhor de APS ainda que, podendo o parafuso ficar mal aparafusado ou ocorrer qualquer outro azar, erro ou omissão, possa ser afectado pelo Mal Pior de APS. É claro que dado o enormíssimo leque de opções que se levanta no desenvolvimento dum projecto desta natureza o nível quantitativo e qualitativo de desculpas admissíveis para o pretendente é ainda muito elevado para atrair a atenção da maioria dos potenciais interessados;
- a teoria do prego não sendo um projecto perfeito é todavia aquele que mais livre de bens e males encontrei, minimizando drasticamente o número e a qualidade das desculpas para o não desenvolver.
De modo arbitrário, o que acontecerá mais frequentemente do que seria desejável, escolhi desenvolver a teoria geral do prego e sinto que não tenho o conforto de uma decisão lógica ao fazer esta opção, que nem sequer é fundada na escolha do mais fácil, pois um qualquer projecto sujeito ao risco do Bem Melhor de APS é de mais difícil execução do que um sujeito só ao Bem de Albert (afirmação que, todavia, não se encontra ainda demonstrada).
Suponho que se vê aqui com total exemplaridade a dificuldade da auto-referência na programação do cérebro do homem.
(continua)
07/01/2006
SERVIÇO PÚBLICO: o conflito palestino visto por um palestino desalinhado
Numa entrevista, de que a seguir se transcrevem alguns excertos, ao semanário brasileiro Veja de 30 de Novembro (exemplar ali esquecido no fundo da pilha para ler e agora recuperado), «o palestino Bassem Eid, de 47 anos, ... denuncia violações de direitos humanos cometidas pelos próprios palestinos e que têm como vítimas os habitantes da faixa de Gaza e da Cisjordânia.
Eid trocou a carreira de jornalista pela de activista de direitos humanos em 1988, quando começou a trabalhar para uma ONG israelense que investigava abusos das tropas de Israel nos territórios ocupados. Em 1996, indignado com o comportamento ditatorial da recém criada Autoridade Palestina, fundou o Grupo Palestino de Monitoramento de Direitos Humanos.
...
Eid falou a VEJA de Jericó, onde vive.
VEJA - Qual a explicação para a passividade diante de tanta violência?
O medo da repressão ajuda a explicar esse silêncio. Mas há outros motivos. Os palestinos, é bom lembrar, fazem parte do mundo árabe. Jamais estudamos na escola conceitos como democracia, liberdade, pluralismo e direitos humanos. Nossa única referência são os regimes autoritários da região. Ou seja, em nossa natureza, somos um povo violento. No que se refere à humilhação imposta às mulheres e ao desrespeito aos direitos individuais, não há diferença entre o que ocorre em Damasco e na Faixa de Gaza.
VEJA - Uma tentativa de desarmar os terroristas palestinos poderia resultar em guerra civil? Caso Abu Mazen decida desarmar os grupos terroristas na marra, e provável que tenhamos um conflito. Milhares de palestinos seriam mortos por outros palestinos. Mas, sinceramente, não seria algo terrível ou duradouro. Historicamente, em determinadas situações, a guerra civil é até benéfica. No caso palestino, obrigaria o governo a combater e desarmar grupos extremistas como o Hamas e a Jihad Islâmica. Isso ajudaria a abrir caminho para uma solução do conflito com os israelenses.
VEJA - Por que israelenses e palestinos não conseguem fazer a paz?
A liderança israelense e a palestina passaram a depender do conflito para sobreviver politicamente. Foram assinados vários acordos de paz, e sempre um dos lados acaba tomando a iniciativa de violá-los. Não acredito que a liderança palestina esteja interessada em fazer a paz com Israel. Tampouco vejo empenho do governo israelense em selar um acordo definitivo. E duro, mas essa é a realidade no Oriente Médio.
VEJA - O senhor concorda que, após meio século de violência, é difícil acreditar que não haja interessados numa solução para o conflito?
A população israelense sabe que um acordo de paz traria segurança a Israe1 e, por isso, apoia uma solução negociada. Por causa do sofrimento acumulado por tantos anos de ocupação, o palestino comum não tem tão claro esse desejo de paz. Ele olha para o país vizinho e vê que os israelenses têm liberdade de movimento e levam vida normal. Enfim, tudo o que não pode fazer ou nem sequer sonhar. Essa diferença colossal toca fundo nos palestinos. Nós não queremos ser vistos como um povo perdedor. Tivemos várias oportunidades de fechar um acordo definitivo, inclusive os que contemplavam a criação de um Estado independente. Mas o rancor pelo sofrimento vivido o orgulho sempre falaram mais alto, e acabamos desperdiçando todas as chances.
VEJA - Qual é a possibilidade de extremistas islâmicos tomarem o poder pelo voto?
Essa possibilidade existe, mas considero pequena. Temos uma tradição laica, até mesmo entre a liderança da Autoridade Palestina, e arrisco dizer que formamos a sociedade mais aberta o Oriente Médio depois de Israel. Os palestinos têm elevado grau de instrução. Cerca de 80% da população usa a Internet. Comparados com o restante do mundo árabe, somos os mais propensos a assimilar a cultura ocidental E claro que o factor religioso pesa. Os palestinos consideram-se mais religiosos que os israelenses. Mas sabemos o que significa o fundamentalismo no poder. A maioria dos palestinos não deseja isso.
