O doutor Durão Barroso foi na sexta-feira anunciar ao parlamento, durante o debate mensal, «novas fases de privatização da EDP, da Rede Eléctrica Nacional e da Galp e a alienação do capital estatal na Companhia das Lezírias, nas OGMA e no novo operador eléctrico do mercado ibérico» (ver aqui).
Bem pode o governo privatizar para compensar as 8 novas empresas públicas que, entretanto, criou, sem contar com os 31 hospitais SA.
Na semana anterior o Tribunal de Contas tinha divulgado o seu relatório de auditoria ao Sector Empresarial do Estado para 1999/2001, com 2 anos de atraso, note-se, en passant. O relatório citado na imprensa mostra números alucinantes:
+ Aumento do passivo total de 11,9 para 14,7 mil milhões de euros
+ 500 milhões de euros de «indemnizações compensatórias» (leia-se subsídios)
+ 1,6 mil milhões de euros de dotações de capital (leia-se subsídios)
Entre as novas empresas públicas inclui-se uma estranha criatura: CASO – Centro de Abate de Suínos do Oeste. Era uma empresa privada e sofreu esta nacionalização extemporânea, por razões possivelmente inconfessáveis de defesa nacional (pelo menos um «especialista» em questões de defesa nacional poderá ter intercedido como lobbyist) .
Não se percebe porque a esquerdalhada ataca o governo.
29/02/2004
28/02/2004
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: «Só nos faltava esta!» (parte 3 – O insulto à inteligência) / If you haven’t the guts to terminate them, feed them.
Summary for the sake of
Hard to believe. The Lisbon mayor plans to perpetuate forever the drug-addicted legion that makes his living of the extortion of money from Lisbon citizens whom they «help» to park their cars.
The mayor, a confessed and obsessed candidate for president of the Portuguese Republic, a job to be vacant in two years time, intends to allow those guys a permit with a badge in the chest to formalize their extortion.
Segundo o DN de 26, o doutor Santana Lopes mostrou, mais uma vez, que é um homem de causas, defendendo, com palavras inflamadas, na reunião da câmara a sua proposta de cumprir a profecia do doutor José Manuel de Mello «talvez arrumadores de carro»,
«Os arrumadores podem desempenhar um trabalho útil à cidade. Muitas vezes ajudam-nos a encontrar lugar para estacionar e até podem zelar pelos nossos carros.»
O doutor Santana Lopes dá assim indicações ao eleitorado de esquerda que pode render-se-lhe que ficará bem entregue. Ele se encarregará de providenciar que nunca acabem os pobrezinhos, os excluídos, os perdidos nas azinhagas da vida, proporcionando-lhes os meios para assegurar a sua perenidade.
É difícil produzir um pensamento mais à esquerda do que a sua tirada seguinte: «É preciso ter confiança no ser humano. O que eles fazem pode ter alguma utilidade.». Mostrando a imensa confiança que tem nesses seres humanos, o doutor Lopes encarrega-se de perpetuar a sua condição de marginais parasitários.
Do mesmo passo, o doutor Lopes mostra a sua costela keynesiana, por agora timidamente. Talvez ainda venhamos a ver a câmara municipal, hoje, e a presidência da República, amanhã, a acolher no seu seio aquelas vítimas da vida que ele carinhosamente dividirá em duas metades: uma que abrirá hoje os buracos nas ruas de Lisboa, amanhã nos jardins do palácio de Belém, e a outra que os tapará a seguir nas ruas e nos jardins, respectivamente.
Já aqui escrevi mas volto a fazê-lo:
Se o doutor Santana Lopes é o melhor representante que a sua geração tem para nos oferecer para a presidência, temos que pedir à velharia, que de outro modo deveria reformar-se rapidamente, para ficar ainda mais algum tempo a babar-se na política, fazendo tempo para a chegada da geração seguinte.
Hard to believe. The Lisbon mayor plans to perpetuate forever the drug-addicted legion that makes his living of the extortion of money from Lisbon citizens whom they «help» to park their cars.
The mayor, a confessed and obsessed candidate for president of the Portuguese Republic, a job to be vacant in two years time, intends to allow those guys a permit with a badge in the chest to formalize their extortion.
Segundo o DN de 26, o doutor Santana Lopes mostrou, mais uma vez, que é um homem de causas, defendendo, com palavras inflamadas, na reunião da câmara a sua proposta de cumprir a profecia do doutor José Manuel de Mello «talvez arrumadores de carro»,
«Os arrumadores podem desempenhar um trabalho útil à cidade. Muitas vezes ajudam-nos a encontrar lugar para estacionar e até podem zelar pelos nossos carros.»
O doutor Santana Lopes dá assim indicações ao eleitorado de esquerda que pode render-se-lhe que ficará bem entregue. Ele se encarregará de providenciar que nunca acabem os pobrezinhos, os excluídos, os perdidos nas azinhagas da vida, proporcionando-lhes os meios para assegurar a sua perenidade.
É difícil produzir um pensamento mais à esquerda do que a sua tirada seguinte: «É preciso ter confiança no ser humano. O que eles fazem pode ter alguma utilidade.». Mostrando a imensa confiança que tem nesses seres humanos, o doutor Lopes encarrega-se de perpetuar a sua condição de marginais parasitários.
Do mesmo passo, o doutor Lopes mostra a sua costela keynesiana, por agora timidamente. Talvez ainda venhamos a ver a câmara municipal, hoje, e a presidência da República, amanhã, a acolher no seu seio aquelas vítimas da vida que ele carinhosamente dividirá em duas metades: uma que abrirá hoje os buracos nas ruas de Lisboa, amanhã nos jardins do palácio de Belém, e a outra que os tapará a seguir nas ruas e nos jardins, respectivamente.
Já aqui escrevi mas volto a fazê-lo:
Se o doutor Santana Lopes é o melhor representante que a sua geração tem para nos oferecer para a presidência, temos que pedir à velharia, que de outro modo deveria reformar-se rapidamente, para ficar ainda mais algum tempo a babar-se na política, fazendo tempo para a chegada da geração seguinte.
27/02/2004
CONDIÇÃO MASCULINA / STATE OF MEN : Macho? Moi?
Summary for the sake of
Portugal, especially Portuguese men have nurtured, since long time, a macho myth, as a kind of redemption for the profound and entrenched feminism paradigm that impregnates Portuguese society.
According to Hofstede studies, Portuguese culture has a high feminism score, ranking in 9th worldwide.
Portuguese men like to see themselves as resolute, aggressive, lady hunters, and winners. The true is much more the opposite. They are rather the sheep than the wolves.
During Carnival, nationwide, and locally in other traditional festivities, many men use to dress like women. Eventually they show at those moments their true faces.
Escreveu o Abrupto aqui:
«De longe, de outro carnaval, olho com estranheza o carnaval português. Num país machista, em que a cultura masculina dominante é machista, em que os valentões de café, de escritório, de praia, de carro, proliferam, subitamente chega o carnaval e todos eles descem à rua vestidos de mulher, aos magotes, aos milhares, exibindo as mamas falsas e os collants. Há qualquer coisa de estranho em tudo isto.»
Esquecemos, por agora, os valentões de café, etc., hoje um paradigma da condição masculina has been. Concentremo-nos no mais comum dos lugares comuns e, ao mesmo tempo, um dos maiores mitos lusitanos: um «país machista, em que a cultura masculina dominante é machista».
Vou directo ao assunto a que um dia voltarei, com mais tempo. Há 20 anos o antropólogo holandês Geert Hofstede fez um notável e extensivo estudo comparativo das culturas de dezenas de nações, usando um modelo que desenvolveu que distingue 4 dimensões na cultura dominante numa sociedade. Há uma 5ª dimensão, aplicável ao confucionismo, que não é para aqui chamada.
Uma dessas dimensões é a masculinidade/feminilidade, definida com base nos estereótipos comuns a quase todas as culturas (confronto/consenso, simpatia pelo sucesso/simpatia pelo desgraçadinho, grande e rápido/pequeno e lento, orientação para as coisas/orientação para as pessoas, performance/qualidade de vida, concorrência/cooperação, etc.). Esse estudo tem vindo a ser regularmente actualizado e é frequentemente adoptado para o treino em Intercultural Management de gestores com carreiras internacionais.
Qual o score português e o seu lugar no ranking das nações?
Segundo o mito, o Portugal macho deveria ser o campeão na liga da masculinidade. Segundo os dados de 1995, em cerca de 90 países analisados de todos os continentes, Portugal é o 9º menos masculino. A sociedade portuguesa só é superada em feminilidade pelas do norte da Europa e pouco mais.
O país não é machista, a cultura masculina não é socialmente dominante e o machismo não é dominante nessa cultura. Os nossos valentões ao primeiro sinal de perigo correm todos a agarrar-se às saias das mães. E, claro, no Carnaval deixam cair as máscaras.
Um dia voltarei a este tema, na perspectiva mais ampla dos obstáculos ao desenvolvimento que representa a particular combinação dessas dimensões na cultura portuguesa.
Portugal, especially Portuguese men have nurtured, since long time, a macho myth, as a kind of redemption for the profound and entrenched feminism paradigm that impregnates Portuguese society.
According to Hofstede studies, Portuguese culture has a high feminism score, ranking in 9th worldwide.
Portuguese men like to see themselves as resolute, aggressive, lady hunters, and winners. The true is much more the opposite. They are rather the sheep than the wolves.
During Carnival, nationwide, and locally in other traditional festivities, many men use to dress like women. Eventually they show at those moments their true faces.
Escreveu o Abrupto aqui:
«De longe, de outro carnaval, olho com estranheza o carnaval português. Num país machista, em que a cultura masculina dominante é machista, em que os valentões de café, de escritório, de praia, de carro, proliferam, subitamente chega o carnaval e todos eles descem à rua vestidos de mulher, aos magotes, aos milhares, exibindo as mamas falsas e os collants. Há qualquer coisa de estranho em tudo isto.»
Esquecemos, por agora, os valentões de café, etc., hoje um paradigma da condição masculina has been. Concentremo-nos no mais comum dos lugares comuns e, ao mesmo tempo, um dos maiores mitos lusitanos: um «país machista, em que a cultura masculina dominante é machista».
Vou directo ao assunto a que um dia voltarei, com mais tempo. Há 20 anos o antropólogo holandês Geert Hofstede fez um notável e extensivo estudo comparativo das culturas de dezenas de nações, usando um modelo que desenvolveu que distingue 4 dimensões na cultura dominante numa sociedade. Há uma 5ª dimensão, aplicável ao confucionismo, que não é para aqui chamada.
Uma dessas dimensões é a masculinidade/feminilidade, definida com base nos estereótipos comuns a quase todas as culturas (confronto/consenso, simpatia pelo sucesso/simpatia pelo desgraçadinho, grande e rápido/pequeno e lento, orientação para as coisas/orientação para as pessoas, performance/qualidade de vida, concorrência/cooperação, etc.). Esse estudo tem vindo a ser regularmente actualizado e é frequentemente adoptado para o treino em Intercultural Management de gestores com carreiras internacionais.
Qual o score português e o seu lugar no ranking das nações?
Segundo o mito, o Portugal macho deveria ser o campeão na liga da masculinidade. Segundo os dados de 1995, em cerca de 90 países analisados de todos os continentes, Portugal é o 9º menos masculino. A sociedade portuguesa só é superada em feminilidade pelas do norte da Europa e pouco mais.
O país não é machista, a cultura masculina não é socialmente dominante e o machismo não é dominante nessa cultura. Os nossos valentões ao primeiro sinal de perigo correm todos a agarrar-se às saias das mães. E, claro, no Carnaval deixam cair as máscaras.
Um dia voltarei a este tema, na perspectiva mais ampla dos obstáculos ao desenvolvimento que representa a particular combinação dessas dimensões na cultura portuguesa.
26/02/2004
DIÁRIO DE BORDO: «Só nos faltava esta!» (parte 2 - A auto-crítica).
Confessei eu, com atraso, a minha concordância com o doutor Miguel Sousa Tavares, a respeito do doutor Pedro Santana Lopes, para o visado vir, no próprio dia, desmentir pela acção os juízos ligeiros que sobre ele fez o doutor Tavares (e eu, com ele).
Ontem mesmo, o doutor Santana Lopes apresentou (supondo que não tenha mudado de ideias, entretanto) uma proposta na reunião da câmara para oficializar a profissão de arrumador de carros através dum cartão que será requisitado por um requerimento dirigido ao próprio doutor Santana Lopes, e será colocado no «lado direito do peito» do técnico. Apesar de já estar prevista na lei objecto de ejaculação pelo governo no final de 2002, o doutor Santana Lopes é um pioneiro na sua aplicação, mostrando assim que está atento ao futuro e ouviu bem a profecia do doutor José Manuel de Mello «talvez arrumadores de carro» que ele vai materializar.
Procurando sempre ir mais além, o doutor Santana Lopes inclui ainda na sua proposta a obrigação do gestor da arrumação subscrever um seguro de responsabilidade civil.
Ontem mesmo, o doutor Santana Lopes apresentou (supondo que não tenha mudado de ideias, entretanto) uma proposta na reunião da câmara para oficializar a profissão de arrumador de carros através dum cartão que será requisitado por um requerimento dirigido ao próprio doutor Santana Lopes, e será colocado no «lado direito do peito» do técnico. Apesar de já estar prevista na lei objecto de ejaculação pelo governo no final de 2002, o doutor Santana Lopes é um pioneiro na sua aplicação, mostrando assim que está atento ao futuro e ouviu bem a profecia do doutor José Manuel de Mello «talvez arrumadores de carro» que ele vai materializar.
Procurando sempre ir mais além, o doutor Santana Lopes inclui ainda na sua proposta a obrigação do gestor da arrumação subscrever um seguro de responsabilidade civil.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA / CONTINUOUS APPRAISAL: Não chorem o desemprego, voltem para a escola. / Don’t mourn job losses go back to school.
Summary for the sake of
Don’t mourn job losses go back to school, said the brave grandpa Greenspan, Federal Reserve Chairman, a very politically incorrect assertion said in a very politically incorrect way.
Shame on the shitty young protectionists.
Secção Assaults of thoughts
Alan Greenspan, o presidente da Reserva Federal, ainda hoje aos oitenta e picos nos consegue surpreender.
Face à controvérsia sobre a perda de postos de trabalho americanos pelo outsourcing no estrangeiro, para trabalhos cada vez mais qualificados, Alan Greenspan disse, sem papas na língua, que o proteccionismo só tornaria as coisas piores e a única solução será melhorar as competências dos trabalhadores americanos, aconselhando-os a voltarem para a escola se perderem o emprego.
Para o vovô Alan vão 3 afonsos (teria 5 se fosse governador do Banco de Portugal).
Don’t mourn job losses go back to school, said the brave grandpa Greenspan, Federal Reserve Chairman, a very politically incorrect assertion said in a very politically incorrect way.
Shame on the shitty young protectionists.
Secção Assaults of thoughts
Alan Greenspan, o presidente da Reserva Federal, ainda hoje aos oitenta e picos nos consegue surpreender.
Face à controvérsia sobre a perda de postos de trabalho americanos pelo outsourcing no estrangeiro, para trabalhos cada vez mais qualificados, Alan Greenspan disse, sem papas na língua, que o proteccionismo só tornaria as coisas piores e a única solução será melhorar as competências dos trabalhadores americanos, aconselhando-os a voltarem para a escola se perderem o emprego.
Para o vovô Alan vão 3 afonsos (teria 5 se fosse governador do Banco de Portugal).
25/02/2004
DIÁRIO DE BORDO: «Só nos faltava esta!».
Não é muito frequente concordar com as opiniões do doutor Miguel Sousa Tavares. Aconteceu há dias com o seu Só nos faltava esta! em que trata do doutor Pedro Santana Lopes, um personagem doentiamente obcecado com a sua pessoa. Com uma grande ambição sem um talento à altura dela, a sua ascensão à presidência introduziria na já confusa vida política portuguesa um clima de permanente instabilidade e transformaria o palácio de Belém numa sucursal da Kapital.
Se o doutor Santana Lopes é o melhor representante que a sua geração tem para nos oferecer para a presidência, temos que pedir à velharia, que de outro modo deveria reformar-se rapidamente, para ficar ainda mais algum tempo a babar-se na política, fazendo tempo para a chegada da geração seguinte.
Se o doutor Santana Lopes é o melhor representante que a sua geração tem para nos oferecer para a presidência, temos que pedir à velharia, que de outro modo deveria reformar-se rapidamente, para ficar ainda mais algum tempo a babar-se na política, fazendo tempo para a chegada da geração seguinte.
24/02/2004
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: Acabar com os ricos ou com os pobres? / Terminate the rich people vs. finish poverty
Summary for the sake of (see this new term in the Glossary)
According to a Portuguese smart lady, owner of blog «Bomba Inteligente» (Smart Bomb), the word Carnival came from the Latin expression carnem levare, meaning say good-bye to the sin at least until Easter (see how powerful and meaningful was Latin?).
Thinking in the last opportunity to sin in the next forty days, I remembered a vicious joke story, possibly grounded in facts. During the summer 75, incidentally a politically very hot one in Portugal, the Portuguese leftist general Otelo (by the way, also charged with terrorist murders and a performer in softcore porno movies), told in an interview to a foreign reporter that he was terminating the reach people. The legend says that the astonished reporter answered why don’t you try poverty?
Hoje é dia de Carnaval. Segundo a doutora Charlotte, «Carnaval deriva da expressão latina carnem levare, que terá sido depois modificada para carne, vale, que significará qualquer coisa como "adeus carne", e que anunciava a suspensão de carne devido à Quaresma».
Não sei porquê, lembrei-me hoje duma estória que um jovem me contou a semana passada. Na altura dos acontecimentos o jovem ainda estava na primeira infância e por isso não teve a oportunidade de fruir a atmosfera demencial que se vivia no verão de 1975.
A estória tem como protagonista o general Otelo, o mesmo que uns anos mais tarde planeava e mandava executar o abate sumário de «exploradores capitalistas», e mais recentemente, filmava como actor um decidido cunilingus ao som da Grândola Vila Morena, em boa hora transmitido no programa intelectual da bela Elsa Raposo na noite dum sábado de Setembro de 2001.
Segundo o jovem (eu, que tinha obrigação de me lembrar, não me lembro) o nosso general, depois de engavetar umas dezenas de capitalistas e seus lacaios em Caxias, terá dito numa entrevista a um jornalista estrangeiro que em Portugal se estava a acabar com os ricos. Segundo esse meu jovem amigo, o jornalista, certamente tímido perante o grande Capo do 25 de Abril, terá dito que no país dele se pretendia, em vez disso, acabar com os pobres.
According to a Portuguese smart lady, owner of blog «Bomba Inteligente» (Smart Bomb), the word Carnival came from the Latin expression carnem levare, meaning say good-bye to the sin at least until Easter (see how powerful and meaningful was Latin?).
Thinking in the last opportunity to sin in the next forty days, I remembered a vicious joke story, possibly grounded in facts. During the summer 75, incidentally a politically very hot one in Portugal, the Portuguese leftist general Otelo (by the way, also charged with terrorist murders and a performer in softcore porno movies), told in an interview to a foreign reporter that he was terminating the reach people. The legend says that the astonished reporter answered why don’t you try poverty?
