“Youth should learn to think and act as a mass. It is criminal to think as individuals!”
“The victory of Socialism is well worth millions of atomic victims!”
“We must do away with all newspapers. A revolution cannot be accomplished with freedom of the press.”
“To send men to the firing squad, judicial proof is unnecessary. These procedures are an archaic bourgeois detail. This is a revolution! And a revolutionary must become a cold killing machine motivated by pure hate.”
“Hatred is the central element of our struggle! Hatred so violent that it propels a human being beyond his natural limitations, making him a violent and cold-blooded killing machine. Our soldiers must be thus.”
“I fired a .32 caliber bullet into the right hemisphere of his brain which came out through his left temple. He moaned for a few moments, then died.”
“I’d like to confess, Papa, at that moment I discovered that I really like killing.”
Ernesto «Che» Guevara
Dedicatória: a todos os patetas com uma T-shirt com a efígie do querido Ernesto.
28/02/2014
27/02/2014
ACREDITE SE QUISER: Eurocéptico? Moi?
Do orçamento a longo prazo da União Europeia para 2014-2020 de quase um bilião (um milhão de milhões), Portugal durante 7 anos receberá uma média de 10 milhões de euros por dia, incluindo domingos, feriados e dias santos, ou mais de 2% do PIB em cada ano.
Pro memoria (161) – O Dr. Soares é um grande pândego
Se Portugal não fosse, como é, um país que toma a sério o que seria para brincar, brincando com coisas sérias, e os portugueses fossem servidos por um sentido de humor que infelizmente não faz parte da portugalidade, as intervenções "cívicas" do Dr. Soares, o papa do socialismo reviralhista, seriam tomadas como divertidos delírios e os seus artigos publicados não no DN, onde costumam sê-lo, mas no Público – no caderno Inimigo Público, entenda-se.
O último desses artigos intitulado «O Governo, as ondas e a nossa costa» é um bom exemplo. Nele o Dr. Soares lastima que «o ministro Pires de Lima, nunca se ocupou das ondas gigantes que arrasaram a costa portuguesa», acusa o governo «de ter destruído o Estado social, o Serviço Nacional de Saúde e grande parte das nossas universidades e tribunais», de fazer desaparecer «cientistas, escritores, poetas, artistas plásticos, etc.», de desejar «um novo 28 de Maio», de obrigar a sair de Portugal «um grande cantor, Fernando Tordo, tão popular e inteligente para poder ganhar a vida no Brasil» (uma subtil ironia aos ajustes directos que os governos socialistas fizeram para lhe pagar as cantorias).
Louva Sá Carneiro, «um homem de esquerda e só não entrou na Internacional Socialista porque o PS já lá estava» (esta piada é particularmente boa), Capucho, Mota Pinto (o seu companheiro de bunga-bunga), Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira ou «bastantes outros».
Até acusa «a própria ONU (por) ignorar esta situação (mudanças climáticas). Por causa dos mercados e da globalização economicistas», depois de durante anos a ter louvaminhado.
Porém, talvez a sua mais conseguida piada tenha sido pôr na boca do governo de Passos Coelho, a propósito do seu alegado desinteresse pela cóltura, a frase «quando oiço falar de cultura, puxo logo da pistola» de Paul Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda do III Reich, que o azougado Dr. Soares atribui a «um dos apaniguados de Franco, em Saragoça, crítico e inimigo do grande Unamuno». Apaniguado (José Millán-Astray, um dos falangistas mais tesos da guerra civil espanhola) que teve com Miguel de Unamuno em 1936, na Universidade de Salamanca e não em Saragoça, uma conhecida discussão onde não puxou da pistola, nem tão pouco gritou a sua conhecida divisa «Viva la muerte!» que já tinha inventado na década anterior para o «Tercio de Extranjeros» que comandou.
Há quem diga que o Dr. Soares sofre de esquerdismo senil, ou é inimputável ou está a ser usado como uma espécie de canhão sem mira por uma facção do PS, ou, pelo contrário, é um político maquiavélico com uma agenda escondida. Não acho nada disso. Para mim, o Dr. Soares é um grande pândego. Cada vez mais, o maior de todos.
O último desses artigos intitulado «O Governo, as ondas e a nossa costa» é um bom exemplo. Nele o Dr. Soares lastima que «o ministro Pires de Lima, nunca se ocupou das ondas gigantes que arrasaram a costa portuguesa», acusa o governo «de ter destruído o Estado social, o Serviço Nacional de Saúde e grande parte das nossas universidades e tribunais», de fazer desaparecer «cientistas, escritores, poetas, artistas plásticos, etc.», de desejar «um novo 28 de Maio», de obrigar a sair de Portugal «um grande cantor, Fernando Tordo, tão popular e inteligente para poder ganhar a vida no Brasil» (uma subtil ironia aos ajustes directos que os governos socialistas fizeram para lhe pagar as cantorias).
Louva Sá Carneiro, «um homem de esquerda e só não entrou na Internacional Socialista porque o PS já lá estava» (esta piada é particularmente boa), Capucho, Mota Pinto (o seu companheiro de bunga-bunga), Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira ou «bastantes outros».
Até acusa «a própria ONU (por) ignorar esta situação (mudanças climáticas). Por causa dos mercados e da globalização economicistas», depois de durante anos a ter louvaminhado.
Porém, talvez a sua mais conseguida piada tenha sido pôr na boca do governo de Passos Coelho, a propósito do seu alegado desinteresse pela cóltura, a frase «quando oiço falar de cultura, puxo logo da pistola» de Paul Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda do III Reich, que o azougado Dr. Soares atribui a «um dos apaniguados de Franco, em Saragoça, crítico e inimigo do grande Unamuno». Apaniguado (José Millán-Astray, um dos falangistas mais tesos da guerra civil espanhola) que teve com Miguel de Unamuno em 1936, na Universidade de Salamanca e não em Saragoça, uma conhecida discussão onde não puxou da pistola, nem tão pouco gritou a sua conhecida divisa «Viva la muerte!» que já tinha inventado na década anterior para o «Tercio de Extranjeros» que comandou.
Há quem diga que o Dr. Soares sofre de esquerdismo senil, ou é inimputável ou está a ser usado como uma espécie de canhão sem mira por uma facção do PS, ou, pelo contrário, é um político maquiavélico com uma agenda escondida. Não acho nada disso. Para mim, o Dr. Soares é um grande pândego. Cada vez mais, o maior de todos.
26/02/2014
Títulos inspirados (23) - «Cofina implementa “lei seca” para todos os trabalhadores»
Best seller |
«Os trabalhadores do grupo Cofina, detentora dos títulos Correio da Manhã, Record e Jornal de Negócios, que apresentem sinais exteriores que indiciem notório estado de embriaguez terão de se submeter a um teste de alcoolemia.» (Económico)
O jornalismo de copos é uma subespécie particular benigna e muito antiga do jornalismo de causas. Pode coexistir no mesmo jornalista com o jornalismo de causas vulgaris.
CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba (8)
[Outras revoltas na tumba: (1),
(2), (3), (4), (5), (6) e (7)]
Há cerca de um ano, perante os números de 2010 e 2011, interrogava-me sobre o que anda a ser feito com o legado do de cujus, ao saber que a presidente Leonor Beleza andava por essa altura à procura de apoios financeiros e de mais doações explicando em linguagem cifrada: «vamos fazê-lo, não porque temos dificuldades agora, mas porque queremos fazer mais».
Um ano depois, conhecidos com grande atraso e enorme opacidade os resultados da gestão no relatório de de 2012 (com 3 magras páginas dedicadas às contas), verificam-se uma vez mais os prejuízos de exploração que vêm delapidando o legado de 500 milhões, reduzido a 358 milhões em 2011 e com um pequeno aumento para 368 milhões em 2012, devido presumivelmente a uma operação de cosmética contabilística, já que o passivo aumentou 301 milhões de de 288 para 589 milhões empurrado por empréstimos bancários e de sócios (?).
É só uma questão de tempo e a fundação desmorona-se, a menos que o OE cubra perdas de exploração de uma dezena de milhões de euros por ano.
Há cerca de um ano, perante os números de 2010 e 2011, interrogava-me sobre o que anda a ser feito com o legado do de cujus, ao saber que a presidente Leonor Beleza andava por essa altura à procura de apoios financeiros e de mais doações explicando em linguagem cifrada: «vamos fazê-lo, não porque temos dificuldades agora, mas porque queremos fazer mais».
Um ano depois, conhecidos com grande atraso e enorme opacidade os resultados da gestão no relatório de de 2012 (com 3 magras páginas dedicadas às contas), verificam-se uma vez mais os prejuízos de exploração que vêm delapidando o legado de 500 milhões, reduzido a 358 milhões em 2011 e com um pequeno aumento para 368 milhões em 2012, devido presumivelmente a uma operação de cosmética contabilística, já que o passivo aumentou 301 milhões de de 288 para 589 milhões empurrado por empréstimos bancários e de sócios (?).
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25/02/2014
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: A fábula do surto inventivo que nos assola (5)
[Outros posts sobre a mesma fábula: 08-08-2010; 28-11-2010;28-11-2012; 08-12-2013; 16-12-2013; 26-12-2013; 17-01-2014].
Vai para 4 anos iniciou-se no (Im)pertinências a saga da desmistificação desta fábula. Na continuação, justificada com as últimas indignações sobre a política de ciência e tecnologia e, mais concretamente, com as movimentações das corporações directamente afectadas pelos cortes dos subsídios, vou citar o artigo do professor Avelino de Jesus, ontem publicado, que, com rigor e contenção, contrastando com a histeria e a manipulação, deita por terra o agitprop lobista e confirma as conclusões da saga impertinente.
«Nas últimas semanas temos assistido a uma notável proliferação de pronunciamentos de personalidades acerca da política de ciência e tecnologia, quase todas fortemente críticas mas também assaz superficiais e meramente reaccionárias à mudança.
Seria útil elevar o debate, procurando fundamentos empíricos para a análise.
Uma primeira aproximação obriga a tomar, à partida, os dados básicos sobre a produtividade e a organização dos recursos do sistema de I&D. Por economia de espaço, proponho na tabela anexa seis indicadores, dos quais três de produtividade e três de organização dos recursos.
A ideia dominante, mas não demonstrada da excelência da política científica e tecnológica dos últimos 20 anos - que parece justificar a reacção à mudança - deve ser confrontado com estes indicadores.
Sobre os recursos não se pode deixar de destacar os seguintes factos:
- Temos um número de investigador elevado, de crescimento; muito recente e rápido.
- A totalidade dos recursos humanos na I&D cresceu 155% entre 2005 e 2011. O segmento central, os investigadores, aumentou naquele período 170%.
- Os investigadores representavam, em 2005, 0,74% do emprego total do país, mas em 2012 já eram 2,1%. Na Europa naquele ano só a Finlândia nos superava com 2,3%.
- Os recursos foram mal alocados, com um excesso de investigadores para os recursos financeiros e por pessoal auxiliar da investigação a eles afectos.
- Para manter o actual número de investigadores com a atribuição de recursos médios necessários para uma eficácia normal do sistema, deveríamos mais do que triplicar os recursos financeiros e o número do pessoal auxiliar da investigação.
- Em resumo: um corpo de investigador numeroso, mas mal pago, desenquadrado, desinserido do mundo económico e sem meios materiais e humanos de apoio adequados ao processo de investigação socialmente útil.
Acerca da produtividade do sistema notamos:
- Baixa produtividade, qualquer que seja o indicador relevante que se considere.
- Comparando com a média da Europa, temos: menos de 1/5 do número de patentes por bilião de euros de despesa em I&D, representando o mais baixo valor de todos os países; cerca de 1/20 do número de patentes por 1.000 investigadores; menos de 1/10 do número de patentes por milhão de habitantes.
- Há uma informação não sistematizada na tabela, mas que deve ser aqui referida: as exportações de produtos de alta tecnologia representavam em 2012 apenas 3,2% das exportações; este valor, em quebra acentuada desde 2007, é o mais baixo da Europa (média de 15,6%). Em valor absoluto a quebra destas exportações foi de 43%: passou de €2,6 biliões em 2007 para €1,5 biliões em 2012.
Os recursos que a sociedade põe à disposição dos sistemas de I&D deverão gerar retorno para a mesma sociedade pelo menos nos termos médios observáveis entre os nossos parceiros europeus. Quando tal não acontece durante um período suficiente para se tirarem conclusões - como é manifestamente o caso português - é não só legítimo, mas mesmo exigível a alteração do rumo da política científica.»
«A produtividade do aparelho de I&D», Avelino de Jesus, Economista e professor do ISEG, no Jornal de Negócios
Vai para 4 anos iniciou-se no (Im)pertinências a saga da desmistificação desta fábula. Na continuação, justificada com as últimas indignações sobre a política de ciência e tecnologia e, mais concretamente, com as movimentações das corporações directamente afectadas pelos cortes dos subsídios, vou citar o artigo do professor Avelino de Jesus, ontem publicado, que, com rigor e contenção, contrastando com a histeria e a manipulação, deita por terra o agitprop lobista e confirma as conclusões da saga impertinente.
«Nas últimas semanas temos assistido a uma notável proliferação de pronunciamentos de personalidades acerca da política de ciência e tecnologia, quase todas fortemente críticas mas também assaz superficiais e meramente reaccionárias à mudança.
Seria útil elevar o debate, procurando fundamentos empíricos para a análise.
Uma primeira aproximação obriga a tomar, à partida, os dados básicos sobre a produtividade e a organização dos recursos do sistema de I&D. Por economia de espaço, proponho na tabela anexa seis indicadores, dos quais três de produtividade e três de organização dos recursos.
A ideia dominante, mas não demonstrada da excelência da política científica e tecnológica dos últimos 20 anos - que parece justificar a reacção à mudança - deve ser confrontado com estes indicadores.
Sobre os recursos não se pode deixar de destacar os seguintes factos:
- Temos um número de investigador elevado, de crescimento; muito recente e rápido.
