28/02/2022

O Sr. Jerónimo de Sousa e o Dr. Costa entenderam-se na geringonça porque são ambos marxistas. Um da tendência Karl, outro da tendência Groucho

«... o fim da incomunicabilidade entre as forças de esquerda em Portugal eliminou o último vestígio que havia do Muro de Berlim. Foi uma conquista muito importante para a democracia portuguesa.» 

António Costa 02-12-2019

Seis anos depois da conquista que o Dr. Costa exalta, o PCP a defende que invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin, a que chama «conflito russo-ucraniano», são desenvolvimentos «inseparáveis de décadas de política de tensão e crescente confrontação dos EUA e da NATO contra a Federação Russa» que resultam de uma «perigosa estratégia de tensão e propaganda belicista promovida pelos EUA, a NATO e a União Europeia».

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (4)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Estão em marcha as obras de ampliação do edifício decrépito do Estado sucial

Com a aparente cooperação do Dr. Rio, que só quer ir embora depois de ajudar o Dr. Costa a acrescentar mais um andar ao edifício do Estado sucial, e o implícito beneplácito do Dr. Marcelo, estão em curso pela voz da Dr.ª Luísa Salgueiro, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, as manobras para aprovar sem dor a "regionalização", que é o nome dado à criação de mais uns milhares de tenças para "regionalizar" um país que tem menos de metade da população média das dez maiores cidades do mundo. A inventiva manobra passa por um "ajuste" da Constituição - não confundir com revisão - para permitir que o referendo seja aprovado com menos de metade dos eleitores, referendo que à cautela deve omitir o mapa das regiões porque já está tudo "consolidado".

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Depois de um ano e meio, o Dr. Siza Vieira impingiu à DST a EFACEC, o zombie estatal a trabalhar a metade da sua capacidade, com as encomendas de 2019 e 2020 ainda não entregues, sem mercado, sem capital e com uma dívida pantagruélica. Por prudência, o Dr. Siza ainda reservou para os contribuintes uma participação de 25% que lhes permitirá continuar a torrar dinheiro no zombie. O Expresso questionou-se sobre o que poderá ter sido oferecido à DST para "facilitar" o acordo e parece sugerir subliminarmente: o concurso de 819 milhões de automotoras para o outro zombie.

Trocando hardware por software

O governo lançou um concurso para comprar helicópteros usados com o máximo de 35 anos (médios) ou de 5 anos (ligeiros) para o combate aos incêndios florestais. Logo os críticos maldosos baptizaram o concurso de "Sucata". A verdade é que, ainda assim, estão previstos quase 70 milhões para a sucata. Se fossem helicópteros novos custariam 250 milhões, admitamos. Ora com a poupança de 180 milhões será possível pagar durante um ano (depois logo se vê) vários milhares de funcionários para engrossar a freguesia eleitoral.

Que exigências foram satisfeitas e quanto vai custar a venda da EFACEC?, pergunta-se o semanário de reverência

Anunciando o desfecho das negociações para venda de EFACEC (Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central), que se arrastavam há ano e meio, o Expresso de ontem interrogava-se sobre as exigências que o comprador viu satisfeitas para ficar com um mono sem mercado, falido e insolvente. Na coluna ao lado o Expresso parece sugerir uma resposta.

 
Expresso de 26-02-2022 Caderno de Economia 

26/02/2022

Dúvidas (330) - Agressões misteriosas no Hospital de Famalicão. Serão neonazis? Serão supremacistas brancos?

«Um segurança e dois profissionais de saúde que, ao início da madrugada desta terça-feira, estavam a trabalhar na urgência do hospital de Famalicão foram agredidos por um grupo de cerca de dez pessoas (que) chegou com uma jovem que diziam ter caído de uma carrinha e começou logo por agredir a enfermeira da triagem. Entretanto, o segurança foi em socorro da profissional, assim como um outro enfermeiro, e ambos acabaram agredidos. O enfermeiro sofreu ferimentos na cabeça e na boca e teve de ser suturado.» (JN

Esperei em vão vários dias por uma explicação sobre o móbil do crime e os criminosos. Circularam boatos que seria um grupo cigano. Nos tempos do Estado Novo, devido à Censura, circulavam frequentemente boatos, muitos deles sem fundamento. Aprendi então a só considerar verdadeiros os boatos depois de desmentidos na imprensa do regime no habitual estilo gongórico-rebarbativo.

Foi por isso que só admiti que o boato poderia ser verdadeiro quando Polígrafo o considerou falso invocando: (1) ter surgido na página do Chega; (2) a subjectividade da aparência das pessoas, (3) o Artigo 9.º do Código Deontológico dos Jornalistas, (4) nenhum jornal ter referido que os agressores eram ciganos, (5) os comentários racistas, xenófobos e odiosos nas redes sociais.

25/02/2022

Comentário ao comentário sobre o homem do gás que bateu na minha prima

A minha curta ironia sobre a pusilanimidade europeia na resposta à invasão da Ucrânia «O homem do gás está a bater na minha prima e eu reagi com firmeza e disse-lhe que não lhe compro mais bilhas» deu pretexto a este comentário doutrinário, longo de uma página A4, expressando o que me pareceu uma apreciação do que eu chamo autocracia putinesca e uma visceral rejeição do que o comentador chamou «Ocidente (XX-XXI)»

Pois bem, as minhas preferências inversas têm um fundamento muito simples: enquanto no «Ocidente (XX-XXI)» o comentador expressa pública e livremente e sem consequências a apreciação pela autocracia putinesca e a rejeição do «Ocidente (XX-XXI)», se eu fosse súbdito de Vladimir Putin e expressasse publicamente a rejeição visceral da autocracia putinesca e a apreciação pelo «Ocidente (XX-XXI)» na melhor hipótese seria perseguido, na hipótese intermédia mais provável seria preso e na pior hipótese seria assassinado a mando da clique Siloviki.

A guerra é a continuação da política do Czar Vlad por outros meios


«'War’, in Prussian military theorist Carl von Clausewitz’s most famous dictum, ‘is nothing but a continuation of politics with the admixture of other means.’ A generation of Democrats — the American variety, but also European Christian and Social Democrats — have sought to ignore that truth. Appalled by the violence of war, they have vainly searched for alternatives to waging it. When Vladimir Putin ordered the annexation of Crimea in 2014, Barack Obama responded with economic sanctions. When Putin intervened in the Syrian civil war, they tried indignant speeches.

When it became clear that Putin intended a further and larger military incursion into Ukraine, Joe Biden and his national security team opted for sanctions once again. If Putin invaded Ukraine, they said, Russia would face ‘crippling’ or ‘devastating’ economic and financial penalties. When these threats did not deter Putin, they tried a new tactic, publishing intelligence on the likely timing and nature of the Russian assault. Cheerleaders for the administration thought this brilliant and original. It was, in reality, a species of magical thinking, as if stating publicly when Putin was going to invade would make him less likely to do so. (...)

If war is the continuation of politics — ‘policy’ is, in fact, a better translation — then what exactly is Putin trying to achieve? This question has elicited many wrong answers over the years. A common assertion is that he is hellbent on resurrecting the Soviet Union. It is true that in 2005 Putin called the collapse of the Soviet empire ‘the greatest geopolitical catastrophe of the century’. But in fact it is the tsarist Russian Empire Putin is attempting to bring back from the dead. Peter the Great is his hero, much more than Stalin. (...)