Hoje é dia de Carnaval. Segundo a doutora Charlotte, «Carnaval deriva da expressão latina carnem levare, que terá sido depois modificada para carne, vale, que significará qualquer coisa como "adeus carne", e que anunciava a suspensão de carne devido à Quaresma».
Não sei porquê, lembrei-me hoje duma estória que um jovem me contou a semana passada. Na altura dos acontecimentos o jovem ainda estava na primeira infância e por isso não teve a oportunidade de fruir a atmosfera demencial que se vivia no verão de 1975.
A estória tem como protagonista o general Otelo, o mesmo que uns anos mais tarde planeava e mandava executar o abate sumário de «exploradores capitalistas», e mais recentemente, filmava como actor um decidido cunilingus ao som da Grândola Vila Morena, em boa hora transmitido no programa intelectual da bela Elsa Raposo na noite dum sábado de Setembro de 2001.
Segundo o jovem (eu, que tinha obrigação de me lembrar, não me lembro) o nosso general, depois de engavetar umas dezenas de capitalistas e seus lacaios em Caxias, terá dito numa entrevista a um jornalista estrangeiro que em Portugal se estava a acabar com os ricos. Segundo esse meu jovem amigo, o jornalista, certamente tímido perante o grande Capo do 25 de Abril, terá dito que no país dele se pretendia, em vez disso, acabar com os pobres.
ESTÓRIA E MORAL / SHORT STORY AND BIG MORAL: Falcão medricas contra pombo bravo. / Chicken hawk vs. hawkish dove.
Summary for the sake of (see this new term in the Glossary)
John Forbes Kerry is articulate, educated and French speaking, I told you. George W. Bush is not. He is the president of the United States.
JFK last move was a letter challenging George W. to a public debate about Vietnam War and their respective participations, meaning JFK as war hero in Vietnam jungle and George W. as pilot of the National Guard in the backyard.
(Make no mistake; the next war won’t be Vietnam War, anyway.)
Don't keep a dog and bark yourself, should I say as advice to Mr. Bush.
Estória
John Kerry, já aqui o referi, é um político letrado, inteligente, com carácter e coragem. Se é competente para liderar os Estados Unidos nos desafios que eles e o mundo têm que enfrentar, é outra questão.
Seja como for, está a encostar o George W. à parede. Fê-lo desta vez com uma carta que lhe enviou, cujo conteúdo foi convenientemente tornado público, onde escreveu «ao longo da última semana, você e a sua campanha iniciaram um ataque em larga escala contra o meu serviço no Vietname, a minha decisão de falar a favor de acabar com essa guerra e o meu compromisso para com a defesa desta nação. Se quer debater a era do Vietname, e o impacto das nossas experiências sobre as nossas abordagens à liderança presidencial, eu estou preparado para o fazer».
Acertou no porta-aviões. Sabendo-se que o actual presidente, se baldou à ida ao Vietname e se ficou como piloto da força aérea da Guarda Nacional do Texas, sendo acusado de fazer parte dos «chicken hawks», imagina-se o embaraço em que se encontra, num país em que ter guts faz parte dos atributos de qualquer candidato.
(Sendo certo que a próxima guerra não será no Vietname.)
Moral
Não tenhas cão se és tu que ladras.
John Forbes Kerry is articulate, educated and French speaking, I told you. George W. Bush is not. He is the president of the United States.
JFK last move was a letter challenging George W. to a public debate about Vietnam War and their respective participations, meaning JFK as war hero in Vietnam jungle and George W. as pilot of the National Guard in the backyard.
(Make no mistake; the next war won’t be Vietnam War, anyway.)
Don't keep a dog and bark yourself, should I say as advice to Mr. Bush.
Estória
John Kerry, já aqui o referi, é um político letrado, inteligente, com carácter e coragem. Se é competente para liderar os Estados Unidos nos desafios que eles e o mundo têm que enfrentar, é outra questão.
Seja como for, está a encostar o George W. à parede. Fê-lo desta vez com uma carta que lhe enviou, cujo conteúdo foi convenientemente tornado público, onde escreveu «ao longo da última semana, você e a sua campanha iniciaram um ataque em larga escala contra o meu serviço no Vietname, a minha decisão de falar a favor de acabar com essa guerra e o meu compromisso para com a defesa desta nação. Se quer debater a era do Vietname, e o impacto das nossas experiências sobre as nossas abordagens à liderança presidencial, eu estou preparado para o fazer».
Acertou no porta-aviões. Sabendo-se que o actual presidente, se baldou à ida ao Vietname e se ficou como piloto da força aérea da Guarda Nacional do Texas, sendo acusado de fazer parte dos «chicken hawks», imagina-se o embaraço em que se encontra, num país em que ter guts faz parte dos atributos de qualquer candidato.
(Sendo certo que a próxima guerra não será no Vietname.)
Moral
Não tenhas cão se és tu que ladras.
23/02/2004
SERVIÇO PÚBLICO / PUBLIC SERVICE: Politique a la française.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
French Politics is everyday more like Cloaca Maxima, a huge roman sewer plenty of shit.
François Léotard former leader of the Republican Party and former minister, accused of laundering money and illegal financing of his party, was convicted last week to 10 months in jail.
Merde in France didn’t announce us this new Franchouille achievement. We excuse him, because we know how hard is to keep us informed about so much French filthy stuff.
A vida política francesa parece-se cada vez mais com a Grande Cloaca Romana, uma das maravilhas da engenharia, o monumental esgoto que transportava a caca dos romanos.
Mais um político francesa acusado de financiamento ilícito dum partido. Foi agora a vez de François Léotard, antigo líder do Partido Republicano, antigo ministro da defesa e da cultura, foi condenado a semana passada por um tribunal a 10 meses de prisão.
Merde in France não chamou a nossa atenção para o Monde de 18-02, mas nós desculpamos, porque sabemos quanto é difícil dar conta das poucas-vergonhas da política francesa.
French Politics is everyday more like Cloaca Maxima, a huge roman sewer plenty of shit.
François Léotard former leader of the Republican Party and former minister, accused of laundering money and illegal financing of his party, was convicted last week to 10 months in jail.
Merde in France didn’t announce us this new Franchouille achievement. We excuse him, because we know how hard is to keep us informed about so much French filthy stuff.
A vida política francesa parece-se cada vez mais com a Grande Cloaca Romana, uma das maravilhas da engenharia, o monumental esgoto que transportava a caca dos romanos.
Mais um político francesa acusado de financiamento ilícito dum partido. Foi agora a vez de François Léotard, antigo líder do Partido Republicano, antigo ministro da defesa e da cultura, foi condenado a semana passada por um tribunal a 10 meses de prisão.
Merde in France não chamou a nossa atenção para o Monde de 18-02, mas nós desculpamos, porque sabemos quanto é difícil dar conta das poucas-vergonhas da política francesa.
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: A política portuguesa vista de Melmac / Portuguese politics seen from Melmac.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
I met Alf, the melmacian a.k.a. Gordon Shumway, two years ago in a former muslin territory Al Garb nowadays occupied by Portugal.
Since then, he calls me from time to time asking for answers to his freak questions. The last call was late yesterday when all my troubles seem so far away.
He asked me to confirm that the current leftist campaign to promote abortion was a brainchild of the lady minister of Finance as a policy to balance the budget and close the announced 2.200 primary schools in the next 4 years.
If the members of the Portuguese parliament were recruited among unemployed and civil service staff (he thought this was an official positive discrimination policy), why, enquired him, 20 pct of them are actually working for private companies?
He also asked me about the results of election for president that will take place in 2 years time, but that he understood it had token place yesterday, because of the paranoid attention that Portuguese politicians are putting on the issue in the last months.
Após 3 meses de silêncio, Alf fez ontem um telefonema insólito. Antes de o contar, lembro que conheci Alf, o cidadão melmaciano Gordon Shumway, no verão de 2002, durante as suas férias com os Tanners na Quinta da Balaia, onde comeu todos os gatos das redondezas.
Insólito foi o telefonema - pela primeira vez a chamada não foi a pagar no destino - e enigmáticas foram as perguntas.
A campanha de promoção do aborto era uma imposição da ministra das Finanças para o ministério da Educação fechar as tais 2.200 escolas primárias nos próximos 4 anos?
Se os deputados eram recrutados entre os desempregados e funcionários públicos, porquê 20% deles trabalham em empresas?
Qual foi o resultado das eleições de ontem para presidente da República? Aquele rapaz dos casinos sempre tinha ganho?
I met Alf, the melmacian a.k.a. Gordon Shumway, two years ago in a former muslin territory Al Garb nowadays occupied by Portugal.
Since then, he calls me from time to time asking for answers to his freak questions. The last call was late yesterday when all my troubles seem so far away.
He asked me to confirm that the current leftist campaign to promote abortion was a brainchild of the lady minister of Finance as a policy to balance the budget and close the announced 2.200 primary schools in the next 4 years.
If the members of the Portuguese parliament were recruited among unemployed and civil service staff (he thought this was an official positive discrimination policy), why, enquired him, 20 pct of them are actually working for private companies?
He also asked me about the results of election for president that will take place in 2 years time, but that he understood it had token place yesterday, because of the paranoid attention that Portuguese politicians are putting on the issue in the last months.
Após 3 meses de silêncio, Alf fez ontem um telefonema insólito. Antes de o contar, lembro que conheci Alf, o cidadão melmaciano Gordon Shumway, no verão de 2002, durante as suas férias com os Tanners na Quinta da Balaia, onde comeu todos os gatos das redondezas.
Insólito foi o telefonema - pela primeira vez a chamada não foi a pagar no destino - e enigmáticas foram as perguntas.
A campanha de promoção do aborto era uma imposição da ministra das Finanças para o ministério da Educação fechar as tais 2.200 escolas primárias nos próximos 4 anos?
Se os deputados eram recrutados entre os desempregados e funcionários públicos, porquê 20% deles trabalham em empresas?
Qual foi o resultado das eleições de ontem para presidente da República? Aquele rapaz dos casinos sempre tinha ganho?
22/02/2004
BLOGARIDADES / BLOGARITIES: A máquina de sacar donativos. / Blogs Pumping Bucks Machine.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
Howard Dean, the screamer, is loser as a candidate, but he had got his credits as Blogs Pumping Bucks Machine pioneer.
I pick the idea and I shall put an ad in Impertinências to the benefit of the Portuguese drag queen that announced 2 weeks ago his (her) intention to run for president in 2 years time.
It is my redemption as a stuck-up homophobic soul.
Howard Dean pode ter perdido as primárias mas vai ficar para a história por ter inventado a máquina de sacar donativos na Blogosfera.
Agora que já estamos há meses em campanha para as presidenciais porque não adoptar a mesma solução?
Vou pôr um ad no Impertinências para angariar fundos para campanha do transformista Valéria (ou será Vitória?), a quem já declarei o meu apoio desde aqui.
É incontornável a sugestão para o doutor Pacheco Pereira colocar também um ad no seu Abrupto para a colecta em benefício do doutor Santana Lopes.
Howard Dean, the screamer, is loser as a candidate, but he had got his credits as Blogs Pumping Bucks Machine pioneer.
I pick the idea and I shall put an ad in Impertinências to the benefit of the Portuguese drag queen that announced 2 weeks ago his (her) intention to run for president in 2 years time.
It is my redemption as a stuck-up homophobic soul.
Howard Dean pode ter perdido as primárias mas vai ficar para a história por ter inventado a máquina de sacar donativos na Blogosfera.
Agora que já estamos há meses em campanha para as presidenciais porque não adoptar a mesma solução?
Vou pôr um ad no Impertinências para angariar fundos para campanha do transformista Valéria (ou será Vitória?), a quem já declarei o meu apoio desde aqui.
É incontornável a sugestão para o doutor Pacheco Pereira colocar também um ad no seu Abrupto para a colecta em benefício do doutor Santana Lopes.
BLOGARIDADES / BLOGARITIES: Clube dos Poetas Mortos / Dead Poets Society.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
A famous Portuguese blog, Abrupto, moans about Portuguese Blogisland that had started as a friendly cozy circle of highbrow souls and soon, with the mob of lowbrow creatures coming in, it is turning into an acid and hostile environment.
So what? Everything has a price. Fresh air and openness comes at a price.
Ao princípio eram poucos, gente culta e civilizada. Era um clube virtual, antes do Big Bang, nem era ainda a Bloguilha. Havia umas picardias, mas tudo ficava em família. Depois veio o Big Bang, e o clube dissolveu-se na Bloguilha que ficou ácida, estado que atrai os ácidos.
«Os amigos e conhecidos foram sucessivamente sendo substituídos por estranhos, os círculos de influência, que eram também de troca de reconhecimento, foram-se desagregando, e isso torna os blogues um meio mais duro, menos satisfatório em termos psicológicos. Mais do que a política mudou o estilo e a dimensão, e uma sensação que a blogosfera é agora mais hostil do que cozy.», queixou-se o Abrupto aqui.
Já não é o Clube dos Poetas Mortos, mas ainda não é Blogosfera, é a Bloguilha. Que outra coisa poderia ser? Pois se os nossos quase-mercados ainda são protegidos, cartelizados, opacos, com cumplicidades promíscuas, porque seria diferente a Bloguilha? Precisamos apenas de juntar os ingredientes próprios do quase-mercado dos produtos da cultura: os círculos, as tertúlias, as capelas, as influências, os fazedores de opinião, os admiradores e, no submercado da Bloguilha, o retro-link.
Se a acidez for o preço a pagar para arejar uma Bloguilha a huis clos, não é caro.
A famous Portuguese blog, Abrupto, moans about Portuguese Blogisland that had started as a friendly cozy circle of highbrow souls and soon, with the mob of lowbrow creatures coming in, it is turning into an acid and hostile environment.
So what? Everything has a price. Fresh air and openness comes at a price.
Ao princípio eram poucos, gente culta e civilizada. Era um clube virtual, antes do Big Bang, nem era ainda a Bloguilha. Havia umas picardias, mas tudo ficava em família. Depois veio o Big Bang, e o clube dissolveu-se na Bloguilha que ficou ácida, estado que atrai os ácidos.
«Os amigos e conhecidos foram sucessivamente sendo substituídos por estranhos, os círculos de influência, que eram também de troca de reconhecimento, foram-se desagregando, e isso torna os blogues um meio mais duro, menos satisfatório em termos psicológicos. Mais do que a política mudou o estilo e a dimensão, e uma sensação que a blogosfera é agora mais hostil do que cozy.», queixou-se o Abrupto aqui.
Já não é o Clube dos Poetas Mortos, mas ainda não é Blogosfera, é a Bloguilha. Que outra coisa poderia ser? Pois se os nossos quase-mercados ainda são protegidos, cartelizados, opacos, com cumplicidades promíscuas, porque seria diferente a Bloguilha? Precisamos apenas de juntar os ingredientes próprios do quase-mercado dos produtos da cultura: os círculos, as tertúlias, as capelas, as influências, os fazedores de opinião, os admiradores e, no submercado da Bloguilha, o retro-link.
Se a acidez for o preço a pagar para arejar uma Bloguilha a huis clos, não é caro.
21/02/2004
CASE STUDY: Compromisso Portugal? Compromisso é coisa de galinhas. Precisamos é de ser porcos. / The fairy tale of the old and the young gangs.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
The young gang says they have the will, but not the money. They ask the government for a breakthrough. The government doesn’t give neither breakthroughs nor monies.
The old gang has the money, but not the will – well, they are writing a will, post mortem kind.
This is the state of Portuguese businesses. Can we get out of this dead end? Yes, because it not a true dead end.
The young gang should convince the old gang to lend them their money. With the money borrowed the young gang will buy the businesses from the old gang.
The old gang will go to a deserved retirement, probable a golden one – should the young gang pay back. The young gang will fight hardly for life to pay the monies borrowed from the old gang, will pay more taxes to the government and will pray to get some extra monies to themselves.
In the end everybody will be happy, old gang, young gang and, last but not least, the government, like in any fairy tale.
Já aqui disse das 30 propostas para melhorar o país produzidas no Convento do Beato o que Maomé não disse das alheiras. Mas estou inocente de me atirar às 500 luminárias a quem baptizei, com grande benignidade, de la crème de la crème.
Li com curiosidade alguns comentários doutras luminárias que não estiveram no Beato e que se atiraram a la crème de la crème como gato a bofe.
Um deles é o comentário «Compromisso»? do doutor Vasco Pulido Valente no DN, em que esta ilustre reencarnação dos Vencidos da Vida esturrica impiedosamente as 500 luminárias com os argumentos do costume – é tudo óbvio, já foi tudo dito desde pelo menos o Senhor D. João VI. Acrescenta, porém, uma grande inovação: a idade jovem, e por isso comovente, das luminárias que pertencem a «uma geração atafulhada de energia, saber e competência», que só poderia produzir «vacuidade, arcaísmo ou asneira».
Outro comentário interessante foi o do doutor Jorge Fiel nos «Invisíveis Correntes» do Expresso, que partilha com o doutor Braga de Macedo, cognominado o Adiantado Mental nos seus tempos de ministro das Finanças em que descobriu em Portugal um oásis no deserto europeu da crise económica.
O doutor Jorge Fiel tenta outra abordagem. Começa por contar a estória do senhor Horácio Roque que subiu a pulso na vida desde o balcão da cervejaria em Luanda até dono do grupo financeiro Banif, para nos mostrar a seguir a que distância dele se encontram as 500 luminárias que fizeram as suas licenciaturas, pós-graduações, mestrados, doutoramentos, muitos deles nas Harvards e nos INSEADs, quase sempre com a propina paterna, e que aterraram depois numas administrações e presidências, mas que nunca vergaram a mola na vida e nunca apostaram os seus cabedais nas aventuras empresariais que comandam. «Não se descobriu petróleo no Beato», concluiu o doutor Fiel. Termina contando a velha estória da diferença entre compromisso e envolvimento - nos ovos com bacon a galinha compromete-se e o porco envolve-se.
Que fazer com as 30 propostas para melhorar o país?
Segundo aqueles dois e outros senhores, o melhor é deixar tudo como está: segundo o doutor Pulido Valente, é melhor a 3ª idade ficar no comando das empresas e do país, até se sufocarem na própria baba; segundo o doutor Jorge Fiel, deve-se esperar que as 500 luminárias façam umas poupanças para arriscar os seus cobres nos seus próprios negócios, já que a versão cervejaria luandense não parece disponível.
Com comentadores assim, é melhor fechar o país.
Eu, que sou um contribuinte líquido, daria uma oportunidade aos geadas do Manifesto de mostrarem a sua sageza e outra oportunidade, a mesma, aos 500 do Beato de mostrarem que os comentadores não têm razão. Trancava as 500 luminárias no Beato, juntamente com os 40 geadas do Manifesto, e só os deixava sair quando os primeiros convencessem os segundos a passar-lhe a pasta para as mãos. Os segundos emprestam a massa aos primeiros, e partem para a reforma. Os primeiros compram os negócios dos segundos, fecham o que for para fechar, desenvolvem o que for para desenvolver e abrem o que for para abrir.
The young gang says they have the will, but not the money. They ask the government for a breakthrough. The government doesn’t give neither breakthroughs nor monies.