VEJA – O senhor fala como se os palestinos estivessem dispostos a renunciar ao sonho de ter um Estado independente...
Pergunte a qualquer palestino que passa três horas por dia nos postos de controle israelenses qual é seu maior sonho, e ele vai responder: liberdade de movimento para poder trabalhar em Israel. Isso mostra que o que nós, palestinos, precisamos é de uma economia robusta, para termos acesso a uma vida mais digna. O mundo acredita que o Oriente Médio será um paraíso se houver paz entre israelenses e palestinos. Não é bem assim. O ex-premier israelense Shimon Peres acertou quando disse que o desenvolvimento económico da região, e não um acordo de paz, ajudaria a criar um novo Oriente Médio. Estamos diante de uma oportunidade de ouro para captar recursos no exterior, investir em infra-estrutura e criar instituições fortes. O momento exige estratégia de acção - coisa que a autoridade Palestina não tem, pois há muito deixou de lado a causa pública para privilegiar os interesses de poucos. Por isso, considero mais importante priorizar o desenvolvimento económico dos palestinos do que a criação o Estado independente.
VEJA – o senhor quer dizer que a criação de um Estado palestino não é uma prioridade?
Não estamos prontos para assumir nosso próprio Estado, e por uma razão simples: nunca fomos governados por palestino. Nossa dura realidade é que não aprendemos nada em 38 anos de ocupação israelense. Receio que vamos precisar de mais vinte anos para aprender a cuidar de nosso próprio destino. Antes disso, não acredito na criação do Estado palestino.»
Eid trocou a carreira de jornalista pela de activista de direitos humanos em 1988, quando começou a trabalhar para uma ONG israelense que investigava abusos das tropas de Israel nos territórios ocupados. Em 1996, indignado com o comportamento ditatorial da recém criada Autoridade Palestina, fundou o Grupo Palestino de Monitoramento de Direitos Humanos.
...
Eid falou a VEJA de Jericó, onde vive.
VEJA - Qual a explicação para a passividade diante de tanta violência?
O medo da repressão ajuda a explicar esse silêncio. Mas há outros motivos. Os palestinos, é bom lembrar, fazem parte do mundo árabe. Jamais estudamos na escola conceitos como democracia, liberdade, pluralismo e direitos humanos. Nossa única referência são os regimes autoritários da região. Ou seja, em nossa natureza, somos um povo violento. No que se refere à humilhação imposta às mulheres e ao desrespeito aos direitos individuais, não há diferença entre o que ocorre em Damasco e na Faixa de Gaza.
VEJA - Uma tentativa de desarmar os terroristas palestinos poderia resultar em guerra civil? Caso Abu Mazen decida desarmar os grupos terroristas na marra, e provável que tenhamos um conflito. Milhares de palestinos seriam mortos por outros palestinos. Mas, sinceramente, não seria algo terrível ou duradouro. Historicamente, em determinadas situações, a guerra civil é até benéfica. No caso palestino, obrigaria o governo a combater e desarmar grupos extremistas como o Hamas e a Jihad Islâmica. Isso ajudaria a abrir caminho para uma solução do conflito com os israelenses.
VEJA - Por que israelenses e palestinos não conseguem fazer a paz?
A liderança israelense e a palestina passaram a depender do conflito para sobreviver politicamente. Foram assinados vários acordos de paz, e sempre um dos lados acaba tomando a iniciativa de violá-los. Não acredito que a liderança palestina esteja interessada em fazer a paz com Israel. Tampouco vejo empenho do governo israelense em selar um acordo definitivo. E duro, mas essa é a realidade no Oriente Médio.
VEJA - O senhor concorda que, após meio século de violência, é difícil acreditar que não haja interessados numa solução para o conflito?
A população israelense sabe que um acordo de paz traria segurança a Israe1 e, por isso, apoia uma solução negociada. Por causa do sofrimento acumulado por tantos anos de ocupação, o palestino comum não tem tão claro esse desejo de paz. Ele olha para o país vizinho e vê que os israelenses têm liberdade de movimento e levam vida normal. Enfim, tudo o que não pode fazer ou nem sequer sonhar. Essa diferença colossal toca fundo nos palestinos. Nós não queremos ser vistos como um povo perdedor. Tivemos várias oportunidades de fechar um acordo definitivo, inclusive os que contemplavam a criação de um Estado independente. Mas o rancor pelo sofrimento vivido o orgulho sempre falaram mais alto, e acabamos desperdiçando todas as chances.
VEJA - Qual é a possibilidade de extremistas islâmicos tomarem o poder pelo voto?
Essa possibilidade existe, mas considero pequena. Temos uma tradição laica, até mesmo entre a liderança da Autoridade Palestina, e arrisco dizer que formamos a sociedade mais aberta o Oriente Médio depois de Israel. Os palestinos têm elevado grau de instrução. Cerca de 80% da população usa a Internet. Comparados com o restante do mundo árabe, somos os mais propensos a assimilar a cultura ocidental E claro que o factor religioso pesa. Os palestinos consideram-se mais religiosos que os israelenses. Mas sabemos o que significa o fundamentalismo no poder. A maioria dos palestinos não deseja isso.
VEJA – O senhor fala como se os palestinos estivessem dispostos a renunciar ao sonho de ter um Estado independente...
