«Fala-se muito do milagre das economias asiáticas, mas não se fala da transformação e crescimento da economia portuguesa nas últimas décadas, que foi notável. É que há também um milagre português.» Terá dito o economista Sérgio Rebelo, um guru lusitano emigrado que foi escutado atentamente pelas luminárias residentes, tais como Mira Amaral, José Silva Lopes e Henrique Neto, na conferência de ontem promovida pelo Jornal de Negócios, que cita Sérgio Rebelo sob o título bombástico «Portugal visto de fora é uma economia de sucesso».
«É humilhante para os portugueses a percepção que o exterior tem de Portugal, que é a de uma contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos», disse Jack Welch, mítico CEO da GE, durante o encontro do Fórum para a Competitividade, citado um mês atrás pelo mesmíssimo Jornal de Negócios.
30/06/2006
29/06/2006
SERVIÇO PÚBLICO: a propriedade é um roubo, pensou ele
«Na Constituição a propriedade não é um direito limitado. É um direito social», lembrou aos distraídos o doutor Eduardo Cabrita, um secretário do estado napoleónico-estalinista.
(Citado pel'O Insurgente, que aproveita para lembrar que o manual de organização do estado, também conhecido por Constituição da República, ainda não considera o direito de propriedade como um «direito social», o que quer que esta merda perigosamente colectivista queira dizer).
(Citado pel'O Insurgente, que aproveita para lembrar que o manual de organização do estado, também conhecido por Constituição da República, ainda não considera o direito de propriedade como um «direito social», o que quer que esta merda perigosamente colectivista queira dizer).
28/06/2006
SERVICE PUBLIC: l'exception française - proteccionisme chez nous, libéralisme chez vous (3)
Talvez a França ainda possa ser salva do proteccionismo endémico. Se é verdade que os casos de proteccionismo são abundantes (ver, por exemplo, aqui e aqui) também parece ser verdade que nem sempre o proteccionismo leva a melhor.
Depois de cinco meses e muitas manobras da administração e do governo francês, a Arcelor, um gigante francês da siderurgia (que mudou a sede para o Luxemburgo, como manobra de evasão) acabou por baquear perante a OPA da Mittal, um grupo indiano (quelle honte!) que é o maior produtor mundial de aço, com sede na Holanda e gerido a partir de Londres. Entre as várias pérolas usadas para desclassificar a Mittal, o patrão da Arcelor disse que a OPA era financiada com «dinheiro de macaco».
Debaixo do fogo dos accionistas, fartos das golpadas e legitimamente desejosos de realizar mais-valias, a administração da Arcelor encolheu-se e os políticos meteram as volumosas bundas entre as pernas. A coisa vai portanto consumar-se e é digna de ser festejada por várias razões, sendo a mais importante de todas o facto do capital do 3.º mundo (pardon, dos países emergentes) comprar empresas do 1.º. Viva o capitalismo!
(a estória melhor contada pode ser lida aqui, por exemplo)
Depois de cinco meses e muitas manobras da administração e do governo francês, a Arcelor, um gigante francês da siderurgia (que mudou a sede para o Luxemburgo, como manobra de evasão) acabou por baquear perante a OPA da Mittal, um grupo indiano (quelle honte!) que é o maior produtor mundial de aço, com sede na Holanda e gerido a partir de Londres. Entre as várias pérolas usadas para desclassificar a Mittal, o patrão da Arcelor disse que a OPA era financiada com «dinheiro de macaco».
Debaixo do fogo dos accionistas, fartos das golpadas e legitimamente desejosos de realizar mais-valias, a administração da Arcelor encolheu-se e os políticos meteram as volumosas bundas entre as pernas. A coisa vai portanto consumar-se e é digna de ser festejada por várias razões, sendo a mais importante de todas o facto do capital do 3.º mundo (pardon, dos países emergentes) comprar empresas do 1.º. Viva o capitalismo!
(a estória melhor contada pode ser lida aqui, por exemplo)
27/06/2006
ESTÓRIAS E MORAL: de cada um segundo as suas possibilidades, a cada um segundo as suas necessidades
Estória n.º 1 - os sobrinhos arruinados
A dívida privada externa das famílias e empresas aumentou 5% em 2005, para 66% do PIB, 97 mil milhões de euros (DE). Dito de outro modo, as portuguesas e os portugueses são gente pródiga carecida dum tio rico que lhes pague as dívidas. Ao menos uma parte delas, acrescentariam chorosos os mais insolventes.
Estória n.º 2 - o tio rico
Warren Buffett, presidente da Berkshire Hathaway, um dos maiores grupos financeiros, é ele próprio um dos homens mais ricos do mundo, além dum espírito estimulante e original - leiam-se aqui as suas famosas cartas aos accionistas (*). WB acaba de anunciar que «he will be giving away most of his $44 billion fortune to five charities» (quem não acreditar que procure o link, que eu não estou prá aí virado). Já que está no giving away porque não? Direi mesmo mais, porque não?
Moral
It's only when the tide goes out that you can see who's swimming naked (Warren Buffet, lui-même)
(*)
Umas linhas da mais recente carta do sage of Omaha, que devia ser lida em voz alta pelo camarada doutor Anacleto numa reunião do comité central (eu sei, eu sei, eles têm vergonha de lhe chamar assim) do Bloco:
A dívida privada externa das famílias e empresas aumentou 5% em 2005, para 66% do PIB, 97 mil milhões de euros (DE). Dito de outro modo, as portuguesas e os portugueses são gente pródiga carecida dum tio rico que lhes pague as dívidas. Ao menos uma parte delas, acrescentariam chorosos os mais insolventes.
Estória n.º 2 - o tio rico
Warren Buffett, presidente da Berkshire Hathaway, um dos maiores grupos financeiros, é ele próprio um dos homens mais ricos do mundo, além dum espírito estimulante e original - leiam-se aqui as suas famosas cartas aos accionistas (*). WB acaba de anunciar que «he will be giving away most of his $44 billion fortune to five charities» (quem não acreditar que procure o link, que eu não estou prá aí virado). Já que está no giving away porque não? Direi mesmo mais, porque não?