The old gang has the money, but not the will – well, they are writing a will, post mortem kind.
This is the state of Portuguese businesses. Can we get out of this dead end? Yes, because it not a true dead end.
The young gang should convince the old gang to lend them their money. With the money borrowed the young gang will buy the businesses from the old gang.
The old gang will go to a deserved retirement, probable a golden one – should the young gang pay back. The young gang will fight hardly for life to pay the monies borrowed from the old gang, will pay more taxes to the government and will pray to get some extra monies to themselves.
In the end everybody will be happy, old gang, young gang and, last but not least, the government, like in any fairy tale.
Já aqui disse das 30 propostas para melhorar o país produzidas no Convento do Beato o que Maomé não disse das alheiras. Mas estou inocente de me atirar às 500 luminárias a quem baptizei, com grande benignidade, de la crème de la crème.
Li com curiosidade alguns comentários doutras luminárias que não estiveram no Beato e que se atiraram a la crème de la crème como gato a bofe.
Um deles é o comentário «Compromisso»? do doutor Vasco Pulido Valente no DN, em que esta ilustre reencarnação dos Vencidos da Vida esturrica impiedosamente as 500 luminárias com os argumentos do costume – é tudo óbvio, já foi tudo dito desde pelo menos o Senhor D. João VI. Acrescenta, porém, uma grande inovação: a idade jovem, e por isso comovente, das luminárias que pertencem a «uma geração atafulhada de energia, saber e competência», que só poderia produzir «vacuidade, arcaísmo ou asneira».
Outro comentário interessante foi o do doutor Jorge Fiel nos «Invisíveis Correntes» do Expresso, que partilha com o doutor Braga de Macedo, cognominado o Adiantado Mental nos seus tempos de ministro das Finanças em que descobriu em Portugal um oásis no deserto europeu da crise económica.
O doutor Jorge Fiel tenta outra abordagem. Começa por contar a estória do senhor Horácio Roque que subiu a pulso na vida desde o balcão da cervejaria em Luanda até dono do grupo financeiro Banif, para nos mostrar a seguir a que distância dele se encontram as 500 luminárias que fizeram as suas licenciaturas, pós-graduações, mestrados, doutoramentos, muitos deles nas Harvards e nos INSEADs, quase sempre com a propina paterna, e que aterraram depois numas administrações e presidências, mas que nunca vergaram a mola na vida e nunca apostaram os seus cabedais nas aventuras empresariais que comandam. «Não se descobriu petróleo no Beato», concluiu o doutor Fiel. Termina contando a velha estória da diferença entre compromisso e envolvimento - nos ovos com bacon a galinha compromete-se e o porco envolve-se.
Que fazer com as 30 propostas para melhorar o país?
Segundo aqueles dois e outros senhores, o melhor é deixar tudo como está: segundo o doutor Pulido Valente, é melhor a 3ª idade ficar no comando das empresas e do país, até se sufocarem na própria baba; segundo o doutor Jorge Fiel, deve-se esperar que as 500 luminárias façam umas poupanças para arriscar os seus cobres nos seus próprios negócios, já que a versão cervejaria luandense não parece disponível.
Com comentadores assim, é melhor fechar o país.
Eu, que sou um contribuinte líquido, daria uma oportunidade aos geadas do Manifesto de mostrarem a sua sageza e outra oportunidade, a mesma, aos 500 do Beato de mostrarem que os comentadores não têm razão. Trancava as 500 luminárias no Beato, juntamente com os 40 geadas do Manifesto, e só os deixava sair quando os primeiros convencessem os segundos a passar-lhe a pasta para as mãos. Os segundos emprestam a massa aos primeiros, e partem para a reforma. Os primeiros compram os negócios dos segundos, fecham o que for para fechar, desenvolvem o que for para desenvolver e abrem o que for para abrir.
20/02/2004
SERVIÇO PÚBLICO/PUBLIC SERVICE: O que importa não é a intervenção, o que importa é quem intervém / Peace force? Better call it piss force.
SUMMARY: don’t waste your time, go here.
Qual é a diferença entre uma intervenção «unilateral» duma potência num terceiro país com uma ditadura que constitui uma ameaça à segurança internacional e a intervenção unilateral duma outra potência num terceiro país que só constitui uma ameaça para si próprio?
Imensa, sobretudo se a primeira potência for a hiperpotência e o país da intervenção o Iraque e a segunda potência for uma potência regional decadente – uma impotência, a França – e o país da intervenção for uma sua antiga colónia – o Haiti.
Para mais pormenores ver Merde in France aqui.
Qual é a diferença entre uma intervenção «unilateral» duma potência num terceiro país com uma ditadura que constitui uma ameaça à segurança internacional e a intervenção unilateral duma outra potência num terceiro país que só constitui uma ameaça para si próprio?
Imensa, sobretudo se a primeira potência for a hiperpotência e o país da intervenção o Iraque e a segunda potência for uma potência regional decadente – uma impotência, a França – e o país da intervenção for uma sua antiga colónia – o Haiti.
Para mais pormenores ver Merde in France aqui.
ESTÓRIA E MORAL / SHORT STORY AND BIG MORAL: Anormais mas previsíveis / So queer and so predictable.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
So predictable, as the sun that rises every day, as Opus Gay - a kind of Union trade for queers - reacts loudly every time someone says something against the Queer’s Vulgata.
They cried «attack to human rights». They should talk about limitation of gay rights, having in mind children rights.
They cried, «homosexuality is a normal behavior». They are wrong. Should they be right and they shouldn’t need any Opus Gay.
Antes de contar a estória tenho que pedir desculpa aos juizes espanhóis de Pamplona que concederam a custódia de 2 gémeas (concebidas por inseminação artificial) à sua mãe biológica lésbica. Não se tratava, portanto, dum caso de adopção como admiti aqui. Se estivesse no lugar deles teria decidido o mesmo, embora fazendo figas por baixo da mesa.
Estória
Como se previa, surgiu a inevitável a reacção da bicharia às palavras do doutor Villas-Boas. A Opus Gay classificou as suas declarações como "um ataque aos direitos humanos e à dignidade dos homossexuais" e espantou-se por ele «dizer que a homossexualidade não é um comportamento normal».
A Opus Gay deveria dizer limitação dos direitos dos homossexuais por respeito aos direitos das crianças, em vez de «ataque aos direitos humanos», e deveria perceber que se a homossexualidade fosse um «comportamento normal» a Opus Gay não existiria. Existiria, em vez dela, uma Opus Sad, organização clandestina arregimentando uns quantos hetero que, esporadicamente, se manifestariam sob os assobios e gritinhos de multidões de bichonas, protegidas por polícias musculados, crânios rapados, de bigode, com as mangas arregaçadas deixando ver coloridas tatuagens.
Moral
Ninguém toca em carvão que não saia enfarruscado (ditado popular).
So predictable, as the sun that rises every day, as Opus Gay - a kind of Union trade for queers - reacts loudly every time someone says something against the Queer’s Vulgata.
They cried «attack to human rights». They should talk about limitation of gay rights, having in mind children rights.
They cried, «homosexuality is a normal behavior». They are wrong. Should they be right and they shouldn’t need any Opus Gay.
Antes de contar a estória tenho que pedir desculpa aos juizes espanhóis de Pamplona que concederam a custódia de 2 gémeas (concebidas por inseminação artificial) à sua mãe biológica lésbica. Não se tratava, portanto, dum caso de adopção como admiti aqui. Se estivesse no lugar deles teria decidido o mesmo, embora fazendo figas por baixo da mesa.
Estória
Como se previa, surgiu a inevitável a reacção da bicharia às palavras do doutor Villas-Boas. A Opus Gay classificou as suas declarações como "um ataque aos direitos humanos e à dignidade dos homossexuais" e espantou-se por ele «dizer que a homossexualidade não é um comportamento normal».
A Opus Gay deveria dizer limitação dos direitos dos homossexuais por respeito aos direitos das crianças, em vez de «ataque aos direitos humanos», e deveria perceber que se a homossexualidade fosse um «comportamento normal» a Opus Gay não existiria. Existiria, em vez dela, uma Opus Sad, organização clandestina arregimentando uns quantos hetero que, esporadicamente, se manifestariam sob os assobios e gritinhos de multidões de bichonas, protegidas por polícias musculados, crânios rapados, de bigode, com as mangas arregaçadas deixando ver coloridas tatuagens.
Moral
Ninguém toca em carvão que não saia enfarruscado (ditado popular).
19/02/2004
BLOGARIDADES: Comovi-me, coisa rara / A tribute to grandpa moved me.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
Moved with the tribute of a grand child on the 96th anniversary of his old grand father, I wonder if I can expect the same from one of my grand children under the form of a hologram coming from planet K317 in forty years time
Comovi-me com o aniversário do avô Américo do Vareta que fez ontem 96 anos. Parabéns avô Américo. Parabéns Vareta pelos parabéns ao avô Américo.
Quando tiver 96 anos (ainda faltam quase 40) gostava que um dos meus 3 netos, ou um dos que ainda possam chegar, me enviasse um holograma assim, a cavalo num raio gama, lá do planeta K317, onde por acaso estaria a fazer uma pós-graduação em biónica aplicada às artroses dos humanóides.
Moved with the tribute of a grand child on the 96th anniversary of his old grand father, I wonder if I can expect the same from one of my grand children under the form of a hologram coming from planet K317 in forty years time
Comovi-me com o aniversário do avô Américo do Vareta que fez ontem 96 anos. Parabéns avô Américo. Parabéns Vareta pelos parabéns ao avô Américo.
Quando tiver 96 anos (ainda faltam quase 40) gostava que um dos meus 3 netos, ou um dos que ainda possam chegar, me enviasse um holograma assim, a cavalo num raio gama, lá do planeta K317, onde por acaso estaria a fazer uma pós-graduação em biónica aplicada às artroses dos humanóides.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA / CONTINUOUS APPRAISAL: A educação dos infantes é coisa para gente normal (Parte 2) / If it's queer it isn’t straight.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
A Spanish court allowed a couple of lesbian women to adopt a child. A Portuguese psychologist, president of an Adoption Committee, reacted with strong disapproval and he said that for a child to get education from a queer couple it means unhappiness, because queer people are unable to provide a healthy environment for a child and they interfere with the normal evolution of his or her sexuality.
Nothing new. It’s just a peace of common sense understandable by any people born with some. But it’s hard to say these days, anyway.
Listen to the crying flock of gays and lesbians, drag queens, drag kings, bi, occasional, et alia.
Secção Assaults of thoughts
Luís Villas-Boas, presidente da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção portuguesa é, viu-se agora, um sujeito sensato e corajoso.
«Reagindo à decisão espanhola (do Tribunal de Navarra, quem sabe atulhado de juizes mariconços) de permitir a adopção de duas crianças por um casal de lésbicas» disse, pela boca do Público, que «mais vale uma criança passar toda a vida numa instituição ou em famílias de acolhimento à "infelicidade de ser educado por homossexuais, sejam dois ou um"».
Não disse mais do que o óbvio para toda a gente normal. Normal? Sim normal, ou é preciso voltar a escrever que se Deus quisesse que os machos fossem iguais às fêmeas só tinha feito caracóis?
Óbvio até para os homossexuais com um módico de senso que conseguem perceber que o direito a serem caracóis não se confunde com o encher do saco e o moer do bestunto à humanidade. E muito menos lhes dá o direito à pedofilia activa ou mesmo contemplativa.
Exagero meu? Nem tanto. O doutor Villas-Boas diz com grande argúcia que o carinho (?) das bichas é "um carinho falso. Não é carinho organizado, estruturante - gostam deles próprios através da criança".
«Criar crianças em "ambiente homossexual" é "interferir com o normal percurso do exercício dessa mesma sexualidade". "Ser lésbica não é ser mulher na plenitude natural do termo, porque se assim fosse não haveria o problema da procriação natural"»
Ao doutor Villas-Boas atribuo-lhe 3 afonsos, com reserva de mais 2 se lidar corajosamente, como se espera, com o coro anunciado de gritos histéricos das carpideiras bichonas.
A Spanish court allowed a couple of lesbian women to adopt a child. A Portuguese psychologist, president of an Adoption Committee, reacted with strong disapproval and he said that for a child to get education from a queer couple it means unhappiness, because queer people are unable to provide a healthy environment for a child and they interfere with the normal evolution of his or her sexuality.
Nothing new. It’s just a peace of common sense understandable by any people born with some. But it’s hard to say these days, anyway.
Listen to the crying flock of gays and lesbians, drag queens, drag kings, bi, occasional, et alia.
Secção Assaults of thoughts
Luís Villas-Boas, presidente da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção portuguesa é, viu-se agora, um sujeito sensato e corajoso.
«Reagindo à decisão espanhola (do Tribunal de Navarra, quem sabe atulhado de juizes mariconços) de permitir a adopção de duas crianças por um casal de lésbicas» disse, pela boca do Público, que «mais vale uma criança passar toda a vida numa instituição ou em famílias de acolhimento à "infelicidade de ser educado por homossexuais, sejam dois ou um"».
Não disse mais do que o óbvio para toda a gente normal. Normal? Sim normal, ou é preciso voltar a escrever que se Deus quisesse que os machos fossem iguais às fêmeas só tinha feito caracóis?
Óbvio até para os homossexuais com um módico de senso que conseguem perceber que o direito a serem caracóis não se confunde com o encher do saco e o moer do bestunto à humanidade. E muito menos lhes dá o direito à pedofilia activa ou mesmo contemplativa.
Exagero meu? Nem tanto. O doutor Villas-Boas diz com grande argúcia que o carinho (?) das bichas é "um carinho falso. Não é carinho organizado, estruturante - gostam deles próprios através da criança".
«Criar crianças em "ambiente homossexual" é "interferir com o normal percurso do exercício dessa mesma sexualidade". "Ser lésbica não é ser mulher na plenitude natural do termo, porque se assim fosse não haveria o problema da procriação natural"»
Ao doutor Villas-Boas atribuo-lhe 3 afonsos, com reserva de mais 2 se lidar corajosamente, como se espera, com o coro anunciado de gritos histéricos das carpideiras bichonas.
18/02/2004
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: A educação dos infantes é coisa para gente normal. / Parental education – a common sense exercise.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
After many years of insanity, more and more pediatrists start to discover that children are just children, as they used to be since many years. Parents need to feed their children, to love them, to educate them, to teach them rules. To punish them too, if needed.
By the way, they also are discovering that girls and boys are different, and because of that there are sound reasons for girls to prefer barbies and for boys to prefer action men. I mean reasons beyond the well-known conspiracy of toys multinational corporations (faites attention M. Bouvé, il y a un tas de choses pour brûler !).
Parents should accomplish their duties, rather than with too much reading, with a lot of common sense, something still hard to find in books about children education.
Faço parte da geração Spock. Não dos filhos, mas dos pais dos filhos. O doutor Spock e os pediatras dos sixties tinham da educação dos infantes uma ideia perfeitamente lírica. No fundo eram adeptos de Rousseau, sem o saberem. Os filhos eram para eles os bons selvagens que os pais se deviam esforçar por não infectar com educação, disciplina, regras, etc.
Felizmente consegui nunca ler a bíblia spockiana ou outras e só sofri a contaminação ambiental. Acabei por criar os filhos com um misto da receita tradicional, bom senso, senso comum e, por vezes, falta de senso.
A primeira vez que verdadeiramente me dei conta que havia algo errado nesta abordagem foi há 25 anos na cidade da Praia, Ilha de Santiago, Cabo Verde. Vi então, durante duas semanas, um conhecido poeta português a correr no restaurante do hotel, nas horas das refeições, atrás do seu rebento que gritava, puxava as toalhas da mesas, deitava talheres ao chão, até se cansar, meia hora mais tarde, e aceder sentar-se, por uns minutos, antes de iniciar um novo ciclo. Tudo isto sob o comando da esposa do poeta, uma professora da faculdade de Letras, que instruía constantemente o cônjuge para o coitado deixar a criança desenvolver a sua criatividade. A cena repetiu-se o tempo que o casal lá esteve para transmitir aos indígenas a sua ciência sobre não sei o quê.
Um amigo e colega, que partilhava comigo as refeições e esses deliciosos momentos de visão da nova pedagogia em movimento, deixou de frequentar o restaurante com receio que lhe desse o fanico.
Foi nessa altura que percebi, definitivamente, a grossa asneira dos «novos» métodos educativos. A observação, em múltiplos casos, da idiotia adolescente resultante de 12 ou 13 anos de aplicação esforçada e intensiva desses métodos nos tenros crânios, convenceu-me em definitivo.
25 anos depois é visível - louvado seja o Senhor - o refluxo dessa corrente paralisante do bom senso parental. Ao folhear nas livrarias as obras mais recentes para os jovens pais começam a encontrar-se coisas um pouco menos lunáticas. Fiz este exercício a partir duma referência que li, não sei onde, a um livro cujo título é, por si só, um exercício do politicamente incorrecto na pediatria - «O método Brazelton – A criança e a disciplina».
After many years of insanity, more and more pediatrists start to discover that children are just children, as they used to be since many years. Parents need to feed their children, to love them, to educate them, to teach them rules. To punish them too, if needed.
By the way, they also are discovering that girls and boys are different, and because of that there are sound reasons for girls to prefer barbies and for boys to prefer action men. I mean reasons beyond the well-known conspiracy of toys multinational corporations (faites attention M. Bouvé, il y a un tas de choses pour brûler !).
Parents should accomplish their duties, rather than with too much reading, with a lot of common sense, something still hard to find in books about children education.
Faço parte da geração Spock. Não dos filhos, mas dos pais dos filhos. O doutor Spock e os pediatras dos sixties tinham da educação dos infantes uma ideia perfeitamente lírica. No fundo eram adeptos de Rousseau, sem o saberem. Os filhos eram para eles os bons selvagens que os pais se deviam esforçar por não infectar com educação, disciplina, regras, etc.
Felizmente consegui nunca ler a bíblia spockiana ou outras e só sofri a contaminação ambiental. Acabei por criar os filhos com um misto da receita tradicional, bom senso, senso comum e, por vezes, falta de senso.
A primeira vez que verdadeiramente me dei conta que havia algo errado nesta abordagem foi há 25 anos na cidade da Praia, Ilha de Santiago, Cabo Verde. Vi então, durante duas semanas, um conhecido poeta português a correr no restaurante do hotel, nas horas das refeições, atrás do seu rebento que gritava, puxava as toalhas da mesas, deitava talheres ao chão, até se cansar, meia hora mais tarde, e aceder sentar-se, por uns minutos, antes de iniciar um novo ciclo. Tudo isto sob o comando da esposa do poeta, uma professora da faculdade de Letras, que instruía constantemente o cônjuge para o coitado deixar a criança desenvolver a sua criatividade. A cena repetiu-se o tempo que o casal lá esteve para transmitir aos indígenas a sua ciência sobre não sei o quê.
Um amigo e colega, que partilhava comigo as refeições e esses deliciosos momentos de visão da nova pedagogia em movimento, deixou de frequentar o restaurante com receio que lhe desse o fanico.