Is Putin merely a fantasist when he imagines himself the heir of Peter I? Not necessarily. True, Russia’s economy may be smaller than South Korea’s, and just a fifth of America’s. But using the same method to estimate defence spending — allowing for the fact that Russian soldiers and hardware are significantly cheaper than their western equivalents — reveals that Russia is, in the words of a 2019 study, ‘The world’s fourth largest military spender, behind the United States, China, and India… The Russian General Staff gets a lot more capability out of its military expenditure than many other higher-cost militaries’ — including those of Britain and France.

Russia under Putin has become a great power once again. That is precisely why he has been able to fight and win wars in Georgia, Ukraine and Syria. That is why he is in a position for a full-scale invasion of Ukraine today. (...)

Knowing Ukraine, I imagine a significant number of the oligarchs who still control the country’s economy will prefer to kiss the Muscovite ring than to forfeit their vast wealth, even if much of it is safely stashed in London and Zurich.

On 21 February, Putin went out of his way to correct a member of his national security council who used the word ‘annexation’. He may contemplate partitioning Ukraine but I don't foresee full Anschluss. His goal seems to be to kill off once and for all Ukraine’s aspirations to become like Poland: not merely a member of Nato and the EU, but also a prosperous democracy oriented towards the West. He can achieve that by turning Ukraine into ‘Belarus South’ — a country where, rather like Russia, things changed after 1991 only in order to remain fundamentally the same. (...)»

Vlad the Invader: Putin is looking to rebuild Russia’s empireNiall Ferguson

O verdadeiro comunista e a sua fé

A fé do verdadeiro comunista da década de 40 do século passado reforçou-se com a ocupação da Europa de Leste pela União Soviética de Estaline. A fé do verdadeiro comunista da década 50 ficou inabalada com invasão da Hungria pelo exército da União Soviética de Estaline. A fé do verdadeiro comunista da segunda década do século XXI fica inabalada com invasão da Ucrânia pelo exército da Federação Russa de Putin.

O verdadeiro comunista defende que «a solução para a Catalunha passa pela vontade... do povo catalão» pelas mesmas razões que defende que a solução para «Ucrânia não pode ainda deixar de ser dissociada do golpe de Estado de 2014, promovido pelos EUA, a NATO e a UE, protagonizado por grupos fascistas» e, em consequência, passa pela vontade do Czar Putin, antigo oficial do KGB, e da clique Siloviki que sucederam ao PCUS.

23/02/2022

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (201) - Um regedor socialista e a doutrina Somoza

A estória é a de um presidente socialista de junta que se opõe indignado às filmagens na sua freguesia (Santa Maria Maior) de uma produção da Netflix, não obstante a câmara municipal de Lisboa ter uma comissão para promover filmagens em Lisboa que teve um certo sucesso ao autorizar até agora mais de milhar de pedidos para filmar, dos quais 119 na freguesia dessa criatura, sem ao que saiba nenhum protesto.

O que mudou agora?, questiona-se Helena Matos, admitindo um caso de «demência socialista». Não me parece, a começar porque os socialistas não sofrem de demência socialista. Eles sabem muito bem o que querem e o que não querem e o que fazer para o atingir ou para o evitar, respectivamente. 

Neste caso, para o regedor em causa, estas filmagens não têm nada a ver com as anteriores promovidas pela vereação do Dr. Costa e do seu delfim Dr. Medina, putativo futuro ministro das Finanças. E esse é o quid. Estas filmagens são promovidas pela vereação de Carlos Moedas a quem não se aplica a doutrina Somoza, por não ser obviamente their son of a bitch.

22/02/2022

Take Another Plan. A TAP vista por quem sabe

Sérgio Palma Brito, ex-Diretor Geral da Confederação de Turismo, escreve regularmente no seu blogue sobre temas da aviação e a TAP, sobre a qual publicou o ano passado o livro TAP Que Futuro? Como chegámos aqui!. A semana passada deu ao jornal Nascer do Sol uma entrevista muito esclarecedora onde questiona a mitologia construída sobre a TAP e considera que a decisão da CE «é filha de um Governo estatizante, de um ministro com ideologia de extrema-esquerda e de uma comissária e Direção-Geral incapazes de se impor à pressão política».

Sobre o imaginário papel insubstituível da TAP no turismo, conclui:

«O que interessa ao país é o 'turismo recetor' de não residentes em Portugal que gera a receita de viagens e turismo na balança de pagamentos. E não o 'turismo emissor' de residentes em Portugal a deslocar-se ao estrangeiro que gera despesa na referida balança. Cito a decisão: «A TAP decisiva e significativamente apoia o crescimento de uma das mais relevantes atividades económicas para o país, o turismo». Isto é delírio. A TAP foi é e será insignificante em Faro e não contribuiu para o extraordinário crescimento do aeroporto do Porto. Na Madeira perde importância e nos Açores foram a Ryanair e a easyJet que tiraram o turismo da pacatez. Em Lisboa a TAP representará cerca de 25 % do turismo recetor no aeroporto. É grave que a 'investigação aprofundada' da Direção-Geral da Concorrência tenha ignorado esta realidade, claramente quantificada por INE e Eurostat. O 'compromisso medíocre com a realidade' é demasiado brando para este nível de cegueira. A decisão é filha de um Governo estatizante, de um ministro com ideologia de extrema-esquerda e de uma comissária e Direção-Geral incapazes de se impor à pressão política. Não honram o legado de Carl van Miert, vice-presidente da Comissão (1993/99) e responsável pela política da concorrência. Segundo o The Guardian, 'One of the most powerful men in Europe', é capaz de se impor aos EUA. A regulação europeia do transporte aéreo (1992/93) está concebida para empresas ligeiras, ágeis e rápidas a adaptar-se às exigências do mercado, como só são as empresas privadas. Uma empresa nacionalizada e com políticas (não orientações estratégicas) incompatíveis com o mercado único europeu está fragilizada à partida. Quem viver, verá.»

21/02/2022

Não é a monarquia que faz funcionar bem as instituições da democracia. São as instituições democráticas que fazem funcionar a monarquia

«É fácil perceber que a monarquia constitucional é, inclusive em termos de estética política (tantas vezes ignorada entre nós), o sistema que melhor se adequa a todos os países europeus, com excepção da Suíça.» (Duarte Calvão no Corta-Fitas)

Existem na Europa onze monarquias: Bélgica, Dinamarca, Espanha, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Reino Unido, Suécia,  incluindo principados como Andorra, Liechtenstein e Mónaco. Sendo certo que em todos estes Estados existem democracias avançadas, os restantes Estados europeus são quase todos igualmente democracias avançadas. Por outro lado, a maioria das restantes monarquias não europeias, com excepção das monarquias da Commonwealth, são democracias defeituosas ou não são de todo democracias.

Não me parece que a monarquia, mesmo a monarquia constitucional, seja um sistema mais compatível com a democracia, ou que a favoreça, do que a república. Desde logo pelo facto de o monarca resultar de uma lotaria genética e não ser escolhido pelos eleitores. Se há alguma relação causal, a meu ver é a inversa: uma democracia avançada favorece ou pelo menos tolera a existência de um monarca sem poderes efectivos como símbolo da identidade nacional, símbolo que, em certos casos, como a Bélgica e o Reino Unido, é quase o único.