- A totalidade dos recursos humanos na I&D cresceu 155% entre 2005 e 2011. O segmento central, os investigadores, aumentou naquele período 170%.
- Os investigadores representavam, em 2005, 0,74% do emprego total do país, mas em 2012 já eram 2,1%. Na Europa naquele ano só a Finlândia nos superava com 2,3%.
- Os recursos foram mal alocados, com um excesso de investigadores para os recursos financeiros e por pessoal auxiliar da investigação a eles afectos.
- Para manter o actual número de investigadores com a atribuição de recursos médios necessários para uma eficácia normal do sistema, deveríamos mais do que triplicar os recursos financeiros e o número do pessoal auxiliar da investigação.
- Em resumo: um corpo de investigador numeroso, mas mal pago, desenquadrado, desinserido do mundo económico e sem meios materiais e humanos de apoio adequados ao processo de investigação socialmente útil.
Acerca da produtividade do sistema notamos:
- Baixa produtividade, qualquer que seja o indicador relevante que se considere.
- Comparando com a média da Europa, temos: menos de 1/5 do número de patentes por bilião de euros de despesa em I&D, representando o mais baixo valor de todos os países; cerca de 1/20 do número de patentes por 1.000 investigadores; menos de 1/10 do número de patentes por milhão de habitantes.
- Há uma informação não sistematizada na tabela, mas que deve ser aqui referida: as exportações de produtos de alta tecnologia representavam em 2012 apenas 3,2% das exportações; este valor, em quebra acentuada desde 2007, é o mais baixo da Europa (média de 15,6%). Em valor absoluto a quebra destas exportações foi de 43%: passou de €2,6 biliões em 2007 para €1,5 biliões em 2012.
Os recursos que a sociedade põe à disposição dos sistemas de I&D deverão gerar retorno para a mesma sociedade pelo menos nos termos médios observáveis entre os nossos parceiros europeus. Quando tal não acontece durante um período suficiente para se tirarem conclusões - como é manifestamente o caso português - é não só legítimo, mas mesmo exigível a alteração do rumo da política científica.»
«A produtividade do aparelho de I&D», Avelino de Jesus, Economista e professor do ISEG, no Jornal de Negócios
24/02/2014
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (15) – Ensino de arte a preto e branco
«Nesta escola nunca tive mais do que 13 valores e não cheguei a pôr pés numa aula de pintura, porque só no 3.º ano se tinha acesso a uma coisa chamada… cor.»
Júlio Pomar, comentário ao Expresso sobre a escola antecessora da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa que frequentou em 1942.
Júlio Pomar, comentário ao Expresso sobre a escola antecessora da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa que frequentou em 1942.
23/02/2014
SERVIÇO PÚBLICO: Se um historiador percebe...
«O crédito "neoliberal" possibilitado pelo euro passou a ser a primeira ferramenta dos governos socialistas, do keynesianismo alcatroado e do Estado social. Guterres e Sócrates não reduziram a função pública e também recusaram qualquer reforma no sistema de pensões, porque tinham à mão o tal crédito "neoliberal". É por isso que é tão absurda a falácia dos últimos anos. Não, não há um abismo entre Estado social e mercados, porque o Estado social é o maior cliente das praças financeiras; sem os mercados, os salários da função pública seriam infinitamente mais pequenos porque dependeriam apenas da nossa receita fiscal. Neste momento, os cortes austeros são necessários porque são a única forma de travarmos esta dependência extrema dos merca- dos e a perpetuação-do endividamento. É assim tão difícil compreender isto? A austeridade não é a defesa dos merca- dos, é o oposto, é a negação do Estado viciado no crédito. Por outras palavras, Sócrates e Guterres, e não Gaspar, é que são os verdadeiros "neoliberais" desta história. Aqueles que gritam "queremos as nossas vidas de volta" é que são os principais aliados do "capitalismo de casino".
Mas, como relembra Vítor Gaspar, a governação não foi a única culpada. As famílias começaram a consumir importações com dinheiro que não tinham, isto é, pediram crédito aos bancos portugueses, que, por sua vez, pediram crédito aos bancos estrangeiros porque a taxa de poupança de Portugal desceu para os 10% negativos ao ano. Resultado? Numa década, a dívida externa passou de 64% para 230% do PIB. A ausência do mercado de arrendamento e a inevitável compra de casa através do banco só reforçou esta tendência suicida. E as empresas? Viciaram-se no consumo interno e no keynesianismo alcatroado, deixando de lado as exportações. Em consequência, acumulámos um défice externo brutal. Tendo em conta este cenário, Vítor Gaspar relembra que Portugal só tinha dois caminhos em 2011: ou fazíamos um ajustamento em câmara lenta com a troika ou tínhamos uma bancarrota abrupta; ou empobrecíamos uns pontos percentuais dentro do euro ou conhecíamos o terror argentino no regresso ao escudo.»
Henrique Raposo, «Gaspar tem razão», no Expresso
Se um historiador percebe, porque não perceberão os economistas mediáticos?
Mas, como relembra Vítor Gaspar, a governação não foi a única culpada. As famílias começaram a consumir importações com dinheiro que não tinham, isto é, pediram crédito aos bancos portugueses, que, por sua vez, pediram crédito aos bancos estrangeiros porque a taxa de poupança de Portugal desceu para os 10% negativos ao ano. Resultado? Numa década, a dívida externa passou de 64% para 230% do PIB. A ausência do mercado de arrendamento e a inevitável compra de casa através do banco só reforçou esta tendência suicida. E as empresas? Viciaram-se no consumo interno e no keynesianismo alcatroado, deixando de lado as exportações. Em consequência, acumulámos um défice externo brutal. Tendo em conta este cenário, Vítor Gaspar relembra que Portugal só tinha dois caminhos em 2011: ou fazíamos um ajustamento em câmara lenta com a troika ou tínhamos uma bancarrota abrupta; ou empobrecíamos uns pontos percentuais dentro do euro ou conhecíamos o terror argentino no regresso ao escudo.»
Henrique Raposo, «Gaspar tem razão», no Expresso
Se um historiador percebe, porque não perceberão os economistas mediáticos?
22/02/2014
ESTÓRIAS E MORAIS: Era uma vez um partido chamado de liberal…
Estória
Era uma vez um partido chamado de liberal pelos seus adversários socialistas, comunistas e esquerdistas de diversos paladares. Não só os adversários, também os inimigos (Churchill dixit) que ainda militavam no partido, confiantes que a «verdadeira matriz» do partido haveria de emergir, e os aliados, apesar de no mundo enganador das aparências se situarem mais à direita, bramavam traição e ansiavam pelo regresso da «verdadeira matriz».
Pois bem, ela chegou. «PSD tira social-democracia da gaveta - Bernstein, Olof Palm e até Soares. Tudo serviu para o PSD provar que é social-democrata. Passos não quer o rótulo de liberal», garante o jornal Expresso igualmente ansioso.
Morais
Era uma vez um partido chamado de liberal pelos seus adversários socialistas, comunistas e esquerdistas de diversos paladares. Não só os adversários, também os inimigos (Churchill dixit) que ainda militavam no partido, confiantes que a «verdadeira matriz» do partido haveria de emergir, e os aliados, apesar de no mundo enganador das aparências se situarem mais à direita, bramavam traição e ansiavam pelo regresso da «verdadeira matriz».
