31/10/2007
28/10/2007
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: a heresia do professor
Secção Frases Assassinas
«Quanto ao congresso, ficaram claras para mim duas coisas. Primeira, que Santana Lopes ganhou e (quase) sem falar, como eu tive a oportunidade de referir a propósito de outros assuntos; segunda, que Sócrates vai ter um interlocutor no Parlamento do seu nível político e intelectual.» (Público)
Três afonsos para o professor Campos e Cunha por ousar formular tal equivalência, em tempos difíceis para este tipo de formulações a respeito do senhor primeiro ministro, e tê-lo feito com tal irónica impertinência.
«Quanto ao congresso, ficaram claras para mim duas coisas. Primeira, que Santana Lopes ganhou e (quase) sem falar, como eu tive a oportunidade de referir a propósito de outros assuntos; segunda, que Sócrates vai ter um interlocutor no Parlamento do seu nível político e intelectual.» (Público)
Três afonsos para o professor Campos e Cunha por ousar formular tal equivalência, em tempos difíceis para este tipo de formulações a respeito do senhor primeiro ministro, e tê-lo feito com tal irónica impertinência.
ESTADO DE SÍTIO: talvez tenham razão
Pacheco Pereira insurge-se contra os argumentos dos que se opõem ao referendo, em particular contra o argumento baseado na premissa «que a populaça é burra». Será que a insurgência tem fundamento? Não terão esses opositores razão? Especialmente aqueles entre os opositores do referendo que não têm propriamente uma vida, dependem duma tença paga pelos sujeitos passivos e foram eleitos pela «populaça burra».
Não vou discorrer sobre esta tese tão prometedora, mas apenas deixar umas interrogações, mais ingénuas do que cínicas. Pode-se confiar no discernimento duma «populaça» que elege tais eleitos? Não têm os eleitos razões de sobra para pensar que quem escolhe tão má moeda (que expulsou a boa moeda - nisto o professor Cavaco Silva talvez tivesse razão) não poderá estar à altura de atinar com as complexidades só ao alcance das luminárias que pastoreiam os eleitos?
Não vou discorrer sobre esta tese tão prometedora, mas apenas deixar umas interrogações, mais ingénuas do que cínicas. Pode-se confiar no discernimento duma «populaça» que elege tais eleitos? Não têm os eleitos razões de sobra para pensar que quem escolhe tão má moeda (que expulsou a boa moeda - nisto o professor Cavaco Silva talvez tivesse razão) não poderá estar à altura de atinar com as complexidades só ao alcance das luminárias que pastoreiam os eleitos?
CASE STUDY: uma carta já não é o que era
Demonstrando que o real neste país ultrapassa a ficção, foi ontem publicada no Expresso uma carta estritamente confidencial em mão do engenheiro Jardim Gonçalves ao seu sucessor doutor Filipe Pinhal. A carta termina com este patético apelo: «pedia-lhe, por fim, que, atendendo às razões de consciência e do foro exclusivamente privado do compromisso que agora assumo (de pagar as dívidas do seu filho ao banco), fossem tomadas as medidas necessárias para acautelar a confidencialidade deste pagamento».
Por muito assombroso que seja o seu conteúdo (que parece evidenciar que, contra tudo o que seria de esperar dum membro da Obra, o seu signatário não fala com o seu filho Filipe faz anos), mais assombrosas são as vicissitudes que a carta estritamente confidencial em mão sofreu no curto percurso que vai desde o gabinete do engenheiro Jardim Gonçalves até ao do seu destinatário.
Ainda pensei acrescentar um novo termo ao Glossário das Impertinências, mas talvez não se justifique se a carta estritamente confidencial em mão do engenheiro Jardim Gonçalves for afinal uma carta aberta, como a defini em tempos aqui, a propósito duma missiva do incontornável professor doutor Freitas do Amaral dirigida ao presidente da República através dos jornais:
Por muito assombroso que seja o seu conteúdo (que parece evidenciar que, contra tudo o que seria de esperar dum membro da Obra, o seu signatário não fala com o seu filho Filipe faz anos), mais assombrosas são as vicissitudes que a carta estritamente confidencial em mão sofreu no curto percurso que vai desde o gabinete do engenheiro Jardim Gonçalves até ao do seu destinatário.
Ainda pensei acrescentar um novo termo ao Glossário das Impertinências, mas talvez não se justifique se a carta estritamente confidencial em mão do engenheiro Jardim Gonçalves for afinal uma carta aberta, como a defini em tempos aqui, a propósito duma missiva do incontornável professor doutor Freitas do Amaral dirigida ao presidente da República através dos jornais:
É uma contradição nos termos. Uma carta é fechada. Uma carta que é aberta, não é fechada (=>La Palice). É, pois, uma carta que não é uma carta. É uma circular que tem como destinatários reais toda a gente menos o destinatário formal. É também uma grande falta de vergonha de quem a escreve, ao divulgar os seus termos por terceiros, muitas vezes antes do destinatário a conhecer, sem cuidar de saber se autorizaria. É, em suma, um insulto à inteligência de todos os seus destinatários.
27/10/2007
ESTADO DE SÍTIO: força aérea ornitorrinco
«Militares do Centro Operacional da Força Aérea de Monsanto e da Base Aérea 1 de Sintra faltaram às refeições anteontem e hoje, respectivamente, "em solidariedade com camaradas alvo de processos disciplinares", segundo a Associação Nacional de Sargentos.» (Público)Recorde-se que os camaradas alvo de processos disciplinares foram os mesmos do passeio do descontentamento do ano passado.
Diferentemente dos generais franceses que estavam sempre prontos para a guerra anterior, a Força Aérea portuguesa provavelmente nunca teve os meios adequados para fazer a última guerra e certamente não tem os meios para combater na próxima. Isso não é novidade. O que é novidade é a sua dissolução na administração pública, é a metamorfose do putativo combatente em burocrata apparatchik, que faz passeios do descontentamento, que falta ao rancho, e que tem esse estatuto reconhecido pelos tribunais. Um dia não muito longínquo fará greve, poderá ser objector de consciência e meterá baixa durante as primeiras escaramuças.
Para que serve uma força aérea que nunca teve meios e não tem agora moral, nem disciplina, nem ânimo para combater? Só para dar emprego a mais uns milhares de songamongas. Tende dó dos sujeitos passivos e fazei a liquidação destas excrescências (e das outras, já agora).