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (3)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

A baderna eleitoral

Não vale a pena contar a estória já muitas vezes contada. Apenas para efeitos de intendência, registe-se a pouca-vergonha dos ocupantes das instituições do Estado sucial, começando pelo governo, continuando pela Comissão Nacional de Eleições, pelos partidos e terminando em S. Exª, todos com as suas bocas sempre balbuciando respeito e encómios à Constituição, que fintaram com expedientes de chico-esperto (sendo certo que no mundo digital em que vivemos o processo de identificação previsto é obsoleto), e aos emigrantes que foram insultados pela anulação dos seus votos.

A Justiça do Estado sucial não é cega. É apenas zarolha

Por um lado, um jovem estudante perturbado é tratado como um terrorista da Jihad pela PJ, o director aproveita-se para se promover e S. Ex.ª para fazer uma selfie com himself. Por outro lado, temos um imigrante senegalês, que até poderia ter sido sufista militante da Jihad no Senegal, a quem foi concedida nacionalidade portuguesa, a insultar impunemente 20 deputados do parlamento português chamando-lhes "suínos" e "fascistas-racistas-neoliberais", depois de já ter incitado a “matar o homem branco” e de chamar à polícia "bosta da bófia".

Choque da realidade com a Boa Nova

Faz agora três anos, o Dr. Costa entregou ao seu então delfim Dr. Medina o edifício onde se situava o ministério da Educação, na avenida 5 de Outubro em Lisboa, para alojamentos de estudantes, parte de um grandioso Plano Nacional de Alojamento para o Ensino Superior. Três anos depois, está tudo na mesma e o governo anunciou agora que em 2026 o edifício estará pronto para receber umas centenas de estudantes o que abrirá a oportunidade ao sucessor do Dr. Costa de fazer novo anúncio por ocasião das eleições de 2026.

A startup que é um stop down

Por falar no Dr. Costa e no Dr. Medina, a Startup Lisboa foi criada pelo Dr. Costa em 2011, enquanto estagiava na câmara de Lisboa, para chocar os ovos das legiões de startups que iriam seguir-se. A chocadeira iria ser no Hub Criativo do Beato, na antiga Manutenção Militar, que estaria pronta em 2019 para a primeira fornada de pintos, onde três anos depois o actual presidente Carlos Moedas iria lançar a sua anunciada Fábrica de Unicórnios. Desde então, foi sendo torrado dinheiro, foram falindo vários empreiteiros e anunciadas adesões para ocupação de escritórios seguidas de desistências. No mundo real a primeira coisa que ficará pronta no trimestre corrente é o espaço de restauração (juro que é isto que o Expresso escreveu).

«Sont les mots qui vont tres bien ensemble»

Teriam dito os Beatles a respeito do título «Governo promete dinheiro barato e energia verde aos produtores de porcos» inventado pelo jornal Eco com palavras chave tão apropriadas: governo, dinheiro barato e porcos.

A caminho do socialismo


Em apenas 6 anos, de 2016 a 2021, o Dr. Costa e a sua trupe acrescentaram 74.351 utentes aos efectivos da vaca marsupial pública. É obra.

20/02/2022

A lei de Merton e o conflito entre a redução da pobreza e a redução das emissões

Uma equipa de investigadores, liderada por Benedikt Bruckner da Universidade de Groningen, publicou há dias na Nature Sustainability o paper Impacts of poverty alleviation on national and global carbon emissions onde avalia o conflito entre a erradicação da extrema pobreza e a redução das emissões para metade até 2030 que constituem os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A  razão é simples, as pessoas com maior rendimento (e os países mais desenvolvidos) têm, por razões óbvias, uma pegada de carbono muito maior do que os pés-descalços, passe a piada.  


O diagrama acima, extraído do paper citado, mostra claramente que a desigualdade da pegada de carbono está relacionada com a desigualdade de rendimento. Há por isso que ter cuidado com as consequências indesejadas de se pretender melhorar a distribuição de rendimento e, sobretudo, eliminar a pobreza, que aumentarão inevitavelmente as emissões, a não ser que os ricos reduzam drasticamente a sua pegada. Segundo o estudo, se a metade das pessoas de maior rendimento diminuísse para metade as suas emissões as emissões totais cairiam 40%. Se, um gigantesco se, apesar serem os mais ricos os que mais badalam o seu amor ao ambiente.

[Lei de Merton ou das «consequências imprevistas da ação social intencional» enunciada por Robert K. Merton em 1936 em “The Unanticipated Consequences of Purposive Social Action”]

19/02/2022

A ciência de causas das mudanças climáticas subjacente ao culto pelos devotos é uma espécie de religião pagã

A propósito da tempestade Eunice em curso no País de Gales e Escócia (ver imagem seguinte) várias pessoas. incluindo responsáveis governamentais, atribuíram esta tempestade às mudanças climáticas. Ross Clark na newletter da Spectator desmitifica essa atribuição  

Fonte

«Sentei-me e preparei-me para o pior esta manhã – não ventos fortes, mas para o programa Today atribuir às mudanças climáticas a tempestade Eunice. (...) a Baronesa Brown, que faz parte do comité de mudanças climáticas do governo, foi ao programa para explorar a ligação entre “clima extremo” e mudanças climáticas. Ela sugeriu que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) produziria um relatório muito assustador sobre isso em breve.

O uso do termo generalizado “clima extremo” – ou seja, sem incluir as palavras “vento” ou “tempestade” – foi interessante porque nessas formas particulares de clima extremo as evidências apresentadas pelo IPCC apontam exatamente na direção oposta. As latitudes em que a Grã-Bretanha se encontra estão experimentando menos tempestades intensas e ventos mais leves em geral: 'No hemisfério norte há grande concordância entre as reanálises de que o número de ciclones com baixas pressões centrais (menos de 970 hPa) diminuiu no verão e inverno durante o período 1979-2010.'

O IPCC cita um estudo que apurou que o número de tempestades sobre o Ártico e o Atlântico Norte com uma pressão central inferior a 960 hPa aumentou entre 1979 e 1990, mas caiu nas duas décadas seguintes. (...) conclui – citando 148 estudos sobre o assunto – que há uma queda geral na velocidade do vento sobre a terra no hemisfério norte até 70 graus norte (Grã-Bretanha abrange entre 50 e 60 graus norte). É o que se pode ler no capítulo 11 do relatório do IPCC.

No entanto, a ideia de que a Grã-Bretanha está a ser atingida por tempestades cada vez maiores como resultado das mudanças climáticas provocadas pelo homem parece ter-se generalizado. No início da semana, uma reportagem da BBC citou um homem do Woodland Trust que afirmou, sem ser contestado: 'As mudanças climáticas significam que as tempestades normalmente vistas apenas no nordeste da Escócia estão agora atingindo Northumberland e atravessando a Cumbria.' Bem, na verdade não. As evidências citadas pelo IPCC sugerem o contrário: as trilhas de tempestades nos hemisférios norte e sul parecem estar se movendo em direção aos polos – então as tempestades da Escócia estão se movendo para o norte e não para o sul.

(...) mostram os dados do Met Office sobre a frequência das velocidades máximas de rajadas (que)  a tempestade Eunice não parece ser um produto das mudanças climáticas provocadas pelo homem. Nem sequer faz parte de uma tendência para tempestades mais intensas; mas um mero pontinho em uma» tendência que parece estar indo na outra direção.»