Foi nessa altura que percebi, definitivamente, a grossa asneira dos «novos» métodos educativos. A observação, em múltiplos casos, da idiotia adolescente resultante de 12 ou 13 anos de aplicação esforçada e intensiva desses métodos nos tenros crânios, convenceu-me em definitivo.
25 anos depois é visível - louvado seja o Senhor - o refluxo dessa corrente paralisante do bom senso parental. Ao folhear nas livrarias as obras mais recentes para os jovens pais começam a encontrar-se coisas um pouco menos lunáticas. Fiz este exercício a partir duma referência que li, não sei onde, a um livro cujo título é, por si só, um exercício do politicamente incorrecto na pediatria - «O método Brazelton – A criança e a disciplina».
17/02/2004
BLOGARIDADES / BLOGARITIES: O Meu Mêmê (2) / The making of a penseur's blog.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
This is a tribute to the penseur, franchouille kind, and former Culture minister (something like a minister of the Cult) professor Manuel Maria Carrilho. A tribute not for those credits, or debits one may say, but in spite of them because he had coined Pactology, a politically incorrect term.
Unfortunately, looking into his current site and trying hard to recycle some of stuff in there to build up a blog, the only stuff one could extract is lots of pomp, a material good for nothing in a blog.
So, no more tributes, I guess.
Há mais de dois meses que não dou contributos para a transformação num blogue à séria do sítio Manuel Maria Carrilho, verdadeira montra da vida e obra do Professor, Filósofo e Homem de Cultura com o mesmo nome, como então escrevi aqui.
Agora que lhe usurpei impertinentemente, mas com toda a vénia, o termo Pactologia, senti o apelo do dever para continuar aquele trabalho preguiçosamente interrompido.
O sítio está dividido em vários secções, a saber:
+ Bloco-Notas que continua vazio, como há dois meses;
+ Crónicas - são as suas «Contingências» do semanário do saco de plástico – com uma cajadada mata dois coelhos, mas nenhum deles é o que interessa;
+ Intervenções (2) - se não me engano, já estão requentadas;
+ Curriculum Vitae - continua actualizado, o que não é uma boa notícia;
+ Livros - onde também não aparece nenhuma novidade;
+ Entrevistas - uma pobreza franciscana, pouco própria duma personalidade tão mediática – apenas 3, desde Maio do ano passado (faltam as entrevistas à Caras).
Por muito que me custe, tenho que concluir que para fazer daquele sítio um blogue, mesmo mediano, não se aproveitava nada. E extrair dali material, só se fosse pompa e circunstância.
Em conclusão, vou encerrar O Meu Mê Mê, pelo menos enquanto o senhor professor não for presidente da Câmara de Lisboa.
This is a tribute to the penseur, franchouille kind, and former Culture minister (something like a minister of the Cult) professor Manuel Maria Carrilho. A tribute not for those credits, or debits one may say, but in spite of them because he had coined Pactology, a politically incorrect term.
Unfortunately, looking into his current site and trying hard to recycle some of stuff in there to build up a blog, the only stuff one could extract is lots of pomp, a material good for nothing in a blog.
So, no more tributes, I guess.
Há mais de dois meses que não dou contributos para a transformação num blogue à séria do sítio Manuel Maria Carrilho, verdadeira montra da vida e obra do Professor, Filósofo e Homem de Cultura com o mesmo nome, como então escrevi aqui.
Agora que lhe usurpei impertinentemente, mas com toda a vénia, o termo Pactologia, senti o apelo do dever para continuar aquele trabalho preguiçosamente interrompido.
O sítio está dividido em vários secções, a saber:
+ Bloco-Notas que continua vazio, como há dois meses;
+ Crónicas - são as suas «Contingências» do semanário do saco de plástico – com uma cajadada mata dois coelhos, mas nenhum deles é o que interessa;
+ Intervenções (2) - se não me engano, já estão requentadas;
+ Curriculum Vitae - continua actualizado, o que não é uma boa notícia;
+ Livros - onde também não aparece nenhuma novidade;
+ Entrevistas - uma pobreza franciscana, pouco própria duma personalidade tão mediática – apenas 3, desde Maio do ano passado (faltam as entrevistas à Caras).
Por muito que me custe, tenho que concluir que para fazer daquele sítio um blogue, mesmo mediano, não se aproveitava nada. E extrair dali material, só se fosse pompa e circunstância.
Em conclusão, vou encerrar O Meu Mê Mê, pelo menos enquanto o senhor professor não for presidente da Câmara de Lisboa.
16/02/2004
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: Educação sexual? Só se for para adultos / Sex education? For grown ups, maybe.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
The lady secretary of state of Education is under the attack of the leftist flock because she argued that State has not the right to impose sex education in schools.
She is right. Maybe her rightness has poor grounds, but she is right.
For a liberal mind there are principles besides the practical arguments, such as that kids nowadays master the fucking machinery better than their old-fashioned teachers, or families should have the say in anything but arithmetics.
Principles? What principles? Well, putting the enemy against the wall with the help of their precious Pink Floyd old boys, I would say principles such as teachers leave the kids alone, they don't need no (sex) education, they don't need no thought control.
Podemos olhar para a questão da educação sexual nas escolas como o fez o João Pereira Coutinho no Expresso de 14-02. A educação sexual é puramente inútil porque os adolescentes de hoje sabem mais do «truca-truca», como ele escreveu, do que os professores. O que provavelmente é verdade na maior parte dos casos, com a banalização do sexo. O sexo é para eles mais familiar do que a aritmética. Conhecem melhor a engenharia do sexo do que a tabuada.
Mas essa não é a questão de fundo. A questão de fundo é que «O Estado não tem o direito de impor um modelo de educação sexual, como não tem o de impor uma religião».
Quem disse isto? Algum perigoso liberal? Não. Foi a doutora Mariana Cascais, secretária de Estado da Educação. Terá dito outras coisas menos sensatas, ou mesmo insensatas, mas poderá ter sido por esta que a esquerdalhada lhe caiu em cima. Suspeito.
E porquê a esquerdalhada se excitou? Porque defende o pensamento único. Porque vê o Estado como uma máquina de fabricar militantes do pensamento único. Aliás, como a direita estúpida, que defende, em sottovoce, a mesma coisa no capítulo da religião ou da moral.
É às famílias, em particular ao pai e à mãe, que compete a educação sexual dos fedelhos. Não é a escola. A escola não deve “ensinar” moral ou religião ou a técnica do «truca-truca».
Além das razões de princípio para o Estado não intervir nesse domínio, há várias razões práticas, para além da inutilidade, como sublinhou João Pereira Coutinho.
É ridículo pensar que o Estado, incompetente para ensinar os rudimentos da língua portuguesa e da aritmética, tenha competência para encharcar os tenros crânios daquelas almas com educação sexual, seja lá o que isso for, para além dum capítulo banal da biologia humana, incluindo claro os diagramas necessários para exemplicar a mecânica do «truca-truca».
É perigoso pensar que um Estado que deixou corromper dezenas ou centenas ou milhares de crianças e adolescentes na Casa Pia e em outras instituições vá agora ocupar-se da educação sexual dos restantes.
The lady secretary of state of Education is under the attack of the leftist flock because she argued that State has not the right to impose sex education in schools.
She is right. Maybe her rightness has poor grounds, but she is right.
For a liberal mind there are principles besides the practical arguments, such as that kids nowadays master the fucking machinery better than their old-fashioned teachers, or families should have the say in anything but arithmetics.
Principles? What principles? Well, putting the enemy against the wall with the help of their precious Pink Floyd old boys, I would say principles such as teachers leave the kids alone, they don't need no (sex) education, they don't need no thought control.
Podemos olhar para a questão da educação sexual nas escolas como o fez o João Pereira Coutinho no Expresso de 14-02. A educação sexual é puramente inútil porque os adolescentes de hoje sabem mais do «truca-truca», como ele escreveu, do que os professores. O que provavelmente é verdade na maior parte dos casos, com a banalização do sexo. O sexo é para eles mais familiar do que a aritmética. Conhecem melhor a engenharia do sexo do que a tabuada.
Mas essa não é a questão de fundo. A questão de fundo é que «O Estado não tem o direito de impor um modelo de educação sexual, como não tem o de impor uma religião».
Quem disse isto? Algum perigoso liberal? Não. Foi a doutora Mariana Cascais, secretária de Estado da Educação. Terá dito outras coisas menos sensatas, ou mesmo insensatas, mas poderá ter sido por esta que a esquerdalhada lhe caiu em cima. Suspeito.
E porquê a esquerdalhada se excitou? Porque defende o pensamento único. Porque vê o Estado como uma máquina de fabricar militantes do pensamento único. Aliás, como a direita estúpida, que defende, em sottovoce, a mesma coisa no capítulo da religião ou da moral.
É às famílias, em particular ao pai e à mãe, que compete a educação sexual dos fedelhos. Não é a escola. A escola não deve “ensinar” moral ou religião ou a técnica do «truca-truca».
Além das razões de princípio para o Estado não intervir nesse domínio, há várias razões práticas, para além da inutilidade, como sublinhou João Pereira Coutinho.
É ridículo pensar que o Estado, incompetente para ensinar os rudimentos da língua portuguesa e da aritmética, tenha competência para encharcar os tenros crânios daquelas almas com educação sexual, seja lá o que isso for, para além dum capítulo banal da biologia humana, incluindo claro os diagramas necessários para exemplicar a mecânica do «truca-truca».
É perigoso pensar que um Estado que deixou corromper dezenas ou centenas ou milhares de crianças e adolescentes na Casa Pia e em outras instituições vá agora ocupar-se da educação sexual dos restantes.
15/02/2004
NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO / NEW ENTRY TO THE GLOSSARY: Pactologia / Pactology.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
The Glossary of Impertinence is a kind of warehouse where are stored occasionally terms coined to mean something pertinent, but usually considered politically incorrect by the leftist flock and their compagnons de route.
Differently of almost all the other entries, this new one was not in-house coined. Un penseur leftist kind and former Culture minister (something like a minister of the Cult) did invent it yesterday.
The new term is Pactology and means the using of bullshit conversation to hide the lack of will to take on options hard to stake. This new entry is in the section Politicsish, the dialect spoken by most of the politicians.
Não é todos os dias que o inefável filósofo professor Manuel Maria Carrilho é aqui citado por boas razões. Nem por más.
A sua definição de Pactologia (ver «Para lá dos tabus» no Expresso de 14-02), que considero tributária da minha definição de Consenso, entra com todo o mérito, e a vénia que é lhe devida para o Glossário - vamos ver se esta manteiga é suficiente para o senhor professor não me exigir direitos autorais. O professor é certamente uma autoridade nesta matéria, devido à sua participação no governo do saudoso engenheiro Guterres, onde teve oportunidade de observar e conviver com a pactologia em movimento durante todo o consolado do sr. engenheiro de correntes fracas.
Pactologia (Politiquês)
«Recurso à conversa dos consensos para ocultar a incapacidade de se assumirem posições difíceis, em nome das quais, justamente, se foi eleito», professor M M. Carrilho dixit.
The Glossary of Impertinence is a kind of warehouse where are stored occasionally terms coined to mean something pertinent, but usually considered politically incorrect by the leftist flock and their compagnons de route.
Differently of almost all the other entries, this new one was not in-house coined. Un penseur leftist kind and former Culture minister (something like a minister of the Cult) did invent it yesterday.
The new term is Pactology and means the using of bullshit conversation to hide the lack of will to take on options hard to stake. This new entry is in the section Politicsish, the dialect spoken by most of the politicians.
Não é todos os dias que o inefável filósofo professor Manuel Maria Carrilho é aqui citado por boas razões. Nem por más.
A sua definição de Pactologia (ver «Para lá dos tabus» no Expresso de 14-02), que considero tributária da minha definição de Consenso, entra com todo o mérito, e a vénia que é lhe devida para o Glossário - vamos ver se esta manteiga é suficiente para o senhor professor não me exigir direitos autorais. O professor é certamente uma autoridade nesta matéria, devido à sua participação no governo do saudoso engenheiro Guterres, onde teve oportunidade de observar e conviver com a pactologia em movimento durante todo o consolado do sr. engenheiro de correntes fracas.
Pactologia (Politiquês)
«Recurso à conversa dos consensos para ocultar a incapacidade de se assumirem posições difíceis, em nome das quais, justamente, se foi eleito», professor M M. Carrilho dixit.
ESTÓRIA E MORAL / SHORT STORY AND BIG MORAL: Ó Elvas, Ó Elvas, Badajoz à vista. / No pain no gain.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
Portugal had not faced any of the constraints that Spain had suffered in the last hundred years, such as a devastating civil war, terrorism and separatism. Why on earth Portugal have been progressively outperformed by Spain?
Some think that the underlying reason is precisely because Portugal hasn’t been defied enough.
Estória
O tema Espanha, sempre presente na história portuguesa, nos momentos de crise, como agora, torna-se um tema recorrente. As almas do Beato também não esqueceram o espectro da «ameaça» espanhola, rebaptizando os «centros de decisão nacionais» dos seus patrões do Manifesto dos 40 para «centros de competência nacionais»
Li só agora, atrasadamente, que o cataláxia também abordou aqui o tema, relatando dois episódios que evidenciam o fosso que nos separa dos nossos vizinhos. Interroga-se o cataláxia como é isso possível, se «a Espanha teve uma guerra civil devastadora, uma ditadura que a isolou do mundo, tem o terrorismo, os separatismos e, contudo, funciona incomparavelmente melhor do que Portugal. Que não tem terrorismo nem separatismos, não conheceu a guerra civil no século XX, e, quanto a ditaduras férreas, vou ali e já venho…»
Um mês atrás jantava em Madrid com três alemães e um catalão. Um dos alemães puxou duns óculos sofisticadissimos que dobrados cabiam num pequeno estojo cilíndrico com 4 cm de diâmetro por 2 cm de altura. Explicou-nos que tinha uma certo fascínio por óculos, que deveria ter usado desde muito pequeno para corrigir um defeito de visão, mas, devido à penúria na Alemanha do pós-guerra, só conseguiu tê-los na adolescência e, ainda assim, bastante primitivos. Falou longamente das suas memórias infantis e adolescentes na Alemanha do pós-guerra, no esforço de reconstrução para levantar um país em escombros e transformá-lo em 25 anos na locomotiva económica da Europa. O catalão, muito mais jovem, também comentou, a propósito, a miséria, recordada pelos seus pais, que se viveu nos 10 ou 15 anos seguintes à guerra civil espanhola, que fez 1 milhão de mortos e foi o ensaio geral para a 2ª guerra de onde a Alemanha saiu derrotada e em ruínas.
O cataláxia termina o seu post interrogando-se: «O que se passa, então, com Portugal?» onde nada disto se passou.
Moral
«Agora, que nos faria muito bem um choque com o impacto de 1580, não duvidem por um segundo!», diz o cataláxia.
Talvez. As nações, como as empresas e como os indivíduos, precisam de desafios e é muitas vezes perante as ameaças que sacodem o torpor e vencem a decadência.
Portugal had not faced any of the constraints that Spain had suffered in the last hundred years, such as a devastating civil war, terrorism and separatism. Why on earth Portugal have been progressively outperformed by Spain?
Some think that the underlying reason is precisely because Portugal hasn’t been defied enough.
Estória
O tema Espanha, sempre presente na história portuguesa, nos momentos de crise, como agora, torna-se um tema recorrente. As almas do Beato também não esqueceram o espectro da «ameaça» espanhola, rebaptizando os «centros de decisão nacionais» dos seus patrões do Manifesto dos 40 para «centros de competência nacionais»
Li só agora, atrasadamente, que o cataláxia também abordou aqui o tema, relatando dois episódios que evidenciam o fosso que nos separa dos nossos vizinhos. Interroga-se o cataláxia como é isso possível, se «a Espanha teve uma guerra civil devastadora, uma ditadura que a isolou do mundo, tem o terrorismo, os separatismos e, contudo, funciona incomparavelmente melhor do que Portugal. Que não tem terrorismo nem separatismos, não conheceu a guerra civil no século XX, e, quanto a ditaduras férreas, vou ali e já venho…»
Um mês atrás jantava em Madrid com três alemães e um catalão. Um dos alemães puxou duns óculos sofisticadissimos que dobrados cabiam num pequeno estojo cilíndrico com 4 cm de diâmetro por 2 cm de altura. Explicou-nos que tinha uma certo fascínio por óculos, que deveria ter usado desde muito pequeno para corrigir um defeito de visão, mas, devido à penúria na Alemanha do pós-guerra, só conseguiu tê-los na adolescência e, ainda assim, bastante primitivos. Falou longamente das suas memórias infantis e adolescentes na Alemanha do pós-guerra, no esforço de reconstrução para levantar um país em escombros e transformá-lo em 25 anos na locomotiva económica da Europa. O catalão, muito mais jovem, também comentou, a propósito, a miséria, recordada pelos seus pais, que se viveu nos 10 ou 15 anos seguintes à guerra civil espanhola, que fez 1 milhão de mortos e foi o ensaio geral para a 2ª guerra de onde a Alemanha saiu derrotada e em ruínas.
O cataláxia termina o seu post interrogando-se: «O que se passa, então, com Portugal?» onde nada disto se passou.
Moral
«Agora, que nos faria muito bem um choque com o impacto de 1580, não duvidem por um segundo!», diz o cataláxia.
Talvez. As nações, como as empresas e como os indivíduos, precisam de desafios e é muitas vezes perante as ameaças que sacodem o torpor e vencem a decadência.
14/02/2004
ESTÓRIA E MORAL / SHORT STORY AND BIG MORAL: Atracção fatal / Fatal atraction.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
Psycho Death Cult First Lady, petit non of Mme. Suha Arafat, Mr. Arafat's spouse, made up by Merde in France, shortly after she had received her brand new franchouille citizenship is under investigation of laundering big money from Switzerland to her own bank accounts in Paris. A French decorator is also involved.
Guess to whom that gentleman had made decoration travails recently? Bingo. M. Chirac lui-même.
Don’t be so vain. It was too easy. Wasn’t it?
So what? Les bons esprits se rencontrent.
Estória
Segundo o Canard Enchainé, citado pelo DN aqui, foi apanhada com a mão na massa Mme. Suha Arafat a esposa do senhor Arafat a quem o Merde in France chamou, recentemente, com toda a propriedade Psycho Death Cult First Lady ou, para quem prefira o franchouille, Première Dame Palestinienne de la Culte Psychotique de la Mort.
Talvez inspirada pela recente aquisição da nacionalidade francesa, a primeira dama do terrorismo começou a ser investigada pelo Banco de França, primeiro, e pela polícia francesa depois, por transferências de um milhão de euros por mês de um banco suíço para as suas contas em Paris.
Também está envolvido, através de um decorador marroquino, uma personalidade da alta política francesa. Adivinhe quem? A resposta mais óbvia é M. Le Président. Porquois pas? Oui, lui-même.
Moral
Les bons esprits se rencontrent.
Psycho Death Cult First Lady, petit non of Mme. Suha Arafat, Mr. Arafat's spouse, made up by Merde in France, shortly after she had received her brand new franchouille citizenship is under investigation of laundering big money from Switzerland to her own bank accounts in Paris. A French decorator is also involved.
Guess to whom that gentleman had made decoration travails recently? Bingo. M. Chirac lui-même.