Moral
It's only when the tide goes out that you can see who's swimming naked (Warren Buffet, lui-même)
(*)
Umas linhas da mais recente carta do sage of Omaha, que devia ser lida em voz alta pelo camarada doutor Anacleto numa reunião do comité central (eu sei, eu sei, eles têm vergonha de lhe chamar assim) do Bloco:
«Charlie (o vice) and I are extraordinarily lucky. We were born in America; had terrific parents who saw that we got good educations; have enjoyed wonderful families and great health; and came equipped with a “business” gene that allows us to prosper in a manner hugely disproportionate to other people who contribute as much or more to our society’s well-being. Moreover, we have long had jobs that we love, in which we are helped every day in countless ways by talented and cheerful associates. No wonder we tapdance to work. But nothing is more fun for us than getting together with our shareholder-partners at Berkshire’s annual meeting. So join us on May 6th at the Qwest for our annual Woodstock for Capitalists.
We’ll see you there.»
26/06/2006
CASE STUDY: a formação pós-graduada a la bolognesi (outra vez), a formação ante-graduada e a investigação
Sou o primeiro a reconhecer que é um pouco rebarbativo estar a citar-me. Rebarbativo mas pertinente. Vem isto a propósito duma colecção de posts impertinentes sobre o tema das pós-graduações do ano passado: (1); (2); (3) e (epílogo)
Quando se folheia o Guia do Estudante que o Expresso publicou este ano, confirmam-se os piores receios. Se a pós-graduada já era o que era, que dizer da formação ante-graduada que oferece 1.700-mil e setecentas-1.700 «propostas de formação inicial»?
A coisa só não é preocupante porque, segundo o Expresso, «Portugal já tem muitos cientistas e o Estado investe cada vez mais na investigação. O problema está nas empresas, onde é grande a divergência com a UE». Deve ser por isso que Portugal tem 5,5 patentes por milhão de habitantes - um pouco mais de 4% do rácio médio da UE (134,5 patentes por milhão de habitantes). O que precisamos é mais Estado (com maiúscula) e menos empresas (com minúscula).
Q.e.d.
Quando se folheia o Guia do Estudante que o Expresso publicou este ano, confirmam-se os piores receios. Se a pós-graduada já era o que era, que dizer da formação ante-graduada que oferece 1.700-mil e setecentas-1.700 «propostas de formação inicial»?
A coisa só não é preocupante porque, segundo o Expresso, «Portugal já tem muitos cientistas e o Estado investe cada vez mais na investigação. O problema está nas empresas, onde é grande a divergência com a UE». Deve ser por isso que Portugal tem 5,5 patentes por milhão de habitantes - um pouco mais de 4% do rácio médio da UE (134,5 patentes por milhão de habitantes). O que precisamos é mais Estado (com maiúscula) e menos empresas (com minúscula).
Q.e.d.
25/06/2006
SERVIÇO PÚBLICO: gestão danosa da coisa pública (2) - «preparem-se para sofrer»
«Sustentabilidade até 2036» garante o ministro que já foi secretário de estado dum governo que garantia a sustentabilidade até 2050 (se não estou em erro). Donde se demonstra a falta que faz o picareta falante. Q.e.d.
«Preparem-se para sofrer», diz o locutor da SIC no começo da 2.ª parte do Portugal-Holanda.
«Preparem-se para sofrer», diz o locutor da SIC no começo da 2.ª parte do Portugal-Holanda.
24/06/2006
BLOGARIDADES: já foram magriços, agora são betinhos
«Já acho bastante curioso que os jogadores da selecção portuguesa se cumprimentem com um beijinho, num país em que os homens nunca se beijam (a não ser entre familiares próximos). Mas o que me faz mais confusão é aquela coisa de ser um beijinho só, como se fossem tias da Lapa.» (do post «Betinhos» de A Praia»
Homofóbico? Moi?
Homofóbico? Moi?
23/06/2006
TRIVIALIDADES: desta estamos livres
«Three insurers have filed a lawsuit against the U.S. Forest Service seeking to recover more than $7 million stemming from homeowners claims from the 2002 Hayman Fire in Colorado.» (A. M. Best para quem paga a conta)
Este é um problema que nunca teremos. Primeiro, porque os caipiras que estão lá no meio do mato não fazem seguro. Segundo, porque, mesmo que fizessem, as seguradoras da paróquia achariam que os incêndios florestais são todos uma fatalidade de que ninguém é responsável. Terceiro, porque, mesmo que não achassem que são fatalidades, às seguradoras da paróquia, sempre de rabinho entre as pernas, lhe faltariam as ganas para accionar o estado napoleónico-estalinista.
Este é um problema que nunca teremos. Primeiro, porque os caipiras que estão lá no meio do mato não fazem seguro. Segundo, porque, mesmo que fizessem, as seguradoras da paróquia achariam que os incêndios florestais são todos uma fatalidade de que ninguém é responsável. Terceiro, porque, mesmo que não achassem que são fatalidades, às seguradoras da paróquia, sempre de rabinho entre as pernas, lhe faltariam as ganas para accionar o estado napoleónico-estalinista.
22/06/2006
SERVIÇO PÚBLICO: alguém nos proteja dos que pedem protecção
«A administração da Portugal Telecom pretende que o Estado proteja os interesses dos investidores e accionistas da empresa na Operação Pública de Aquisição a lançar pela Sonaecom», escreve o Público.
Eu, que o tinha em relativa boa conta, começo a ter dúvidas. Será o doutor Granadeiro um remake do Visconde Barão doutor Horta e Costa sem double windsor e sem roupão de seda com brasão.
Eu, que já fui um pequeno accionista da PT (além de cliente, mas disso nem é bom falar), tive um ROI anualizado de 3,1% nos últimos 3 anos antes de vender as acções, rentabilidade inferior à dos certificados de aforro no mesmo período. Devo estar por isso autorizado a aconselhar o estado napoleónico-estalinista a ir reduzindo a sua envergadura a proporções suportáveis pela miséria do País e a não se meter com a PT. E, por falar nisso, aconselho também os accionistas da PT a protegerem-se da Administração vendendo à Sonaecom as suas acções. E, já agora, aconselho os clientes da PT a mudarem de operador, se por acaso a família Azevedo os não tratar melhor do que o Visconde Barão. E, sendo esse o caso, aconselharia a família Azevedo a mudar de ramo e dedicar-se às madeiras e às mercearias.
Eu, que o tinha em relativa boa conta, começo a ter dúvidas. Será o doutor Granadeiro um remake do Visconde Barão doutor Horta e Costa sem double windsor e sem roupão de seda com brasão.