18/02/2022

Não é possível é enganar todas as pessoas todo o tempo

A NBC News há dois anos que pergunta regularmente a eleitores republicanos se eles se consideram mais apoiantes de Donald Trump ou do Partido Republicano. Mais ou menos por altura da invasão do Capitólio por admiradores de Trump, como se pode ver no diagrama seguinte, deu-se uma inversão das respostas e no último inquérito 54% dos entrevistado identifica-se mais com o PR e apenas 38% com DT.  

Fonte

Pelo lado de Joe Biden, as coisas não estão melhores, como se pode ver no diagrama seguinte.

Rasmussen Reports

Com 47% de "forte desaprovação" e apenas 19%  de "forte aprovação", Biden é hoje o presidente americano menos apreciado pelos eleitores, comparativamente com os anteriores (inclusive Trump) na mesma altura do mandato.

Foi um outro presidente americano que disse:
«É possível enganar algumas pessoas todo o tempo; é também possível enganar todas as pessoas por algum tempo; o que não é possível é enganar todas as pessoas todo o tempo» 
Abraham Lincoln

Fact check ao agitprop comunista rendido à "igualdade de género"

Nos tempos que correm qualquer discurso em conformidade com os chavões da "igualdade de género" passa incólume pelos crivos dos mídia por mais disparatado que seja. 

Segundo esta notícia, a CGTP, também rendida à "igualdade de género", afirma que «cruzando os dados da Segurança Social com os dados do desemprego nos três primeiros trimestres de 2021» concluiu:

  • «perto de metade das trabalhadoras desempregadas não tinha acesso a qualquer prestação de desemprego»
  • «As mulheres desempregadas recebem, em média, prestações de desemprego 12% mais baixas do que as auferidas pelos homens desempregados».

Não existindo na legislação laboral portuguesa nenhuma disposição que faça depender do sexo o salário ou o subsídio de desemprego ou qualquer outra prestação a não ser as relacionadas com a gravidez, gostaria que a CGTP explicasse em particular:

  • As mulheres desempregadas que não receberam subsídio de desemprego preenchiam as condições para receber o receber? Se não preenchiam, porquê discriminar as mulheres em relação aos homens que nessas condições também não receberiam? Se sim, porque não perguntaram à Segurança Social porque não pagou cometendo uma ilegalidade?
  • As prestações de desemprego recebidas pelas mulheres estavam de acordo com a lei que as faz depender da idade e do salário mas não do sexo do desempregado? Se sim, qual é o problema? Se não, porque não perguntaram à Segurança Social porque não aplicou a lei?

16/02/2022

O amadorismo e a displicência do Dr. Rio só podia ser esmagado pelo profissionalismo e a diligência do Dr. Costa

Para quem tenha ficado com dúvidas sobre o grau de preparação e da diligência do Dr. Rio e da gente de quem se rodeou para as eleições legislativas, recomendo a leitura da peça «Como funcionam as pessoas que influenciam Costa na sombra» de Vítor Matos que sendo sobre a campanha do Dr. Costa serve de contraste para a campanha do PSD, uma vez ou outra citada na peça.

Há um mundo a separar o amadorismo do Dr. Rio e da sua equipa e a displicência com que conduziram a campanha e o profissionalismo e empenho da equipa do Dr. Costa. É possível que mesmo com uma campanha profissional como a do PS, o PSD tivesse perdido, por razões de estratégia, de ideias ou da falta delas, de políticas e da própria personalidade e liderança do Dr. Rio, um político local com um grande ego e ideias pequenas. Sobre isso haveria pouco a fazer. Falhar na intendência não tem desculpa. 

15/02/2022

Será apenas um exercício para desentorpecer as pernas da tropa?

NYT

«Uma guerra que os russos pedem que evitem», escreveu na sua coluna no Expresso o Dr. Miguel Sousa Tavares, para quem isto é tudo uma invenção de Biden e Johnson «para subir os índices de popularidade interna». Em relação aos russos, dou-lhe razão, porque o Czar Vlad não lhes pediu opinião nem licença. Em relação a Biden e Johnson também me parece que estão a aproveitar a boleia, o primeiro para fazer esquecer o escândalo das obras e da festa em Downing St e o segundo para tentar sair da situação de ser o presidente americano mais impopular nesta altura do mandato. 

Há só um pequeno problema que são as 100 mil tropas e os milhares de blindados à volta da Ucrânia. Será apenas um exercício para desentorpecer as pernas da tropa?

Aditamento:

Este post já estava escrito e publicado quando li o "ensaio" «E no fim do jogo perde sempre a Alemanha» do Dr. Louçã, um trotskista encartado agora infiltrado no Conselho de Estado, onde defende uma teoria da conspiração em que Biden é substituído por Washington e Johnson é substituído por Zelensky e as obras e a festa em Downing St são substituídas pelo propósito de criar «um sentimento de unidade nacional que lhes resolva a fragilidade da liderança». Há também um propósito de Washington que «é impedir a exportação de gás russo para a Alemanha e, assim, reconfigurar o mapa europeu ao sabor do ditado de Washington.» O Dr. Louçã não se dá ao trabalho de nos explicar como e porquê que as tropas do Czar surgiram onde estão. Terá sido uma combinação com Washington? 

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (96) - Os delírios do Sr. Sousa sobre as exigências do "grande capital" e as sucumbências do Dr. Costa

Numa sessão de agitprop na Escola Carolina Michaelis, no Porto, o Sr. Jerónimo de Sousa, ainda a lamber as feridas da perda de 28% dos eleitores e de metade dos deputados, atirou-se ao PS, com quem coabitou durante quase seis anos, quatro dos quais em concubinato com papel passado, e disse coisas como esta

«A chantagem que o PS fez antes para não dar resposta aos problemas que a situação do país exige, apesar de dispor de recursos financeiros e orçamentais, confirma a sua opção de dar satisfação às persistentes exigências do grande capital que reclamavam a rutura com qualquer solução de convergência com o PCP e a CDU. Com a maioria absoluta que obteve, o PS fica agora com mais condições para cumprir esse papel.»

Prisioneiro de uma visão recuperada do caixote do lixo da história, agitando a bandeira da luta contra o «capital monopolista» do Dr. Cunhal, rebaptizado de «grande capital», o Sr. Sousa imagina que temos tal coisa num Portugal dos Pequeninos cujos monopólios mais notórios foram os estatais deixados pelo PREC. Um país cronicamente descapitalizado, onde ele imagina que um punhado de grupos de dimensão modesta à escala internacional têm o poder de levar um Dr. Costa a satisfazer as suas persistentes exigências.

Persistentes exigências? Quais exigências? A redução de uma das maiores cargas fiscais da UE, sempre crescente para sustentar um Estado parasitário e ineficiente? O alívio da presença sufocante desse mesmo Estado que o PS e o Dr. Costa em particular não se tem cansado de reforçar?

A quem fariam os grandes capitalistas as suas exigências? A um Dr. Costa cujas prioridades são a ocupação com um zelo bolchevique do aparelho de estado com os seus apparatchiks e a extracção do máximo de dinheiro de Bruxelas? Sr. Sousa, tenha piedade de nós e peça a sua aposentação ao Comité Central?

14/02/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (2)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa».

O que podemos esperar do Dr. Costa e o que o Dr. Costa pode esperar da realidade

Volto a citar a previsão de Henrique Neto, um antigo socialista que sabe do que está a falar e escreveu: «vamos ter na próxima legislatura mais Estado e menos liberdade, mais impostos e mais taxas e menos concorrência, mais escolhas de quadros por amiguismo e menos por critérios de mérito, mais corrupção e menos transparência.»