Pois bem, ela chegou. «PSD tira social-democracia da gaveta - Bernstein, Olof Palm e até Soares. Tudo serviu para o PSD provar que é social-democrata. Passos não quer o rótulo de liberal», garante o jornal Expresso igualmente ansioso.
Morais
- É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um liberal entrar no reino da social-democracia.
- Se Soares meteu o socialismo na gaveta e hoje é social-reviralhista, Passos Coelho também pode ter metido a social-democracia na gaveta e ter entalado a mão.
Pro memoria (160) – O presente é feito do passado
Para se perceber o que se passou recentemente na Praça da Independência em Kiev é indispensável saber que a Ucrânia foi uma das Repúblicas Socialistas Soviéticas durante 70 anos, que em 1932 e 1933 foi objecto das políticas estalinistas de exterminação pela fome (Holodomor), em 1941 recebeu as tropas nazis da Operação Barbarossa como um exército de libertação (pudera!) e hoje os seus dirigentes massacram o povo ucraniano nos intervalos de tentarem extorquir dinheiro alternadamente ao Czar Putin e a Angela Merkel.
Praça da Independência, Kiev (Fonte WSJ) Clicar para ampliar |
21/02/2014
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Sochi, «1984» trinta anos depois
George Orwell teria sorrido sarcasticamente no além se soubesse que na inauguração dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi uma falha da transformação de um dos 5 flocos de neve em anéis olímpicos foi resolvida em segundos pela RTP putiniana, substituindo as imagens ao vivo por imagens dos ensaios. Como escreveu a Economist, «this substitution of reality is just one measure that gives the Russian media a whiff of Orwell’s “1984”».
É apenas um exemplo da persistência da negação da realidade e da construção de universos paralelos, 25 anos depois do colapso do império soviético. Nada que nos deva surpreender. Afinal, entre nós, apesar de só termos tido um ano e meio da «democracia popular» da aliança PCP-MFA, as sequelas nas meninges esquerdistas persistem 40 anos depois.
É apenas um exemplo da persistência da negação da realidade e da construção de universos paralelos, 25 anos depois do colapso do império soviético. Nada que nos deva surpreender. Afinal, entre nós, apesar de só termos tido um ano e meio da «democracia popular» da aliança PCP-MFA, as sequelas nas meninges esquerdistas persistem 40 anos depois.
CASE STUDY: Um imenso Portugal (9)
«No Brasil até o passado é imprevisível»
Pedro Malan, ministro da Fazenda (Finanças) nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso e um dos responsáveis pelo Plano Real que tirou o Brasil de uma inflação endémica e estratosférica (6821% em 1990), a propósito de disputas com mais de 20 anos sobre as contas bancárias indexadas que somam 150 mil milhões de reais e aguardam decisão do Supremo Tribunal («The past is epilogue», Economist).20/02/2014
A maldição da tabuada (17) – A teoria dos números do emprego só tem números imaginários
A estória está toda contada em vários posts do (Im)pertinências. Começou com o XVII Governo de José Sócrates (para não recuar mais no tempo) cujo programa anunciava a recuperação de 150 mil postos de trabalho perdidos e o governo terminou com mais 150 mil desempregados. Afastou-se do seu próprio objectivo uns módicos 300 mil postos de trabalho ou -200%.
Passados alguns anos, Passos Coelho, cujo programa de governo não continha objectivos de criação de empregos, por razões compreensíveis, visto que até um cego veria que da execução do PAEF começaria por resultar inevitavelmente desemprego, lembrou-se de referir na mensagem de Natal de 2013 que teriam sido criados até ao 3.º trimestre 120 mil novos postos de trabalho.
O erro grosseiro/manipulação grosseira (cortar conforme o gosto) era tão óbvio que até o economista-filósofo político João Galamba lhe descobriu a careca em menos de 2 meses – um grande progresso em relação ao programa do XVII Governo que até hoje Galamba não teve tempo de desmontar. Constata-se, assim, que a criação de emprego se limitou a uns módicos 30 mil em vez dos 120 mil, ou seja um desvio de -90 mil ou -75%. É mau? Bastante, mas ainda assim um progresso face à aritmética socrática.
Porém, pior do que isso é que 30 mil empregos criados no total resultaram da criação de 100,7 mil empregos (1.058,4 mil – 957,7 mil) em 3 secções do CAE (letras O, P e Q, ver quadro neste post) em que só existem funcionários públicos (secção O) ou são claramente a grandíssima maioria (secções P e Q). Dito de outro modo, se foram criados 100 mil empregos nestas secções é porque foram perdidos 70 mil nas restantes onde quase só existem trabalhadores dos sectores privados.
O pior de tudo é que, se foram criados 100 mil empregos naquelas secções, então umas largas dezenas de milhar de funcionários públicos foram acrescentados ao stock. Assim chegamos ao seguinte trilema (será o trilema de Žižek?):
Percebe-se agora a razão por que aqui no (Im)pertinências temos dificuldades em acompanhar os excitados desejos do Dr. Portas e as exaltadas exigências do Dr. Tozé Seguro para fazermos à troika o que os conspiradores patrióticos fizeram ao Miguel de Vasconcelos e Brito no Terreiro do Paço em 1640?
Passados alguns anos, Passos Coelho, cujo programa de governo não continha objectivos de criação de empregos, por razões compreensíveis, visto que até um cego veria que da execução do PAEF começaria por resultar inevitavelmente desemprego, lembrou-se de referir na mensagem de Natal de 2013 que teriam sido criados até ao 3.º trimestre 120 mil novos postos de trabalho.
O erro grosseiro/manipulação grosseira (cortar conforme o gosto) era tão óbvio que até o economista-filósofo político João Galamba lhe descobriu a careca em menos de 2 meses – um grande progresso em relação ao programa do XVII Governo que até hoje Galamba não teve tempo de desmontar. Constata-se, assim, que a criação de emprego se limitou a uns módicos 30 mil em vez dos 120 mil, ou seja um desvio de -90 mil ou -75%. É mau? Bastante, mas ainda assim um progresso face à aritmética socrática.
Porém, pior do que isso é que 30 mil empregos criados no total resultaram da criação de 100,7 mil empregos (1.058,4 mil – 957,7 mil) em 3 secções do CAE (letras O, P e Q, ver quadro neste post) em que só existem funcionários públicos (secção O) ou são claramente a grandíssima maioria (secções P e Q). Dito de outro modo, se foram criados 100 mil empregos nestas secções é porque foram perdidos 70 mil nas restantes onde quase só existem trabalhadores dos sectores privados.
O pior de tudo é que, se foram criados 100 mil empregos naquelas secções, então umas largas dezenas de milhar de funcionários públicos foram acrescentados ao stock. Assim chegamos ao seguinte trilema (será o trilema de Žižek?):
- As estatísticas do INE estão erradas (serão estatísticas de causas?);
- As estatísticas estão certas e a oposição está errada ao criticar o governo por destruir o estado social;
- As estatísticas e a oposição estão certas e o governo está errado porque não sabe a tabuada e está a fazer crescer aquilo que pretenderia minguar.