Diferentemente dos generais franceses que estavam sempre prontos para a guerra anterior, a Força Aérea portuguesa provavelmente nunca teve os meios adequados para fazer a última guerra e certamente não tem os meios para combater na próxima. Isso não é novidade. O que é novidade é a sua dissolução na administração pública, é a metamorfose do putativo combatente em burocrata apparatchik, que faz passeios do descontentamento, que falta ao rancho, e que tem esse estatuto reconhecido pelos tribunais. Um dia não muito longínquo fará greve, poderá ser objector de consciência e meterá baixa durante as primeiras escaramuças.
Para que serve uma força aérea que nunca teve meios e não tem agora moral, nem disciplina, nem ânimo para combater? Só para dar emprego a mais uns milhares de songamongas. Tende dó dos sujeitos passivos e fazei a liquidação destas excrescências (e das outras, já agora).
26/10/2007
ESTÓRIA E MORAL: o plano tecnológico das hortaliças
Estória
«Ontem, em Abrantes, depois das 19.00, um grupo de agricultores/comerciantes apressa-se para descarregar as frutas e as hortaliças, junto do mercado.
Será Portugal um país atrasado tecnologicamente? Para os que constantemente respondem afirmativamente a esta questão, vejam lá esta foto, onde a facturação é passada na hora, com um portátil e uma impressora em pleno parque de estacionamento. Tirei eu a foto com o tlm.»
(de um email de MV, que ilustra um fenómeno tão extraordinário como a aparição da Virgem aos pastorinhos)
Moral
Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.
(Desabafo tornado popular por volta de 1808 pela fraca reacção à ofensiva de Junot. Este, por essa altura, passeava-se por entre as viçosos nabiças de Abrantes, depois de ter assistido à fuga da Corte portuguesa para o Brasil. A coisa levou 7 anos a resolver e só começou a resultados práticos quando o futuro duque de Wellington meteu mãos à obra que começou aqui e concluiu em Waterloo.)
«Ontem, em Abrantes, depois das 19.00, um grupo de agricultores/comerciantes apressa-se para descarregar as frutas e as hortaliças, junto do mercado.
Será Portugal um país atrasado tecnologicamente? Para os que constantemente respondem afirmativamente a esta questão, vejam lá esta foto, onde a facturação é passada na hora, com um portátil e uma impressora em pleno parque de estacionamento. Tirei eu a foto com o tlm.»
(de um email de MV, que ilustra um fenómeno tão extraordinário como a aparição da Virgem aos pastorinhos)
Moral
Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.
(Desabafo tornado popular por volta de 1808 pela fraca reacção à ofensiva de Junot. Este, por essa altura, passeava-se por entre as viçosos nabiças de Abrantes, depois de ter assistido à fuga da Corte portuguesa para o Brasil. A coisa levou 7 anos a resolver e só começou a resultados práticos quando o futuro duque de Wellington meteu mãos à obra que começou aqui e concluiu em Waterloo.)
24/10/2007
ESTÓRIA E MORAL: relativamente ricos ou relativamente pobres?
Estória
Segundo o Destaque do INE divulgado no Dia Internacional de Erradicação da Pobreza, «1/5 da população residente em Portugal vivia em risco de pobreza». Entenda-se que o conceito de pobreza adoptado pelo INE é o de pobreza relativa, que segundo o critério comunitário corresponde aos rendimentos inferiores a 60% da mediana da distribuição de rendimentos líquidos. Estas medidas da pobreza, que fazem as delícias da esquerdalhada e do esquadrão do politicamente correcto, são profundamente ilusórias porque os pobres de um país podem ser os ricos de outro país e vice-versa.
Não por acaso, é exactamente o que se passa. Em valores de 2004 a linha de pobreza que o INE definiu era 360 euros mensais por adulto. Como a mediana é o parâmetro estatístico que corresponde a um valor em que exactamente metade do universo estatístico apresenta valores inferiores e a outra metade valores superiores, resulta do referido critério que a mediana seria naquele ano de 600 euros e, portanto metade dos adultos tinham rendimento mensal inferior a este valor.
Se compararmos esta mediana com a que presumivelmente se poderia (se pudesse) estimar para a África subsariana, certamente se concluiria que os pobres portugueses seriam ricos na Serra Leoa.
Segundo o US Census Bureau, em 2006 (a coisa por lá anda 2 anos à frente) a mediana da distribuição do rendimento per capita (que obviamente inclui os não adultos) era cerca de USD 26.000 por ano ou o equivalente a 1.525 Euros por mês, ou talvez mais de 3.000 Euros por adulto e mês, isto é 5 vezes o valor correspondente em Portugal. Donde os portugueses pobres segundo o INE seriam relativamente miseráveis nos EU.
Se nos lembrarmos que em 1620, quando o Mayflower chega a Plymouth, Portugal era ainda uma grande potência global (em decadência) podemos concluir que, quer consideremos que os portugueses são nos dias de hoje relativamente pobres ou relativamente ricos, nós e as nossas elites temos sido, sem sombra de dúvida, absolutamente incapazes.
Moral
Com uma pequena dose de azar e uma grande dose de incompetência é difícil, mas possível, ter chuva na eira e sol no nabal.
Segundo o Destaque do INE divulgado no Dia Internacional de Erradicação da Pobreza, «1/5 da população residente em Portugal vivia em risco de pobreza». Entenda-se que o conceito de pobreza adoptado pelo INE é o de pobreza relativa, que segundo o critério comunitário corresponde aos rendimentos inferiores a 60% da mediana da distribuição de rendimentos líquidos. Estas medidas da pobreza, que fazem as delícias da esquerdalhada e do esquadrão do politicamente correcto, são profundamente ilusórias porque os pobres de um país podem ser os ricos de outro país e vice-versa.
Não por acaso, é exactamente o que se passa. Em valores de 2004 a linha de pobreza que o INE definiu era 360 euros mensais por adulto. Como a mediana é o parâmetro estatístico que corresponde a um valor em que exactamente metade do universo estatístico apresenta valores inferiores e a outra metade valores superiores, resulta do referido critério que a mediana seria naquele ano de 600 euros e, portanto metade dos adultos tinham rendimento mensal inferior a este valor.