Quanto ao Dr. Costa, espera-o muito provavelmente governar com uma dívida crescente a custos crescentes com a inflação a subir, uma CE menos permissiva e um BCE menos cooperante a comprar dívida, logo que a economia e as finanças públicas italianas recuperem pela mão do Super Mario, comunistas assanhados e berloquistas ressabiados, uns e outros a tentarem recuperar na rua e nas greves, os primeiros, e nas redacções dos mídia, os segundos, o que perderam nas urnas, e com um PSD acossado pelo IL e pelo Chega à procura de uma identidade perdida com um líder precário.

Irá o Dr. Costa dar ao pedronunismo a oportunidade de pôr Portugal a voar?

Lê-se nalguns jornais que no novo governo o Dr. Siza vai passar a pasta ao Dr. Pedro Nuno Santos. É uma excelente ideia. Se assim vier a ser, o Dr. Pedro Nuno estará em melhor posição para endoutrinar os "privados" no seu modelo TAP.

Corrigindo a anomalia

As eleições para a câmara de Lisboa foram uma desagradável surpresa para o PS dando a vitória a Carlos Moedas contra todas as previsões. Multiplicam-se os sinais de que a máquina do PS já está em marcha para corrigir a anomalia impedindo o presidente eleito de gerir e câmara e levando-o à demissão.

As consequências previsíveis mas imprevistas das medidas do governo para ficar bem na foto do ambiente

Há um ano o governo mandou fechar a central a carvão de Sines, «a maior e a mais eficiente da Península Ibérica», uma medida completamente irracional, como aqui se citou há um ano. Um ano depois as consequências estão à vista, como aqui explicou o antigo director-geral de Energia e Geologia. Numa altura de seca extrema foi preciso usar as reservas hidrográficas para compensar o fecho da central a carvão e importar 30% da electricidade consumida, principalmente de Espanha e uma parte dela das centrais a carvão espanholas muito menos eficientes e mais poluidoras do que a de Sines.

Job for the Boys

Uma das medidas mais relevantes para evitar o nepotismo e a incompetência que lhe está associada tomada pelo governo de Passos Coelho em 2011 foi a criação da CRESAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública). Poucos meses de depois de tomar posse, o Dr. Costa mostrou ao que vinha e mandou cancelar uma dúzia de concursos da CRESAP que estava a recrutar candidatos com base em perfis técnicos definidos pelas tutelas, coisa que não interessava nada à geringonça mais preocupada com os cartões de filiados. Com uma nova direcção desde Abril de 2017 nomeada pelo governo de Costa, a CRESAP aprovou prontamente 167 candidatos a cargos dirigentes na administração pública sem quaisquer reservas ou, como escreveu o semanário de reverência, «com zero chumbos». Outras vezes, para fintar a selecção pela CRESAP, o governo recorreu ao regime de substituição. Desde então gradualmente a CRESAP entrou em extinção e o governo já nem se dá ao trabalho de manter as aparências.

13/02/2022

Dois anos de pandemia reconfirmam a superioridade da estratégia sueca face à portuguesa

Em retrospectiva: 

Do lado de Portugal: autoridades responsáveis instruindo constantemente o povo ignaro com uma DGS (médica com uma carreira sobretudo administrativa sem qualificação científica) que ora diz uma coisa, ora diz outra, máscaras obrigatórias em todo o lado, confinamento, escolas fechadas durante alguns períodos, restauração e hotéis muito condicionados, um serviço público de saúde dedicado quase em exclusivo à pandemia com marginalização dos recursos privados.

Do lado da Suécia: autoridades com uma atitude "laxista" (muito criticada pelo jornalismo de causas do Portugal dos Pequeninos) e no equivalente à DGS um cientista (especialista em epidemiologia com reconhecimento internacional e mais de uma centena de trabalhos publicados), máscaras de uso opcional e em certos casos não permitidas, quase sem confinamento, escolas sempre abertas, restauração e hotéis sem condicionamentos, serviços de saúde público e privado em cooperação.

Já se tinha visto o resultado das duas estratégias decorrido um ano. Dois anos depois a situação é a seguinte:

Tracking covid-19 excess deaths across countries

Comparem-se agora estratégias e resultados nos dois países com populações residentes praticamente iguais (10,3 e 10,2 milhões, Portugal e Suécia):

Estratégias:
  • um Portugal com máscaras obrigatórias em todo o lado, confinamento, escolas fechadas durante longos períodos, restauração e hotéis fechados, um serviço público de saúde dedicado quase em exclusivo à pandemia com marginalização dos recursos privados e
  • uma Suécia "laxista", máscaras de uso opcional, confinamento limitado e esporádico, escolas quase sempre abertas, restauração e hotéis sem condicionamentos, serviços de saúde público e privado em cooperação.
Resultados:

Suécia com menos casos (2,4 contra 3,1 milhões de infectados), menos 20% de mortes atribuídas a Covid e, principalmente, metade do excesso de mortalidade. Este último indicador mostra ainda o SNS sueco não colapsou, ao contrário do português.

12/02/2022

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (200) - O combate à corrupção tem sido minado pelo PS

«Em resumo, é todo o edifício do combate à corrupção que tem sido minado pelo PS ao longo dos anos e que agora fica mais claramente comprometido com a maioria absoluta, nomeadamente quando abunda o dinheiro a chegar da União Europeia e quando todas as promessas de transparência são cuidadosamente esquecidas. Também a justificação dada para a morosidade da Justiça, que resultaria dos megaprocessos, não colhe, dado que os mesmos atrasos acontecem em processos de menor dimensão, como seja o processo das golas que ardem, ou dos inúmeros pequenos casos de políticos e das suas famílias acusados de realizarem rendosos negócios com o Estado. Para António Costa, pensando provavelmente no caso do SIRESP, basta afirmar que à justiça o que é da justiça e à política o que é da política, para que o problema político da corrupção fique resolvido. Certo, de que os gabinetes de advogados assumirão o resto da tarefa de usar todos os truques do arsenal jurídico para evitar, ou adiar, as mais que prováveis condenações. (...)

Muitos eleitores votaram no PS na expectativa de que o partido, liberto das imposições do PCP e do Bloco de Esquerda, retomará o caminho da governação sensata dos tempos de Mário Soares. Enganam-se, porque se é verdade que os partidos podem mudar, os seus dirigentes fazem-no raramente e no PS os herdeiros de António Guterres e de José Sócrates não mudam nunca. Arrisco-me por isso a afirmar que vamos ter na próxima legislatura mais Estado e menos liberdade, mais impostos e mais taxas e menos concorrência, mais escolhas de quadros por amiguismo e menos por critérios de mérito, mais corrupção e menos transparência.

No PS impera o tradicional culto da amizade, que as sucessivas visitas à prisão de Évora contribuíram para celebrizar. Por isso os empresários que se cuidem, o Estado socialista não só não entende que não precisem do Estado, como não lhes tolera os lucros. Os ideais do Bloco de Esquerda e do PCP continuarão bem vivos na governação Socialista, na TAP, na fuga à concorrência, nos casos da ferrovia e dos transportes públicos. Ou nas combinações secretas sobre o hidrogénio, a acrescentar a duas décadas de colossais favores feitos pelo Estado aos afilhados do PS na energia. Para trás, ficou a industrialização do país, o crescimento das exportações e o investimento, nomeadamente o investimento na indústria.»