Percebe-se agora a razão por que aqui no (Im)pertinências temos dificuldades em acompanhar os excitados desejos do Dr. Portas e as exaltadas exigências do Dr. Tozé Seguro para fazermos à troika o que os conspiradores patrióticos fizeram ao Miguel de Vasconcelos e Brito no Terreiro do Paço em 1640?
19/02/2014
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (14) – Dois países, a mesma luta
Ontem, em Castelo Branco, sindicalistas gritavam «está na hora, está na hora do governo ir embora» à chegada de Passos Coelho, numa manifestação patriótica de repúdio pelo povo de um governo neoliberal com tendências totalitárias.
Quase à mesma hora, a 5 mil km de distância, em Caracas, uns quantos reaccionários convocados por Leopoldo Lopez, um agitador a soldo do imperialismo ianque, felizmente já preso, tentavam intrometer-se no caminho para o socialismo que a revolução bolivariana está a percorrer sob a iluminada liderança do camarada Nicolás Maduro, o único legítimo herdeiro do grande comandante Hugo Chávez.
Resumindo: para a democracia popular portuguesa funcionar é preciso derrubar o governo neoliberal; para a democracia chávista funcionar é preciso engavetar os dissidentes a soldo do imperialismo.
Fonte: Rádio Cova da Beira |
Fonte: Revista Veja |
18/02/2014
Mitos (157) - Os alemães são ricos e devem gastar mais dinheiro para ajudar os pobres dos PIGS (II)
[Continuação deste outro mito]
Enquanto nós por cá, enterrados até ao pescoço em dívidas públicas e privadas, vivíamos como se não houvesse amanhã - ou só houvesse amanhãs que cantariam - e escolhemos geralmente gente para nos governar que acabou a governar-se, enquanto acalentávamos com desvelo mitos para nos desresponsabilizarmos pelo nosso destino, como o de sermos explorados por pagarmos os juros - «usurários», segundo o tele-evangelista e o reviralhista-mór - mais baixos que alguma vez pagámos na nossa história, ao mesmo tempo que coleccionámos 6 milhões de casinhas, o que nos proporcionou um património médio superior ao dos alemães - ver aqui a demonstração. Património bruto, entenda-se, porque uma parte significativa das casinhas é «propriedade» dos bancos que as financiaram, e uma parte dessa parte é, por sua vez, «propriedade» dos credores que emprestaram dinheiro aos bancos.
E enquanto tudo isso, ficámos agora a saber pelo Spiegel que, diferentemente dos nossos políticos que exercem cargos públicos e recebem subsídios para alugarem casinhas perto do «local de trabalho», há vários ministros alemães, sim alemães, que dormem em espaços adjacentes aos seus gabinetes, como a charmosa balzaquiana Manuela Schwesig, ministra da Família pelo SPD, ou a não menos charmosa cinquentona Ursula von der Leyen, ministra da Defesa pelo CDU.
Enquanto nós por cá, enterrados até ao pescoço em dívidas públicas e privadas, vivíamos como se não houvesse amanhã - ou só houvesse amanhãs que cantariam - e escolhemos geralmente gente para nos governar que acabou a governar-se, enquanto acalentávamos com desvelo mitos para nos desresponsabilizarmos pelo nosso destino, como o de sermos explorados por pagarmos os juros - «usurários», segundo o tele-evangelista e o reviralhista-mór - mais baixos que alguma vez pagámos na nossa história, ao mesmo tempo que coleccionámos 6 milhões de casinhas, o que nos proporcionou um património médio superior ao dos alemães - ver aqui a demonstração. Património bruto, entenda-se, porque uma parte significativa das casinhas é «propriedade» dos bancos que as financiaram, e uma parte dessa parte é, por sua vez, «propriedade» dos credores que emprestaram dinheiro aos bancos.
E enquanto tudo isso, ficámos agora a saber pelo Spiegel que, diferentemente dos nossos políticos que exercem cargos públicos e recebem subsídios para alugarem casinhas perto do «local de trabalho», há vários ministros alemães, sim alemães, que dormem em espaços adjacentes aos seus gabinetes, como a charmosa balzaquiana Manuela Schwesig, ministra da Família pelo SPD, ou a não menos charmosa cinquentona Ursula von der Leyen, ministra da Defesa pelo CDU.
As charmosas ministras |
17/02/2014
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O speechwriter de Passos Coelho meteu água em «termos líquidos» (Republicação com adenda dedicada a João Galamba)
Secção Tiros nos pés
No dia de Natal o primeiro-ministro Passos Coelho anunciou na sua mensagem que «… o emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro trimestre foram criados 120 mil novos postos de trabalho…»
Dois dias depois dessa mensagem este vosso escriba perante a óbvia calinada escreveu neste post:
Deveria ser evidente para o speechwriter e para o primeiro-ministro que o líquido de entre empregos criados e destruídos este ano nunca poderia ter sido 120 mil, pela prosaica razão que a população activa aumentou apenas de 22 mil entre o último trimestre de 2012 e o 3.º trimestre de 2013 (ver INE, Estatísticas do Emprego - 3.º Trimestre de 2013). Para compor o discurso, em vez de começar o ano em 1 de Janeiro o speechwriter começou o ano em 1 de Abril, dia das mentiras, porque desde então até 30 de Setembro o aumento líquido do emprego foi de facto 120 mil.
Como seria de esperar, o jornalismo de causas que deixou passar em silêncio durante 2 anos a esperteza de José Sócrates, ao confundir deliberadamente a recuperação de 150 mil postos de trabalho perdidos (prometida no programa do XVII governo) com a criação de novos postos de trabalho (ver aqui a retrospectiva), não deixou passar em branco a calinada/habilidade (cortar consoante o gosto).
Dois meses depois, o licenciado em Economia com frequência de um doutoramento em Filosofia Política João Galamba escreveu o artigo de opinião «Mistificações milagreiras» onde nos dá conta da sua descoberta: «os tais 120 000 novos empregos transformaram-se subitamente em 30 000 e não foi o setor privado, nem o setor dos bens transacionáveis, quem criou emprego líquido em 2013 … de acordo com a Estatísticas do Emprego do 4º trimestre de 2013, publicadas pelo INE, dos 30 000 empregos criados em 2013, 25 000 foram no sector Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória».
Assim é, como se pode constatar no quadro seguinte, o que levanta uma séria questão: onde está o resultado da reforma da administração pública que em vez de emagrecer engorda?
Lamentavelmente, João Galamba até hoje ainda não descobriu a mistificação milagreira do seu mestre José Sócrates que no Programa de XVII Governo anunciou «como objectivo recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura», objectivo que ao longo do seu mandato se transmutou em 150 mil novos desempregados, como aqui se mostra em pormenor.
Por tudo isto, além dos três chateaubriands para o speechwriter pela calinada/habilidade, dos quatro para o primeiro-ministro por o ter escolhido e dos três bourbons para o jornalismo de causas por continuar igual a si próprio, já atribuídos, reservo mais cinco chateaubriands e outros cinco bourbons para o licenciado em Economia com frequência de um doutoramento em Filosofia Política por ter precisado de dois meses para descobrir as «mistificações milagreiras» de Passos Coelho e ainda hoje, decorridos 8 anos, não ter descoberto as do seu mestre.