Se compararmos esta mediana com a que presumivelmente se poderia (se pudesse) estimar para a África subsariana, certamente se concluiria que os pobres portugueses seriam ricos na Serra Leoa.
Segundo o US Census Bureau, em 2006 (a coisa por lá anda 2 anos à frente) a mediana da distribuição do rendimento per capita (que obviamente inclui os não adultos) era cerca de USD 26.000 por ano ou o equivalente a 1.525 Euros por mês, ou talvez mais de 3.000 Euros por adulto e mês, isto é 5 vezes o valor correspondente em Portugal. Donde os portugueses pobres segundo o INE seriam relativamente miseráveis nos EU.
Se nos lembrarmos que em 1620, quando o Mayflower chega a Plymouth, Portugal era ainda uma grande potência global (em decadência) podemos concluir que, quer consideremos que os portugueses são nos dias de hoje relativamente pobres ou relativamente ricos, nós e as nossas elites temos sido, sem sombra de dúvida, absolutamente incapazes.
Moral
Com uma pequena dose de azar e uma grande dose de incompetência é difícil, mas possível, ter chuva na eira e sol no nabal.
22/10/2007
21/10/2007
ARTIGO DEFUNTO: consolidação quê?
As despesas totais que se estima irão aumentar este ano 2,4%, aumentarão no próximo ano 4,4%. As despesas correntes primárias (o custo das quantidades pantagruélicas de palha que a vaca marsupial pública consome) aumentarão respectivamente 1,8% e 4,2%. É claro, para reduzir o défice em 2008, sem aumentar a dívida pública que ficará em 64,1% do PIB (4,1 pontos percentuais acima do critério de Maastricht), a coisa tem que se financiar com um aumento de 5,8% das receitas totais e 3,8% das fiscais.
Que tal se o governo deixasse o défice sossegado e cortasse na despesa pública? Qual dos dois cenários será menos mau: um défice de 5% com receitas de 35% e despesas de 40% do PIB, por exemplo, ou, como é o caso, um défice de 2,4% com receitas de 42,7% e despesas de 45,1% do PIB?
Alguém me explica porquê os mídia não chamam os bois pelos nomes em vez de se enrolarem com eufemismos bacocos?
Que tal se o governo deixasse o défice sossegado e cortasse na despesa pública? Qual dos dois cenários será menos mau: um défice de 5% com receitas de 35% e despesas de 40% do PIB, por exemplo, ou, como é o caso, um défice de 2,4% com receitas de 42,7% e despesas de 45,1% do PIB?
Alguém me explica porquê os mídia não chamam os bois pelos nomes em vez de se enrolarem com eufemismos bacocos?
20/10/2007
SERVIÇO PÚBLICO: é por estas e por outras
«Esta é a crise financeira que me preocupa mais, de todas as que vivi. Não sei se é a pior ou não, mas é a que tem mais efeito na área de financiamento do mercado dos bancos. O sistema estava a funcionar com alavancagem a mais e é preciso travar esta alavancagem. A situação, na minha opinião, ainda não acabou, embora haja melhorias. Mas as consequências vão além deste curto período de tempo.» Disse 3.ª feira passada o doutor Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, num debate promovido no Porto pela Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial. (Jornal de Negócios)
No dia seguinte o ministro das Finanças, provavelmente o ministro mais credível que o governo conseguiu arranjar (imagine-se se), a respeito da mesma crise do subprime, na conferência sobre corporate governance organizada pela CMVM, disse que «a tempestade já passou ... Portugal demonstrou que sabe responder a estas situações ... ficou provada a solidez do sistema financeiro e da regulação». (Jornal de Negócios)
É por estas e por outras que mais facilmente confio o meu fundo de pensões ao BPI do que espero que a segurança social pague a minha pensão nos próximos 40 anos (não faço a coisa por menos, aviso já).
No dia seguinte o ministro das Finanças, provavelmente o ministro mais credível que o governo conseguiu arranjar (imagine-se se), a respeito da mesma crise do subprime, na conferência sobre corporate governance organizada pela CMVM, disse que «a tempestade já passou ... Portugal demonstrou que sabe responder a estas situações ... ficou provada a solidez do sistema financeiro e da regulação». (Jornal de Negócios)
É por estas e por outras que mais facilmente confio o meu fundo de pensões ao BPI do que espero que a segurança social pague a minha pensão nos próximos 40 anos (não faço a coisa por menos, aviso já).
18/10/2007
17/10/2007
ESTÓRIA E MORAL: O polvo socialista nunca ouviu falar de conflito de interesses
Estória
«Escritório de Vera Jardim e KPMG escolhidos para consultores do TGV
O TGV já tem consultores financeiro e jurídico. Segundo disse ao Jornal de Negócios fonte da Rave, empresa responsável pelo processo de implementação da Alta Velocidade em Portugal, já foi aprovada a escolha da consultora KPMG para a assessoria financeira do projecto, em detrimento da Deloitte e do Banco Efisa, que tinham apresentado proposta.» (Jornal de Negócios)
O escritório de Vera Jardim é este escritório?
O Vera Jardim é este Vera Jardim?
O Sampaio é este Sampaio?
O Caldas é este Caldas?
Moral
Não basta parecer honesto, é preciso ser honesto.
PS: Um dia, após a fuga do engenheiro Guterres, o doutor Soares escreveu «ao PS fará bem uma cura de oposição ... para livrar-se de um certo oportunismo interesseiro e negocista que o atacou, como musgo viscoso». Não chegou uma cura de oposição. É preciso reenviá-lo de novo para as termas.
«Escritório de Vera Jardim e KPMG escolhidos para consultores do TGV
O TGV já tem consultores financeiro e jurídico. Segundo disse ao Jornal de Negócios fonte da Rave, empresa responsável pelo processo de implementação da Alta Velocidade em Portugal, já foi aprovada a escolha da consultora KPMG para a assessoria financeira do projecto, em detrimento da Deloitte e do Banco Efisa, que tinham apresentado proposta.» (Jornal de Negócios)
O escritório de Vera Jardim é este escritório?
O Vera Jardim é este Vera Jardim?
O Sampaio é este Sampaio?
O Caldas é este Caldas?
Moral
Não basta parecer honesto, é preciso ser honesto.