Pergunte a qualquer palestino que passa três horas por dia nos postos de controle israelenses qual é seu maior sonho, e ele vai responder: liberdade de movimento para poder trabalhar em Israel. Isso mostra que o que nós, palestinos, precisamos é de uma economia robusta, para termos acesso a uma vida mais digna. O mundo acredita que o Oriente Médio será um paraíso se houver paz entre israelenses e palestinos. Não é bem assim. O ex-premier israelense Shimon Peres acertou quando disse que o desenvolvimento económico da região, e não um acordo de paz, ajudaria a criar um novo Oriente Médio. Estamos diante de uma oportunidade de ouro para captar recursos no exterior, investir em infra-estrutura e criar instituições fortes. O momento exige estratégia de acção - coisa que a autoridade Palestina não tem, pois há muito deixou de lado a causa pública para privilegiar os interesses de poucos. Por isso, considero mais importante priorizar o desenvolvimento económico dos palestinos do que a criação o Estado independente.
VEJA – o senhor quer dizer que a criação de um Estado palestino não é uma prioridade?
Não estamos prontos para assumir nosso próprio Estado, e por uma razão simples: nunca fomos governados por palestino. Nossa dura realidade é que não aprendemos nada em 38 anos de ocupação israelense. Receio que vamos precisar de mais vinte anos para aprender a cuidar de nosso próprio destino. Antes disso, não acredito na criação do Estado palestino.»
DIÁRIO DE BORDO: é como se
Desde esta altura, sinto-me como, julgo eu, se deve sentir um utente da vaca marsupial pública.. Assim como se não precisasse de me esforçar para alimentar o monstro insaciável, porque ele vai sendo alimentado pelas contribuições dos tributários, como aqui, ou ali, ou acolá, ou além. Estou a gostar.
06/01/2006
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Contributos para a Teoria Geral do Prego (4)
Ao contrário do que tinha anunciado aqui, não será possível dividir a tese de APS em apenas 4 partes. Possuído por um impulso criativo irreprimível, incontornável, e, receio, incomensurável, APS ampliou a tese com novos desenvolvimentos. Assim, publica-se hoje a 4.ª de n partes (n=logo se vê).
(continuação de (1), (2) e (3))
1 – Enquadramento (4.ª parte)
O conteúdo do terceiro problema é toda uma outra questão e desde sempre o desgraçado do Homo Sapiens se debateu com ela, quase sempre da pior maneira. À custa deste problema inventou a ética e a politica bem como a ciência e a tecnologia e todos os males e alguns bens que estas invenções implicaram.
Não me parece possível desenhar uma matriz do conteúdo do terceiro problema que sirva a todos e respeito todos os requisitos. Não a há e basta a existência de uma meta programação para atestar aquela impossibilidade. Não é possível ordenar, sequer, os possíveis conteúdos segundo uma escala de valores, isto é, não há uma ética que nos valha nesta tarefa.
Cada exemplar do Homo Sapiens escolhe (ou pensa que escolhe) um conteúdo para o terceiro problema segundo critérios, as mais das vezes insondáveis: porque é que o Frege escolheu um projecto na área da lógica no qual trabalhou a vida inteira e na véspera de ser publicado o Bertrand Russel demonstrou que ele estava errado num dos pilares da teoria? Ou o Einstein se obstinou a vida inteira na teoria da unificação dos campos sem qualquer resultado, porque embirrou com a mecânica quântica? Se calhar não podia ser de outra maneira. De qualquer modo o que importa é fazer qualquer coisa, caso contrário o terceiro problema dá connosco em doidos.
Estas duas situações paradigmáticas e extremas facilitam-nos a definição de alguns termos:
- “Mal de Frege” para definir o caso de alguém que se envolve a vida inteira num projecto altamente difícil e complexo e que na véspera de o enunciar ao mundo a sua resolução ou à beira de morrer descobre por si só ou por interposta pessoa que estava tudo errado
- “Bem de Albert” para definir o caso de alguém que se envolve a vida inteira num projecto altamente difícil e complexo e que nunca o consegue resolver, muitas vezes devido a uma razão ou um detalhe estúpidos
- “Mal Pior de APS”que é o caso do Mal de Frege mas na circunstância de o projecto ser absolutamente simples, fácil e trivial
- “Bem Melhor de APS”que é o caso do Bem de Albert mas na circunstância de o projecto ser absolutamente simples, fácil e trivial.
(Continua até à extinção)
(continuação de (1), (2) e (3))
1 – Enquadramento (4.ª parte)
O conteúdo do terceiro problema é toda uma outra questão e desde sempre o desgraçado do Homo Sapiens se debateu com ela, quase sempre da pior maneira. À custa deste problema inventou a ética e a politica bem como a ciência e a tecnologia e todos os males e alguns bens que estas invenções implicaram.
Não me parece possível desenhar uma matriz do conteúdo do terceiro problema que sirva a todos e respeito todos os requisitos. Não a há e basta a existência de uma meta programação para atestar aquela impossibilidade. Não é possível ordenar, sequer, os possíveis conteúdos segundo uma escala de valores, isto é, não há uma ética que nos valha nesta tarefa.