Eu, que já fui um pequeno accionista da PT (além de cliente, mas disso nem é bom falar), tive um ROI anualizado de 3,1% nos últimos 3 anos antes de vender as acções, rentabilidade inferior à dos certificados de aforro no mesmo período. Devo estar por isso autorizado a aconselhar o estado napoleónico-estalinista a ir reduzindo a sua envergadura a proporções suportáveis pela miséria do País e a não se meter com a PT. E, por falar nisso, aconselho também os accionistas da PT a protegerem-se da Administração vendendo à Sonaecom as suas acções. E, já agora, aconselho os clientes da PT a mudarem de operador, se por acaso a família Azevedo os não tratar melhor do que o Visconde Barão. E, sendo esse o caso, aconselharia a família Azevedo a mudar de ramo e dedicar-se às madeiras e às mercearias.
O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: faltava um fugitivo
«E o fugitivo Durão Barroso aka José Manuel Barroso? Não conta?», pergunta-me com pertinência um detractor ocasional, a propósito da gestão danosa da coisa pública.
Conta sim senhor. Conta como fugitivo. Não conta como contador de promessas. Neste departamento o exclusivo é do engenheiro Guterres e dos seus ministros da pasta e respectivos ajudantes, um dos quais é, por coincidência, o actual ministro da pasta. Cada ano do consolado do picareta falante, como lhe chamava com propriedade o impertinente Pulido Valente, conta a dobrar para a atribuição de responsabilidades por gestão danosa.
Conta sim senhor. Conta como fugitivo. Não conta como contador de promessas. Neste departamento o exclusivo é do engenheiro Guterres e dos seus ministros da pasta e respectivos ajudantes, um dos quais é, por coincidência, o actual ministro da pasta. Cada ano do consolado do picareta falante, como lhe chamava com propriedade o impertinente Pulido Valente, conta a dobrar para a atribuição de responsabilidades por gestão danosa.
21/06/2006
SERVIÇO PÚBLICO: gestão danosa da coisa pública
O governo pode ser, e é, razoavelmente incompetente a cumprir o seu próprio programa e a gerir o estado napoleónico-estalinista, mas são incontestáveis as suas competências em matéria de gestão da comunicação. As más notícias vão sendo pingadas, gota a gota, confiando na péssima memória dos eleitores.
A última má notícia foi a actualização das pensões superiores a 1,5 vezes o salário mínimo que vai depender do crescimento real do PIB. Se este for inferior a 2% (coisa que acontecerá nos próximos 10 anos, bet on that) a actualização será a inflação do ano anterior menos 0,5%. É evidente para quem não tem andado distraído desde pelo menos finais dos anos 90 que o ceteris paribus na segurança social significa a prazo de uma ou duas década a derrocada financeira. A questão não é a bondade desta medida, que também só fará sentido, se fizer, como parte duma profunda reforma da segurança social (regime geral e CGA, já agora).
O que está em causa, como costuma dizer o meu amigo APS, é que todos os políticos com responsabilidades nesta área, isto é, pelo menos os primeiros ministros, e os ministros e os respectivos ajudantes com responsabilidades directas nesta área, deveriam ser accionados em tribunal por gestão danosa. Todos. Pelo menos desde Marcelo Caetano, que foi o introdutor do pay as you go em Portugal.
A coisa agrava-se no caso do actual primeiro ministro e do seu ministro da solidariedade, ou outra merda qualquer que o ministério se chame agora, que fizeram parte de um governo que garantiu a sustentabilidade financeira por décadas, depois das reformas introduzidas pelos fugitivos engenheiro Guterres e doutor Ferro Rodrigues.
A última má notícia foi a actualização das pensões superiores a 1,5 vezes o salário mínimo que vai depender do crescimento real do PIB. Se este for inferior a 2% (coisa que acontecerá nos próximos 10 anos, bet on that) a actualização será a inflação do ano anterior menos 0,5%. É evidente para quem não tem andado distraído desde pelo menos finais dos anos 90 que o ceteris paribus na segurança social significa a prazo de uma ou duas década a derrocada financeira. A questão não é a bondade desta medida, que também só fará sentido, se fizer, como parte duma profunda reforma da segurança social (regime geral e CGA, já agora).
O que está em causa, como costuma dizer o meu amigo APS, é que todos os políticos com responsabilidades nesta área, isto é, pelo menos os primeiros ministros, e os ministros e os respectivos ajudantes com responsabilidades directas nesta área, deveriam ser accionados em tribunal por gestão danosa. Todos. Pelo menos desde Marcelo Caetano, que foi o introdutor do pay as you go em Portugal.
A coisa agrava-se no caso do actual primeiro ministro e do seu ministro da solidariedade, ou outra merda qualquer que o ministério se chame agora, que fizeram parte de um governo que garantiu a sustentabilidade financeira por décadas, depois das reformas introduzidas pelos fugitivos engenheiro Guterres e doutor Ferro Rodrigues.
20/06/2006
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: a bastonada do século
Secção Perguntas impertinentes
O bastonário da Ordem dos Advogados disse ontem na conferência Lex promovida pelo Jornal de Negócios que já conversou com o ministro da Justiça sobre a sua revolucionária proposta: a lei deveria obrigar as sociedades comerciais a terem um advogado da sociedade. O bastonário não nos esclarece se o advogado deve ser empregado, ou ter uma avençazita. Eu por mim apostava no empregado exclusivo que sempre dá mais garantias de «adequação dos actos das empresas».
E, já que falo disso, porque não um médico para a medicina no trabalho? E porque não um enfermeiro para os dedos entalados nas gavetas? E porque não um sociólogo do trabalho para falar com os delegados sindicais e a CT? E, já agora, porque não um economista para as quatro operações? E porque não um engenheiro mecânico para os elevadores? E um electrotécnico para a cablagem. E um de sistemas para o portátil da gerência. Porque não? pergunto. Pelo menos as ordens têm direito a largar umas bastonadas iguais às do doutor Rogério Alves. Ficaria resolvido o problema do desemprego dos licenciados, pelo menos dos que têm bastonário.
Cinco chateaubriands para o senhor bastonário, por não ter percebido o quid e outros tantos ignóbeis, pela sua desmesurada lata.
O bastonário da Ordem dos Advogados disse ontem na conferência Lex promovida pelo Jornal de Negócios que já conversou com o ministro da Justiça sobre a sua revolucionária proposta: a lei deveria obrigar as sociedades comerciais a terem um advogado da sociedade. O bastonário não nos esclarece se o advogado deve ser empregado, ou ter uma avençazita. Eu por mim apostava no empregado exclusivo que sempre dá mais garantias de «adequação dos actos das empresas».