PS: Um dia, após a fuga do engenheiro Guterres, o doutor Soares escreveu «ao PS fará bem uma cura de oposição ... para livrar-se de um certo oportunismo interesseiro e negocista que o atacou, como musgo viscoso». Não chegou uma cura de oposição. É preciso reenviá-lo de novo para as termas.
16/10/2007
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: «é dizer mal, só por dizer mal»
«É dizer mal, só por dizer mal, e não querer reconhecer a acção positiva do governo» escreveu num email um detractor acidental a propósito dos posts de ontem e de anteontem.
Será? Para não me repetir, peço a ajuda de Camilo Lourenço que adjectivou ontem no Jornal de Negócios as declarações do ministro das Finanças a respeito do OE 2008 como «Batotices». Aqui vai:
Será? Para não me repetir, peço a ajuda de Camilo Lourenço que adjectivou ontem no Jornal de Negócios as declarações do ministro das Finanças a respeito do OE 2008 como «Batotices». Aqui vai:
«A receita do IRC cresce a 24,8%; a do IRS a 8,6%; a do IVA a 5,5%. Bem acima do PIB!!! As despesas com pessoal da Administração sobem 3,9%. As despesas correntes 3,2%. Os números (Agosto) são do Ministério das Finanças. Apesar destas evidências, o ministro continua a dizer (como fez na 6ª feira, em conferência de imprensa) que a consolidação orçamental está a ser feita, em 80%, pela via contenção da despesa pública.
Nada me move contra o ministro. Pelo contrário, até já o elogiei. Quando chegou, poucos davam alguma coisa por ele. Parecia talhado para o facilitismo. Dois orçamentos depois, Teixeira dos Santos provou que um ministro, para ser eficaz, não precisa de falar grosso. Mas isso não apaga os factos: não fora a espectacular revolução na Administração Fiscal, só teríamos o défice nos 3% lá para finais de 2008 (na melhor das hipóteses).
Onde é que isto nos deixa? Teixeira dos Santos é competente, mas não é anjinho. E, como tal, também faz as suas batotices. Uma delas foi denunciada pelo director deste jornal, no sábado, a propósito da comparação de previsões de crescimento entre Portugal e a União. A outra é apresentar o OE sem dar aos jornalistas quais elementos (sem papéis, não há análise; e sem análise, não há perguntas incómodas). Mas o que mais choca mesmo, ao analisar o OE 2008, é ficarmos com a sensação de que se podia ir (muito) mais longe.»
15/10/2007
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: a coisa está (muito) pior do que a versão oficial faria supor
Secção Insultos à inteligência
Por indesculpável desatenção, quando escrevi o post a ecoanomia presa na armadilha do endividamento e o axioma do lugar do outro e onde ironizei sobre a obsessão governamental de fazer o lugar das empresas e das famílias em vez de reformar a administração pública, etc. , não tinha ainda lido as extraordinárias declarações do ministro das Finanças durante a conferência de imprensa de apresentação do OE 2008:
A que se deve a novidade? No mínimo, a um lapsus linguae, ou, para citar Freud, a um desejo inconsciente de sacudir a água do capote, alijar a mochila, agora que se intuiu que o mau tempo não é passageiro e que a carga é muito mais pesada do que o imaginado. No máximo, a uma enorme desfaçatez e a um indesculpável atentado à inteligência dos sujeitos passivos.
No mínimo leva o doutor Teixeira dos Santos 3 chateaubriands e 4 urracas e no máximo leva 2 ignóbeis.
Por indesculpável desatenção, quando escrevi o post a ecoanomia presa na armadilha do endividamento e o axioma do lugar do outro e onde ironizei sobre a obsessão governamental de fazer o lugar das empresas e das famílias em vez de reformar a administração pública, etc. , não tinha ainda lido as extraordinárias declarações do ministro das Finanças durante a conferência de imprensa de apresentação do OE 2008:
«uma Economia mais forte depende acima de tudo do esforço dos cidadãos, e não é tarefa do Estado»Assim dito de repente, faz esquecer que todo o programa de governo, as declarações, as políticas adoptadas, os momentos-Chavéz (copyright do Abrupto) do engenheiro Sócrates, estão fundados na premissa exactamente oposta, ou seja que a economia depende acima de tudo do esforço do estado, e não é tarefa dos cidadãos.
A que se deve a novidade? No mínimo, a um lapsus linguae, ou, para citar Freud, a um desejo inconsciente de sacudir a água do capote, alijar a mochila, agora que se intuiu que o mau tempo não é passageiro e que a carga é muito mais pesada do que o imaginado. No máximo, a uma enorme desfaçatez e a um indesculpável atentado à inteligência dos sujeitos passivos.
No mínimo leva o doutor Teixeira dos Santos 3 chateaubriands e 4 urracas e no máximo leva 2 ignóbeis.
14/10/2007
CASE STUDY: a ecoanomia presa na armadilha do endividamento e o axioma do lugar do outro
O discurso cronicamente optimista do governo sofre uma (breve) pausa com as más notícias do desemprego que teima em não diminuir e as previsões de crescimento do FMI. Concentra-se momentaneamente nos auto-elogios ao milagre do redução do défice, conseguido à custa essencialmente do aumento das receitas fiscais (veja-se a demonstração feita neste post). O discurso certamente voltará, inevitavelmente reforçado e cada vez mais desligado da realidade, em sintonia com a doutrina oficial da «confiança», cuja putativa falta, decorrente das políticas dos governos Durão Barroso e Santana Lopes, segundo a explicação oficial, explicaria a anomia.
Não ocorrerá ao governo que se a causa fosse a falta de «confiança», a confiança já deveria ter regressado depois de 2 anos de poses de estado e de maciças manipulações mediáticas? Não ocorrerá ao governo que, como o próprio reconhece, sendo o problema principal a retracção do investimento, a solução terá que passar pelo seu aumento? Não ocorrerá ao governo que se o investimento for público (TGV, novo aeroporto, etc.), terá que ser financiado directa ou indirectamente com mais impostos e não terá senão um efeito marginal e evanescente na capacidade produtiva? Não ocorrerá ao governo que o aumento do investimento privado interno carece da (inexistente) poupança das famílias (endividadas) ou das decisões de investimento das empresas (endividadas)? Não ocorrerá ao governo que as empresas que produzem para o mercado interno não têm muitas razões para investir dada a retracção do consumo? Não ocorrerá ao governo que a retracção do consumo é o resultado inevitável do elevado nível de endividamento e do aumento das taxas de juro e do aumento do desemprego? Não ocorrerá ao governo que as empresas que produzem para exportação não são suficientemente competitivas, nem na qualidade e inovação, nem nos preços? Não ocorrerá ao governo que, por estas últimas razões, o país não é suficientemente atractivo para investimento directo estrangeiro, a menos que maciçamente subsidiado (por mais impostos)?
