16/02/2004

DIÁRIO DE BORDO / LOG BOOK: Educação sexual? Só se for para adultos / Sex education? For grown ups, maybe.

SUMMARY for the sake of those foreign souls coming from outer space who are not able to read Portuguese:
The lady secretary of state of Education is under the attack of the leftist flock because she argued that State has not the right to impose sex education in schools.
She is right. Maybe her rightness has poor grounds, but she is right.
For a liberal mind there are principles besides the practical arguments, such as that kids nowadays master the fucking machinery better than their old-fashioned teachers, or families should have the say in anything but arithmetics.
Principles? What principles? Well, putting the enemy against the wall with the help of their precious Pink Floyd old boys, I would say principles such as teachers leave the kids alone, they don't need no (sex) education, they don't need no thought control.


Podemos olhar para a questão da educação sexual nas escolas como o fez o João Pereira Coutinho no Expresso de 14-02. A educação sexual é puramente inútil porque os adolescentes de hoje sabem mais do «truca-truca», como ele escreveu, do que os professores. O que provavelmente é verdade na maior parte dos casos, com a banalização do sexo. O sexo é para eles mais familiar do que a aritmética. Conhecem melhor a engenharia do sexo do que a tabuada.
Mas essa não é a questão de fundo. A questão de fundo é que «O Estado não tem o direito de impor um modelo de educação sexual, como não tem o de impor uma religião».
Quem disse isto? Algum perigoso liberal? Não. Foi a doutora Mariana Cascais, secretária de Estado da Educação. Terá dito outras coisas menos sensatas, ou mesmo insensatas, mas poderá ter sido por esta que a esquerdalhada lhe caiu em cima. Suspeito.
E porquê a esquerdalhada se excitou? Porque defende o pensamento único. Porque vê o Estado como uma máquina de fabricar militantes do pensamento único. Aliás, como a direita estúpida, que defende, em sottovoce, a mesma coisa no capítulo da religião ou da moral.
É às famílias, em particular ao pai e à mãe, que compete a educação sexual dos fedelhos. Não é a escola. A escola não deve “ensinar” moral ou religião ou a técnica do «truca-truca».
Além das razões de princípio para o Estado não intervir nesse domínio, há várias razões práticas, para além da inutilidade, como sublinhou João Pereira Coutinho.
É ridículo pensar que o Estado, incompetente para ensinar os rudimentos da língua portuguesa e da aritmética, tenha competência para encharcar os tenros crânios daquelas almas com educação sexual, seja lá o que isso for, para além dum capítulo banal da biologia humana, incluindo claro os diagramas necessários para exemplicar a mecânica do «truca-truca».
É perigoso pensar que um Estado que deixou corromper dezenas ou centenas ou milhares de crianças e adolescentes na Casa Pia e em outras instituições vá agora ocupar-se da educação sexual dos restantes.

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