Don’t be so vain. It was too easy. Wasn’t it?
So what? Les bons esprits se rencontrent.
Estória
Segundo o Canard Enchainé, citado pelo DN aqui, foi apanhada com a mão na massa Mme. Suha Arafat a esposa do senhor Arafat a quem o Merde in France chamou, recentemente, com toda a propriedade Psycho Death Cult First Lady ou, para quem prefira o franchouille, Première Dame Palestinienne de la Culte Psychotique de la Mort.
Talvez inspirada pela recente aquisição da nacionalidade francesa, a primeira dama do terrorismo começou a ser investigada pelo Banco de França, primeiro, e pela polícia francesa depois, por transferências de um milhão de euros por mês de um banco suíço para as suas contas em Paris.
Também está envolvido, através de um decorador marroquino, uma personalidade da alta política francesa. Adivinhe quem? A resposta mais óbvia é M. Le Président. Porquois pas? Oui, lui-même.
Moral
Les bons esprits se rencontrent.
13/02/2004
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: Sexta-feira 13. / Friday 13.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
After withdraw from its colonies, Portugal didn’t recover of the sense of losing its past grandeur yet. Lately, economic regression and the foreseeable consequences of EU enlargement to the East, together with plenty of scandals of cronyism, corruption and child abuse with suspects in the political and social establishment, put the Portuguese under depression and their self-esteem in short supply.
Recently, three approaches are being proposed to remedy this malaise.
One is ask for a legion of psychiatrist doctors, spin doctors and other doctors to cure the damaged Portuguese psyche.
The second, the leftist favorite, is to prescribe cannabis to everybody who couldn’t recover from the first approach.
Get real, the third starts. Never mind. It is too hard to follow, anyway.
A depressão e os missionários
A Missão: Portugal tem em curso a campanha «Portugal Positivo» – um nome bastante equívoco, se nos lembrarmos que, quando vamos buscar os relatórios das análises, o «positivo» quer dizer que já fomos atacados pelo bicho.
Em Maio, a Missão: Portugal realizará a conferência «A Auto-Estima dos portugueses». Supõe-se, que após a conferência, os portugueses se vão sentir seguros e confiantes - para quê então mudar?
Por prudência, devemos admitir a falibilidade deste método. Alguns portugueses poderão resistir-lhe e continuar deprimidos.
A depressão da nação e os talentosos rapazes do radicac chic
Por muito que critique os rapazes do Bloco de Esquerda, reconheço-lhes indiscutível talento. Meia dúzia deles, um quarteirão das Telheiras mais uma rua do Bairro Alto, nem tanto, enxameiam os jornais, as rádios, os écrans, as praças, falam bem, têm bom aspecto, une espèce de négligé chic, e marcam a agenda do país e no topo dessa agenda está uma proposta para ultrapassar a depressão colectiva da nação: a prescrição de cannabis aos doentes terminais
Esta notável proposta do Bloco aparece assim como uma terapia complementar aplicável aos casos residuais de depressão persistente após o tratamento da Missão: Portugal.
A depressão e os senhores do Compromisso Portugal
As luminárias do Beato concluíram que «somos um país tradicionalmente resistente à mudança a todos os níveis da nossa Sociedade», o que eles vêem como um problema. Um problema facilmente resolúvel pela terapia da Missão combinada com a do Bloco - há lá alguma coisa que resista à massagem da alma seguida de um charro?
After withdraw from its colonies, Portugal didn’t recover of the sense of losing its past grandeur yet. Lately, economic regression and the foreseeable consequences of EU enlargement to the East, together with plenty of scandals of cronyism, corruption and child abuse with suspects in the political and social establishment, put the Portuguese under depression and their self-esteem in short supply.
Recently, three approaches are being proposed to remedy this malaise.
One is ask for a legion of psychiatrist doctors, spin doctors and other doctors to cure the damaged Portuguese psyche.
The second, the leftist favorite, is to prescribe cannabis to everybody who couldn’t recover from the first approach.
Get real, the third starts. Never mind. It is too hard to follow, anyway.
A depressão e os missionários
A Missão: Portugal tem em curso a campanha «Portugal Positivo» – um nome bastante equívoco, se nos lembrarmos que, quando vamos buscar os relatórios das análises, o «positivo» quer dizer que já fomos atacados pelo bicho.
Em Maio, a Missão: Portugal realizará a conferência «A Auto-Estima dos portugueses». Supõe-se, que após a conferência, os portugueses se vão sentir seguros e confiantes - para quê então mudar?
Por prudência, devemos admitir a falibilidade deste método. Alguns portugueses poderão resistir-lhe e continuar deprimidos.
A depressão da nação e os talentosos rapazes do radicac chic
Por muito que critique os rapazes do Bloco de Esquerda, reconheço-lhes indiscutível talento. Meia dúzia deles, um quarteirão das Telheiras mais uma rua do Bairro Alto, nem tanto, enxameiam os jornais, as rádios, os écrans, as praças, falam bem, têm bom aspecto, une espèce de négligé chic, e marcam a agenda do país e no topo dessa agenda está uma proposta para ultrapassar a depressão colectiva da nação: a prescrição de cannabis aos doentes terminais
Esta notável proposta do Bloco aparece assim como uma terapia complementar aplicável aos casos residuais de depressão persistente após o tratamento da Missão: Portugal.
A depressão e os senhores do Compromisso Portugal
As luminárias do Beato concluíram que «somos um país tradicionalmente resistente à mudança a todos os níveis da nossa Sociedade», o que eles vêem como um problema. Um problema facilmente resolúvel pela terapia da Missão combinada com a do Bloco - há lá alguma coisa que resista à massagem da alma seguida de um charro?
ESTÓRIA E MORAL: O social-caciquismo tropical.
Com dedicatória para o Terras do Nunca, que nutre especial ternura pelo Diogo Mainardi, como fiquei a saber através do Jaquizinhos, aqui vai um excerto da sua coluna na VEJA de 11-02.
Estória
«A distribuição de cargos a parentes e amigos foi a maior conquista dos governantes do PT. Eles prometem abrir 41 mil novas vagas neste ano. O Governo federal pretende também acelerar a distribuição de esmolas nas grandes cidades. Ou seja, o contrário do que foi feito até agora. O ex-ministro José Graziano queria dar esmolas aos nordestinos, para tentar diminuir a violência nas grandes cidades. Depois de um ano, ele foi demitido e Patrus Ananias tomou seu lugar no combate à fome. De acordo com o novo ministro, as esmolas devem ser distribuídas nas metrópoles, porque "é lá que está o desafio da violência". O Brasil nunca teve uma classe dirigente tão obtusa e despreparada. Em duas décadas de oposição, o PT nem ao menos conseguiu descobrir onde estão os famintos e onde estão os bandidos.»
Moral
O pior porco come a melhor bolota (ditado popular alemão)
Estória
«A distribuição de cargos a parentes e amigos foi a maior conquista dos governantes do PT. Eles prometem abrir 41 mil novas vagas neste ano. O Governo federal pretende também acelerar a distribuição de esmolas nas grandes cidades. Ou seja, o contrário do que foi feito até agora. O ex-ministro José Graziano queria dar esmolas aos nordestinos, para tentar diminuir a violência nas grandes cidades. Depois de um ano, ele foi demitido e Patrus Ananias tomou seu lugar no combate à fome. De acordo com o novo ministro, as esmolas devem ser distribuídas nas metrópoles, porque "é lá que está o desafio da violência". O Brasil nunca teve uma classe dirigente tão obtusa e despreparada. Em duas décadas de oposição, o PT nem ao menos conseguiu descobrir onde estão os famintos e onde estão os bandidos.»
Moral
O pior porco come a melhor bolota (ditado popular alemão)
12/02/2004
BLOGARIDADES / BLOGARITIES: ADM descobertas na Bloguilha. / WMD detected in Blogisland.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
Dissent is rising again in Blogisland about the missing Iraqi WMD. Some of the ones who supported the allied invasion that sacked Saddam’s regime, with no WMD at sight have withdrawn their support retroactively.
I don’t understand. Decision had to be made before, not after, the invasion to check WMD. Besides, according to Security Council resolution, it was Saddam’s the burden of proof that there wasn’t any WMD.
If Georges Bush failed anything it was to check le Palais d’Elisée, M. Chirac’s place. This is a joke, but anyway remember closes friends he and Mr. Saddam used to be, since M. Chirac (le saddamite des saddamites franchouilles) was prime minister trying to sell a new nuclear reactor to replace the old one destroyed by Israeli air force (thanks boys).
Anda por aí, outra vez, na Bloguilha a polémica das armas de destruição maciça que afinal não apareceram. Dei por isso no A Causa Foi Modificada. Houve até quem tivesse desapoiado a posteriori a intervenção (por exemplo, ao que parece, o doutor Pedro Mexia do Dicionário do Diabo).
Confesso que não percebo. Por várias razões.
Primeira - pela natureza das coisas, decisões desta natureza têm que se tomadas baseadas em juízos de probabilidade, com base numa informação limitada, no que se sabe e não no que se vem a saber – prognósticos no fim do jogo são no futebol.
Segunda - do ponto de vista do direito internacional, se alguém tinha, por força de várias resoluções do Conselho de Segurança, que demonstrar que não tinha AMDs era o tio Saddam.
Terceira – a oposição frenética de M. Chirac era tão suspeita que eu, se tivesse no lugar de George Bush, teria mandado fazer uma inspecção ao Eliseu.
Esta última é, obviamente, uma brincadeira de mau gosto, mas o que se espera de alguém, como o actual presidente francês (le saddamite des saddamites franchouilles), que quando primeiro ministro de Mitterrand, entrou em conversações com Saddam para lhe fornecer um novo reactor nuclear para substituir o que a França lhe tinha vendido antes e fora, em boa hora, destruído pela aviação israelita? Para mais pormenores podem ler «Allies: The U.S., Britain, Europe, and the War in Iraq» escrito por um adversário da intervenção (William Shawcross), mas também adversário da falsificação, que avança esse e outros factos para explicar a atitude de Chirac. A review do livro pode ser lida aqui.
Dissent is rising again in Blogisland about the missing Iraqi WMD. Some of the ones who supported the allied invasion that sacked Saddam’s regime, with no WMD at sight have withdrawn their support retroactively.
I don’t understand. Decision had to be made before, not after, the invasion to check WMD. Besides, according to Security Council resolution, it was Saddam’s the burden of proof that there wasn’t any WMD.
If Georges Bush failed anything it was to check le Palais d’Elisée, M. Chirac’s place. This is a joke, but anyway remember closes friends he and Mr. Saddam used to be, since M. Chirac (le saddamite des saddamites franchouilles) was prime minister trying to sell a new nuclear reactor to replace the old one destroyed by Israeli air force (thanks boys).
Anda por aí, outra vez, na Bloguilha a polémica das armas de destruição maciça que afinal não apareceram. Dei por isso no A Causa Foi Modificada. Houve até quem tivesse desapoiado a posteriori a intervenção (por exemplo, ao que parece, o doutor Pedro Mexia do Dicionário do Diabo).
Confesso que não percebo. Por várias razões.
Primeira - pela natureza das coisas, decisões desta natureza têm que se tomadas baseadas em juízos de probabilidade, com base numa informação limitada, no que se sabe e não no que se vem a saber – prognósticos no fim do jogo são no futebol.
Segunda - do ponto de vista do direito internacional, se alguém tinha, por força de várias resoluções do Conselho de Segurança, que demonstrar que não tinha AMDs era o tio Saddam.
Terceira – a oposição frenética de M. Chirac era tão suspeita que eu, se tivesse no lugar de George Bush, teria mandado fazer uma inspecção ao Eliseu.
Esta última é, obviamente, uma brincadeira de mau gosto, mas o que se espera de alguém, como o actual presidente francês (le saddamite des saddamites franchouilles), que quando primeiro ministro de Mitterrand, entrou em conversações com Saddam para lhe fornecer um novo reactor nuclear para substituir o que a França lhe tinha vendido antes e fora, em boa hora, destruído pela aviação israelita? Para mais pormenores podem ler «Allies: The U.S., Britain, Europe, and the War in Iraq» escrito por um adversário da intervenção (William Shawcross), mas também adversário da falsificação, que avança esse e outros factos para explicar a atitude de Chirac. A review do livro pode ser lida aqui.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Remédios e lebres.
SERÁ ESTE O REMÉDIO QUE A PÁTRIA CARECE?
Secção Padre Anchieta
«Deve ter sido muito aplaudido, este congresso de cus tremidos que não põem as nádegas num transporte colectivo desde que se desbundam nos popós que a gente paga», escreveu, a propósito da reunião Compromisso Portugal no Convento do Beato, Joaquim Letria no 24 HORAS, a quem atribuo, nesta apropriada Secção Padre Anchieta, cinco bourbons e outros tantos ignóbeis por aquele pensamento magnífico e original.
Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro
Eu bem gostaria de encontrar substância nas conclusões do Beato que demonstrasse a total inanidade do pensamento do senhor Letria, mas isso não vai ser por enquanto possível.
Quando leio as 30 propostas para melhorar o país, todas elas começam “Deve-se ou não”, como nas conclusões dum congresso de metafísica.
O documento do Beato é um amontoado aleatório de votos piedosos e medidas soltas de desigual importância, que vão desde grandiloquentes declarações de princípio («a aceitação das regras do jogo do mercado aberto», uma questão oportuníssima no 19º ano no mercado comum europeu) até trivialíssimas questões administrativas e processuais (reduzir «o prazo para registo ... de imóveis (para) 48 horas» ou «reequacionar a tutela dos registos predial e comercial»).
Ninguém de boa fé pode dizer que são disparates ou medidas erradas. Não se trata disso. É o processo de produção, é o peditório de ideias, que não augura consequências.
Se estas 500 luminárias são la crème de la crème, o que sera la crème? O que será le lait?
Mais 2 ou 3 chateaubriands para o pessoal do Beato.
A LEBRE ESTICOU E OS CONCORRENTES SAIEM DO PELOTÃO
Secção Assaults of thoughts
Ainda não secou a tinta do que escrevi aqui sobre o doutor Coelho, que poderia não passar duma lebre. Ora aí está, o doutor Soares filho a mostrar-se disponível para secretário-geral do PS. E não um dia num futuro longínquo, mas já no «no final deste ano» quando «a questão da liderança do PS deve colocar-se». Perdeu-se o respeito. Costuma dizer-se que o cadáver ainda está morno e já estão a tratar da herança, mas neste caso a coisa é pior – o doente ainda está nos cuidados intensivos e, oficialmente, de boa saúde.
Por ter respondido rapidamente ao salto da lebre, um afonso para o doutor Soares filho, que parece ser um digno sucessor de seu pai, embora um pouco mais à direita. Lá mais para o fim do ano poderá ganhar, ou não, mais afonsos, ou outros prémios.
Secção Padre Anchieta
«Deve ter sido muito aplaudido, este congresso de cus tremidos que não põem as nádegas num transporte colectivo desde que se desbundam nos popós que a gente paga», escreveu, a propósito da reunião Compromisso Portugal no Convento do Beato, Joaquim Letria no 24 HORAS, a quem atribuo, nesta apropriada Secção Padre Anchieta, cinco bourbons e outros tantos ignóbeis por aquele pensamento magnífico e original.
Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro
Eu bem gostaria de encontrar substância nas conclusões do Beato que demonstrasse a total inanidade do pensamento do senhor Letria, mas isso não vai ser por enquanto possível.
Quando leio as 30 propostas para melhorar o país, todas elas começam “Deve-se ou não”, como nas conclusões dum congresso de metafísica.
O documento do Beato é um amontoado aleatório de votos piedosos e medidas soltas de desigual importância, que vão desde grandiloquentes declarações de princípio («a aceitação das regras do jogo do mercado aberto», uma questão oportuníssima no 19º ano no mercado comum europeu) até trivialíssimas questões administrativas e processuais (reduzir «o prazo para registo ... de imóveis (para) 48 horas» ou «reequacionar a tutela dos registos predial e comercial»).
Ninguém de boa fé pode dizer que são disparates ou medidas erradas. Não se trata disso. É o processo de produção, é o peditório de ideias, que não augura consequências.
Se estas 500 luminárias são la crème de la crème, o que sera la crème? O que será le lait?
Mais 2 ou 3 chateaubriands para o pessoal do Beato.
A LEBRE ESTICOU E OS CONCORRENTES SAIEM DO PELOTÃO
Secção Assaults of thoughts
Ainda não secou a tinta do que escrevi aqui sobre o doutor Coelho, que poderia não passar duma lebre. Ora aí está, o doutor Soares filho a mostrar-se disponível para secretário-geral do PS. E não um dia num futuro longínquo, mas já no «no final deste ano» quando «a questão da liderança do PS deve colocar-se». Perdeu-se o respeito. Costuma dizer-se que o cadáver ainda está morno e já estão a tratar da herança, mas neste caso a coisa é pior – o doente ainda está nos cuidados intensivos e, oficialmente, de boa saúde.
Por ter respondido rapidamente ao salto da lebre, um afonso para o doutor Soares filho, que parece ser um digno sucessor de seu pai, embora um pouco mais à direita. Lá mais para o fim do ano poderá ganhar, ou não, mais afonsos, ou outros prémios.
11/02/2004
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: Jantar com o JFK e votar em quem? / Have a dinner with JFK and give a vote to whom?
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
John Forbes Kerry is in his way to be the democrat front-runner to challenge George W. and the other «chicken hawks» that had run from the Vietnam war stuck to the trousers of their fathers.
I would rather have a dinner with the articulate, educated and french speaking JFK (the alive kind) than with the rough and inarticulate George W.
What I’m not sure is who ought to be elected president of the United States, under the circumstances.
Muito provavelmente o adversário de George W. Bush irá ser o candidato democrata John Forbes Kerry. Para George W. é o pior que poderia acontecer, embora tudo ainda esteja por decidir e Kerry tenha algumas brechas por onde o spin doctor Rove irá tentar penetrar (ver aqui).
Se tivesse que ir jantar com um deles, não teria grandes dúvidas em preferir um JFK (o vivo) letrado, inteligente, com carácter, coragem (foi condecorado no Vietname, quando os então jovens neo-cons fugiram que nem baratas agarrados às calças dos pais).
A grande questão é que se é suficiente ser uma pessoa estimável para ser um bom presidente dos EU, nos dias que correm.
John Forbes Kerry is in his way to be the democrat front-runner to challenge George W. and the other «chicken hawks» that had run from the Vietnam war stuck to the trousers of their fathers.
I would rather have a dinner with the articulate, educated and french speaking JFK (the alive kind) than with the rough and inarticulate George W.
What I’m not sure is who ought to be elected president of the United States, under the circumstances.
Muito provavelmente o adversário de George W. Bush irá ser o candidato democrata John Forbes Kerry. Para George W. é o pior que poderia acontecer, embora tudo ainda esteja por decidir e Kerry tenha algumas brechas por onde o spin doctor Rove irá tentar penetrar (ver aqui).
Se tivesse que ir jantar com um deles, não teria grandes dúvidas em preferir um JFK (o vivo) letrado, inteligente, com carácter, coragem (foi condecorado no Vietname, quando os então jovens neo-cons fugiram que nem baratas agarrados às calças dos pais).