Não ocorrerá ao governo que no caminho para a convergência económica, para usar o europês, o seu papel não é fazer o lugar das empresas e das famílias, não é fazer o lugar do outro, é fazer o papel que ninguém poderá fazer por ele? Ou seja numa palavra
encolher:
reformar a administração pública, reduzir o aparelho de estado e a sua omnipresença sufocante, aliviar a burocracia, tornar a justiça eficiente, financiar a saúde e a instrução públicas, administrar o 1.º pilar dum sistema de pensões e pouco mais.
Não ocorrerá ao governo que se a causa fosse a falta de «confiança», a confiança já deveria ter regressado depois de 2 anos de poses de estado e de maciças manipulações mediáticas? Não ocorrerá ao governo que, como o próprio reconhece, sendo o problema principal a retracção do investimento, a solução terá que passar pelo seu aumento? Não ocorrerá ao governo que se o investimento for público (TGV, novo aeroporto, etc.), terá que ser financiado directa ou indirectamente com mais impostos e não terá senão um efeito marginal e evanescente na capacidade produtiva? Não ocorrerá ao governo que o aumento do investimento privado interno carece da (inexistente) poupança das famílias (endividadas) ou das decisões de investimento das empresas (endividadas)? Não ocorrerá ao governo que as empresas que produzem para o mercado interno não têm muitas razões para investir dada a retracção do consumo? Não ocorrerá ao governo que a retracção do consumo é o resultado inevitável do elevado nível de endividamento e do aumento das taxas de juro e do aumento do desemprego? Não ocorrerá ao governo que as empresas que produzem para exportação não são suficientemente competitivas, nem na qualidade e inovação, nem nos preços? Não ocorrerá ao governo que, por estas últimas razões, o país não é suficientemente atractivo para investimento directo estrangeiro, a menos que maciçamente subsidiado (por mais impostos)?
Não ocorrerá ao governo que no caminho para a convergência económica, para usar o europês, o seu papel não é fazer o lugar das empresas e das famílias, não é fazer o lugar do outro, é fazer o papel que ninguém poderá fazer por ele? Ou seja numa palavra
encolher:
reformar a administração pública, reduzir o aparelho de estado e a sua omnipresença sufocante, aliviar a burocracia, tornar a justiça eficiente, financiar a saúde e a instrução públicas, administrar o 1.º pilar dum sistema de pensões e pouco mais.
13/10/2007
ESTADO DE SÍTIO: o bombeiro incendiário (2)
No dia 29-07 escreveu-se aqui:
Ao mesmo tempo que, com uma mão, o estado napoleónico-estalinista espolia os sujeitos passivos para financiar abortos, com a outra mão o mesmo estado espolia os mesmos sujeitos passivos para financiar putativos incentivos à natalidade.
Incentivos putativos, apenas isso. Se o governo e a esquerdalhada imaginam que oferecer um aborto que custa em média 800 € aos contribuintes não é um incentivo para banalizar o aborto, como podem os mesmos imaginar que um subsídio que não atinge 800 € pode ser um incentivo à natalidade?
Se há 2 meses o governo do engenheiro Sócrates anunciava subsídios à natalidade, que com enorme boa vontade poderiam ser considerados negligenciáveis, agora no OE 2008 ao anunciar incentivos fiscais às famílias numerosas, o mesmo governo mostra a sua fé nos milagres que a sua engenharia social irá operar. E continua a não perceber que os portugueses, como outros povos, têm cada vez menos filhos por várias razões pelas quais o governo nada pode fazer, e por algumas outras que poderia e tem feito pouco ou, por vezes, o pior possível.
Que tal, para começar, um cheque-infantário/creche com a livre escolha pelos pais da creche/infantário?
Ao mesmo tempo que, com uma mão, o estado napoleónico-estalinista espolia os sujeitos passivos para financiar abortos, com a outra mão o mesmo estado espolia os mesmos sujeitos passivos para financiar putativos incentivos à natalidade.
Incentivos putativos, apenas isso. Se o governo e a esquerdalhada imaginam que oferecer um aborto que custa em média 800 € aos contribuintes não é um incentivo para banalizar o aborto, como podem os mesmos imaginar que um subsídio que não atinge 800 € pode ser um incentivo à natalidade?
Se há 2 meses o governo do engenheiro Sócrates anunciava subsídios à natalidade, que com enorme boa vontade poderiam ser considerados negligenciáveis, agora no OE 2008 ao anunciar incentivos fiscais às famílias numerosas, o mesmo governo mostra a sua fé nos milagres que a sua engenharia social irá operar. E continua a não perceber que os portugueses, como outros povos, têm cada vez menos filhos por várias razões pelas quais o governo nada pode fazer, e por algumas outras que poderia e tem feito pouco ou, por vezes, o pior possível.
Que tal, para começar, um cheque-infantário/creche com a livre escolha pelos pais da creche/infantário?
12/10/2007
ESTADO DE SÍTIO: ejaculações legislativas aleatórias
Qualquer criatura que consulte o Diário da República aleatoriamente encontrará sempre exemplos da intrusão absurda e abusiva do estado napoleónico-estalinista, episodicamente comandado pelo engenheiro José Sócrates, na vida dos cidadãos. Os dois seguintes não são especialmente significativos, são simplesmente mais do mesmo. Um de emanação bruxelense, outro de inspiração local, ambos publicados no dia 10.
Decreto-Lei n.º 331/2007 de 9 de Outubro
Estabelece as regras a que deve obedecer a promoção e a comercialização de colecção cuja distribuição se realize por unidade ou fascículo
(E o hors collection? Não importa o hors collection?)