E, já que falo disso, porque não um médico para a medicina no trabalho? E porque não um enfermeiro para os dedos entalados nas gavetas? E porque não um sociólogo do trabalho para falar com os delegados sindicais e a CT? E, já agora, porque não um economista para as quatro operações? E porque não um engenheiro mecânico para os elevadores? E um electrotécnico para a cablagem. E um de sistemas para o portátil da gerência. Porque não? pergunto. Pelo menos as ordens têm direito a largar umas bastonadas iguais às do doutor Rogério Alves. Ficaria resolvido o problema do desemprego dos licenciados, pelo menos dos que têm bastonário.
Cinco chateaubriands para o senhor bastonário, por não ter percebido o quid e outros tantos ignóbeis, pela sua desmesurada lata.
19/06/2006
SERVIÇO PÚBLICO: sem sombra de dúvida
«Segundo os resultados uma sondagem realizada para o «Financial Times», realizada junto de cinco mil pessoas em cinco países (Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha), 36% dos europeus acredita que os EUA são a maior ameaça à estabilidade mundial, seguindo-se o Irão (30%) e a China (18%).» (Jornal de Negócios)
Sem sombra de dúvida. Sem os EUA, o Irão e/ou a China tornariam o mundo tão sossegado como um cemitério e a Europa tornar-se-ia Eurabia, a prostituta, como profetizou Oriana Fallacy no seu The Strength of Reason.
Sem sombra de dúvida. Sem os EUA, o Irão e/ou a China tornariam o mundo tão sossegado como um cemitério e a Europa tornar-se-ia Eurabia, a prostituta, como profetizou Oriana Fallacy no seu The Strength of Reason.
17/06/2006
CASE STUDY: a avaliação dos professores e os cinco equívocos do liberalismo de salão e uma conclusão (ACTUALIZADO)
Fiquei aturdido. Não é de todos os dias que se vêem liberais a aplaudir as medidas dum governo colectivista. Acontece em cada passagem do cometa Halley.
Aconteceu no caso da anunciada avaliação dos professores pelos pais que mereceu a aprovação de várias luminárias do liberalismo de salão, um pouco por todo o lado, e também aqui na nossa blogosfera paroquial. Se bem percebi, o argumento principal é que os clientes do produto «educação», os pais dos alunos segundo essas correntes, estes estão no seu direito de avaliar os fornecedores. Com a normal falta de respeito que estes delírios me despertam, acho tal argumento um disparate irremediável.
Afinal o que é um cliente? Segundo o meu dicionário de plástico é um «freguês, aquele que vende ou compra habitualmente a determinada pessoa». Segundo o Merriam-Webster's citado pela Britannica 2003, «client» é, entre outras coisas que agora não interessam, «a: a person who engages the professional advice or services of another (lawyer's clients) b: customer (hotel client) c: a person served by or utilizing the services of a social agency (a welfare client)», e «customer» é «one that purchases a commodity or service». Não vale a pena gastar a escassa erudição impertinente. Um player num mercado é cliente se comprar um produto, seja um bem, seja um serviço, isto é se pagar o seu preço.
Primeiro equívoco - o serviço é outro
Em resultado de várias décadas de contaminação pela ideologia dos apparatchiks da «educação», o serviço que a maioria dos pais dos alunos esperam que o sistema estatal lhes proporcione não é a instrução das suas proles. É o estacionamento feliz e descuidado, durante várias horas por dia, dos seus rebentos fora das ruas em que podem ser atropelados, roubados ou raptados, culminando na atribuição dum certificado que, se não tiver préstimo para arranjar um «emprego», pelo menos serve para aumentar a auto-estima das criaturas. Se algum distraído que leia estas linhas tiver dúvidas, o melhor é falar com uma meia dúzia de professores que ainda mantenha um grão de lucidez.
Segundo equívoco - quem paga são outros
Quem paga o custo desse serviço não são os pais, são os sujeitos passivos.
Terceiro equívoco - os fornecedores são outros
Os fornecedores do serviço educação estatal, pago pelos sujeitos passivos, não são os professores. O fornecedor é o estado napoleónico-estalinista, via ministério da educação. Os professores são empregados do fornecedor.
Quarto equívoco - não há mercado
A educação estatal não é, portanto, um produto porque não tem um preço e não existe um mercado da educação (com boa vontade, se o ensino privado tivesse uma importância que não tem, talvez pudéssemos falar de um quase-mercado).
Quinto equívoco - e ainda que
Ainda que a educação estatal tivesse os pais como clientes, que não tem, e os professores como fornecedores, que não são, ainda que o serviço que os pais esperassem fosse a instrução da sua prole, que não é, seria uma grande novidade se esses putativos clientes avaliassem os empregados dos fornecedores. Será preciso lembrar que a avaliação formal nas empresas, que tem uns escassos 40 anos, para já não falar da «avaliação 360º» (hipoteticamente esta incluiria os clientes), que tem uns meros 20 anos, não fez falta nenhuma ao funcionamento dos mercados que todos os dias avaliam os fornecedores há séculos?
Conclusão
Se quem tem que ser avaliado pelos pais não são os professores mas o fornecedor ministério da educação, nesse caso, se o governo quer verdadeiramente submeter à avaliação pelos «clientes» o serviço de «educação» que impinge, financiado pelos sujeitos passivos, pode instituir o cheque-instrução e os pais escolherão livremente a melhor escola para os seus filhos. O ministério da educação (entretanto reconvertido para ministério da instrução) disporá então de uma avaliação descomplicada do serviço que os seus balcões prestam aos «clientes».
Aconteceu no caso da anunciada avaliação dos professores pelos pais que mereceu a aprovação de várias luminárias do liberalismo de salão, um pouco por todo o lado, e também aqui na nossa blogosfera paroquial. Se bem percebi, o argumento principal é que os clientes do produto «educação», os pais dos alunos segundo essas correntes, estes estão no seu direito de avaliar os fornecedores. Com a normal falta de respeito que estes delírios me despertam, acho tal argumento um disparate irremediável.
Afinal o que é um cliente? Segundo o meu dicionário de plástico é um «freguês, aquele que vende ou compra habitualmente a determinada pessoa». Segundo o Merriam-Webster's citado pela Britannica 2003, «client» é, entre outras coisas que agora não interessam, «a: a person who engages the professional advice or services of another (lawyer's clients) b: customer (hotel client) c: a person served by or utilizing the services of a social agency (a welfare client)», e «customer» é «one that purchases a commodity or service». Não vale a pena gastar a escassa erudição impertinente. Um player num mercado é cliente se comprar um produto, seja um bem, seja um serviço, isto é se pagar o seu preço.