No dia de Natal o primeiro-ministro Passos Coelho anunciou na sua mensagem que «… o emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro trimestre foram criados 120 mil novos postos de trabalho…»
Dois dias depois dessa mensagem este vosso escriba perante a óbvia calinada escreveu neste post:
Deveria ser evidente para o speechwriter e para o primeiro-ministro que o líquido de entre empregos criados e destruídos este ano nunca poderia ter sido 120 mil, pela prosaica razão que a população activa aumentou apenas de 22 mil entre o último trimestre de 2012 e o 3.º trimestre de 2013 (ver INE, Estatísticas do Emprego - 3.º Trimestre de 2013). Para compor o discurso, em vez de começar o ano em 1 de Janeiro o speechwriter começou o ano em 1 de Abril, dia das mentiras, porque desde então até 30 de Setembro o aumento líquido do emprego foi de facto 120 mil.
Como seria de esperar, o jornalismo de causas que deixou passar em silêncio durante 2 anos a esperteza de José Sócrates, ao confundir deliberadamente a recuperação de 150 mil postos de trabalho perdidos (prometida no programa do XVII governo) com a criação de novos postos de trabalho (ver aqui a retrospectiva), não deixou passar em branco a calinada/habilidade (cortar consoante o gosto).
Dois meses depois, o licenciado em Economia com frequência de um doutoramento em Filosofia Política João Galamba escreveu o artigo de opinião «Mistificações milagreiras» onde nos dá conta da sua descoberta: «os tais 120 000 novos empregos transformaram-se subitamente em 30 000 e não foi o setor privado, nem o setor dos bens transacionáveis, quem criou emprego líquido em 2013 … de acordo com a Estatísticas do Emprego do 4º trimestre de 2013, publicadas pelo INE, dos 30 000 empregos criados em 2013, 25 000 foram no sector Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória».
Assim é, como se pode constatar no quadro seguinte, o que levanta uma séria questão: onde está o resultado da reforma da administração pública que em vez de emagrecer engorda?
Fonte: INE |
Lamentavelmente, João Galamba até hoje ainda não descobriu a mistificação milagreira do seu mestre José Sócrates que no Programa de XVII Governo anunciou «como objectivo recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura», objectivo que ao longo do seu mandato se transmutou em 150 mil novos desempregados, como aqui se mostra em pormenor.
Por tudo isto, além dos três chateaubriands para o speechwriter pela calinada/habilidade, dos quatro para o primeiro-ministro por o ter escolhido e dos três bourbons para o jornalismo de causas por continuar igual a si próprio, já atribuídos, reservo mais cinco chateaubriands e outros cinco bourbons para o licenciado em Economia com frequência de um doutoramento em Filosofia Política por ter precisado de dois meses para descobrir as «mistificações milagreiras» de Passos Coelho e ainda hoje, decorridos 8 anos, não ter descoberto as do seu mestre.
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (31)
Outros princípios do princípio
Segundo o INE, o crescimento do PIB no 4.º trimestre foi 0,5% superior às estimativas e como o PIB do 3.º trimestre foi revisto em alta (+0,1%) o crescimento em cadeia terá sido de 0,3% nesse trimestre - o terceiro consecutivo de crescimento.
O crescimento homólogo no 4.º trimestre foi de 1,6%, também acima das estimativas, e representa o primeiro crescimento homólogo desde o final de 2010.
A yield das OT a 10 anos continuou a descer, estando agora em 4,98%.
Pela primeira vez em 4 anos o número de famílias com créditos em incumprimento diminuiu (menos 16.862 famílias do que em 2012).
Segundo o Eurostat, a produção industrial apresentou em Dezembro um crescimento homólogo de 7,1%, o maior na União Europeia.
Não embandeiremos em arco porque está quase tudo por fazer na Administração pública, não há dinheiro para investir e sem investimento nacional não há crescimento – a não ser que haja investimento estrangeiro e para isso são precisas condições de competitividade e credibilidade. Apesar disso, que diabo, a coisa não parece ser a espiral recessiva inventada por aquelas criaturas que andaram 10 anos sem verem a espiral de endividamento.
Segundo o INE, o crescimento do PIB no 4.º trimestre foi 0,5% superior às estimativas e como o PIB do 3.º trimestre foi revisto em alta (+0,1%) o crescimento em cadeia terá sido de 0,3% nesse trimestre - o terceiro consecutivo de crescimento.
O crescimento homólogo no 4.º trimestre foi de 1,6%, também acima das estimativas, e representa o primeiro crescimento homólogo desde o final de 2010.
A yield das OT a 10 anos continuou a descer, estando agora em 4,98%.
Pela primeira vez em 4 anos o número de famílias com créditos em incumprimento diminuiu (menos 16.862 famílias do que em 2012).
Segundo o Eurostat, a produção industrial apresentou em Dezembro um crescimento homólogo de 7,1%, o maior na União Europeia.
Não embandeiremos em arco porque está quase tudo por fazer na Administração pública, não há dinheiro para investir e sem investimento nacional não há crescimento – a não ser que haja investimento estrangeiro e para isso são precisas condições de competitividade e credibilidade. Apesar disso, que diabo, a coisa não parece ser a espiral recessiva inventada por aquelas criaturas que andaram 10 anos sem verem a espiral de endividamento.
16/02/2014
Estado empreendedor (80) – A saga do «Atlântida» continua
Recorde-se que o Governo Regional dos Açores, presidido pelo socialista Carlos César, encomendou o «Atlântida» e modificou o projecto original de 80 para 700 lugares para a seguir recusar aceitar o navio construído pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo por não cumprir os requisitos de velocidade em consequência dessa alteração.
Recorde-se igualmente que o governo socialista de José Sócrates tentou vender o navio ao amigo falecido coronel Chávez com os resultados conhecidos.
E chegamos assim à actualidade em que a empresa pública açoriana Atlanticoline, a quem se destinava o navio, requereu agora ao tribunal a venda imediata do navio, do qual é fiel depositário a empresa ENVC, por 20 milhões, metade do preço de construção, para se ver ressarcida dos adiantamentos que pagou. Com esta execução, a Atlanticoline impede o concurso público internacional para venda do «Atlântida».
Dão-se alvíssaras a quem encontrar o racional desta saga do socialismo empresarial.
Recorde-se igualmente que o governo socialista de José Sócrates tentou vender o navio ao amigo falecido coronel Chávez com os resultados conhecidos.
E chegamos assim à actualidade em que a empresa pública açoriana Atlanticoline, a quem se destinava o navio, requereu agora ao tribunal a venda imediata do navio, do qual é fiel depositário a empresa ENVC, por 20 milhões, metade do preço de construção, para se ver ressarcida dos adiantamentos que pagou. Com esta execução, a Atlanticoline impede o concurso público internacional para venda do «Atlântida».