Cada exemplar do Homo Sapiens escolhe (ou pensa que escolhe) um conteúdo para o terceiro problema segundo critérios, as mais das vezes insondáveis: porque é que o Frege escolheu um projecto na área da lógica no qual trabalhou a vida inteira e na véspera de ser publicado o Bertrand Russel demonstrou que ele estava errado num dos pilares da teoria? Ou o Einstein se obstinou a vida inteira na teoria da unificação dos campos sem qualquer resultado, porque embirrou com a mecânica quântica? Se calhar não podia ser de outra maneira. De qualquer modo o que importa é fazer qualquer coisa, caso contrário o terceiro problema dá connosco em doidos.
Estas duas situações paradigmáticas e extremas facilitam-nos a definição de alguns termos:
- “Mal de Frege” para definir o caso de alguém que se envolve a vida inteira num projecto altamente difícil e complexo e que na véspera de o enunciar ao mundo a sua resolução ou à beira de morrer descobre por si só ou por interposta pessoa que estava tudo errado
- “Bem de Albert” para definir o caso de alguém que se envolve a vida inteira num projecto altamente difícil e complexo e que nunca o consegue resolver, muitas vezes devido a uma razão ou um detalhe estúpidos
- “Mal Pior de APS”que é o caso do Mal de Frege mas na circunstância de o projecto ser absolutamente simples, fácil e trivial
- “Bem Melhor de APS”que é o caso do Bem de Albert mas na circunstância de o projecto ser absolutamente simples, fácil e trivial.
(Continua até à extinção)
BREIQUINGUE NIUZ: exageros do doutor Coelho
«Pensem bem para não irem em conversas. Pode estar em causa tudo aquilo em que votaram em Fevereiro [nas últimas eleições legislativas] e fazer com que tudo volte para trás», disse num comício ajantarado o estradista doutor Coelho, referindo aos perigos virtuais de Cavaco Silva ser eleito.
É um grande exagero, por várias razões. Primeiro, porque «aquilo em votaram em Fevereiro» andou para trás desde que o governo tomou posse. «O que é que acham?» Segundo, porque se o professor Cavaco Silva for eleito só representaria um real risco para o governo do engenheiro Sócrates se fizesse o mesmo que o doutor Soares e o doutor Sampaio fizeram nos seus segundos mandatos. E, nesse caso, o professor Cavaco estaria desculpado. Ou não?
É um grande exagero, por várias razões. Primeiro, porque «aquilo em votaram em Fevereiro» andou para trás desde que o governo tomou posse. «O que é que acham?» Segundo, porque se o professor Cavaco Silva for eleito só representaria um real risco para o governo do engenheiro Sócrates se fizesse o mesmo que o doutor Soares e o doutor Sampaio fizeram nos seus segundos mandatos. E, nesse caso, o professor Cavaco estaria desculpado. Ou não?
05/01/2006
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Contributos para a Teoria Geral do Prego (3)
(continuação (1) e de (2))
1 – Enquadramento (3.ª parte)
A respeito do problema da sobrevivência da espécie que é de natureza extremamente simples e delimitada, o homem construiu o epifenómeno ideológico superestrutural mais complicado e complexo de toda a sua história: o amor! E o mesmo se dá com o segundo problema.
Somos levados então a perguntar porquê o evidente êxito do Homo Sapiens? Nestas condições seria de esperar uma rápida e completa catástrofe que eliminasse o homem da superfície da terra. Porque tal não aconteceu? A resposta reside obviamente no terceiro problema para o qual a programação software do cérebro é eficiente e eficaz
O que o homem faz é por via da programação software que lhe permite tratar da questão que fazer com o tempo de vida de modo razoável mas também acomodar os dois primeiros problemas como se pertencessem todos ao terceiro, isto é, para a programação software só existe o terceiro problema.
Uma característica da programação software do sistema nervoso do homem reside na sua auto referência, isto é, trata-se de uma programação misturada e confundida com uma espécie de meta programação que deriva de ser o homem a programar-se a si próprio
Um resultado deste estado de coisas é a respeito do meio ambiente, contrário ao que sucede com o outro tipo de programação: a capacidade (não será a inevitabilidade?) de o homem destruir o meio ambiente que lhe é essencial à própria sobrevivência.
Na realidade podemos dizer que o terceiro problema só existe porque é nem mais nem menos do que uma consequência e uma criação da programação software do cérebro humano.
À pergunta de quem e como se faz esta programação software a coisa talvez não esteja tão clara, pelo menos para os americanos não está, mas eu continuo a apostar no Darwin até que apareça alguém que seja mais convincente.
(continua)
1 – Enquadramento (3.ª parte)
A respeito do problema da sobrevivência da espécie que é de natureza extremamente simples e delimitada, o homem construiu o epifenómeno ideológico superestrutural mais complicado e complexo de toda a sua história: o amor! E o mesmo se dá com o segundo problema.
Somos levados então a perguntar porquê o evidente êxito do Homo Sapiens? Nestas condições seria de esperar uma rápida e completa catástrofe que eliminasse o homem da superfície da terra. Porque tal não aconteceu? A resposta reside obviamente no terceiro problema para o qual a programação software do cérebro é eficiente e eficaz
O que o homem faz é por via da programação software que lhe permite tratar da questão que fazer com o tempo de vida de modo razoável mas também acomodar os dois primeiros problemas como se pertencessem todos ao terceiro, isto é, para a programação software só existe o terceiro problema.