A grande questão é que se é suficiente ser uma pessoa estimável para ser um bom presidente dos EU, nos dias que correm.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA / CONTINUOUS APPRAISAL: Terá a pátria remédio? / What medicine for this country?
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
Sorry, folks. This is a strictly internal affair. Be patient. I’ll be back in a couple of hours.
Antes de continuar, declaro estar consciente que, num país normal, um título destes dava-me acesso directo a uma instituição psiquiátrica. Prometo fechar o blogue se alguém me sugerir o check in numa dessas instituições nas próximas 24 horas.
Secção Óbvio Ululante
Quinhentas luminárias que se reuniram ontem (3ª feira) no Convento do Beato para se assumir em «Compromisso com Portugal» acham que sim, que a pátria tem remédio. Só posso dizer que se trata de um local apropriado para pedir a interferência do Divino.
A minha fé, essa, ficou ainda mais abalada depois de ler o Texto Introdutório do Debate, com 3 páginas A4, que, provavelmente, quase todos os eleitores deste país e quase toda a classe política, com as excepção conhecidas, assinariam por baixo.
No meio dos óbvios ululantes há uma ideia que talvez seja ululante mas não é nada óbvia para quem tenha um módico de conhecimentos da dismal science e do mundo onde vivemos. Trata-se de ressurreição do modelo de desenvolvimento baseado na substituição das importações, que é apresentado no documento como um NOVO Modelo Económico. Nem no Brasil (um mercado com 170 milhões de consumidores e uma procura 8 vezes superior) a coisa resultou. Como é possível, 18 anos após a adesão ao mercado comum europeu, alguém pensar em termos de «mercado interno»?
A demonstração que, de facto, «somos um país tradicionalmente resistente à mudança a todos os níveis da nossa Sociedade» está feita no próprio documento, que é uma sopa insonssa de generalidades triviais e, por isso, tão consensuais que pouco serão discutidas e, portanto, jamais serão aplicadas. Deliberadamente escrito para não fracturar o consenso possível das 500 luminárias, é mais um repositório de intenções inócuas que não levará a lado nenhum. Teria sido preferível deixar cair 400 das 500 das luminárias e avançar com ideias e acções realmente reformistas e liberais.
3 chateaubriands para as talvez 100 luminárias reformistas e 3 bourbons para outras.
Secção Sol na eira e chuva no nabal
Não desesperemos. A coisa poderia ser pior. Segundo os jornais, a Comissão Europeia pretende compensar a perda de 2,4 mil milhões de euros do fundo de coesão e dos fundos estruturais para o 4º Quadro Comunitário de Apoio (2007/2013) de forma que haja apenas uma redução de menos de 5% em relação ao 3º QCA.
O governo está satisfeito com proposta de Bruxelas. E com razão. São boas notícias. Tudo como dantes, quartel general em Abrantes.
Afinal para quê se consomem no Beato 500 luminárias? Melhor seria se partissem todas para Bruxelas para esgravatar mais uns cobres.
5 bourbons para o governo, mais 2 chateaubriands para as talvez 100 luminárias reformistas e mais 2 bourbons para as outras.
Secção Assaults of thoughts
Salvou-nos da depressão total o doutor António Carrapatoso, presidente da Vodafone, que no encontro de luminárias de ontem disse, segundo o Público, considerar «que Portugal tem que apostar na educação com o objectivo de em 20 anos ter mais de 70 por cento da população entre os 30 e os 35 anos com o 12º ano de escolaridade, o que representa um esforço considerável face aos actuais números, que rondam os 30 por cento ... e defende um Estado mais leve e mais eficiente e propõe a redução da despesa pública para 40 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) até 2008».
Ao menos deu com o martelo em dois dos pregos que precisamos para segurar a tábua de salvação. Precisaria ser com mais força, mas na circunstância (que é má) leva dois afonsos.
Sorry, folks. This is a strictly internal affair. Be patient. I’ll be back in a couple of hours.
Antes de continuar, declaro estar consciente que, num país normal, um título destes dava-me acesso directo a uma instituição psiquiátrica. Prometo fechar o blogue se alguém me sugerir o check in numa dessas instituições nas próximas 24 horas.
Secção Óbvio Ululante
Quinhentas luminárias que se reuniram ontem (3ª feira) no Convento do Beato para se assumir em «Compromisso com Portugal» acham que sim, que a pátria tem remédio. Só posso dizer que se trata de um local apropriado para pedir a interferência do Divino.
A minha fé, essa, ficou ainda mais abalada depois de ler o Texto Introdutório do Debate, com 3 páginas A4, que, provavelmente, quase todos os eleitores deste país e quase toda a classe política, com as excepção conhecidas, assinariam por baixo.
No meio dos óbvios ululantes há uma ideia que talvez seja ululante mas não é nada óbvia para quem tenha um módico de conhecimentos da dismal science e do mundo onde vivemos. Trata-se de ressurreição do modelo de desenvolvimento baseado na substituição das importações, que é apresentado no documento como um NOVO Modelo Económico. Nem no Brasil (um mercado com 170 milhões de consumidores e uma procura 8 vezes superior) a coisa resultou. Como é possível, 18 anos após a adesão ao mercado comum europeu, alguém pensar em termos de «mercado interno»?
A demonstração que, de facto, «somos um país tradicionalmente resistente à mudança a todos os níveis da nossa Sociedade» está feita no próprio documento, que é uma sopa insonssa de generalidades triviais e, por isso, tão consensuais que pouco serão discutidas e, portanto, jamais serão aplicadas. Deliberadamente escrito para não fracturar o consenso possível das 500 luminárias, é mais um repositório de intenções inócuas que não levará a lado nenhum. Teria sido preferível deixar cair 400 das 500 das luminárias e avançar com ideias e acções realmente reformistas e liberais.
3 chateaubriands para as talvez 100 luminárias reformistas e 3 bourbons para outras.
Secção Sol na eira e chuva no nabal
Não desesperemos. A coisa poderia ser pior. Segundo os jornais, a Comissão Europeia pretende compensar a perda de 2,4 mil milhões de euros do fundo de coesão e dos fundos estruturais para o 4º Quadro Comunitário de Apoio (2007/2013) de forma que haja apenas uma redução de menos de 5% em relação ao 3º QCA.
O governo está satisfeito com proposta de Bruxelas. E com razão. São boas notícias. Tudo como dantes, quartel general em Abrantes.
Afinal para quê se consomem no Beato 500 luminárias? Melhor seria se partissem todas para Bruxelas para esgravatar mais uns cobres.
5 bourbons para o governo, mais 2 chateaubriands para as talvez 100 luminárias reformistas e mais 2 bourbons para as outras.
Secção Assaults of thoughts
Salvou-nos da depressão total o doutor António Carrapatoso, presidente da Vodafone, que no encontro de luminárias de ontem disse, segundo o Público, considerar «que Portugal tem que apostar na educação com o objectivo de em 20 anos ter mais de 70 por cento da população entre os 30 e os 35 anos com o 12º ano de escolaridade, o que representa um esforço considerável face aos actuais números, que rondam os 30 por cento ... e defende um Estado mais leve e mais eficiente e propõe a redução da despesa pública para 40 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) até 2008».
Ao menos deu com o martelo em dois dos pregos que precisamos para segurar a tábua de salvação. Precisaria ser com mais força, mas na circunstância (que é má) leva dois afonsos.
10/02/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O coelho saiu da toca. Ou será uma lebre?
Secção Com a verdade me enganas
«Sinto-me completamente preparado para um dia ser líder do Partido Socialista», disse o doutor Jorge Coelho numa entrevista à Rádio Renascença e ao Público e que, como por acaso, foi também transmitida pela RTP 2 no domingo.
Depois do annus horribilis do doutor Ferro Rodrigues, esta certidão de óbito político anunciado emitida pelo doutor Coelho não augura grande futuro ao actual secretário-geral. Principalmente porque o doutor Jorge Coelho não se costuma precipitar.
Neste caso, essa certidão apresenta-se como um atestado médico de doença prolongada anunciada para o PS. Seria esse o resultado duma liderança aparelhística, mais adequada para um partido acantonado sem remição na oposição do que para um partido com vocação de poder alternativo.
Até ver, o doutor Coelho leva um afonso, por ter saído da toca. No futuro levará, a este respeito, ou mais afonsos, se persistir, ou uns quantos chateaubriands pelo erro de marcação. A não ser que seja uma lebre, como nas corridas de fundo, para fazer saltar os verdadeiros candidatos. Nesse caso levaria 2 ignóbeis por se prestar a esses trabalhos sujos.
«Sinto-me completamente preparado para um dia ser líder do Partido Socialista», disse o doutor Jorge Coelho numa entrevista à Rádio Renascença e ao Público e que, como por acaso, foi também transmitida pela RTP 2 no domingo.
Depois do annus horribilis do doutor Ferro Rodrigues, esta certidão de óbito político anunciado emitida pelo doutor Coelho não augura grande futuro ao actual secretário-geral. Principalmente porque o doutor Jorge Coelho não se costuma precipitar.
Neste caso, essa certidão apresenta-se como um atestado médico de doença prolongada anunciada para o PS. Seria esse o resultado duma liderança aparelhística, mais adequada para um partido acantonado sem remição na oposição do que para um partido com vocação de poder alternativo.
Até ver, o doutor Coelho leva um afonso, por ter saído da toca. No futuro levará, a este respeito, ou mais afonsos, se persistir, ou uns quantos chateaubriands pelo erro de marcação. A não ser que seja uma lebre, como nas corridas de fundo, para fazer saltar os verdadeiros candidatos. Nesse caso levaria 2 ignóbeis por se prestar a esses trabalhos sujos.
09/02/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA/ CONTINUOUS APPRAISAL: Um transformista em Belém? / A drag queen for president?
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
A Portuguese drag queen announced yesterday on TV his (her) intention to run for president in 2 years time. He (She) is one more in a long queue growing everyday, God knows. Why not a drag queen? Who better than a person who can transform himself (herself) in another self could become a good candidate?
Secção Perguntas impertinentes
Num zapping no domingo à hora dos telejornais dei com um transformista, chamada Valéria, ou seria Vitória?, a anunciar a sua candidatura a presidente da República. O visual não era dos melhores, tinha um aspecto de transformista pobre, em princípio de carreira, apesar da idade já ser avançada.
Seja como for, qual é o mal? Quem melhor que um transformista para acrescentar à já longa lista que vai desde os proto-candidatos, doutor Soares, entre outros, até ao obsessivo doutor Santana Lopes.
Dois afonsos para a Valéria, ou Vitória. Ficam reservados 5 urracas se desistir na recta final.
A Portuguese drag queen announced yesterday on TV his (her) intention to run for president in 2 years time. He (She) is one more in a long queue growing everyday, God knows. Why not a drag queen? Who better than a person who can transform himself (herself) in another self could become a good candidate?
Secção Perguntas impertinentes
Num zapping no domingo à hora dos telejornais dei com um transformista, chamada Valéria, ou seria Vitória?, a anunciar a sua candidatura a presidente da República. O visual não era dos melhores, tinha um aspecto de transformista pobre, em princípio de carreira, apesar da idade já ser avançada.
Seja como for, qual é o mal? Quem melhor que um transformista para acrescentar à já longa lista que vai desde os proto-candidatos, doutor Soares, entre outros, até ao obsessivo doutor Santana Lopes.
Dois afonsos para a Valéria, ou Vitória. Ficam reservados 5 urracas se desistir na recta final.
DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: Procurando a purificação / Searching for purification.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
One of these nights I read in a crypto-leftist site the certification «free of Bill Gates». I felt my self filthy and wonder about delete the Bill’s impurities of my disk. I couldn’t because a couple of reasons I cannot confess. Going to have some fast impure food in the nearest McDonald's spot, in the last moment before step into that sinful place, a vision of M. Bové, the great franchouille cheese leader, burning the place crossed my mind. I came back on my feet and ate in a pub nearby a pork sandwich with meat slices floating in a dirty pot plenty of non saturated oil and fat.
Biting the stuff I thought to my self: I’m not yet free of Bill, but at least I’m Mac free.
Uma destas noite, procurando compreender a posição do Bloco de Esquerda sobre o aborto, entrei pela primeira vez no antro cibernético trotskista-maoista e dei com esta previsível lápide:
«O site do Bloco de Esquerda foi desenvolvido em ambiente de OpenSource, livre de Bill Gates.»
Assaltou-me o desejo de purificação e tive vontade de apagar do meu disco mais de 1 gigabyte de sofware demoníaco. Só não o fiz porque. Vocês percebem porque não o fiz.
Não foi de certeza pelo Bill Gates ser o maior filantropo da história da humanidade - a Fundação dele é dez vezes a do Rockfeller e três vezes a do Ford. Não tenho que lhe ficar agradecido por ele fazer caridade com o meu dinheiro das minhas licenças. Não é o único, basta lembrar o governo português que não faz outra coisa com os meus impostos.
Saí para comer qualquer coisa rápida. As rodas, primeiro, e os pés, depois, levaram-me inconscientemente até ao posto mais próximo da McDonald's. Foi quase a entrar que me lembrei de José Bové, le sauver, o líder do queijo no combate à mundialização do hamburguer, essa comida inimiga da saúde. Voltei sobre os próprios passos e fui à tasca mais próxima comer umas bifanas que boiavam numa frigideira suja e cheia de gorduras não saturadas.
Mastiguei a mistela, reconfortado, pensando com os meus botões: posso não estar livre do Bill Gates, mas pelo menos.
One of these nights I read in a crypto-leftist site the certification «free of Bill Gates». I felt my self filthy and wonder about delete the Bill’s impurities of my disk. I couldn’t because a couple of reasons I cannot confess. Going to have some fast impure food in the nearest McDonald's spot, in the last moment before step into that sinful place, a vision of M. Bové, the great franchouille cheese leader, burning the place crossed my mind. I came back on my feet and ate in a pub nearby a pork sandwich with meat slices floating in a dirty pot plenty of non saturated oil and fat.
Biting the stuff I thought to my self: I’m not yet free of Bill, but at least I’m Mac free.
Uma destas noite, procurando compreender a posição do Bloco de Esquerda sobre o aborto, entrei pela primeira vez no antro cibernético trotskista-maoista e dei com esta previsível lápide:
«O site do Bloco de Esquerda foi desenvolvido em ambiente de OpenSource, livre de Bill Gates.»
Assaltou-me o desejo de purificação e tive vontade de apagar do meu disco mais de 1 gigabyte de sofware demoníaco. Só não o fiz porque. Vocês percebem porque não o fiz.
Não foi de certeza pelo Bill Gates ser o maior filantropo da história da humanidade - a Fundação dele é dez vezes a do Rockfeller e três vezes a do Ford. Não tenho que lhe ficar agradecido por ele fazer caridade com o meu dinheiro das minhas licenças. Não é o único, basta lembrar o governo português que não faz outra coisa com os meus impostos.
Saí para comer qualquer coisa rápida. As rodas, primeiro, e os pés, depois, levaram-me inconscientemente até ao posto mais próximo da McDonald's. Foi quase a entrar que me lembrei de José Bové, le sauver, o líder do queijo no combate à mundialização do hamburguer, essa comida inimiga da saúde. Voltei sobre os próprios passos e fui à tasca mais próxima comer umas bifanas que boiavam numa frigideira suja e cheia de gorduras não saturadas.
Mastiguei a mistela, reconfortado, pensando com os meus botões: posso não estar livre do Bill Gates, mas pelo menos.
08/02/2004
BLOGARIDADES / BLOGARITIES: Biodiversidade na Bloguilha / Biodiversity in Blogisland.
SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
I did create a new section of links to accommodate endangered species, meaning those leftist blogs that are rare in the Portuguese Blogosphere (Blogisland) where are plenty of rightists, neo-cons, old-cons et alia. This new section is only intended for intelligent leftist blogs, assuming that there is any, besides the one I placed on the right side (sorry, there is no other side available).
Se há coisas assustadoras, a uniformidade e a conformidade estão entre elas. Na imprensa, acotovelam-se as diferentes tribos da esquerdalhada, em particular o radical chic – ver o CASE STUDY: A ocupação das redacções pelo radical chic.
Ao contrário, a Bloguilha parece bastante saturada de direita, de liberalismo, de neo-conservadorismo e velho-conservadorismo, seja lá o que forem estes rótulos.
Não concordo com a protecção indiscriminada das espécies ameaçadas - o que seria de nós se ainda por aí andassem tiranossáurios de quatro patas, além dos de duas, sim que os há ainda por sair da toca, à espera de seguirem o bom exemplo do tio Saddam.
Concordo com a protecção de certas espécies em perigo. Por exemplo, a esquerda inteligente (favor consultar o Glossário para ver esta definição impertinente).
É por isso que abri nova uma secção de links baptizada Espécies ameaçadas, e aqui à direita (desculpe, foi sem intenção) botei o A Praia.
I did create a new section of links to accommodate endangered species, meaning those leftist blogs that are rare in the Portuguese Blogosphere (Blogisland) where are plenty of rightists, neo-cons, old-cons et alia. This new section is only intended for intelligent leftist blogs, assuming that there is any, besides the one I placed on the right side (sorry, there is no other side available).
Se há coisas assustadoras, a uniformidade e a conformidade estão entre elas. Na imprensa, acotovelam-se as diferentes tribos da esquerdalhada, em particular o radical chic – ver o CASE STUDY: A ocupação das redacções pelo radical chic.
Ao contrário, a Bloguilha parece bastante saturada de direita, de liberalismo, de neo-conservadorismo e velho-conservadorismo, seja lá o que forem estes rótulos.
Não concordo com a protecção indiscriminada das espécies ameaçadas - o que seria de nós se ainda por aí andassem tiranossáurios de quatro patas, além dos de duas, sim que os há ainda por sair da toca, à espera de seguirem o bom exemplo do tio Saddam.
Concordo com a protecção de certas espécies em perigo. Por exemplo, a esquerda inteligente (favor consultar o Glossário para ver esta definição impertinente).
É por isso que abri nova uma secção de links baptizada Espécies ameaçadas, e aqui à direita (desculpe, foi sem intenção) botei o A Praia.
07/02/2004
BLOGARIDADES / BLOGARITÉES / BLOGARITIES: Às vezes m’espanto / De temps en temps je me sens étonné / Occasionally I wonder myself.
.
Ao voltar a casa
Venant chez moi
Back home
OIhando para o contador de visitas
En voyant le compteur de visites
Watching the sitemeter
Fiquei abananado
J'ai été étonné
I was astonished.
Por ter aumentado estupidamente
Parce qu’il a augmenté beaucoup
It increased a lot
Porquê?, perguntei aos meus botões
Porquoi ça?, j'ai demandé à moi même
What a fuck is this, I asked to my self.
Foi o W, o dono de Merde in France
C’était à cause de W, le patron de Merde in France
It was W, the owner of Merde in France
Um blogue da perigosa Internacional impertinente
Un cahier journal de la Net appartenant à la dangereuse International impertinent
A blog member of the dangerous impertinent International
Que botou o Impertinências na sua lista de links
Qui a mis le lien aux Impertinences dans sa liste
Who put the fucking link to Impertinences in his list
E ainda aconselhou: Vão-se a ele!