Dão-se alvíssaras a quem encontrar o racional desta saga do socialismo empresarial.
DIÁRIO DE BORDO: Engano-me muito e tenho imensas dúvidas
É muito improvável que, se dispusesse de uma impressora 3D e me competisse imprimir um primeiro-ministro, depositando camadas sucessivas de material de boa qualidade fabricasse um clone do Dr. Passos Coelho. Contudo, como se sabe, ainda vamos ter que esperar algum tempo por impressoras com essas capacidades e tive de escolher em 2011 entre os vários candidatos a primeiro-ministro que se apresentaram a concurso.
Limitando-me aos partidos ditos com assento parlamentar (uma bela expressão) e começando da esquerda para direita, poderia ter escolhido o professor doutor Louçã, um trotskista, que inventou a marca BE agora perto de ser retirada do mercado. Não escolhi porque não saberia o que fazer com a legalização do casamento com animais, tenho dúvidas se a distribuição de maconha pelo SNS seria uma boa ideia e não tenho a certeza se os nossos credores aplaudiriam a maravilhosa ideia do professor Louçã de cortar o cabelo à dívida.
Também poderia ter escolhido o camarada Jerónimo de Sousa, mas não tinha vontade nenhuma de viver numa democracia popular a caminho da ditadura do proletariado, nem de correr o risco de ser engavetado e, sobrevivendo, ser condenado por dissidência num tribunal de camaradas.
Ainda considerei a hipótese de escolher o camarada António José Seguro mas o facto de se declarar herdeiro das políticas que conduziram o país ao estado de protectorado falido e só apresentar ideias miríficas para sair do buraco, ideias em que até um adolescente mimado teria dificuldade em acreditar, convenceu-me rapidamente que não seria uma boa opção.
Quanto ao doutor Paulo Portas, achei-me incapaz de avaliar quais as políticas que a criatura defendia e se teria uma doutrina, se seria eurocéptico ou eurófilo, de direita, de centro ou de esquerda, liberal ou socialista, amigo dos lavradores ou dos feirantes ou dos velhinhos.
E foi assim que me encontrei uma bela manhã de domingo de Junho de há 3 anos a depositar na urna um papelinho com uma cruz num partido pelo qual nunca dei grande coisa - sendo certo que também nunca dei grande coisa pelos restantes.
Daí a minha dificuldade de perceber o que passa nas meninges dos portugueses quando vejo os índices de popularidade das criaturas que mencionei ou dos seus sucessores. É certo que devo descontar ser o estudo de mercado da responsabilidade da Eurosondagem. É certo que devo também ter em conta que em todos os povos existe uma fracção de criaturas dispostas a acreditar em qualquer treta, incluindo milagres.
Ainda assim, como compreender que o político com maior saldo de opiniões positivas (19,5%) seja um António José Seguro, seguido de um Jerónimo de Sousa (8,4%) quase empatado com um Paulo Portas (8,1%)? É certo que um casal Martins-Semedo tem um saldo negativo (-6,4%) o que poderia indiciar algum senso do eleitorado, mas receio que seja apenas um indicador inequívoco de ameaça de extinção da agremiação. Será isto que explica Passos Coelho ser o líder com maior saldo negativo (-14,3%)? Poderia ser de outro modo? Talvez não, quando se sabe que José Sócrates depois de uma dúzia de casos (desde o diploma forjado até ao Freeport, passando pelas manobras na TVI e muitas outras) e de uma governação que nos conduziu aonde nos encontramos tinha saldos positivos significativos.
Limitando-me aos partidos ditos com assento parlamentar (uma bela expressão) e começando da esquerda para direita, poderia ter escolhido o professor doutor Louçã, um trotskista, que inventou a marca BE agora perto de ser retirada do mercado. Não escolhi porque não saberia o que fazer com a legalização do casamento com animais, tenho dúvidas se a distribuição de maconha pelo SNS seria uma boa ideia e não tenho a certeza se os nossos credores aplaudiriam a maravilhosa ideia do professor Louçã de cortar o cabelo à dívida.
Também poderia ter escolhido o camarada Jerónimo de Sousa, mas não tinha vontade nenhuma de viver numa democracia popular a caminho da ditadura do proletariado, nem de correr o risco de ser engavetado e, sobrevivendo, ser condenado por dissidência num tribunal de camaradas.
Ainda considerei a hipótese de escolher o camarada António José Seguro mas o facto de se declarar herdeiro das políticas que conduziram o país ao estado de protectorado falido e só apresentar ideias miríficas para sair do buraco, ideias em que até um adolescente mimado teria dificuldade em acreditar, convenceu-me rapidamente que não seria uma boa opção.
Quanto ao doutor Paulo Portas, achei-me incapaz de avaliar quais as políticas que a criatura defendia e se teria uma doutrina, se seria eurocéptico ou eurófilo, de direita, de centro ou de esquerda, liberal ou socialista, amigo dos lavradores ou dos feirantes ou dos velhinhos.
E foi assim que me encontrei uma bela manhã de domingo de Junho de há 3 anos a depositar na urna um papelinho com uma cruz num partido pelo qual nunca dei grande coisa - sendo certo que também nunca dei grande coisa pelos restantes.
Da próxima vez vai ser diferente – pelo menos vou imprimir a cabeça com a MakerBot Replicator 2, uma 3D capaz de imprimir volumes até 6,7 litros |
Ainda assim, como compreender que o político com maior saldo de opiniões positivas (19,5%) seja um António José Seguro, seguido de um Jerónimo de Sousa (8,4%) quase empatado com um Paulo Portas (8,1%)? É certo que um casal Martins-Semedo tem um saldo negativo (-6,4%) o que poderia indiciar algum senso do eleitorado, mas receio que seja apenas um indicador inequívoco de ameaça de extinção da agremiação. Será isto que explica Passos Coelho ser o líder com maior saldo negativo (-14,3%)? Poderia ser de outro modo? Talvez não, quando se sabe que José Sócrates depois de uma dúzia de casos (desde o diploma forjado até ao Freeport, passando pelas manobras na TVI e muitas outras) e de uma governação que nos conduziu aonde nos encontramos tinha saldos positivos significativos.
15/02/2014
Mitos (156) – A notícia da fuga dos doutores é manifestamente exagerada
Segundo dados (1) citados pelo professor José Ferreira Machado, reitor da Nova School of Business and Economics, no seu artigo de opinião no jornal SOL, «de entre os cerca de 20 mil doutores inquiridos (com grau obtidos internacionalmente entre 1978 e 2008), 669 trabalhavam no estrangeiro, enquanto que trabalhavam em Portugal 1.836 doutores com graus obtidos exclusivamente no estrangeiro. Em termos líquidos, portanto, registou-se um brain gain, ou seja uma importação de cérebros».