Uma característica da programação software do sistema nervoso do homem reside na sua auto referência, isto é, trata-se de uma programação misturada e confundida com uma espécie de meta programação que deriva de ser o homem a programar-se a si próprio
Um resultado deste estado de coisas é a respeito do meio ambiente, contrário ao que sucede com o outro tipo de programação: a capacidade (não será a inevitabilidade?) de o homem destruir o meio ambiente que lhe é essencial à própria sobrevivência.
Na realidade podemos dizer que o terceiro problema só existe porque é nem mais nem menos do que uma consequência e uma criação da programação software do cérebro humano.
À pergunta de quem e como se faz esta programação software a coisa talvez não esteja tão clara, pelo menos para os americanos não está, mas eu continuo a apostar no Darwin até que apareça alguém que seja mais convincente.
(continua)
SERVIÇO PÚBLICO: como sabotar as candidaturas desalinhadas
O sistema do regime está montado para garantir o inbreeding do pessoal político. Primeiro as «juventudes» partidárias encarregam-se de seleccionar e recrutar os resíduos do mercado de trabalho. Depois, as máquinas partidárias fazem o feeding e a formatação mediocrata dos jovens políticos, entretanto precocemente envelhecidos. Continuam com a engorda do pessoal nos órgãos de soberania, nas autarquias ou em outras das múltiplas sinecuras que o estado napoleónico-estalinista proporciona.
O fecho de abóbada são os apertados filtros que a nomenklatura coloca às tentativas dos outsiders penetrarem a barbacã do regime. Exemplos? O vergonhoso processo kafkiano que o Tribunal Constitucional aplicou à candidatura de Manuela Magno.
O fecho de abóbada são os apertados filtros que a nomenklatura coloca às tentativas dos outsiders penetrarem a barbacã do regime. Exemplos? O vergonhoso processo kafkiano que o Tribunal Constitucional aplicou à candidatura de Manuela Magno.
04/01/2006
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Contributos para a Teoria Geral do Prego (2)
(continuação daqui)
1 – Enquadramento (2.ª parte)
Não se deve tomar à letra o sentido da palavra programação quando aqui é adoptado, assim como com as palavras hardware e software. A programação do sistema nervoso aqui referido nem remotamente se assemelha á programação de computadores ou de outras actividades humanas, nomeadamente as económicas. Utilizamo-las como analogias facilitadoras da ideia que se quer transmitir e como toda a gente que ler este trabalho é inteligente e chega sem dificuldade aos conceitos que quero manipular, dispenso-me de uma definição rigorosa destes termos.
O sistema nervoso dos animais em geral tem um tipo de programação semelhante há que é feita por meio de hardware e que, uma vez feita, não é susceptível de ser modificada enquanto a dos homens é mais do tipo software. Obviamente há em muitos bichos laivos de programação software tal como podemos encontrar no homem ainda bons nacos de programação hardware mas a diferenciação entre os dois tipos de organização da actividade dos seres vivos é perfeitamente clara e inequívoca.
A programação tipo hardware do cérebro é extremamente eficaz e eficiente para resolver os dois primeiros problemas cuja natureza é fácil de identificar e delimitar. Se a programação está bem feita o animal resolve os dois problemas de modo satisfatório e sobrevive, se não está, não resolve e rapidamente desaparece.
A programação em hardware tem assim uma desvantagem para o animal que a usa: não lhe permite adaptar-se a uma alteração do meio ambiente. Para isso teria de se reprogramar o que implica e significa uma alteração da espécie. Tem porém uma vantagem para o ambiente: dificilmente uma espécie, deste modo programada, lhe provoca danos definitivos e a razão é clara, para além da atenção aos dois primeiros problemas a generalidade dos animais não faz mais nada.
A programação tipo hardware ignora totalmente o terceiro problema quanto mais não seja porque não é capaz de lidar com problemas indefiníveis, incontornáveis e desestruturados e a consequência é a de tal tipo de problemas não ocorrer no mundo animal ou, de outro modo, se eventualmente existiram a inadequação da programação hardware a este tipo de problemas conduziu à extinção rápida das espécies que, por distracção da natureza, tentaram o método.
À pergunta de quem e como se faz esta programação hardware respondeu Darwin de modo mais ou menos satisfatório, pelo menos para um certo período de tempo, período que julgo que ainda decorre.
No mundo dos homens em que a programação base é do tipo software dá se o contrário a respeito dos dois primeiros problemas cuja resolução é menos eficiente e menos eficaz que nos casos de programação hardware.
(Continua)
1 – Enquadramento (2.ª parte)
Não se deve tomar à letra o sentido da palavra programação quando aqui é adoptado, assim como com as palavras hardware e software. A programação do sistema nervoso aqui referido nem remotamente se assemelha á programação de computadores ou de outras actividades humanas, nomeadamente as económicas. Utilizamo-las como analogias facilitadoras da ideia que se quer transmitir e como toda a gente que ler este trabalho é inteligente e chega sem dificuldade aos conceitos que quero manipular, dispenso-me de uma definição rigorosa destes termos.
O sistema nervoso dos animais em geral tem um tipo de programação semelhante há que é feita por meio de hardware e que, uma vez feita, não é susceptível de ser modificada enquanto a dos homens é mais do tipo software. Obviamente há em muitos bichos laivos de programação software tal como podemos encontrar no homem ainda bons nacos de programação hardware mas a diferenciação entre os dois tipos de organização da actividade dos seres vivos é perfeitamente clara e inequívoca.