Excerto de Qual o futuro da nova maioria absoluta?, um artigo de Henrique Neto, um homem com um passado insuspeito que conhece bem o PS, de que foi militante até à sua saída em 2009 em ruptura com o animal feroz

11/02/2022

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (5) - S. Ex.ª está de volta

Depois da penosa abstinência oratória durante o PDEC (Processo de Dissolução Em Curso), S. Ex.ª retomou o papel de Papagaio-mor do reino. No estrangeiro, onde costuma comentar que normalmente não comenta acontecimentos nacionais, fez vários comentários que a sôfrega brigada de jornalistas partilhou sofregamente com os sôfregos súbditos de S. Ex.ª.

Comentou encomiasticamente a acção da PJ na captura de um pateta que planeava atacar a Faculdade de Ciências armado com uma besta, como «discreta, mas eficaz», acção que, por natureza das coisas, deixou de ser discreta, acrescentando que «isso dá um sentimento de segurança acrescido aos portugueses».

Desfez com um vibrante «Não, não, não» a angústia sobre o possível atraso na posse do novo governo maioritário do Dr. Costa por causa de uns problemas de intendência eleitoral, tranquilizando os portugueses, muitos deles a tomar regularmente ansiolíticos desde as eleições.

E ainda teve tempo de convidar John Kerry, o homem do seu colega Biden para os temas ambientais, para participar num Conselho de Estado na data que mais lhe convier, transformando assim uma reunião doméstica num acontecimento galáctico.

Bem haja, Sr. Presidente.

CASE STUDY: Democracias defeituosas (4) - A democracia social-costista foi despromovida, outra vez

Segundo o índice da Economist Intelligence Unit, o Dr. Costa colocou a democracia portuguesa outra vez um poucochinho mais defeituosa do que o ano passado mantendo-a na categoria de "democracia defeituosa" (*), caindo dois lugares por ter baixado outra vez o índice global de 7,90 para 7,82 (em 2020), o sétimo mais baixo da Europa Ocidental, em resultado principalmente de um fraco score do funcionamento do governo (desceu de 7,50 para 7,14) e da participação política cujo score, apesar de ter melhorado, é o quinto mais baixo da Europa Ocidental..


Com se vê no diagrama seguinte, o índice de democracia português tem mostrado uma tendência para se deteriorar.


Deterioração que se tem verificado em muitos outros países e que a pandemia veio acentuar com o seu cortejo de medidas de limitação das liberdades.

Economist

(*) «Democracias com falhas (Flawed democracies): estes países também têm eleições livres e justas e, mesmo que existam problemas (como a violação da liberdade de imprensa), as liberdades civis básicas são respeitadas. Contudo, existem fraquezas significativas noutros aspectos da democracia, incluindo problemas de governação, cultura política subdesenvolvida e baixos níveis de participação política.»

«Middle income trap», disse a Dr.ª Elisa

Na conferência de imprensa de apresentação do 8.º Relatório da Coesão, a Dr.ª Elisa Ferreira, comissária europeia da Coesão e Reformas, referindo-se às «regiões de rendimento intermédio ou menos desenvolvidas, especialmente no sul e no sudoeste, (que) estão a sofrer de estagnação económica ou declínio (...)  foram atingidas pela crise económica e financeira de 2008 e estão a ter dificuldade em recuperar desde então» explicou que essas regiões, que abrangem todas as regiões (NUTS) portuguesas salvo a PT17 (Área Metropolitana de Lisboa), estão numa armadilha de rendimento médiomiddle income trap»).

No caso português, com a excepção da Área Metropolitana de Lisboa, todas as outras regiões tiveram desde a adesão um PIB per capita bastante abaixo da média da UE, por razões conhecidas que incluem factores políticos, sociais, culturais e económicos, tais como um Estado omnipresente que não aprecia os "privados", aversão ao risco e à concorrência, mão-de-obra pouco qualificada, défice de gestão e descapitalização que explicam a persistente a baixa produtividade, etc. Por isso, no caso português explicar que estão numa armadilha de rendimento médio, pareceu-me excêntrico até para a Dr.ª Elisa.

Pareceu-me, até que recordei a proverbial excentricidade do seu pensamento político e económico que mostrou, por exemplo, quando foi candidata pelo PS à Câmara do Porto, em simultâneo com a candidatura ao parlamento europeu, onde, como então disse, «vou só dar o nome e volto», e explicou aos velhinhos de um lar que visitou «pintaram [a vereação de Rui Rio] os bairros, mas esqueceram-se de vos dizer que o dinheiro é do Estado, é do PS».

09/02/2022

As manobras manipulativa do Czar Vlad denunciadas por quem sabe

 «Hoje, a humanidade vive na expectativa de uma guerra. E a guerra significa inevitáveis vítimas humanas, destruições, sofrimentos de um grande número de pessoas, o fim do modo de vida normal, a destruição de sistemas vitais de funcionamento de Estados e povos. Uma guerra grande é uma enorme tragédia e um crime grave. Acontece que no centro desta ameaçadora catástrofe está a Rússia. E pela primeira vez na sua história.

Antes, a Rússia (URSS) conduziu guerras inevitáveis (justas) e, guerra geral, quando não havia outra saída, quando estavam sob ameaça os interesses vitais do Estado e da sociedade.

E o que é que hoje ameaça a existência da própria Rússia, há semelhantes ameaças? Pode-se afirmar que, realmente, as ameaças estão à vista: o país está no limiar de terminar a sua história. Todas as esferas vitalmente importantes, incluindo a demografia, degradam-se constantemente e os ritmos de redução da população batem recordes mundiais. E a degradação tem um carácter sistémico e, em qualquer sistema complexo, a destruição de um dos elementos pode conduzir à queda de todo o sistema.

E, pensamos nós, esta é a principal ameaça para a Federação da Rússia. Mas esta ameaça tem uma natureza interna, que parte do modelo de Estado, da qualidade do poder e da situação da sociedade.

E as causas do seu aparecimento são internas: a inviabilidade do modelo estatal, a total incapacidade e falta de profissionalismo do sistema de poder e administração, a passividade e desorganização da sociedade. Nenhum país viverá muito nestas condições.

No que respeita às ameaças externas, elas estão incondicionalmente presentes. Mas, segundo peritagens nossas, elas, actualmente, não são críticas, não ameaçam directamente o Estado da Rússia, os seus interesses vitalmente importantes. Em geral, conserva-se a estabilidade estratégica, as armas nucleares estão seguras, os contingentes da NATO não aumentam, não há sinais de actividade ameaçadora.

Por isso, a situação crescente de tensão em torno da Ucrânia tem, antes de tudo, um carácter artificial, mesquinho para algumas formas internas, nomeadamente da Rússia.»

A denúncia das manobras do Czar Vlad a pretexto da Ucrânia é um excerto da mensagem ao Czar do general-coronel na reserva Leonid Ivashov em nome da União dos Oficiais da Rússia que José Milhazes traduziu e publicou no Observador, prestando um serviço a quem procurar conhecer a verdade por trás do nevoeiro informativo.

08/02/2022

Minerando o guito europeu. Quando há seca no Portugal dos Pequeninos tenta-se ir buscar água a Bruxelas

«Vou estar com o senhor comissário e vou reforçar de novo – à semelhança do que temos articulado com os outros Estados-membros da bacia do mediterrâneo – para podermos intensificar as medidas e darmos resposta às necessidades dos agricultores, por esta dupla crise que se faz sentir: não só pelo aumento dos custos de produção, mas também por esta crise severa que se faz sentir pela falta de água

Ministra da Agricultura em entrevista à Rádio Renascença

Esta gente é um bando de mendicantes profissionais que já perdeu qualquer noção de dignidade e decência. O Grande Zarolho escreveu no século XVI «um fraco Rei faz fraca a forte gente». Hoje escreveria um fraco Rei faz mais fraca a fraca gente.