Decreto-Lei n.º 333/2007 de 10 de Outubro
Aprova o Regulamento Relativo ao Nível Sonoro à Altura dos Ouvidos dos Condutores de Tractores Agrícolas ou Florestais de Rodas, transpondo parcialmente para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2006/26/CE, da Comissão, de 2 de Março
(E os passarinhos? Não importam os passarinhos?)
Decreto-Lei n.º 331/2007 de 9 de Outubro
Estabelece as regras a que deve obedecer a promoção e a comercialização de colecção cuja distribuição se realize por unidade ou fascículo
(E o hors collection? Não importa o hors collection?)
Decreto-Lei n.º 333/2007 de 10 de Outubro
Aprova o Regulamento Relativo ao Nível Sonoro à Altura dos Ouvidos dos Condutores de Tractores Agrícolas ou Florestais de Rodas, transpondo parcialmente para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2006/26/CE, da Comissão, de 2 de Março
(E os passarinhos? Não importam os passarinhos?)
11/10/2007
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: «reposição da verdade»
«Caro SenhorSe publico integralmente o email da dona Valéria Mendez do passado dia 9 não é para demonstrar o meu respeito pelas minorias, que não precisa de mais demonstração do que a patente todos os dias no Impertinências em relação à minoria mais minoritária: homens, brancos, heterossexuais, monogâmicos, pais (e avôs) de família, auto-suficientes, livres-pensadores, que não recebem subsídios do estado, nem nunca pertenceram às juventudes partidárias.
Só agora "cheguei" a um post do seu blog, em 2005, em que se referia a mim, como uma "fadista sexotérica"(que é isso?), e logo abaixo, refere-se à minha pessoa, como uma candidata drag queen à Presidencia da Republica.
Acontece que essa Valéria, não sou eu!!! E fico extremamente incomodada de ver o meu blog linkado na sua página, como se eu fosse a tal Valéria travesti ou transexual.
Ora, acontece que ,com o devido respeito e até carinho pelos travestis deste país, eu não o sou.Sou unicamente uma pessoa que nasceu com um problema de indefenição genital (hermafroditismo), completamentre resolvido, fisiológica e psicologicamente.
Não escondo nada daquilo que sou(até poderia tê-lo omitido na introdução que faço no meu blog!), assino o meu blog pelo nome que consta no meu B.I.(o mesmo não o poderei dizer de si!), e não posso admitir que devido à sua irresponsabilidade, arraste o meu nome para lamas em que não caminho.
Esperando que apague do seu blog, esse link que "me faz de repente ex candidata à Presidencia", em abono da verdade e do respeito que, creio eu, merecerei, queira aceitar os meus cumprimentos.
Atenciosamente,
Valéria Mendez
Funchal, Madeira
http://www.fadista-valeria-mendez.weblog.com.pt»
A respeito da identidade já esclareci mais de uma vez que assinar «O impertinente» e descrever o blogue como «desalinhado, desconforme, herético, heterodoxo e homofóbico ... fora do baralho e impertinente» diz mais a respeito do proprietário do que se assinasse «António Silva» e descrevesse o blogue como «um lugar de reflexão sobre o mundo e a humanidade, onde escrevo o que me dá na realíssima gana».
10/10/2007
SERVIÇO PÚBLICO: estará a lesma na mesma corrida da lebre?
Enquanto a Telepac anda entretida a anunciar as suas ligações ADSL de 24Mbs a 54,40 euros por mês (o dobro do preço no mundo civilizado), que quando atingem 10Mbps é caso para fazer uma festa, o consórcio Internet2 anuncia «over 100 Gbps Capacity, Point to Point Circuits, and On-Demand Optical Networking Capabilities Now Available to Research and Education Community» e depois, logo se vê.
08/10/2007
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: o simplex local - mais milagres da regionalização (2)
Um fiel detractor do Impertinências dá dois exemplos pessoais do género de milagres que se poderia esperar em abundância com a devolução de mais funções do estado napoleónico-estalinista para os caciques locais.
O primeiro é uma visita da patroa dele ao viveiro da CM de Lisboa em Belém, para comprar umas verduras para o quintal da família. Depois de falar com meia dúzia de funcionárias que faziam crochet (1) e desconheciam por completo quais as espécies que por lá jaziam, foi encaminhada para a directora do jazigo das verduras, a qual com grande soma de pachorra e tempo disponível a acompanhou numa longa e pormenorizada visita ao jazigo. Tudo para concluir que, querendo comprar as verduras, teria que fazer-se um requerimento explicando as espécies e quantidades desejadas. Depois, se devidamente deferido o bendito requerimento pela hierarquia do viveiro, então o utente seria encaminhado para os serviços competentes no outro lado da cidade, no Campo Grande para pagar as verduras na respectiva tesouraria. Cumprida esta diligência o utente regressaria a Belém para recolher as ambicionadas verduras.
O segundo exemplo é um famigerado Plano de Segurança e Saúde que a CM de Oeiras lhe exigiu (2) para fazer umas carecidas obras lá na casita que comprou. A coisa, preparada por arquitecto, ficou com mais duma centena de páginas que são agora pasto das baratas numa qualquer sala do palácio do marquês de Pombal - este, podendo, ressuscitaria para expulsar à bordoada as centenas de criaturas, comandadas pelo inefável doutor Isaltino, que lhe povoam a habitação.
Entre os inúmeros anexos que o dito Plano inclui, encontra-se a notável peça seguinte relativa aos
TRABALHOS EM COLECTORES DE ÁGUAS RESIDUAIS:
RISCOS:
- Intoxicações pela via respiratória pela presença de gás sulfídrico.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO/PROTECÇÃO:
- Antes de qualquer trabalho que interfira com emissários, é obrigatória a medição e o registo dos índices de gás sulfídrico;
- Em obra, consoante os valores das medições, equacionar-se-ão as medidas de protecção colectiva e individual em conformidade;
- Em todo o caso, é obrigatório o uso em permanência de máscaras eficazes e certificadas contra este gás; (3)
- É também obrigatório o uso e manutenção de botijas de oxigénio perto dos trabalhos. Pode ser necessário o uso de botijas de oxigénio em simultâneo com as máscaras;
- A Entidade Executante deverá ter um registo do número de horas diárias que os trabalhadores gastam em trabalhos que interfiram com o emissário. É de prever pausas de 10 a 15 minutos por cada hora de trabalho contínuo. (4)
NOTAS:
(1) É uma boutade. Tagarelavam simplesmente. Antes fizessem naperons.
