Chegou ao fim este calvário eleitoral em que os portugueses tiveram que escolher, entre os admiradores do estado napoleónico-estalinista, aquele em cujo colo fofo irão carpir as maldades que o governo (falsamente socialista, dizem) lhes pretende infligir nos próximos 3 anos.
A mudança nas pessoas, nas organizações e nos países é um processo doloroso. Só muda quem não tem outro jeito. Há várias condições necessárias para mudar, sendo a primeira a percepção de que só temos futuro se mudarmos. É preciso que alguma coisa mude para que tudo continue na mesma, pensou com resignação Lampedusa pela boca do príncipe de Salina.
Para fazer as reformas necessárias num país possuído e extorquido por um estado napoleónico-estalinista, é preciso uma aguda consciência de desconforto. A última coisa que as elites aflitas deste país aflito devem fazer é o que fazem: negação dos problemas, discursos desculpabilizantes, promoção da «auto-estima», ou infantilizar das pessoas, como se elas não fossem capazes de lidar com a realidade. Ao contrário, é preciso mostrar porque temos as más atitudes, os maus costumes e as más práticas sociais, empresariais e políticas, é que precisamos de as mudar. Se tivéssemos as boas práticas que os políticos trombeteiam que temos (insultando a nossa inteligência) não precisaríamos de mudá-las.
Para comemorar este alívio, o Impertinências inaugura uma nova área temática.
Deixar de dar graxa para mudar de vida
Nesta área temática trata-se, com impertinência, das necessárias mudanças de paradigma, do dar corda aos sapatos, do pôr fim às desculpas dos ELES, do pôr a trabalhar os estradistas, do acabar a ilusão do sol na eira e da chuva no nabal. E, claro, trata-se também de como, para fazer isso, termos que emagrecer o monstro, o tratador da vaca marsupial pública, que vituperamos pela palha que consome, mas cujas tetas procuramos sofregamente.
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