PS: (*) Nem de propósito, a CE acaba de divulgar que o Portugal dos Pedintes é o país da UE em que o investimento público mais depende dos fundos europeus.

A dependência aumenta de 50% no anterior QREN (2007-2013) para 90% durante o actual Portugal 2020 (2014-2020). (Expresso)

(*) Neste caso não é Post Scriptum é Partido Socialista.

07/02/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (1)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa».

Prólogo

A primeira fase da governação do D. Costa foi o «virar a página», dedicada a desmantelar as poucas reformas introduzidas pelo governo PSD-CDS. Nela assistimos à execução, com a assistência de S. Ex.ª o PR, de passes de mágica de grande sofisticação, entre os quais se destaca a redução do horário dos funcionários públicos de 40 para 35 horas que, garantiram todos os participantes no número, não teria consequências orçamentais.

Seguiu-se a fase das «contas certas» onde à custa de cativações e outros expedientes orçamentais o Dr. Costa procurou a quadratura do círculo tentando satisfazer comunistas e berloquistas e manter sossegada a CE.

A partir das eleições de 2019, a geringonça começou a desfazer-se e o Dr. Costa inventou em sua substituição uma espécie de Passarola que teve vida curta e se afundou com o chumbo do OE2021 pelos antigos aliados, agora inimigos. Chumbo que levou às eleições do dia 31 de Janeiro em que o eleitorado do Partido do Estado, a que o PS costuma chamar povo, falou e disse que não está para maçadas, preferindo a mansidão da decadência à turbulência das "reformas" e dos "mercados" e espera que o Dr. Costa, agora livre da geringonça, consiga com as suas habilidades extorquir à Óropa e aos ricos os dinheiros necessários para manter o statu quo.

A herança de Passos Coelho, reiteradamente invocada pelo Dr. Costa e seus ajudantes e pelos ex-aliados da geringonça, herança que, aliás, era do Eng. Sócrates e dos seus ajudantes (entre os quais o Dr. Costa), prescreveu há pelo menos quatro anos. A partir de agora, a pesada herança do Dr. Costa é a obra de 6 anos que ele próprio carregará aos ombros da sua maioria absoluta. Contudo, não se diminua a proverbial habilidade do Dr. Costa a descartar responsabilidades e, por isso, o mais tardar no final do mandato, ou antes, se as coisas correram começarem a correr pior mais depressa, devemos estar preparados para receber a herança que ele nos vai deixar que rivalizará com a do seu antecessor Eng. Sócrates.

«Pagar a dívida é ideia de criança» ou o passe de mágica do governo do Dr. Costa

Num coro afinado, a imprensa amiga publicou a semana passada a Boa Nova do recuo de 900 milhões da dívida pública, com títulos enaltecendo o feito.

Banco de Portugal

Quando se lê a nota de informação do BdP e se observa o gráfico acima, salta à vista que a redução de 900 milhões da dívida bruta foi exclusivamente conseguida à custa da redução da almofada de segurança dos depósitos em bancos. A dívida líquida, que é afinal a que interessa, aumentou 7.372 milhões para 253.039 milhões. Se compararmos as dívidas líquidas em Dezembro de 2017 e em Dezembro de 2021 constatamos que em quatro anos houve um brutal aumento de 26.603 milhões, apesar das cativações e outros truques orçamentais, passando o rácio da Dívida Líquida/PIB de 116% para 121%.

06/02/2022

PUBLIC SERVICE: Fear fueled by risk aversion is a major threat to democracy

«The second of democracy’s great enemies is fear. People who are sufficiently frightened will submit to an authoritarian regime which offers them security against some real or imagined threat. Historically, the threat has usually been war. In the two world wars of the twentieth century Britain transformed itself into a temporary despotism with substantial public support. Wars, however, are rare. This country has generally conducted its wars at a distance. It has not faced an existential threat from external enemies since 1940, unless you count the high point of the nuclear threat in the 1960s.

The real threat to democracy’s survival is not major disasters like war. It is comparatively minor perils, which in the nature of things occur more frequently. This may seem paradoxical. But reflect for a moment. The more routine the perils from which we demand protection, the more frequently will those demands arise. If we confer despotic powers on government to deal with perils, which are an ordinary feature of human existence, we will end up doing it most or all of the time. It is because the perils against which we now demand protection from the state are so much more numerous than they were that they are likely to lead to a more fundamental and durable change in our attitudes to the state. This is a more serious problem for the future of democracy than war.

It arises because of the growing aversion of western societies to risk. We crave protection from many risks which are inherent in life itself: financial loss, economic insecurity, crime, sexual violence and abuse, sickness, accidental injury. Even the late pandemic, serious as it was, was well within the broad range of mortal diseases with which human beings have always had to live. It is certainly within the broad range of diseases with which we must expect to live with in future.

We call upon the state to save us from these things. This is not irrational. It is in some ways a natural response to the remarkable increase in the technical competence of mankind since the middle of the nineteenth century, which has considerably increased the range of things that the state can do. As a result, we have inordinately high expectations of the state. We are less inclined to accept that there are things that it cannot or should not do to protect us. For all perils, there must be a governmental solution. If there is none, that implies a lack of governmental competence.

Attitudes to death provide a striking example. There are few things as routine as death. “In the midst of life, we are in death,” says the Book of Common Prayer. Yet the technical possibilities of modern, publicly-financed medicine have accustomed us to the idea that, except in extreme old age, any death from disease is premature, and that all premature death is avoidable. Starting as a natural event, death has become a symptom of societal failure.

In modern conditions, risk-aversion and the fear that goes with it are a standing invitation to authoritarian government. If we hold governments responsible for everything that goes wrong, they will take away our autonomy so that nothing can go wrong. We have had a spectacular demonstration of this during the pandemic, where coercive measures with radical effects on our lives were made by ministers with strong public support but minimal parliamentary input. A minister told me some months ago that he thought liberal democracy an unsuitable instrument for dealing with a pandemic, and that something more “Napoleonic” was needed. He was making a more significant point than he realised. Whatever one thinks about this — and my own views are well known — it unquestionably marks a significant change in our collective mentality.»

An excerpt from "«When fear leads to tyranny. Democracy is being quietly redefined» an essay by Jonathan Sumption

05/02/2022

04/02/2022

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (55) - Qual a eficácia e o fundamento científico das medidas de confinamento? (II)

Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de (I)

Há um ano citámos as conclusões de um estudo do prof. Ioannidis (Assessing Mandatory Stay‐at‐Home and Business Closure Effects on the Spread of COVID‐19) no sentido do efeito líquido das medidas mais restritivas de confinamento doméstico e do fecho de empresas tomadas adicionalmente às medidas menos restritivas (como no caso da Suécia e Coreia do Sul que não adoptaram o confinamento doméstico obrigatório e do fecho compulsivo de empresas) não ter sido significativo no número de casos e que, em consequência, reduções da mesma amplitude poderiam ter sido alcançadas com medidas menos restritivas.

