Secção George Orwell
Há dois ou três dias que o governo do senhor engenheiro não anuncia nenhum investimento. Salvo erro. Não garanto.
À míngua de investimentos, o doutor Carlos Pina, secretário de estado do Tesouro e Finanças anunciou ontem que o governo irá «aplicar à gestão pública regras idênticas às da gestão privada», querendo ele dizer que as empresas públicas irão adoptar a gestão por objectivos. Pelo menos é o que dizem jornalistas, se calhar influenciados pelas maléficas agências a que se refere o outro excelso. As correspondentes «iniciativas legislativas» (as ejaculações do órgão legislativo, segundo o glossário cá da casa) irão ser apresentadas até ao final do mês.
Sendo extraordinário que o governo, assim de repente, dê um salto em frente para adoptar os princípios de gestão saídos da mente fértil do falecido Peter Drucker, princípios que levaram anos a aplicar pelas empresas que o conseguiram, só não é tão extraordinário porque no seu seio encontrou o governo a inspiração e o espírito inovador do inefável ministro dos Negócios Estrangeiros. Dez meses atrás estava o senhor professor a ejacular o notável Despacho Normativo n.º 42/2005 de 18 de Agosto postulando «que todas as unidades orgânicas do Ministério dos Negócios Estrangeiros se orientarão pelo princípio da gestão por objectivos e estabelece os termos de execução desse sistema».
Se na época aqui se atribuíram 5 chateaubriands pela genial redução da ciência da gestão ao direito administrativo, é justo que agora não sobre nada para o governo que terá que mendigar ao senhor professor 1 ou 2 chateaubriands impertinentes.
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