A programação tipo hardware do cérebro é extremamente eficaz e eficiente para resolver os dois primeiros problemas cuja natureza é fácil de identificar e delimitar. Se a programação está bem feita o animal resolve os dois problemas de modo satisfatório e sobrevive, se não está, não resolve e rapidamente desaparece.
A programação em hardware tem assim uma desvantagem para o animal que a usa: não lhe permite adaptar-se a uma alteração do meio ambiente. Para isso teria de se reprogramar o que implica e significa uma alteração da espécie. Tem porém uma vantagem para o ambiente: dificilmente uma espécie, deste modo programada, lhe provoca danos definitivos e a razão é clara, para além da atenção aos dois primeiros problemas a generalidade dos animais não faz mais nada.
A programação tipo hardware ignora totalmente o terceiro problema quanto mais não seja porque não é capaz de lidar com problemas indefiníveis, incontornáveis e desestruturados e a consequência é a de tal tipo de problemas não ocorrer no mundo animal ou, de outro modo, se eventualmente existiram a inadequação da programação hardware a este tipo de problemas conduziu à extinção rápida das espécies que, por distracção da natureza, tentaram o método.
À pergunta de quem e como se faz esta programação hardware respondeu Darwin de modo mais ou menos satisfatório, pelo menos para um certo período de tempo, período que julgo que ainda decorre.
No mundo dos homens em que a programação base é do tipo software dá se o contrário a respeito dos dois primeiros problemas cuja resolução é menos eficiente e menos eficaz que nos casos de programação hardware.
(Continua)
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: o terrorismo é igual em todo o lado
Boa tarde e bom ano, antes de mais.
Visitei o HonestReporting e subscrevo inteiramente. Com a ressalva de que, quando dizem que o mundo já não dá cobertura ao terror excepto se for em Israel, não é bem assim. Explico: é um facto, os ataques terroristas perpetrados em Israel são sempre obra de activistas, membros de brigadas x ou y, jovens palestinianos revoltados, etc. São sempre respostas "legítimas" à "agressão" israelita. Mas veja lá se no Iraque não é semelhante: eles são insurgentes, activistas, lutadores, em suma, angry men. Jamais terroristas ou bombistas. Aliás, parece que a BBC recomenda aos seus jornalistas a não utilização destes termos "impertinentes".
Perante isto, a mim, só me apetece dizer que estou farta desta ditadura dos politicamente correctos nos virem dizer que esta "pobre gente" foi "empurrada" para estes comportamentos "anti-sociais" (É a muita miséria - Soares dixit).
Já desabafei. Menos mau.
Cumprimentos impertinentes,
RMR
Um bom ano também para si.
Sim, sem dúvida, trata-se igualmente de terrorismo. Mais rigorosa do que a definição do Merriam-Webster's Dictionary of Law, citada pelo HonestReporting, é a Academic Consensus Definition, que faz parte das Proposed Definitions of Terrorism adoptadas pela ONU e ressalta a questão crucial das vítimas do terrorismo serem instrumentais em relação aos alvos principais, um dos aspectos mais odiosos do terror.
«Terrorism is an anxiety-inspiring method of repeated violent action, employed by (semi-) clandestine individual, group or state actors, for idiosyncratic, criminal or political reasons, whereby - in contrast to assassination - the direct targets of violence are not the main targets. The immediate human victims of violence are generally chosen randomly (targets of opportunity) or selectively (representative or symbolic targets) from a target population, and serve as message generators. Threat- and violence-based communication processes between terrorist (organization), (imperilled) victims, and main targets are used to manipulate the main target (audience(s)), turning it into a target of terror, a target of demands, or a target of attention, depending on whether intimidation, coercion, or propaganda is primarily sought» (Schmid, 1988).
Visitei o HonestReporting e subscrevo inteiramente. Com a ressalva de que, quando dizem que o mundo já não dá cobertura ao terror excepto se for em Israel, não é bem assim. Explico: é um facto, os ataques terroristas perpetrados em Israel são sempre obra de activistas, membros de brigadas x ou y, jovens palestinianos revoltados, etc. São sempre respostas "legítimas" à "agressão" israelita. Mas veja lá se no Iraque não é semelhante: eles são insurgentes, activistas, lutadores, em suma, angry men. Jamais terroristas ou bombistas. Aliás, parece que a BBC recomenda aos seus jornalistas a não utilização destes termos "impertinentes".
Perante isto, a mim, só me apetece dizer que estou farta desta ditadura dos politicamente correctos nos virem dizer que esta "pobre gente" foi "empurrada" para estes comportamentos "anti-sociais" (É a muita miséria - Soares dixit).
Já desabafei. Menos mau.
Cumprimentos impertinentes,
RMR
Um bom ano também para si.
Sim, sem dúvida, trata-se igualmente de terrorismo. Mais rigorosa do que a definição do Merriam-Webster's Dictionary of Law, citada pelo HonestReporting, é a Academic Consensus Definition, que faz parte das Proposed Definitions of Terrorism adoptadas pela ONU e ressalta a questão crucial das vítimas do terrorismo serem instrumentais em relação aos alvos principais, um dos aspectos mais odiosos do terror.