Desta vez citamos as conclusões de um paper acabado de publicar de Jonas Herby, Lars Jonung e Steve H. Hanke (A LITERATURE REVIEW AND META-ANALYSIS OF THE EFFECTS OF LOCKDOWNS ON COVID-19 MORTALITY), onde foram revistos 24 estudos comparando países de acordo com o rigor dos seus confinamentos e a obrigatoriedade de uso de máscaras. A conclusão é não ter sido possível estabelecer uma relação clara entre o rigor do confinamento e a letalidade na primavera de 2020. O confinamento terá com reduzido apenas 0,2% das mortes e a obrigatoriedade de isolamento em casa reduziu as mortes em 2,9%. 

É claro que estas conclusões não têm um valor absoluto, a começar pelo facto de para a meta-análise terem sido escolhidos 24 entre muitos outros estudos. Apenas são um contrapeso à ciência de fancaria que apresenta às massas ignaras dogmas que parecem ditados por uma entidade divina.

02/02/2022

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Monica Vitti, a amante que todos os maiores de 60 anos gostariam de ter tido

A política de coerção e má vizinhança do Novo Império do Meio

«As disputas no Mar da China Meridional remontam a décadas. Envolvem Brunei, China, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietname, todos com reivindicações contestadas. Mas foi apenas há dez anos que a China, que faz reivindicações marítimas bizarras por quase todo o mar, aumentou bastante a aposta. Primeiro, provocou um impasse que a deixou a controlar um atol desabitado, Scarborough Shoal, que sob a lei marítima da ONU claramente pertence às Filipinas, situado dentro da Zona Económica Exclusiva de 200 milhas náuticas daquele país. Em seguida, a China lançou um exercício maciço de terraformação, transformando recifes e rochas em ilhas artificiais que abrigam pistas e bases. O que conseguiu a China, uma década depois, além da destruição intencional de ecossistemas únicos?

A terraformação no mar acabou. Xi Jinping, o presidente da China, afirmou que seu objetivo era beneficiar todos – reforçando a segurança da navegação para o transporte comercial, por exemplo – e que as novas ilhas não tinham finalidade militar. As alegações são um disparate. As ilhas artificiais abrigam pistas para bombardeiros de longa distância, bunkers reforçados, baterias de mísseis e radar militar. O objetivo de longo prazo, dizem diplomatas e analistas regionais, é projetar o poder chinês profundamente no Mar do Sul da China e além, e manter os americanos afastados durante qualquer conflito.

O objetivo imediato, porém, é dominar política e economicamente tanto quanto militarmente. Aqui, as novas bases ajudam não através da implantação de hard power, mas com a coerção disfarçada dos vizinhos. Guarda costeira, navios de pesquisa e “milícias marítimas” desempenham seu papel. Estas últimas são frotas supostamente envolvidas na pesca comercial, mas na realidade trabalham ao lado de operações militares e policiais chinesas em águas disputadas.

Em Março passado, cerca de 200 barcos de pesca chineses invadiram o recife de Whitsun, dentro da ZEE filipina. Hoje, cerca de 300 navios da milícia estão presentes todos os dias em torno das Ilhas Spratly, no coração do Mar da China Meridional, escreve Gregory Poling, do Centre for Strategic and International Studie, um centro de estudos em Washington. A China desafiou a atividade de petróleo e gás da Indonésia e da Malásia e enviou plataformas de perfuração para as ZEE e plataformas continentais de ambos os países. Intimidou as empresas estrangeiras de energia a abandonar o desenvolvimento conjunto com o Vietname e outros, enquanto oferece aos vizinhos a cenoura do desenvolvimento conjunto consigo própria – na condição das suas reivindicações serem reconhecidas.

A China pagou um preço diplomático. Se Xi se não tivesse envolvido em nenhuma terraformação e intimidação, a China seria mais admirada entre os membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) de dez países. A ocupação dos recifes de Whitsun levou o presidente Rodrigo Duterte, das Filipinas, a deixar de cultivar Xi e a manter-se próximo dos Estados Unidos. Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais aumentaram sua presença naval no mar, o que foi saudado pela maioria dos membros da ASEAN. No entanto, a China age como se o tempo estivesse do seu lado – afinal, é o parceiro económico indispensável da região. Mais cedo ou mais tarde, calcula, um país se separará dos restantes e aceitará um projeto de desenvolvimento conjunto chinês dentro de sua própria ZEE, cedendo assim às reivindicações de soberania da China.»

01/02/2022

O povo falou e disse: queremos mais do mesmo e entre a imitação e o autêntico preferimos o autêntico

O povo falou e cada um escutou o que queria ouvir. Eis o que ouvi.

A esquerdalhada comunista e berloquista foi devastada e em dois anos perdeu metade dos seus votos. São os comunistas a caminharem para o caixote do lixo da história e os berloquistas a esgotaram o seu arsenal de causas masturbatórias que nada dizem à maioria de dependentes do Estado. Não se percebe como conseguirão continuar a falar em nome do povo.

O PSD de Rio e o CDS de Chicão, depois de dois mandatos de 6 anos do PS, perderam mais de 400 mil votos em relação à eleição de 2015 com o PSD e o CDS de então desgastados por quatro anos a resgatar o país do desastre socialista. Uma vez mais, o povo preferiu o socialismo de Costa ao socialismo de Rio.

IL, um agregado instável composto por linces da Serra da Malcata (*), genuínos apreciadores da liberdade, e por pragmáticos e diletantes que na verdade gostariam principalmente de pagar menos IRS, conseguiu mais votos do que as tribos que compõem a esquerdalhada e falam em nome do povo. Desconfio que fez o pleno.   

Chega, outro agregado instável, composto por genuínos cultores de Deus, Pátria e Família, que têm esperança que as bandeiras dos ciganos, da castração e da prisão perpétua sejam apenas concessões passageiras para mobilizar as massas, que eles imaginam patrióticas, e pelas mentes simples que só entendem ideias simples, muito carecidas de objectos para o seu ódio. Suspeito que também tenha feito o pleno.

Finalmente, os grandes vencedores destas eleições, o PS e o Dr. Costa que interpretaram que o povo, isto é o eleitorado do Partido do Estado, quer sopas e descanso, prefere a mansidão da decadência à turbulência das "reformas" e dos "mercados" e espera que o Dr. Costa, agora livre da geringonça, consiga com as suas habilidades extorquir à Óropa e aos ricos os dinheiros necessários para manter o statu quo.

E depois? E depois ainda não é o fim da história porque o socialismo na jangada de pedra suspende-se quando acaba o dinheiro de Bruxelas, o mais tardar por alturas do fim da bazuca que, por coincidência, é o fim do mandato do Dr. Costa. Um mandato durante o qual terá um PCP a fazer prova de vida nas greves e na rua, um BE a zumbir nas redacções onde pontifica e um clima económico que só pode ser pior do que desfrutou e não aproveitou. Vejamos qual o coelho que ele vai tirar da cartola para se irresponsabilizar.

Et voilà.

(*) Passaram muitos anos desde pela primeira vez comparei a raridade das criaturas apreciadoras da liberdade à dos linces da Serra da Malcata neste Portugal dos Pequeninos onde, como escreveu Alçada Baptista, não faltam libertinos, demagogos ou ultramontanos e onde tudo chega tarde, desde o comunismo em 1975, quando já estava moribundo, até ao liberalismo no presente quando já está entre parêntesis nas democracias avançadas onde agora o Estado omnipresente retoma a sua proeminência.