Et a ajouté: Fonce!
And threw out: Go for it!
Ora aí está
Et voilà
That’s it
Os gajos impertinentes acabam por se descobrir
Les bons esprits se rencontrent
Politically incorrect guys sooner than later find themselves each other
Mas juro que acho a França um país agradável
Et pourtant j’aime la France
In spite of that I like France a bit
Porque na França não há só franceses merdosos
Parce qu´il y a des gens là bas qui ne sont pas des franchouilles emmerdants
Because France has people beyond the assholes
Ao voltar a casa
Venant chez moi
Back home
OIhando para o contador de visitas
En voyant le compteur de visites
Watching the sitemeter
Fiquei abananado
J'ai été étonné
I was astonished.
Por ter aumentado estupidamente
Parce qu’il a augmenté beaucoup
It increased a lot
Porquê?, perguntei aos meus botões
Porquoi ça?, j'ai demandé à moi même
What a fuck is this, I asked to my self.
Foi o W, o dono de Merde in France
C’était à cause de W, le patron de Merde in France
It was W, the owner of Merde in France
Um blogue da perigosa Internacional impertinente
Un cahier journal de la Net appartenant à la dangereuse International impertinent
A blog member of the dangerous impertinent International
Que botou o Impertinências na sua lista de links
Qui a mis le lien aux Impertinences dans sa liste
Who put the fucking link to Impertinences in his list
E ainda aconselhou: Vão-se a ele!
Et a ajouté: Fonce!
And threw out: Go for it!
Ora aí está
Et voilà
That’s it
Os gajos impertinentes acabam por se descobrir
Les bons esprits se rencontrent
Politically incorrect guys sooner than later find themselves each other
Mas juro que acho a França um país agradável
Et pourtant j’aime la France
In spite of that I like France a bit
Porque na França não há só franceses merdosos
Parce qu´il y a des gens là bas qui ne sont pas des franchouilles emmerdants
Because France has people beyond the assholes
06/02/2004
DIÁRIO DE BORDO: Pobre quando vê fartura, desconfia.
É o que acontece comigo, desconfio. Desconfio quando leio aqui que o governo e o PS, pelas bocas da doutora Manuela e do doutor Costa, respectivamente «mostraram-se hoje (ontem) disponíveis no Parlamento para alcançar consensos em matéria de actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento para o período de 2004/2007 já apresentado a Bruxelas mas que pode receber ainda alterações até ao início da próxima semana».
Não desconfio que eles se mostraram. Mostraram-se. Estavam na montra. Não desconfio que estavam disponíveis. Estar disponível é uma atitude. Fazer qualquer com coisa com essa atitude – actuar – isso é bastante diferente. Até não desconfio que pretendessem alcançar consensos (ver no Glossário este novo termo politiquês).
Começo a desconfiar quanto ao até ao início da próxima semana, que numa 5ª feira à tarde significa, em rigor, chegar a consensos no dia seguinte. OK, estamos em Portugal, vá lá, significa chegar a consensos antes do fim da próxima semana. Ainda assim, só se forem mesmo consensos.
Um acordo vinculativo concreto, com acções, calendário, quantificado, com quem faz o quê e quando, com que meios, isto é um programa, isso é melhor esquecer. OK, estamos em Portugal, vá lá um acordo vinculativo com os objectivos orçamentais críticos: crescimento das despesas correntes, das despesas com o pessoal, redução dos efectivos, e umas outras miudezas. Continuo a desconfiar.
Afinal quem é que acredita que o governo queira de facto ouvir e negociar com o PS? Quem é que acredita que o PS, depois da confusão entre o pEC (programa) e o PEC (pacto), esteja preparado para fazer um negociação realista e responsável? Quem é que acredita que governo e oposição não estão a fazer o frete, só para eleitor ver, de fingirem que ligaram ao que propôs o presidente da República e a dúzia de luminárias com procuração presidencial (tipo bloco central dos economistas)?
Eu não acredito. Chamem-me o que quiserem, mas eu não (à cautela, só se Cristo voltar à terra).
Não desconfio que eles se mostraram. Mostraram-se. Estavam na montra. Não desconfio que estavam disponíveis. Estar disponível é uma atitude. Fazer qualquer com coisa com essa atitude – actuar – isso é bastante diferente. Até não desconfio que pretendessem alcançar consensos (ver no Glossário este novo termo politiquês).
Começo a desconfiar quanto ao até ao início da próxima semana, que numa 5ª feira à tarde significa, em rigor, chegar a consensos no dia seguinte. OK, estamos em Portugal, vá lá, significa chegar a consensos antes do fim da próxima semana. Ainda assim, só se forem mesmo consensos.
Um acordo vinculativo concreto, com acções, calendário, quantificado, com quem faz o quê e quando, com que meios, isto é um programa, isso é melhor esquecer. OK, estamos em Portugal, vá lá um acordo vinculativo com os objectivos orçamentais críticos: crescimento das despesas correntes, das despesas com o pessoal, redução dos efectivos, e umas outras miudezas. Continuo a desconfiar.
Afinal quem é que acredita que o governo queira de facto ouvir e negociar com o PS? Quem é que acredita que o PS, depois da confusão entre o pEC (programa) e o PEC (pacto), esteja preparado para fazer um negociação realista e responsável? Quem é que acredita que governo e oposição não estão a fazer o frete, só para eleitor ver, de fingirem que ligaram ao que propôs o presidente da República e a dúzia de luminárias com procuração presidencial (tipo bloco central dos economistas)?
Eu não acredito. Chamem-me o que quiserem, mas eu não (à cautela, só se Cristo voltar à terra).
05/02/2004
NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Consenso.
As trapalhadas orçamentais que a doutora Teodora se dedicou a estudar e a que sacrifiquei a hora do almoço, tiraram-me o apetite para o jantar ao ler as notícias sobre as discussões sobre o pEC (não confundir com o PEC como fez o doutor Costa).
Já que também quase não jantei, vou tratar o tema, dando assim mais atenção às coisas de espírito do que às do corpo. Mas, antes disso, foi necessário produzir mais a seguinte nova entrada para o Glossário:
Consenso (politiquês)
Um acordo virtual, sobre matérias que não se sabe exactamente quais são, mas sobre as quais se suspeita existirem opiniões muito diferentes, que nenhuma das partes está muito interessada em conhecer. Durante o processo de procura do consenso todos se sentem obrigados a fingir boa vontade para chegar a resultados práticos que, em definitivo, ninguém quer chegar.
Há dois desfechos possíveis para o consenso: o positivo e o negativo (em rigor equivalem-se nos efeitos finais).
No consenso positivo concorda-se com «grandes princípios», o que entre gente sem princípios não significa o que significa.
No consenso negativo concorda-se que não se concorda, por a outra parte estar de má fé como se demonstrou durante o processo negocial (quem está de má fé é afinal o único ponto insusceptível de consenso).
Já que também quase não jantei, vou tratar o tema, dando assim mais atenção às coisas de espírito do que às do corpo. Mas, antes disso, foi necessário produzir mais a seguinte nova entrada para o Glossário:
Consenso (politiquês)
Um acordo virtual, sobre matérias que não se sabe exactamente quais são, mas sobre as quais se suspeita existirem opiniões muito diferentes, que nenhuma das partes está muito interessada em conhecer. Durante o processo de procura do consenso todos se sentem obrigados a fingir boa vontade para chegar a resultados práticos que, em definitivo, ninguém quer chegar.
Há dois desfechos possíveis para o consenso: o positivo e o negativo (em rigor equivalem-se nos efeitos finais).
No consenso positivo concorda-se com «grandes princípios», o que entre gente sem princípios não significa o que significa.
No consenso negativo concorda-se que não se concorda, por a outra parte estar de má fé como se demonstrou durante o processo negocial (quem está de má fé é afinal o único ponto insusceptível de consenso).
CASE STUDY: Muitos, digo eu. Sôfregos, diz a doutora Teresa.
As opiniões da doutora Teodora Cardoso interessam especialmente a quem alimenta um insaciável blogue desalinhado, desconforme, herético, heterodoxo e, apesar de não vir agora ao caso, homofóbico, como este.
Porquê interessam assim tanto, as opiniões da doutora Teodora se ela é uma senhora aparentemente tão alinhada e conforme? Só aparentemente, porque com a abundância de contrabandistas de estatísticas, uma mente rigorosa é inevitavelmente desalinhada e desconforme. É por isso que quem quiser formar uma opinião fundamentada sobre as trapalhadas orçamentais deve ir com urgência ao site da Ordem dos Economistas ler o trabalho «Discutir a Política Orçamental – I» da doutora Teodora, aqui.
A minha boa acção de hoje, em intenção dos apressados, é aviar a seguir um executive summary da análise da doutora Teodora, com os incontornáveis comentários impertinentes.
1º Facto (TC)
As despesas públicas com pessoal cresceram estupidamente em dois períodos (mais no primeiro): de 1986 a 1992 (consolado do doutor Cavaco) e 1998 a 2000 (consolado do engenheiro Guterres). O resultado final é 15,2% do PIB português e 10,7% na Zona Euro.
1º Comentário impertinente
É por isso que as próximas presidenciais podem ser o grande combate dos chefes despesistas.
2º Facto (TC)
Apesar do aumento das despesas, o emprego no sector público português é (ou melhor, era em 1998) próximo da média internacional – Portugal aumentou de 12,1% em 1985 para 15,2% em 1998, valor este pouco superior ao da Irlanda e dos Estados Unidos e ligeiramente inferior ao da Espanha.
1ª Conclusão (TC)
O aumento da despesa pública com pessoal, desde 1989 acima das referências internacionais, deve-se menos ao aumento dos efectivos e mais à política de remunerações do Sistema Retributivo da função pública com promoções automáticas por “mérito”, prémios de produtividade, horas extraordinárias, et alia.
2º Comentário impertinente
Este inchaço do aparelho mamário da vaca marsupial pública deve-se mais ao poder de sucção do que ao aumento do nº de utentes das tetas. Compare-se o salário médio na função pública e no sector privado – dois para um, mais coisa, menos coisa.
3º Comentário impertinente
Mas o pior de tudo é que se o input é pesado o output é leve. Veja-se a qualidade medíocre dos serviços públicos, a burocracia paralisante, a falta geral de diligência, etc.
Recomendação (TC)
Promover a profissionalização da administração pública (um civil service britânico à portuguesa?)
Como chegar lá? (pergunta impertinente)
Resposta (TC)
«Numa democracia avançada, aos partidos compete a missão de defender alternativas políticas e não a de conquistar o aparelho de Estado. Esta é uma opção terceiro mundista, que leva inevitavelmente à instabilidade, tanto financeira como política.»
3º Comentário impertinente
Pois. Ó doutora Teodora, vá lá contar essa à tropa sedenta de sinecuras dos exércitos do PS e do PSD, para não falar das guerrilhas classe A do PP e classes A e B do BE, que não precisam, e das classes C e D do PCP que precisam, mas já estão habituados a passar fome.
Nota impertinente:
Gosto do som retro de «opção terceiro mundista». E eu a pensar que já não havia terceiro mundo, só havia países em desenvolvimento.
Porquê interessam assim tanto, as opiniões da doutora Teodora se ela é uma senhora aparentemente tão alinhada e conforme? Só aparentemente, porque com a abundância de contrabandistas de estatísticas, uma mente rigorosa é inevitavelmente desalinhada e desconforme. É por isso que quem quiser formar uma opinião fundamentada sobre as trapalhadas orçamentais deve ir com urgência ao site da Ordem dos Economistas ler o trabalho «Discutir a Política Orçamental – I» da doutora Teodora, aqui.
A minha boa acção de hoje, em intenção dos apressados, é aviar a seguir um executive summary da análise da doutora Teodora, com os incontornáveis comentários impertinentes.
1º Facto (TC)
As despesas públicas com pessoal cresceram estupidamente em dois períodos (mais no primeiro): de 1986 a 1992 (consolado do doutor Cavaco) e 1998 a 2000 (consolado do engenheiro Guterres). O resultado final é 15,2% do PIB português e 10,7% na Zona Euro.
1º Comentário impertinente
É por isso que as próximas presidenciais podem ser o grande combate dos chefes despesistas.
2º Facto (TC)
Apesar do aumento das despesas, o emprego no sector público português é (ou melhor, era em 1998) próximo da média internacional – Portugal aumentou de 12,1% em 1985 para 15,2% em 1998, valor este pouco superior ao da Irlanda e dos Estados Unidos e ligeiramente inferior ao da Espanha.
1ª Conclusão (TC)
O aumento da despesa pública com pessoal, desde 1989 acima das referências internacionais, deve-se menos ao aumento dos efectivos e mais à política de remunerações do Sistema Retributivo da função pública com promoções automáticas por “mérito”, prémios de produtividade, horas extraordinárias, et alia.
2º Comentário impertinente
Este inchaço do aparelho mamário da vaca marsupial pública deve-se mais ao poder de sucção do que ao aumento do nº de utentes das tetas. Compare-se o salário médio na função pública e no sector privado – dois para um, mais coisa, menos coisa.
3º Comentário impertinente
Mas o pior de tudo é que se o input é pesado o output é leve. Veja-se a qualidade medíocre dos serviços públicos, a burocracia paralisante, a falta geral de diligência, etc.
Recomendação (TC)
Promover a profissionalização da administração pública (um civil service britânico à portuguesa?)
Como chegar lá? (pergunta impertinente)
Resposta (TC)
«Numa democracia avançada, aos partidos compete a missão de defender alternativas políticas e não a de conquistar o aparelho de Estado. Esta é uma opção terceiro mundista, que leva inevitavelmente à instabilidade, tanto financeira como política.»
3º Comentário impertinente
Pois. Ó doutora Teodora, vá lá contar essa à tropa sedenta de sinecuras dos exércitos do PS e do PSD, para não falar das guerrilhas classe A do PP e classes A e B do BE, que não precisam, e das classes C e D do PCP que precisam, mas já estão habituados a passar fome.
Nota impertinente:
Gosto do som retro de «opção terceiro mundista». E eu a pensar que já não havia terceiro mundo, só havia países em desenvolvimento.
04/02/2004
BLOGARIDADES: Pescadinha de cauda nos lábios.
AVISO:
Se não é Tratador do Porco do Vareta Funda vá ao SERVIÇO PÚBLICO: Ainda os «arrumadores de carros» e as elites e não se meta nisto.
O Tratador Mimosa alimentou o Porto do Vareta Funda com um comentário à Blogaridade impertinente Os orizicultores foram ao esthéticien. Um comentário um bocado piegas, diga-se, revelando ainda traços da choraminguice que o infectou, mesmo depois da poção administrada pelo doutor Pacheco Pereira.
O que é que posso acrescentar? Talvez confessar que também me comovi, quando as imagens do acidente de trabalho do imigrante húngaro Fehér interromperam as tretas do doutor Marcelo que eu estava a ouver distraidamente a essa hora. Comovi-me até me lembrar de outros acidentes de trabalho menos mediáticos que todos os meses enviam almas de imigrantes para o criador. Mas não admira que o meu piegómetro se tivesse desligado logo a seguir, sem esperar por uma semana como o do Mimosa – ter idade para ser pai dele não havia de trazer só desvantagens.
Se não é Tratador do Porco do Vareta Funda vá ao SERVIÇO PÚBLICO: Ainda os «arrumadores de carros» e as elites e não se meta nisto.
O Tratador Mimosa alimentou o Porto do Vareta Funda com um comentário à Blogaridade impertinente Os orizicultores foram ao esthéticien. Um comentário um bocado piegas, diga-se, revelando ainda traços da choraminguice que o infectou, mesmo depois da poção administrada pelo doutor Pacheco Pereira.
O que é que posso acrescentar? Talvez confessar que também me comovi, quando as imagens do acidente de trabalho do imigrante húngaro Fehér interromperam as tretas do doutor Marcelo que eu estava a ouver distraidamente a essa hora. Comovi-me até me lembrar de outros acidentes de trabalho menos mediáticos que todos os meses enviam almas de imigrantes para o criador. Mas não admira que o meu piegómetro se tivesse desligado logo a seguir, sem esperar por uma semana como o do Mimosa – ter idade para ser pai dele não havia de trazer só desvantagens.
SERVIÇO PÚBLICO: O céu está cheio de más intenções.
Cortesia de Merde in France, fiquei a conhecer estimativas das vidas poupadas e refugiados evitados desde a intervenção, talvez ilegal, ilegítima aos olhos de muitos, dos exércitos da hiperpotência e dos seus aliados, a mando do inarticulate George W. Bush.
Contagem às 13:07 TMG
+ Vidas poupadas: 44.374
+ Refugiados evitados: 159.811
Actualizar a Nobody Count aqui.
Já que falo no Merde in France, nada mais a propósito do que ler também o seu delicioso post L'attaque des mouches à merde onde põe a nú a cumplicidade dos políticos franceses para com Alain Juppé e o ataque aos juizes que o acusam de ter metido as mãos na merda.
PS: Fui eu que escrevi sobre os nossos «intelectuais afrancesados»? Estava enganado. Devemos acrescentar os nossos políticos afrancesados.
Contagem às 13:07 TMG
+ Vidas poupadas: 44.374
+ Refugiados evitados: 159.811
Actualizar a Nobody Count aqui.
Já que falo no Merde in France, nada mais a propósito do que ler também o seu delicioso post L'attaque des mouches à merde onde põe a nú a cumplicidade dos políticos franceses para com Alain Juppé e o ataque aos juizes que o acusam de ter metido as mãos na merda.
PS: Fui eu que escrevi sobre os nossos «intelectuais afrancesados»? Estava enganado. Devemos acrescentar os nossos políticos afrancesados.
SERVIÇO PÚBLICO: Ainda os «arrumadores de carros» e as elites.
Se soubesse que a doutora Isabel Fernandes iria escrever o que escreveu na Coluna de Opinião da Síntese de Notícias divulgada ontem pela Ordem dos Economista, não me teria dado ao trabalho de escrever o que escrevi.
Como o texto ainda não foi publicado no site da OE, espero que ela não se importe que o transcreva aqui integralmente.
…Ainda uma entrevista politicamente incorrecta
por Isabel Fernandes
Foi com muita mágoa que li a entrevista que José Manuel de Mello deu ao Expresso no passado fim-de-semana. E com foi com maior mágoa, ainda, que li alguns comentários que ela desencadeou.
Para quem, nos anos 60, iniciava ou desenvolvia em plena maturidade a sua actividade profissional e acompanhava, mesmo que de modo superficial, o que era o mundo político e económico do Portugal da altura, não pode deixar de reconhecer o relevante papel que o grupo Mello desempenhou na vida portuguesa.
E não só em termos económicos – o que já não seria pouco, pela audácia de trazer para Portugal investimentos que “rompiam” com a estrutura mesquinha e garantista do “condicionamento industrial” cujo espírito marcava ainda as mentalidades e comportamentos.
Também em termos políticos o grupo Mello mostrou, nesses tempos, uma abertura impar – dando emprego a gente assumidamente de esquerda, na altura em que os conselhos de administração de grandes empresas integravam, em regra, personalidades da Câmara Corporativa e do “establisment”, como garantia da “pureza” das ideias corporativos; e os funcionários públicos eram obrigados a assinar um documento jurando por sua honra que “não partilhavam ideias subversivas” para poderem ingressar na função pública.