«Terrorism is an anxiety-inspiring method of repeated violent action, employed by (semi-) clandestine individual, group or state actors, for idiosyncratic, criminal or political reasons, whereby - in contrast to assassination - the direct targets of violence are not the main targets. The immediate human victims of violence are generally chosen randomly (targets of opportunity) or selectively (representative or symbolic targets) from a target population, and serve as message generators. Threat- and violence-based communication processes between terrorist (organization), (imperilled) victims, and main targets are used to manipulate the main target (audience(s)), turning it into a target of terror, a target of demands, or a target of attention, depending on whether intimidation, coercion, or propaganda is primarily sought» (Schmid, 1988).
03/01/2006
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Contributos para a Teoria Geral do Prego (1)
O Impertinências inicia hoje a publicação da primeira de 4 partes duma tese sobre a Teoria Geral do Prego, da autoria de APS, um dos detractores mais impertinentes do Impertinências.
Teoria Geral do Prego
1 – Enquadramento (1.ª parte)
O Homo Sapiens tem três e só três problemas fundamentais na sua vida. A saber e por ordem decrescente da relevância:
O que fazer com o tempo não destinado à simples sobrevivência e reprodução constitui o cerne do terceiro problema e é um problema para o Homo Sapiens porque não somos capazes de experimentar, nem de facto conceber uma vida, mesmo curta, em que o terceiro problema seja excluído.
Os dois primeiros problemas são partilhados por todos os seres vivos que passaram, passam e virão a passar por este mundo. O último é praticamente exclusivo do ser humano.
A razão desta quase exclusividade ao homem do terceiro problema carece de algum estudo mas creio não andar longe de verdade quando digo que se deve a causas de cariz genético relacionadas com o modo como calhou ser programado o sistema nervoso (o cérebro) nas várias espécies animais (a exclusão dos seres vivos não animais não reduz a generalidade das afirmações).
(continua)
Teoria Geral do Prego
1 – Enquadramento (1.ª parte)
O Homo Sapiens tem três e só três problemas fundamentais na sua vida. A saber e por ordem decrescente da relevância:
- o problema da sobrevivência da espécie
- o problema da sobrevivência do indivíduo
- o problema da sobrevivência ao tempo de vida
O que fazer com o tempo não destinado à simples sobrevivência e reprodução constitui o cerne do terceiro problema e é um problema para o Homo Sapiens porque não somos capazes de experimentar, nem de facto conceber uma vida, mesmo curta, em que o terceiro problema seja excluído.
Os dois primeiros problemas são partilhados por todos os seres vivos que passaram, passam e virão a passar por este mundo. O último é praticamente exclusivo do ser humano.
A razão desta quase exclusividade ao homem do terceiro problema carece de algum estudo mas creio não andar longe de verdade quando digo que se deve a causas de cariz genético relacionadas com o modo como calhou ser programado o sistema nervoso (o cérebro) nas várias espécies animais (a exclusão dos seres vivos não animais não reduz a generalidade das afirmações).
(continua)
02/01/2006
BLOGARIDADES: talvez eu seja fanático
«1) Ou bem que queremos uma Administração Pública qualificada, rejuvenescida e capaz, ou bem que deterioramos 8% em 5 anos o seu nível remuneratório, afastando todo e qualquer ser minimamente competente para o sector privado;
2) Ou bem que defendemos que aumentos e produtividade devem andar de mão dada, ou bem que denunciamos que a actual realidade é injusta porque os funcionários públicos não tiveram uma queda de produtividade de 8% e, portanto, não faz sentido que percam essa remuneração. Mais, essa perda de remuneração é um incentivo claro a uma diminuição da produtividade.» (do post Nada de fanatismos do Grande Loja)
1) Ou bem que a verdade é outra:
a. A verdade é que chegámos ao ponto a que chegámos em 2003, com as remunerações dos funcionários públicos a aumentarem acima do sector privado durante 25 anos;
b. A verdade é que, além disso, os funcionários públicos desfrutavam (e desfrutam) de condições de reforma (idade mínima e tempo de serviço) e de base de cálculo da pensão (durante muitos anos 100% e só recentemente 90% do último salário), que não se podem comparar às do sector privado;
c. A verdade é que, em cima disso, os funcionários públicos gozam de garantias de emprego fora do alcance dos trabalhadores que estão no mercado de trabalho;
d. A verdade que, apesar dessas condições absolutamente melhores, a função pública está mais perto duma mediocracia (benevolência minha, restos do espirito natalício) do que duma meritocracia.
2) Ou bem que a coisa se passa doutra maneira:
a. A verdade é que em lado nenhum os aumentos e a produtividade andam de mãos dadas, nem no sector privado;
b. A verdade é que, para a maioria dos «serviços» produzidos pelo estado napoleónica-estalinista, nem sequer se pode falar em produtividade, porque esses «serviços» não têm um preço de mercado;
c. A verdade é que o que se passa nalguns departamentos (escolas, finanças e outros) é que a perda de remuneração parece ter induzido um aumento de eficiência e de eficácia (talvez apenas temporariamente e devido a alguma insegurança, sentida pela primeira vez, os funcionários começaram a dar alguma corda aos sapatos) .
