07/06/2006

DIÁRIO DE BORDO: lasciate ogni speranza o voi che entrate

Globalização é o que um português e um alemão que trabalham para uma multinacional alemã de sofware para serviços financeiros e um português que trabalha para uma sucursal duma multinacional americana de serviços financeiros descobrem que existe quando as duas multinacionais usam para o desenvolvimento de componentes das suas software business solutions os centros de competência duma terceira multinacional indiana localizados nos EU, no Brasil e no Uruguai. Perguntados porque não utilizam software engineers portugueses, convergem na explicação: sendo muito mais baratos do que os ianques, são piores, e sendo um pouco piores dos que os brasileiros e uruguaios são muito mais caros. Q.e.d.

A banal descoberta teve lugar nas instalações duma pequena empresa doméstica de restauração que é um dos poucos serviços não transaccionáveis que dentro de alguns anos poderá (talvez) ainda oferecer postos de trabalho, que sobrarem dos brasileiros, aos songamongas que vegetam nas nossas escolas, numa longa e inútil hibernação que visa extrair-lhes qualquer hipótese de terem préstimo no mercado internacional de trabalho. Ou, dito por outras palavras, que visa transformar os songamongas em mão de obra não transaccionável.

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