(2) A ele e a todas as pobres criaturas que se lembram de pedir um licenciamento duma obra e esperam um ano ou mais para fazer uns trabalhos que poderiam começar no dia seguinte, pagando um emolumento aos fiscais e (com azar) uma coima à excelentíssima câmara.
(3) Segundo o fiel detractor, nenhum dos infelizes que por lá trabalharam na obra foi portador dum simples capacete, quanto mais duma máscara para evitar o cheiro a flatulências.
(4) Estas pausas foram as únicas medidas de prevenção/protecção que os infelizes operários cumpriram religiosamente, mesmo sem interferência com o emissário.
(5) Faço saber que não sou contra a descentralização. Antes pelo. Só que. Um dia explico.
O primeiro é uma visita da patroa dele ao viveiro da CM de Lisboa em Belém, para comprar umas verduras para o quintal da família. Depois de falar com meia dúzia de funcionárias que faziam crochet (1) e desconheciam por completo quais as espécies que por lá jaziam, foi encaminhada para a directora do jazigo das verduras, a qual com grande soma de pachorra e tempo disponível a acompanhou numa longa e pormenorizada visita ao jazigo. Tudo para concluir que, querendo comprar as verduras, teria que fazer-se um requerimento explicando as espécies e quantidades desejadas. Depois, se devidamente deferido o bendito requerimento pela hierarquia do viveiro, então o utente seria encaminhado para os serviços competentes no outro lado da cidade, no Campo Grande para pagar as verduras na respectiva tesouraria. Cumprida esta diligência o utente regressaria a Belém para recolher as ambicionadas verduras.
O segundo exemplo é um famigerado Plano de Segurança e Saúde que a CM de Oeiras lhe exigiu (2) para fazer umas carecidas obras lá na casita que comprou. A coisa, preparada por arquitecto, ficou com mais duma centena de páginas que são agora pasto das baratas numa qualquer sala do palácio do marquês de Pombal - este, podendo, ressuscitaria para expulsar à bordoada as centenas de criaturas, comandadas pelo inefável doutor Isaltino, que lhe povoam a habitação.
Entre os inúmeros anexos que o dito Plano inclui, encontra-se a notável peça seguinte relativa aos
TRABALHOS EM COLECTORES DE ÁGUAS RESIDUAIS:
RISCOS:
- Intoxicações pela via respiratória pela presença de gás sulfídrico.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO/PROTECÇÃO:
- Antes de qualquer trabalho que interfira com emissários, é obrigatória a medição e o registo dos índices de gás sulfídrico;
- Em obra, consoante os valores das medições, equacionar-se-ão as medidas de protecção colectiva e individual em conformidade;
- Em todo o caso, é obrigatório o uso em permanência de máscaras eficazes e certificadas contra este gás; (3)
- É também obrigatório o uso e manutenção de botijas de oxigénio perto dos trabalhos. Pode ser necessário o uso de botijas de oxigénio em simultâneo com as máscaras;
- A Entidade Executante deverá ter um registo do número de horas diárias que os trabalhadores gastam em trabalhos que interfiram com o emissário. É de prever pausas de 10 a 15 minutos por cada hora de trabalho contínuo. (4)
NOTAS:
(1) É uma boutade. Tagarelavam simplesmente. Antes fizessem naperons.
(2) A ele e a todas as pobres criaturas que se lembram de pedir um licenciamento duma obra e esperam um ano ou mais para fazer uns trabalhos que poderiam começar no dia seguinte, pagando um emolumento aos fiscais e (com azar) uma coima à excelentíssima câmara.
(3) Segundo o fiel detractor, nenhum dos infelizes que por lá trabalharam na obra foi portador dum simples capacete, quanto mais duma máscara para evitar o cheiro a flatulências.
(4) Estas pausas foram as únicas medidas de prevenção/protecção que os infelizes operários cumpriram religiosamente, mesmo sem interferência com o emissário.
(5) Faço saber que não sou contra a descentralização. Antes pelo. Só que. Um dia explico.
07/10/2007
SERVICE PUBLIQUE: bel exemplaire au dos muet
La critique de l'Escole des femmes de Molière, édition Livres & Autographes
Suivant la copie imprimée, Paris, 1674.
Deuxième édition elzévirienne (Tchemerzine).
Format : 8 sur 14,5 cm.
48 pages.
Reliure plein vélin doré.
Dos muet.
1 rousseur marginale sur 3 feuillets.
Bel exemplaire.
550 €
Suivant la copie imprimée, Paris, 1674.
Deuxième édition elzévirienne (Tchemerzine).
Format : 8 sur 14,5 cm.
48 pages.
Reliure plein vélin doré.
Dos muet.
1 rousseur marginale sur 3 feuillets.
Bel exemplaire.
550 €
06/10/2007
CASE STUDY: de candeia às avessas (3)
Não é só em matéria de economia, nem só de agora, que andamos de candeia às avessas. É uma longa tradição que pode ter começado com o Fundador (andou de candeia às avessas com a mãe, a tia e os primos), e continuou pelos séculos. Para não recuar mais, lembro o caso do salazarismo, também chamado fassismo pela esquerdalhada, que durou mais 30 anos do que os regimes nacional-socialistas europeus, e recordo o notório assincronismo que os nossos pêndulos políticos têm apresentado desde então - quando os EU e a Europa basculam para o centro-direita nós basculamos para o centro-esquerda e vice-versa.
Deve haver uma causa que explica esta singular tendência. Quando descobrir voltarei ao assunto.
Deve haver uma causa que explica esta singular tendência. Quando descobrir voltarei ao assunto.
04/10/2007
CASE STUDY: de candeia às avessas (2)
Não é só a grafonola do Impertinências que não toca música dos amanhãs que cantam composta pelo engenheiro Sócrates (ultimamente entretido a desempenhar o papel que atribuiu a si próprio de grande líder mundial). A Standard & Poors também parece partilhar do cenário que ontem aqui se traçou sobre o abrandamento do crescimento europeu e a adiada aceleração da economia portuguesa. Enquanto do ministro Teixeira dos Santos «acredita» que o PIB crescerá 2,4% no próximo ano, Jean-Michel Six diz que a S&P «projecta» um crescimento para 2008 que será o mesmo previsto para 2007, ou seja uns modestos 1,9%.