2) Ou bem que defendemos que aumentos e produtividade devem andar de mão dada, ou bem que denunciamos que a actual realidade é injusta porque os funcionários públicos não tiveram uma queda de produtividade de 8% e, portanto, não faz sentido que percam essa remuneração. Mais, essa perda de remuneração é um incentivo claro a uma diminuição da produtividade.» (do post Nada de fanatismos do Grande Loja)
1) Ou bem que a verdade é outra:
a. A verdade é que chegámos ao ponto a que chegámos em 2003, com as remunerações dos funcionários públicos a aumentarem acima do sector privado durante 25 anos;
b. A verdade é que, além disso, os funcionários públicos desfrutavam (e desfrutam) de condições de reforma (idade mínima e tempo de serviço) e de base de cálculo da pensão (durante muitos anos 100% e só recentemente 90% do último salário), que não se podem comparar às do sector privado;
c. A verdade é que, em cima disso, os funcionários públicos gozam de garantias de emprego fora do alcance dos trabalhadores que estão no mercado de trabalho;
d. A verdade que, apesar dessas condições absolutamente melhores, a função pública está mais perto duma mediocracia (benevolência minha, restos do espirito natalício) do que duma meritocracia.
2) Ou bem que a coisa se passa doutra maneira:
a. A verdade é que em lado nenhum os aumentos e a produtividade andam de mãos dadas, nem no sector privado;
b. A verdade é que, para a maioria dos «serviços» produzidos pelo estado napoleónica-estalinista, nem sequer se pode falar em produtividade, porque esses «serviços» não têm um preço de mercado;
c. A verdade é que o que se passa nalguns departamentos (escolas, finanças e outros) é que a perda de remuneração parece ter induzido um aumento de eficiência e de eficácia (talvez apenas temporariamente e devido a alguma insegurança, sentida pela primeira vez, os funcionários começaram a dar alguma corda aos sapatos) .
01/01/2006
ARTIGO DEFUNTO: sondagens de causas, as favoritas do Expresso
Se temos jornalismo de causas, estatísticas de causas, ciências de causas e, em particular, climatologia de causas, o que nos impede de ter sondagens de causas? Nada, evidentemente. Pelo contrário, estamos num domínio contíguo à futurologia, onde por excelência se perfilam nos horizontes os amanhãs que cantam.
E é de sondagem de causas que trata a campanha a que o Expresso deu voz e que o Impertinências deu pau aqui.
Quando se lê a ficha técnica da sondagem ficamos sem saber qual a técnica de amostragem (amostragem aleatória estratificada? os amigos dos entrevistadores? os frequentadores do Frágil?). Mas ficamos a saber que a dimensão da amostra era de 1.980 indivíduos e apenas 726 (36,7%) aceitaram responder ao questionário. Como seria de esperar, a composição deste segmento não é nada representativa da população, como a própria ficha técnica reconhece, sem que contudo daí sejam retiradas consequências sobre a fiabilidade dos parâmetros da amostra.
Apesar disso, garantem-nos que o erro máximo é de 3,64% com uma probabilidade de 95%. É bastante arrojado, quando se mete na gaveta o facto de não terem respondido 73,3% dos indivíduos que compunham a amostra original (sobre cuja constituição, recorde-se nada nos é dito) .
Especulemos: cenário A - todos os não respondentes eram bichas envergonhadas; cenário B - todos os não respondentes eram heterossexuais que suspeitaram que a abordagem do entrevistador era uma tentativa de engate.
Consequências para o título espampanante do Expresso («Um milhão de portugueses são homossexuais»):
Cenário A - «Mais de sete milhões de portugueses são homossexuais»
Cenário B - «Menos de 400 mil portugueses são homossexuais».
Conclusão impertinente: se a falta de escrúpulo profissional fosse mortal, 88,4% dos técnicos da Eurosondagem e 74,9% dos jornalistas do Expresso já teriam sucumbido, com uma probabilidade de 99%.
E é de sondagem de causas que trata a campanha a que o Expresso deu voz e que o Impertinências deu pau aqui.
Quando se lê a ficha técnica da sondagem ficamos sem saber qual a técnica de amostragem (amostragem aleatória estratificada? os amigos dos entrevistadores? os frequentadores do Frágil?). Mas ficamos a saber que a dimensão da amostra era de 1.980 indivíduos e apenas 726 (36,7%) aceitaram responder ao questionário. Como seria de esperar, a composição deste segmento não é nada representativa da população, como a própria ficha técnica reconhece, sem que contudo daí sejam retiradas consequências sobre a fiabilidade dos parâmetros da amostra.
Apesar disso, garantem-nos que o erro máximo é de 3,64% com uma probabilidade de 95%. É bastante arrojado, quando se mete na gaveta o facto de não terem respondido 73,3% dos indivíduos que compunham a amostra original (sobre cuja constituição, recorde-se nada nos é dito) .
Especulemos: cenário A - todos os não respondentes eram bichas envergonhadas; cenário B - todos os não respondentes eram heterossexuais que suspeitaram que a abordagem do entrevistador era uma tentativa de engate.
Consequências para o título espampanante do Expresso («Um milhão de portugueses são homossexuais»):
Cenário A - «Mais de sete milhões de portugueses são homossexuais»
Cenário B - «Menos de 400 mil portugueses são homossexuais».
Conclusão impertinente: se a falta de escrúpulo profissional fosse mortal, 88,4% dos técnicos da Eurosondagem e 74,9% dos jornalistas do Expresso já teriam sucumbido, com uma probabilidade de 99%.