Primeiro equívoco - o serviço é outro
Em resultado de várias décadas de contaminação pela ideologia dos apparatchiks da «educação», o serviço que a maioria dos pais dos alunos esperam que o sistema estatal lhes proporcione não é a instrução das suas proles. É o estacionamento feliz e descuidado, durante várias horas por dia, dos seus rebentos fora das ruas em que podem ser atropelados, roubados ou raptados, culminando na atribuição dum certificado que, se não tiver préstimo para arranjar um «emprego», pelo menos serve para aumentar a auto-estima das criaturas. Se algum distraído que leia estas linhas tiver dúvidas, o melhor é falar com uma meia dúzia de professores que ainda mantenha um grão de lucidez.
Segundo equívoco - quem paga são outros
Quem paga o custo desse serviço não são os pais, são os sujeitos passivos.
Terceiro equívoco - os fornecedores são outros
Os fornecedores do serviço educação estatal, pago pelos sujeitos passivos, não são os professores. O fornecedor é o estado napoleónico-estalinista, via ministério da educação. Os professores são empregados do fornecedor.
Quarto equívoco - não há mercado
A educação estatal não é, portanto, um produto porque não tem um preço e não existe um mercado da educação (com boa vontade, se o ensino privado tivesse uma importância que não tem, talvez pudéssemos falar de um quase-mercado).
Quinto equívoco - e ainda que
Ainda que a educação estatal tivesse os pais como clientes, que não tem, e os professores como fornecedores, que não são, ainda que o serviço que os pais esperassem fosse a instrução da sua prole, que não é, seria uma grande novidade se esses putativos clientes avaliassem os empregados dos fornecedores. Será preciso lembrar que a avaliação formal nas empresas, que tem uns escassos 40 anos, para já não falar da «avaliação 360º» (hipoteticamente esta incluiria os clientes), que tem uns meros 20 anos, não fez falta nenhuma ao funcionamento dos mercados que todos os dias avaliam os fornecedores há séculos?
Conclusão
Se quem tem que ser avaliado pelos pais não são os professores mas o fornecedor ministério da educação, nesse caso, se o governo quer verdadeiramente submeter à avaliação pelos «clientes» o serviço de «educação» que impinge, financiado pelos sujeitos passivos, pode instituir o cheque-instrução e os pais escolherão livremente a melhor escola para os seus filhos. O ministério da educação (entretanto reconvertido para ministério da instrução) disporá então de uma avaliação descomplicada do serviço que os seus balcões prestam aos «clientes».
16/06/2006
15/06/2006
BLOGARIDADES: duas baixas em combate
O cemitério impertinente tem cada dia mais cruzes. Hoje acrescento-lhe duas. O Anacleto, que foi dado como desaparecido em combate em Fevereiro, e o Vitriolica Webb's Ite que fechou por falta de vitríolo. Uma péssima razão - era só pedir e podia abastecer-se aqui no Impertinências for free and for fun.
DIÁRIO DE BORDO: ideias perigosas
Há dois tipos de ideologias políticas perigosas no mundo. Uma defende que no Estado (com maiúscula) reside todo o bem, seja o Bem, seja o bem deles ou dos seus partidos, e diz acreditar que com o Estado Adequado teremos o Homem Adequado (o Cidadão). Outra defende que no estado (com minúscula) reside todo o Mal e diz acreditar que é o estado que impede o Homem Adequado (o Homo Liberalensis).
Os partidários da primeira ideologia são muito perigosos porque não hesitam em usar o estado para defender o que julgam ser o bem, espalhando geralmente o mal. Os partidários da segunda são inofensivos, a não ser quando pretendem usar o estado (temporariamente, dizem eles) para promover a sua extinção e, consequentemente, o Bem (acreditam eles).
Os partidários da primeira ideologia são muito perigosos porque não hesitam em usar o estado para defender o que julgam ser o bem, espalhando geralmente o mal. Os partidários da segunda são inofensivos, a não ser quando pretendem usar o estado (temporariamente, dizem eles) para promover a sua extinção e, consequentemente, o Bem (acreditam eles).
14/06/2006
DEIXAR DE GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: o presidente lubrificante
Em visita à Feira Nacional de Agricultura promovida pela CAP em Santarém, o professor Cavaco Silva lamentou «estes atritos entre diferentes responsáveis da nossa agricultura, (que) já duram há demasiado tempo». Achando ainda que lhe compete ... sublinhar que não interessam a ninguém ... (os) desentendimentos continuados entre os diferentes responsáveis pela nossa agricultura», e fazendo um «apelo renovado ao dialogo, à concertação e ao compromisso». (JN)
Esquece o professor Cavaco Silva que para pôr um módico de contenção na subsídio-dependência endémica na agricultura deste país não há alternativa a «estes atritos entre diferentes responsáveis», sobretudo quando estes responsáveis incluem o sindicato dos subsídios, a CAP, elle-même? Ou está a pensar fazer o papel do saudoso doutor Sampaio? Papel para o qual aliás não tem jeito nenhum, com aquela incapacidade de chorar e aquela insensibilidade que rivaliza com um calhau. Ele devia promover os atritos em vez de os tentar lubrificar, aceitar a fricção, e, nos casos mais difíceis, a colisão para a qual não há lubrificante que valha.
Esquece o professor Cavaco Silva que para pôr um módico de contenção na subsídio-dependência endémica na agricultura deste país não há alternativa a «estes atritos entre diferentes responsáveis», sobretudo quando estes responsáveis incluem o sindicato dos subsídios, a CAP, elle-même? Ou está a pensar fazer o papel do saudoso doutor Sampaio? Papel para o qual aliás não tem jeito nenhum, com aquela incapacidade de chorar e aquela insensibilidade que rivaliza com um calhau. Ele devia promover os atritos em vez de os tentar lubrificar, aceitar a fricção, e, nos casos mais difíceis, a colisão para a qual não há lubrificante que valha.
13/06/2006
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: despautério ou desfaçatez, digo eu
Secção de Rilhafoles
Respondendo em comunicado às ameaças de sanções do ministro das Finanças no caso de endividamento e despesas excessivos, a Associação Nacional de Municípios Portugueses explica que «as imposições legais e os protocolos celebrados com o Governo, ... implicam "milhares de novas contratações", bem como a necessidade de pessoal para garantir o funcionamento de novos equipamentos que vão sendo construídos». «Ainda assim, os últimos dados disponíveis mostram que os municípios estão 42% abaixo dos limites legais para despesas com pessoal». (Público)
Cinco chateaubriands para a ANMP, se ainda não percebeu o problema, ou, se o percebeu bem demais, outros tantos afonsos pela sua corajosa desfaçatez.