Em conclusão, eu diria mesmo mais:
Em conclusão, eu diria mesmo mais:
- Parece estar a chegar ao fim o período de recuperação da Europa continental, que não chegou a ser suficiente para acelerar o anémico crescimento da economia portuguesa;
- Em contra-ciclo, outra vez, com quase todos os mesmos problemas de sempre.
03/10/2007
CASE STUDY: de candeia às avessas (1)
«Mulheres-a-dias, trabalhadores de ONGs, prestadores de serviços a empresas e os serviços financeiros são das poucas áreas em que a oferta de emprego aumentou, no segundo trimestre, em Portugal. Ou seja, mais transacção e especulação, mas menos produção. Os dados relativos à criação de riqueza e de emprego mostram que Portugal é cada vez mais uma economia de pequenos serviços, pequeno comércio, de negócios financeiros e de tantos outros que giram em torno do fenómeno imobiliário, mas tem vindo a perder a base industrial. Fruto de um novo paradigma de concorrência global, que ditou o esvaziamento dos sectores tradicionais (têxtil e calçado, por exemplo), mas também da carência de trabalhadores com médias e altas qualificações e iniciativas empresariais inovadoras, o país conseguiu, o feito inédito de ultrapassar Espanha... no nível de desemprego. A reconversão do tecido empresarial começou tarde, evolui muito lentamente, continua a viver de actividades pouco produtivas, e defronta-se agora com um inesperado obstáculo: o maior custo no acesso ao crédito decorrente da crise que abala dos mercados financeiros, que vai atrasar os novos (bons) investimentos e os empregos do futuro, confirmam diversos economistas.
Apesar do baixo crescimento do produto, e do emprego estar, em média, estagnado desde 2002, há áreas que estão a criar postos de trabalho. O que podia ser positivo. Mas que não é. Segundo o INE, as áreas que mais empregos criaram no segundo trimestre – período marcado por uma destruição de emprego de 0,5% a nível nacional – foram as actividades com empregados domésticos e as actividades de produção para uso próprio, os chamados outros serviços, com um crescimento de 11% face ao período homólogo. Logo a seguir, as actividades imobiliárias e os serviços prestados às empresas, que cresceram 10%. Nesta categoria caem serviços tão diversos quanto o aluguer de veículos, actividades informáticas, jurídicas, de contabilidade, de consultoria de gestão, segurança, limpeza industrial, embalagem, secretariado, organização de feiras, etc. Em terceiro lugar, figuram os serviços financeiros, com uma criação de emprego de 4%.
Francisco Van Zeller, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), confirma que “só há criação de emprego digna desse nome nas áreas onde o valor acrescentado é mais baixo, não nos sectores de alta tecnologia ou de grande especialização pois ainda não há suficientes pessoas com essas qualificações, veja-se o caso dos engenheiros, nem investimentos à escala”. “Assim a criação de emprego assenta essencialmente nos serviços às empresas, limpezas, áreas comerciais e de vendas, no marketing, nos estudos de mercado”, junta. “As pessoas, mesmo as mais qualificadas como os antropólogos, os licenciados em jornalismo, em história, em literatura, ou não encontram emprego ou estão a aceitar trabalhos mal pagos”, ilustra o líder da CIP.»
(Por que sobe o desemprego e em que profissões, Luís Reis Ribeiro no DE)
Em conclusão:
Apesar do baixo crescimento do produto, e do emprego estar, em média, estagnado desde 2002, há áreas que estão a criar postos de trabalho. O que podia ser positivo. Mas que não é. Segundo o INE, as áreas que mais empregos criaram no segundo trimestre – período marcado por uma destruição de emprego de 0,5% a nível nacional – foram as actividades com empregados domésticos e as actividades de produção para uso próprio, os chamados outros serviços, com um crescimento de 11% face ao período homólogo. Logo a seguir, as actividades imobiliárias e os serviços prestados às empresas, que cresceram 10%. Nesta categoria caem serviços tão diversos quanto o aluguer de veículos, actividades informáticas, jurídicas, de contabilidade, de consultoria de gestão, segurança, limpeza industrial, embalagem, secretariado, organização de feiras, etc. Em terceiro lugar, figuram os serviços financeiros, com uma criação de emprego de 4%.
Francisco Van Zeller, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), confirma que “só há criação de emprego digna desse nome nas áreas onde o valor acrescentado é mais baixo, não nos sectores de alta tecnologia ou de grande especialização pois ainda não há suficientes pessoas com essas qualificações, veja-se o caso dos engenheiros, nem investimentos à escala”. “Assim a criação de emprego assenta essencialmente nos serviços às empresas, limpezas, áreas comerciais e de vendas, no marketing, nos estudos de mercado”, junta. “As pessoas, mesmo as mais qualificadas como os antropólogos, os licenciados em jornalismo, em história, em literatura, ou não encontram emprego ou estão a aceitar trabalhos mal pagos”, ilustra o líder da CIP.»
(Por que sobe o desemprego e em que profissões, Luís Reis Ribeiro no DE)
Em conclusão:
- O emprego tem sido destruído nos sectores de bens e serviços transaccionáveis que estão sujeitos à concorrência do mercado global;
- O pouco emprego que tem sido criado é nos sectores de bens e serviços não transaccionáveis e grande parte desse emprego tem sido emprego para emigrantes, que são os únicos dispostos a aceitá-los;
- Enquanto o coração económico da Europa continental atravessa um período de recuperação, com o desemprego a descer abaixo dos níveis históricos das últimas 2 décadas, Portugal começa a mostrar tímidos sinais de retoma no que pode ser o final desse curto período;
- Em contra-ciclo, uma vez mais, com quase todos os mesmos problemas de sempre.
02/10/2007
TRIVIALIDADES: geometria fractal - Flame Fractals
[Auroral Spiral by rajah]
(Confissão: ou isto ou abordava o momentoso tema de qual dos doutores luíses conviria mais ao engenheiro Sócrates - o que desacreditará ainda mais o PSD, ou o que se desacreditaria ainda mais a si próprio)
(Confissão: ou isto ou abordava o momentoso tema de qual dos doutores luíses conviria mais ao engenheiro Sócrates - o que desacreditará ainda mais o PSD, ou o que se desacreditaria ainda mais a si próprio)