O que terá feito com que este homem – um dos que em tempos conduziram o Grupo Mello por campos abertos, política e economicamente, tentando colocar o Portugal salazarento na rota internacional, obviamente integrado, ele próprio, no establishment – venha agora a dar uma entrevista tão amarga e desiludida?
É certo que também o seu grupo se veio sentar à mesa do Orçamento – tal como o fizeram muitos dos empresários que ele critica na sua entrevista. Porquê, então, esta amargura?
E depois: atentando no estado “comatoso” da nossa opinião pública: não encontramos aí os mesmos sinais de amargura e de desilusão?
Para além do escândalo com as afirmações produzidas, valeria a pena olhar para a s causas do mau estar generalizado que acompanha a sociedade portuguesa
O que é certo é que Portugal vive a pior crise dos últimos cinquenta anos: e, muito para além da falada crise económica, o que é indubitável e assustador agora, é a terrível crise de valores e de liderança que diariamente transborda para a opinião pública.
Se nos faltassem exemplos, poderíamos olhar para as últimas notícias sobre os sinais quanto ao rigor e cumprimento das normas gerais que regem os agentes económicos para vermos que, independentemente de os comportamentos se enquadrarem ou não, no mesmo âmbito processual, o certo é que a mensagem para os agentes é completamente errada do ponto de vista do rigor e da lealdade comportamental.
A rotina dos sinais que os lideres e as instituições, enquanto tal, dão à sociedade derivam mais do facilitismo, do “desenrasca”, do poder pelo poder, do culto do dinheiro e da habilidade, do que de uma cultura de rigor, de equilíbrio, de honestidade, de trabalho e coerência.
E os resultados estão à vista:
- Da crise das pescas e da agricultura (para onde foram os dinheiros comunitários, descontados os gastos no abate de frotas e de oliveiras, e de vinhas…?); à crise da competitividade (e os dinheiros para formação profissional?, e para infra-estruturas, afinal tão desarticuladas?);
- Passamos agora, de modo completamente chocante para a crise das instituições que deveriam ser de um Estado democrático, mas que, tudo parece, da democracia só assumiram as benesses propiciadas…
É tudo tão mau? Claro que não: existem – e são conhecidos e divulgados casos exemplares, no campo empresarial, no campo político, no campo intelectual e social: só que os sinais que a generalidade dos líderes emite não permitem capitalizar e mobilizar os portugueses, a sua auto-estima e a sua determinação.
Será que vão acordar a tempo?
Ou só nos restará suspirar pela Ibéria: porque de outro modo seremos ingovernáveis?
Há um facto por mim esquecido, que a doutora Isabel Fernandes justamente releva: «o grupo Mello mostrou, nesses tempos, uma abertura impar – dando emprego a gente assumidamente de esquerda». Não tenho a certeza que os seus indignados críticos de hoje o tivessem feito, mutatis mutandis.
Como o texto ainda não foi publicado no site da OE, espero que ela não se importe que o transcreva aqui integralmente.
…Ainda uma entrevista politicamente incorrecta
por Isabel Fernandes
Foi com muita mágoa que li a entrevista que José Manuel de Mello deu ao Expresso no passado fim-de-semana. E com foi com maior mágoa, ainda, que li alguns comentários que ela desencadeou.
Para quem, nos anos 60, iniciava ou desenvolvia em plena maturidade a sua actividade profissional e acompanhava, mesmo que de modo superficial, o que era o mundo político e económico do Portugal da altura, não pode deixar de reconhecer o relevante papel que o grupo Mello desempenhou na vida portuguesa.
E não só em termos económicos – o que já não seria pouco, pela audácia de trazer para Portugal investimentos que “rompiam” com a estrutura mesquinha e garantista do “condicionamento industrial” cujo espírito marcava ainda as mentalidades e comportamentos.
Também em termos políticos o grupo Mello mostrou, nesses tempos, uma abertura impar – dando emprego a gente assumidamente de esquerda, na altura em que os conselhos de administração de grandes empresas integravam, em regra, personalidades da Câmara Corporativa e do “establisment”, como garantia da “pureza” das ideias corporativos; e os funcionários públicos eram obrigados a assinar um documento jurando por sua honra que “não partilhavam ideias subversivas” para poderem ingressar na função pública.
O que terá feito com que este homem – um dos que em tempos conduziram o Grupo Mello por campos abertos, política e economicamente, tentando colocar o Portugal salazarento na rota internacional, obviamente integrado, ele próprio, no establishment – venha agora a dar uma entrevista tão amarga e desiludida?
É certo que também o seu grupo se veio sentar à mesa do Orçamento – tal como o fizeram muitos dos empresários que ele critica na sua entrevista. Porquê, então, esta amargura?
E depois: atentando no estado “comatoso” da nossa opinião pública: não encontramos aí os mesmos sinais de amargura e de desilusão?
Para além do escândalo com as afirmações produzidas, valeria a pena olhar para a s causas do mau estar generalizado que acompanha a sociedade portuguesa
O que é certo é que Portugal vive a pior crise dos últimos cinquenta anos: e, muito para além da falada crise económica, o que é indubitável e assustador agora, é a terrível crise de valores e de liderança que diariamente transborda para a opinião pública.
Se nos faltassem exemplos, poderíamos olhar para as últimas notícias sobre os sinais quanto ao rigor e cumprimento das normas gerais que regem os agentes económicos para vermos que, independentemente de os comportamentos se enquadrarem ou não, no mesmo âmbito processual, o certo é que a mensagem para os agentes é completamente errada do ponto de vista do rigor e da lealdade comportamental.
A rotina dos sinais que os lideres e as instituições, enquanto tal, dão à sociedade derivam mais do facilitismo, do “desenrasca”, do poder pelo poder, do culto do dinheiro e da habilidade, do que de uma cultura de rigor, de equilíbrio, de honestidade, de trabalho e coerência.
E os resultados estão à vista:
- Da crise das pescas e da agricultura (para onde foram os dinheiros comunitários, descontados os gastos no abate de frotas e de oliveiras, e de vinhas…?); à crise da competitividade (e os dinheiros para formação profissional?, e para infra-estruturas, afinal tão desarticuladas?);
- Passamos agora, de modo completamente chocante para a crise das instituições que deveriam ser de um Estado democrático, mas que, tudo parece, da democracia só assumiram as benesses propiciadas…
É tudo tão mau? Claro que não: existem – e são conhecidos e divulgados casos exemplares, no campo empresarial, no campo político, no campo intelectual e social: só que os sinais que a generalidade dos líderes emite não permitem capitalizar e mobilizar os portugueses, a sua auto-estima e a sua determinação.
Será que vão acordar a tempo?
Ou só nos restará suspirar pela Ibéria: porque de outro modo seremos ingovernáveis?
Há um facto por mim esquecido, que a doutora Isabel Fernandes justamente releva: «o grupo Mello mostrou, nesses tempos, uma abertura impar – dando emprego a gente assumidamente de esquerda». Não tenho a certeza que os seus indignados críticos de hoje o tivessem feito, mutatis mutandis.
SERVIÇO PÚBLICO: De boas intenções está o inferno cheio.
SERVIÇO PÚBLICO N.º 1
Leia Solidariedade Pública, Custos Privados a estória contada e a moral extraída pelo Jaquinzinhos, de que como a ajuda aos aleijadinhos que voam pode lixar toda a gente que voa, incluindo os aleijadinhos que voam.
SERVIÇO PÚBLICO N.º 2
Já agora, leia também o que escreveu Charles Krauthammer do Washington Post sobre O que realmente diz o relatório Kay, que o Público distraidamente publicou, onde se conta a estória de andarem todos ao engano e, enganando-se, enganarem, e se extrai a moral que prognósticos no fim do jogo não servem de nada, nem no futebol.
Leia Solidariedade Pública, Custos Privados a estória contada e a moral extraída pelo Jaquinzinhos, de que como a ajuda aos aleijadinhos que voam pode lixar toda a gente que voa, incluindo os aleijadinhos que voam.
SERVIÇO PÚBLICO N.º 2
Já agora, leia também o que escreveu Charles Krauthammer do Washington Post sobre O que realmente diz o relatório Kay, que o Público distraidamente publicou, onde se conta a estória de andarem todos ao engano e, enganando-se, enganarem, e se extrai a moral que prognósticos no fim do jogo não servem de nada, nem no futebol.
03/02/2004
DIÁRIO DE BORDO: Poderão os «arrumadores de carros» arrumar as elites?
Quando aqui citei o doutor José Manuel de Mello que respondeu «talvez arrumadores de carros» à dilacerante pergunta do doutor Nicolau Santos «qual é o nosso destino como país e como povo?», não podia imaginar reacções indignadas e rebarbativas como a do causa nossa, pela mão de Vicente Jorge Silva, aos «tubarões das grandes famílias que sustentam o velho imaginário comunista», «senhorios da pátria» e beneficiários «do proteccionismo industrial do salazarismo». Fecho os olhos, flashback de 30 anos, outra vez - revejo o Comércio do Funchal, o famoso vómito cor-de-rosa, no dizer pitoresco de Mário Castrim, um dos próceres do «imaginário comunista».
Não podia imaginar, porque me parecia evidente que J. M. de Mello did not mean it. Era lá possível que um homem que tinha sido desapossado das suas empresas (o grupo CUF era em 1974 o maior grupo empresarial português), que tinha ido malhar com os ossos na choça sob uma acusação delirante, que emigrou e tentou reconstituir no estrangeiro o seu grupo, que voltou para comprar as suas empresas das mãos do Estado que o tinha expropriado, que podia ter ficado a viver dos rendimentos que as sobras do esbulho lhe proporcionariam e, em vez disso, voltou para um país de pedintes, de empresários da treta, para investir dinheiro num negócio de muito longo prazo (saúde e cuidados da terceira idade), que será o negócio do século, mas ainda não é, era lá possível, perguntava-me, que o «talvez arrumadores de carros» fosse para ser lido à letra? Nunca pensei.
O homem está velho? Anda chateado? Já não tem pachorra? A pergunta do senhor do lacinho fez-lhe saltar a tampa? Talvez um pouco de tudo isso.
Os Mellos «tubarões das grandes famílias»? Certamente «grandes famílias», mas «tubarões»? Saberá VJS quais as condições de trabalho e os benefícios socais no grupo CUF no passado e nos grupos Mellos no presente? Reparou VJS na excelência dos quadros que o grupo CUF tinha?
Os Mellos beneficiários «do proteccionismo industrial do salazarismo»? Não especialmente. Beneficiários eram todos os industriais e não industriais que, nessa época detestavam a concorrência, como agora a detestam, e se queixavam, como agora se queixam, do Estado quando lhes deixa vazia a mão estendida. Por isso, os Mellos não são especialmente maus. Pelo contrário, são especialmente bons – são bons no género mau, que é o género de empresários que temos.
O imperativo da protecção, a obsessão dos direitos adquiridos, o apego aos empregos para toda a vida, a aversão à concorrência e ao risco, estão longe de ser monopólio dos empresários. Estão na alma de intelectuais e de artistas mendicantes de subsídios, de políticos sedentos de sinecuras, de sindicalistas ciosos dos lugares vitalícios de defensores dos trabalhadores. Estão inscritos na matriz cultural lusitana e é por isso que, se não a mudamos, resta-nos pouco mais do que «talvez arrumadores de carros».
Não é a falta de auto-estima. Não é a depressão, que aliás não passa do pavor do fim da vida sem esforço. É a falta de ganas. É a negligência. É a falta de integridade feita paradigma social. É o colectivismo doentio. É o «eles».
É a falta de elites capazes, que não dêem graxa, em público, aos piores defeitos do «povo» e desprezem a «choldra», em privado, que não se acagacem com a «ameaça» espanhola, não sejam tributárias dos dinheiros e da chantagem duma Europa franco-alemã, nem inventem solidariedades equívocas, nem amanhãs que cantam quando o povo tomar o palácio de inverno, porque o povo não quer saber de palácios de inverno, e os palácios de inverno já foram demolidos. De elites independentes da vaca marsupial pública, capazes de procurar a excelência, de trabalhar duro e meter a mão na massa para fermentar a mudança em vez de estrumar o bolor. E, claro, de terem oportunidade de beneficiar com o seu talento.
Que fazer com estas elites, perguntareis? Boa pergunta. Reformá-las e pô-las a fazer blogues.
Não podia imaginar, porque me parecia evidente que J. M. de Mello did not mean it. Era lá possível que um homem que tinha sido desapossado das suas empresas (o grupo CUF era em 1974 o maior grupo empresarial português), que tinha ido malhar com os ossos na choça sob uma acusação delirante, que emigrou e tentou reconstituir no estrangeiro o seu grupo, que voltou para comprar as suas empresas das mãos do Estado que o tinha expropriado, que podia ter ficado a viver dos rendimentos que as sobras do esbulho lhe proporcionariam e, em vez disso, voltou para um país de pedintes, de empresários da treta, para investir dinheiro num negócio de muito longo prazo (saúde e cuidados da terceira idade), que será o negócio do século, mas ainda não é, era lá possível, perguntava-me, que o «talvez arrumadores de carros» fosse para ser lido à letra? Nunca pensei.
O homem está velho? Anda chateado? Já não tem pachorra? A pergunta do senhor do lacinho fez-lhe saltar a tampa? Talvez um pouco de tudo isso.
Os Mellos «tubarões das grandes famílias»? Certamente «grandes famílias», mas «tubarões»? Saberá VJS quais as condições de trabalho e os benefícios socais no grupo CUF no passado e nos grupos Mellos no presente? Reparou VJS na excelência dos quadros que o grupo CUF tinha?
Os Mellos beneficiários «do proteccionismo industrial do salazarismo»? Não especialmente. Beneficiários eram todos os industriais e não industriais que, nessa época detestavam a concorrência, como agora a detestam, e se queixavam, como agora se queixam, do Estado quando lhes deixa vazia a mão estendida. Por isso, os Mellos não são especialmente maus. Pelo contrário, são especialmente bons – são bons no género mau, que é o género de empresários que temos.
O imperativo da protecção, a obsessão dos direitos adquiridos, o apego aos empregos para toda a vida, a aversão à concorrência e ao risco, estão longe de ser monopólio dos empresários. Estão na alma de intelectuais e de artistas mendicantes de subsídios, de políticos sedentos de sinecuras, de sindicalistas ciosos dos lugares vitalícios de defensores dos trabalhadores. Estão inscritos na matriz cultural lusitana e é por isso que, se não a mudamos, resta-nos pouco mais do que «talvez arrumadores de carros».
Não é a falta de auto-estima. Não é a depressão, que aliás não passa do pavor do fim da vida sem esforço. É a falta de ganas. É a negligência. É a falta de integridade feita paradigma social. É o colectivismo doentio. É o «eles».
É a falta de elites capazes, que não dêem graxa, em público, aos piores defeitos do «povo» e desprezem a «choldra», em privado, que não se acagacem com a «ameaça» espanhola, não sejam tributárias dos dinheiros e da chantagem duma Europa franco-alemã, nem inventem solidariedades equívocas, nem amanhãs que cantam quando o povo tomar o palácio de inverno, porque o povo não quer saber de palácios de inverno, e os palácios de inverno já foram demolidos. De elites independentes da vaca marsupial pública, capazes de procurar a excelência, de trabalhar duro e meter a mão na massa para fermentar a mudança em vez de estrumar o bolor. E, claro, de terem oportunidade de beneficiar com o seu talento.
Que fazer com estas elites, perguntareis? Boa pergunta. Reformá-las e pô-las a fazer blogues.
SERVIÇO PÚBLICO: «Oil runs thicker than blood» (Part 2).
Em complemento do Serviço Público de 29-01 pode ler-se mais informação da abcNews em Saddam’s Gifts
Um documento descoberto no ministério do Petróleo em Bagdade revelou que Saddam montou um engenhoso esquema de financiamento dos amigos do regime, que fazia chegar às suas contas em média 50 cêntimos de dólar por cada barril vendido ao abrigo do programa da ONU oil-for-food.
Entre os 270 beneficiários contam-se os seguintes amigos do regime:
+ Patrick Maugein, com US 25 milhões, um apoiante político e financiador do presidente Chirac
+ Charles Pasqua, com US 12 milhões antigo ministro francês do Interior.
+ George Galloway, com US 9,5 milhões, membro do parlamento britânico e conhecido opositor à intervenção no Iraque.
Um documento descoberto no ministério do Petróleo em Bagdade revelou que Saddam montou um engenhoso esquema de financiamento dos amigos do regime, que fazia chegar às suas contas em média 50 cêntimos de dólar por cada barril vendido ao abrigo do programa da ONU oil-for-food.
Entre os 270 beneficiários contam-se os seguintes amigos do regime:
+ Patrick Maugein, com US 25 milhões, um apoiante político e financiador do presidente Chirac
+ Charles Pasqua, com US 12 milhões antigo ministro francês do Interior.
+ George Galloway, com US 9,5 milhões, membro do parlamento britânico e conhecido opositor à intervenção no Iraque.
02/02/2004
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Mãe há só uma?
Secção Perguntas impertinentes
Apesar de gastar semanalmente 3 euros para comprar o semanário do saco de plástico de referência, por um qualquer reflexo pavloviano cujas origens se perdem na noite dos tempos, confesso que faço dele uma leitura bastante superficial. É por isso que não me teria dado conta da árvore genealógica do George W. se não fosse o cataláxia comentar aqui que o Expresso tinha arranjado uma mãe nova para o nosso fundador - «o clã Bush descende de D. Urraca, mãe do fundador de Portugal», escreveu um patarata qualquer num dos inúmeros suplementos do semanário.
É caso para perguntar, se Urraca foi mãe do fundador, quem foi o fundador? Afonso Raimundes?
Fosse quem fosse o fundador, não seria melhor para o prestígio da nação que ele fosse filho de Urraca do que filho de Tarasia, sua meia irmã bastarda?
Quaisquer que sejam as respostas a estas torturantes perguntas, nunca, como agora, se justificou a atribuição de 5-urracas-5 ao prodigioso jornalista que escreveu aquela coisa.
Apesar de gastar semanalmente 3 euros para comprar o semanário do saco de plástico de referência, por um qualquer reflexo pavloviano cujas origens se perdem na noite dos tempos, confesso que faço dele uma leitura bastante superficial. É por isso que não me teria dado conta da árvore genealógica do George W. se não fosse o cataláxia comentar aqui que o Expresso tinha arranjado uma mãe nova para o nosso fundador - «o clã Bush descende de D. Urraca, mãe do fundador de Portugal», escreveu um patarata qualquer num dos inúmeros suplementos do semanário.
É caso para perguntar, se Urraca foi mãe do fundador, quem foi o fundador? Afonso Raimundes?
Fosse quem fosse o fundador, não seria melhor para o prestígio da nação que ele fosse filho de Urraca do que filho de Tarasia, sua meia irmã bastarda?
Quaisquer que sejam as respostas a estas torturantes perguntas, nunca, como agora, se justificou a atribuição de 5-urracas-5 ao prodigioso jornalista que escreveu aquela coisa.