Respondendo em comunicado às ameaças de sanções do ministro das Finanças no caso de endividamento e despesas excessivos, a Associação Nacional de Municípios Portugueses explica que «as imposições legais e os protocolos celebrados com o Governo, ... implicam "milhares de novas contratações", bem como a necessidade de pessoal para garantir o funcionamento de novos equipamentos que vão sendo construídos». «Ainda assim, os últimos dados disponíveis mostram que os municípios estão 42% abaixo dos limites legais para despesas com pessoal». (Público)
Cinco chateaubriands para a ANMP, se ainda não percebeu o problema, ou, se o percebeu bem demais, outros tantos afonsos pela sua corajosa desfaçatez.
SERVIÇO PÚBLICO: entregar o ouro ao bandido
No último Diga lá Excelência o doutor Miguel Cadilhe, ao defender a sua tese de usar o ouro para pagar sinecuras aos utentes da vaca marsupial pública, referiu-se en passant à venda sistemática de ouro pelo BdeP nos últimos anos. Quando questionado pelos jornalistas sobre as razões da venda, o doutor Cadilhe fez um sorriso de Gioconda e disse entre dentes que era melhor perguntar ao BdeP que eles deveriam saber.
Desde Janeiro de 2003 até ao presente o BdeP comunicou a venda de 175 toneladas de ouro, com o «objectivo de diversificar a composição dos seus activos de investimento próprios»:
Novembro de 2005: 10 toneladas
Julho de 2005: 35 toneladas
Outubro e Novembro de 2004: 20 toneladas
Maio de 2004: 35 toneladas
Março e Abril de 2003: 45 toneladas
Fevereiro 2003: 30 toneladas.
Como se pode ver pelo gráfico seguinte, o aumento das cotações do metal amarelo foi mais do que suficiente para compensar a extraordinária quebra dos stocks do BdeP (equivalente a mais de 1/5 das reservas do BCE).
Onde têm sido aplicadas as mais-valias da venda do ouro?
(Continua, se não tiver mais nada que fazer)
Desde Janeiro de 2003 até ao presente o BdeP comunicou a venda de 175 toneladas de ouro, com o «objectivo de diversificar a composição dos seus activos de investimento próprios»:
Novembro de 2005: 10 toneladas
Julho de 2005: 35 toneladas
Outubro e Novembro de 2004: 20 toneladas
Maio de 2004: 35 toneladas
Março e Abril de 2003: 45 toneladas
Fevereiro 2003: 30 toneladas.
Como se pode ver pelo gráfico seguinte, o aumento das cotações do metal amarelo foi mais do que suficiente para compensar a extraordinária quebra dos stocks do BdeP (equivalente a mais de 1/5 das reservas do BCE).
Onde têm sido aplicadas as mais-valias da venda do ouro?
(Continua, se não tiver mais nada que fazer)
11/06/2006
DIÁRIO DE BORDO: 10 de Junho, dia negro da exclusão social (actualizado)
Já não falo mais do meu caso. Apesar das minhas críticas vitriólicas à Nação, não deixo de ser um seu filho, pródigo, mas Filho malgré moi. Mas vou estoicamente esquecer o meu caso. Aceito, rendo-me, desisto de lutar por uma Comenda.
Mas que dirão uns milhares de Portugueses que nunca mereceram uma atenção no 10 de Junho? Que devem pensar esses excluídos, a quem nunca um Venerando Chefe de Estado prantou uma Comendazinha no peito? Desde que foi instituído o Dia da Pátria, por coincidência no mesmo dia consagrado pelo fassismo à raça, já passaram por Belém Generais, Marechais, Doutores, Professores, uns Republicanos, outros fassistas, ainda outros Democratas ou Socialistas ou Social-democratas e esses milhares de excluídos continuam à espera, impacientes.
Esperava que professor Cavaco, que inscreveu no seu Pograma o Combate à Exclusão, erradicasse esta mancha do Estado Social. Imaginei que era desta, quando li que o Venerando Chefe de Estado iria este ano à Cidade Invicta condecorar várias Personalidades Locais. Imaginei, por um momento, que finalmente tínhamos um critério claro e inequívoco - o Venerando iria a partir de agora condecorar, Concelho a Concelho, ou Distrito a Distrito, quem sabe?, as Forças Vivas Concelhias ou Distritais. É certo que, mesmo sendo o Distrito a unidade escolhida, o Venerando precisaria de 4 Mandatos, mas sempre se poderia alterar a Constituição da República, por uma Boa Causa. Se os neo-liberais admitem alterá-La para abolir os Direitos Adquiridos, porque não alterá-La para aumentá-Los - os do Presidente (o Direito a condecorar) e os dos Cidadãos (o Direito a serem condecorados)?
Pensei que sim, mas já não penso. Afinal o Venerando condecorou também vários sulistas e elitistas.
ACTUALIZAÇÃO (a pedido da patroa):
E as quotas? Quotas? Para as Portuguesas, para não ir mais longe.
Mas que dirão uns milhares de Portugueses que nunca mereceram uma atenção no 10 de Junho? Que devem pensar esses excluídos, a quem nunca um Venerando Chefe de Estado prantou uma Comendazinha no peito? Desde que foi instituído o Dia da Pátria, por coincidência no mesmo dia consagrado pelo fassismo à raça, já passaram por Belém Generais, Marechais, Doutores, Professores, uns Republicanos, outros fassistas, ainda outros Democratas ou Socialistas ou Social-democratas e esses milhares de excluídos continuam à espera, impacientes.
Esperava que professor Cavaco, que inscreveu no seu Pograma o Combate à Exclusão, erradicasse esta mancha do Estado Social. Imaginei que era desta, quando li que o Venerando Chefe de Estado iria este ano à Cidade Invicta condecorar várias Personalidades Locais. Imaginei, por um momento, que finalmente tínhamos um critério claro e inequívoco - o Venerando iria a partir de agora condecorar, Concelho a Concelho, ou Distrito a Distrito, quem sabe?, as Forças Vivas Concelhias ou Distritais. É certo que, mesmo sendo o Distrito a unidade escolhida, o Venerando precisaria de 4 Mandatos, mas sempre se poderia alterar a Constituição da República, por uma Boa Causa. Se os neo-liberais admitem alterá-La para abolir os Direitos Adquiridos, porque não alterá-La para aumentá-Los - os do Presidente (o Direito a condecorar) e os dos Cidadãos (o Direito a serem condecorados)?
