21/06/2006

SERVIÇO PÚBLICO: gestão danosa da coisa pública

O governo pode ser, e é, razoavelmente incompetente a cumprir o seu próprio programa e a gerir o estado napoleónico-estalinista, mas são incontestáveis as suas competências em matéria de gestão da comunicação. As más notícias vão sendo pingadas, gota a gota, confiando na péssima memória dos eleitores.

A última má notícia foi a actualização das pensões superiores a 1,5 vezes o salário mínimo que vai depender do crescimento real do PIB. Se este for inferior a 2% (coisa que acontecerá nos próximos 10 anos, bet on that) a actualização será a inflação do ano anterior menos 0,5%. É evidente para quem não tem andado distraído desde pelo menos finais dos anos 90 que o ceteris paribus na segurança social significa a prazo de uma ou duas década a derrocada financeira. A questão não é a bondade desta medida, que também só fará sentido, se fizer, como parte duma profunda reforma da segurança social (regime geral e CGA, já agora).

O que está em causa, como costuma dizer o meu amigo APS, é que todos os políticos com responsabilidades nesta área, isto é, pelo menos os primeiros ministros, e os ministros e os respectivos ajudantes com responsabilidades directas nesta área, deveriam ser accionados em tribunal por gestão danosa. Todos. Pelo menos desde Marcelo Caetano, que foi o introdutor do pay as you go em Portugal.

A coisa agrava-se no caso do actual primeiro ministro e do seu ministro da solidariedade, ou outra merda qualquer que o ministério se chame agora, que fizeram parte de um governo que garantiu a sustentabilidade financeira por décadas, depois das reformas introduzidas pelos fugitivos engenheiro Guterres e doutor Ferro Rodrigues.

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