Pensei que sim, mas já não penso. Afinal o Venerando condecorou também vários sulistas e elitistas.
ACTUALIZAÇÃO (a pedido da patroa):
E as quotas? Quotas? Para as Portuguesas, para não ir mais longe.
10/06/2006
BREIQUINGUE NIUZ: estava à espera dum desmentido
Convencido que seria mais uma maléfica maquinação das agências de comunicação, estava à espera dum desmentido e só agora, decorrida mais duma semana, faço referência a um inesperado surto de lucidez que atacou a mente do nosso prémio Nobel.
«Num debate na Biblioteca Municipal de Oeiras, Saramago afirmou não saber "o que vai ser" o Plano Nacional de Leitura arquitectado pelo Governo, referindo apenas que "há dinheiro para gastar", mas resta "esperar para ver que resultados vai ter".
"Não vale a pena o voluntarismo, é inútil, ler sempre foi e sempre será coisa de uma minoria. Não vamos exigir a todo o mundo a paixão pela leitura", afirmou, caracterizando o facto de pertencer à comissão de honra do plano como "uma fatalidade, como as bexigas", decorrente do seu estatuto como vencedor do prémio Nobel.
"O estímulo à leitura é uma coisa estranha, não deveria ter que haver outro estímulo além da necessidade de um instrumento que permita conhecer", afirmou.» (Público)
BREIQUINGUE NIUZ: não há dinheiro, não há circo, não há circo, não há palhaços
No mesmo dia em que o ajudante anunciava que Peter Drucker ia chegar com 40 anos de atraso ao estado napoleónico-estalinista, por via de mais uma ejaculação do órgão legislativo em preparação na próstata governamental, o ministro das Finanças anunciava ao JN que não há maravedis nos cofres para conceder as anunciadas sinecuras este ano. «Não creio que estejamos num cenário financeiro, neste momento, que nos permita aceitar todo e qualquer pedido de desvinculação voluntária», disse ele, pensando sabiamente que é preciso poupar no presente para continuar a gastar no futuro.
09/06/2006
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: outra potente ejaculação
Secção George Orwell
Há dois ou três dias que o governo do senhor engenheiro não anuncia nenhum investimento. Salvo erro. Não garanto.
À míngua de investimentos, o doutor Carlos Pina, secretário de estado do Tesouro e Finanças anunciou ontem que o governo irá «aplicar à gestão pública regras idênticas às da gestão privada», querendo ele dizer que as empresas públicas irão adoptar a gestão por objectivos. Pelo menos é o que dizem jornalistas, se calhar influenciados pelas maléficas agências a que se refere o outro excelso. As correspondentes «iniciativas legislativas» (as ejaculações do órgão legislativo, segundo o glossário cá da casa) irão ser apresentadas até ao final do mês.
Sendo extraordinário que o governo, assim de repente, dê um salto em frente para adoptar os princípios de gestão saídos da mente fértil do falecido Peter Drucker, princípios que levaram anos a aplicar pelas empresas que o conseguiram, só não é tão extraordinário porque no seu seio encontrou o governo a inspiração e o espírito inovador do inefável ministro dos Negócios Estrangeiros. Dez meses atrás estava o senhor professor a ejacular o notável Despacho Normativo n.º 42/2005 de 18 de Agosto postulando «que todas as unidades orgânicas do Ministério dos Negócios Estrangeiros se orientarão pelo princípio da gestão por objectivos e estabelece os termos de execução desse sistema».
Se na época aqui se atribuíram 5 chateaubriands pela genial redução da ciência da gestão ao direito administrativo, é justo que agora não sobre nada para o governo que terá que mendigar ao senhor professor 1 ou 2 chateaubriands impertinentes.
Há dois ou três dias que o governo do senhor engenheiro não anuncia nenhum investimento. Salvo erro. Não garanto.
À míngua de investimentos, o doutor Carlos Pina, secretário de estado do Tesouro e Finanças anunciou ontem que o governo irá «aplicar à gestão pública regras idênticas às da gestão privada», querendo ele dizer que as empresas públicas irão adoptar a gestão por objectivos. Pelo menos é o que dizem jornalistas, se calhar influenciados pelas maléficas agências a que se refere o outro excelso. As correspondentes «iniciativas legislativas» (as ejaculações do órgão legislativo, segundo o glossário cá da casa) irão ser apresentadas até ao final do mês.
Sendo extraordinário que o governo, assim de repente, dê um salto em frente para adoptar os princípios de gestão saídos da mente fértil do falecido Peter Drucker, princípios que levaram anos a aplicar pelas empresas que o conseguiram, só não é tão extraordinário porque no seu seio encontrou o governo a inspiração e o espírito inovador do inefável ministro dos Negócios Estrangeiros. Dez meses atrás estava o senhor professor a ejacular o notável Despacho Normativo n.º 42/2005 de 18 de Agosto postulando «que todas as unidades orgânicas do Ministério dos Negócios Estrangeiros se orientarão pelo princípio da gestão por objectivos e estabelece os termos de execução desse sistema».
Se na época aqui se atribuíram 5 chateaubriands pela genial redução da ciência da gestão ao direito administrativo, é justo que agora não sobre nada para o governo que terá que mendigar ao senhor professor 1 ou 2 chateaubriands impertinentes.
08/06/2006
ESTADO DE SÍTIO: o que é verdade hoje, pode ser mentira amanhã (republicação)
Analisar isto deixando de lado os factos é um exercício fútil de afirmação de princípios e modelos fora do contexto, que é o que é e não o que se gostava que fosse.
Vem a propósito republicar este post impertinente:
Vem a propósito republicar este post impertinente:
Intrigado pelo anunciado veto da Autoridade da Concorrência à compra das AEA pela Brisa, perguntei a um amigo que me contou a estória por trás destas manobras.
Durante a década de 90, explicou, entendeu-se que a forma de financiamento para alargamento da rede nacional de auto-estradas seria através do project finance. Entre os inúmeros requisitos que eram necessário cumprir, (i) a Brisa não poderia participar nos novos concursos e (ii) as Concessionárias teriam obrigatoriamente de ter pelo menos uma construtora entre os seus accionistas.
A organização do Euro 2004 foi atribuída a Portugal e, entre as várias obras “necessárias”, figurava a Concessão denominada Litoral Centro, que liga Leiria a Mira (final da Concessão do Grande Porto), supostamente para abrir durante a Primavera de 2004. Para além de permitir uma melhor ligação entre as várias cidades, este corredor entre Lisboa e Porto, visava criar uma concorrência à A1.
Após muitas discussões e atrasos – a obra iniciou-se em 2005 e está prevista terminar em 2008 - a Concessão Litoral Centro foi atribuída à Brisal, detida maioritariamente pela Brisa (que inicialmente não podia concorrer e que não tinha qualquer construtora entre os seus accionistas). Naturalmente, todo o projecto AEA foi por água abaixo.
Por forma a minimizar o impacto desta decisão, foi feito um acordo entre os accionistas da AEA que, por contrapartida de 50% do Capital da AEA, os accionistas da AEA tomariam 20% do Capital da Brisal (que para além da Litoral Centro irá concorrer à Concessão da Grande Lisboa).
Agora a AdC não autoriza a compra destes 50% (na realidade são 40%, pois a Brisa já tem 10% do Capital das AEA). Resultado, a Brisa conseguiu inicialmente o que queria (atrasar o início da construção/exploração do Litoral Centro e, sobretudo, participar nesta concessão) e agora o Estado nega o que anteriormente tinha acedido. No meio estão quatro accionistas que não sabem que rumo dar às AEA.
07/06/2006
DIÁRIO DE BORDO: lasciate ogni speranza o voi che entrate
Globalização é o que um português e um alemão que trabalham para uma multinacional alemã de sofware para serviços financeiros e um português que trabalha para uma sucursal duma multinacional americana de serviços financeiros descobrem que existe quando as duas multinacionais usam para o desenvolvimento de componentes das suas software business solutions os centros de competência duma terceira multinacional indiana localizados nos EU, no Brasil e no Uruguai. Perguntados porque não utilizam software engineers portugueses, convergem na explicação: sendo muito mais baratos do que os ianques, são piores, e sendo um pouco piores dos que os brasileiros e uruguaios são muito mais caros. Q.e.d.
A banal descoberta teve lugar nas instalações duma pequena empresa doméstica de restauração que é um dos poucos serviços não transaccionáveis que dentro de alguns anos poderá (talvez) ainda oferecer postos de trabalho, que sobrarem dos brasileiros, aos songamongas que vegetam nas nossas escolas, numa longa e inútil hibernação que visa extrair-lhes qualquer hipótese de terem préstimo no mercado internacional de trabalho. Ou, dito por outras palavras, que visa transformar os songamongas em mão de obra não transaccionável.
A banal descoberta teve lugar nas instalações duma pequena empresa doméstica de restauração que é um dos poucos serviços não transaccionáveis que dentro de alguns anos poderá (talvez) ainda oferecer postos de trabalho, que sobrarem dos brasileiros, aos songamongas que vegetam nas nossas escolas, numa longa e inútil hibernação que visa extrair-lhes qualquer hipótese de terem préstimo no mercado internacional de trabalho. Ou, dito por outras palavras, que visa transformar os songamongas em mão de obra não transaccionável.
05/06/2006
BREQUINGUE NIUZ: direitos adquiridos substituídos por sinecuras
«Os funcionários públicos em situação de licença extraordinária vão receber anualmente entre 58% e 33% da sua remuneração base anual. Funcionários podem autopropor-se para o regime de mobilidade especial.
Um funcionário público que permaneça no regime de licença extraordinária durante, por exemplo, dois anos receberá o equivalente a cerca de um ano de remuneração. Já um funcionário que permaneça em licença extraordinária durante, por exemplo, 20 anos receberá o equivalente a quase oito anos de remuneração anual.
Durante todo o período de licença extraordinária, seja ele curto ou eterno, o funcionário poderá estar a trabalhar em qualquer actividade privada, acumulando assim as duas remunerações. Nesta situação, o Estado não poderá chamar o funcionário para reiniciar funções, nem no local de trabalho anterior nem noutro. O funcionário também fica isento de participar em provas de selecção e em acções de formação ou de reconversão profissional.»
(Jornal de Negócios)
É a reforma da administração pública segundo o sr. engenheiro.
04/06/2006
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: ele é um fassista (2)
- Eu disse-lhe que é um crime os pais obrigarem as crianças a coser sapatos para a Zara.
- E ele?
- Ele perguntou porquê é um crime se os pais precisam dos cobres que os filhos ajudam a ganhar para lhes dar de comer.
- Verdade? Ele disse mesmo isso?
- Disse.
- E tu? Ficaste-te?
- Nem pensar. Eu disse que coser sapatos 8 horas por dia faz artrites às crianças e estraga-lhe os olhos.
- Não são artrites, são tendinites. E ele?
- O gajo disse que pior para as artrites e os olhos do que 8 horas a coser sapatos da Zara era ficar 12 horas por dia a jogar gueimebói.
- Não acredito!? Ele disse isso?
- Juro.
- E tu? Ficaste-te?
- Eu disse-lhe: você é um fassista!
03/06/2006
02/06/2006
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: jornalismo de causas, nos antípodas
- Sr. Brigadeiro, acha que Dili está realmente segura?(Diálogo quase literal entre a jornalista de causas Jessica Rowe da cadeia australiana Today e o brigadeiro Slater, reproduzido Dissecting Leftism)
- Sim.
- Então como explica a presença de soldados armados atrás de si?
- Ó menina, eu sinto-me absolutamente seguro, independentemente de ter estes soldados armados atrás de mim que foram cá postos pelo seu encenador.
01/06/2006
BREGUINGUE NIUZ: o governo compete com as escolas-fantasma que vendem diplomas
«Mais 122 centros de reconhecimento, validação e certificação de competências (CRVCC) destinados a atribuir a adultos com baixos níveis de escolarização diplomas de equivalência ao ensino básico e, futuramente, ao 12.º, a partir dos conhecimentos e competências que demonstrem ter adquirido ao longo da sua vida profissional.» (Público)
Só não é o mesmo produto porque o outro é mais barato (os custos de estrutura não se comparam) e é pago pelos clientes. O produto do governo será mais caro e vai ser pago pelos sujeitos passivos.
Só não é o mesmo produto porque o outro é mais barato (os custos de estrutura não se comparam) e é pago pelos clientes. O produto do governo será mais caro e vai ser pago pelos sujeitos passivos.
SERVIÇO PÚBLICO: é a mesma gente? (3)
É a mesma gente que no consolado do senhor engenheiro Guterres comprou os F16 que custaram muitos milhões de euros aos sujeitos passivos e «ainda estão encaixotados», que agora os vai vender? Ao Irão? Quem sabe? Na melhor hipótese ao engenheiro Eduardo dos Santos.