Quanto à fuga dos trabalhadores «altamente especializados», ainda que tenha aumentado nos últimos anos e seja superior à taxa média de emigração, a taxa desses trabalhadores é inferior à da Polónia e da Irlanda. (2)
(1) Fluxos e situação profissional dos doutorados em Portugal-2009, GPEARL, 2011)
(2) Dados da OCDE
Quanto à fuga dos trabalhadores «altamente especializados», ainda que tenha aumentado nos últimos anos e seja superior à taxa média de emigração, a taxa desses trabalhadores é inferior à da Polónia e da Irlanda. (2)
(1) Fluxos e situação profissional dos doutorados em Portugal-2009, GPEARL, 2011)
(2) Dados da OCDE
Ressabiados do regime (9) – Malbaratando ressabiamento
Já esperava pouco do Dr. António d´Orey Capucho, mas apesar de tudo consegue desiludir-me. Não perceberá a criatura que o púlpito que os mídia do jornalismo de causas lhe estão a oferecer (3 entrevistas ontem ao Público, SOL e RTP e hoje ao Expresso) após a sua expulsão do PSD, segundo as suas próprias regras, não se deve a ele ser o António, o d’Orey, ou o Capucho? Deve-se simplesmente a ele ser um ressabiado que compensa o seu silêncio cúmplice durante a década de caminho para a insolvência com o ruído mediático da rejeição de todas as medidas, umas más, umas boas e outras assim-assim, para fazer sair o país do buraco socialista e o ódio de estimação àquela gente sem pedigree que hoje dirige o seu PSD. Tivesse ele a coragem de denunciar, ainda que tardiamente, o regabofe e seria ignorado pelo jornalismo de causas.
Revela pouco discernimento deixar que dele façam de megafone na esperança de lhe reconhecerem «perfil para o lugar de Presidente da República». A concorrência é muita e quando chegar a altura já ninguém se lembrará dele.
Revela pouco discernimento deixar que dele façam de megafone na esperança de lhe reconhecerem «perfil para o lugar de Presidente da República». A concorrência é muita e quando chegar a altura já ninguém se lembrará dele.
14/02/2014
ARTIGO DEFUNTO: A arte de bem titular (4)
Suponha-se que um ex-deputado de um partido que faz parte de uma coligação que governa um país é suspeito de prática de pornografia infantil. Como titular tal notícia face aos princípios do jornalismo de causas? Resposta: depende. De quê? Do partido do suspeito. Exemplos:
E também depende do país. Exemplos:
Baseado nestas regras, recapitulemos as diferentes titulações (não confundir com titilações) face à seguinte notícia: «O ex-deputado social-democrata Sebastian Edathy está debaixo de suspeita de ter comprado imagens ilegais de menores».
- Suspeito é do partido de esquerda numa coligação - «Fulano é suspeito de pornografia infantil»;
- Suspeito é do partido de direita numa coligação – «Escândalo de pornografia infantil afecta o Partido X» (de direita).
E também depende do país. Exemplos:
- País arruinado pelas políticas de esquerda – aplicam-se os exemplos anteriores;
- Outros países:
- Suspeito é do partido de esquerda numa coligação - «Fulano é suspeito de pornografia infantil»;
- Suspeito é do partido de direita numa coligação – «Escândalo de pornografia infantil afecta o governo de A (país em causa) / de Sicrano» (o primeiro-ministro de direita).
Baseado nestas regras, recapitulemos as diferentes titulações (não confundir com titilações) face à seguinte notícia: «O ex-deputado social-democrata Sebastian Edathy está debaixo de suspeita de ter comprado imagens ilegais de menores».
- Versão a) «Escândalo de pornografia infantil atinge governo»
- Versão b) «Escândalo de pornografia infantil afeta governo alemão»
- Versão c) «Escândalo de pornografia infantil atinge Governo de Merkel»
Como se vê é fácil. E assim gente incompetente e sem escrúpulos molda as meninges de um povo mal instruído e mal informado. Tudo por boas causas, claro.
CASE STUDY: A atracção por Belém - a lista dos que não se excluem não pára de crescer (2)
[Continuação de (1)]
António Capucho, que há 3 meses não se excluía da lista dos putativos candidatos a Belém, ganhou balanço com a expulsão do PSD, baseada numa disposição dos estatutos de que ele próprio foi um dos subscritores há 18 anos, e garantiu hoje, com grande humildade, numa entrevista ao Público que tem «perfil para o lugar de Presidente da República». Não sei se ainda vai a tempo de se inscrever na pletórica lista de espera do Dr. Soares para ocupar o lugar-comum.
É mais um exemplo da teoria conspirativa que inventei há 10 anos: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca-vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair.
Nada disto é surpreendente. Fico apenas ligeiramente confundido com a sua acusação a Passos Coelho de ter transformado o PSD num partido com «vocação muito liberalizante e radicalmente conservador». Haja Deus! Se o PSD é um partido muito liberalizante eu sou a Lola Montès. Se este governo é conservador, o que será o Dr. Capucho que até hoje esteve contra todas as reformas, incluindo as mais tímidas, que este governo tentou adoptar?
António Capucho, que há 3 meses não se excluía da lista dos putativos candidatos a Belém, ganhou balanço com a expulsão do PSD, baseada numa disposição dos estatutos de que ele próprio foi um dos subscritores há 18 anos, e garantiu hoje, com grande humildade, numa entrevista ao Público que tem «perfil para o lugar de Presidente da República». Não sei se ainda vai a tempo de se inscrever na pletórica lista de espera do Dr. Soares para ocupar o lugar-comum.
É mais um exemplo da teoria conspirativa que inventei há 10 anos: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca-vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair.
Nada disto é surpreendente. Fico apenas ligeiramente confundido com a sua acusação a Passos Coelho de ter transformado o PSD num partido com «vocação muito liberalizante e radicalmente conservador». Haja Deus! Se o PSD é um partido muito liberalizante eu sou a Lola Montès. Se este governo é conservador, o que será o Dr. Capucho que até hoje esteve contra todas as reformas, incluindo as mais tímidas, que este governo tentou adoptar?
13/02/2014
Ressabiados do regime (8) – Provando do seu próprio veneno
No XIX Congresso Nacional do PSD em 1996, a Comissão Política Nacional de que faziam parte Marcelo Rebelo de Sousa (Presidente), José Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite, António d´Orey Capucho (Vice-Presidentes) e Rui Rio (Secretário-Geral) propôs uma alteração aos estatutos, que foi aprovada, sancionando com a expulsão os militantes que se apresentassem a eleições em listas adversárias do PSD.
18 anos depois, António Capucho, um dos proponentes dessa alteração, depois de se ter aplicado, juntamente com os outros referidos signatários, a fazer as vezes de oposição substituta do PS, candidatou-se às eleições autárquicas. Provou do seu próprio veneno e foi expulso. Não tem de que se queixar.
[Oportunamente recordado no Insurgente]
18 anos depois, António Capucho, um dos proponentes dessa alteração, depois de se ter aplicado, juntamente com os outros referidos signatários, a fazer as vezes de oposição substituta do PS, candidatou-se às eleições autárquicas. Provou do seu próprio veneno e foi expulso. Não tem de que se queixar.
[Oportunamente recordado no Insurgente]
A maldição dos recursos naturais, o socialismo fantástico ou de como maus governos fazem de um país do futuro um país do passado
[Uma espécie de sequela deste post]
Argentina: uma lição para os portugueses que vivem num país com poucos recursos naturais, que nunca foi um país do futuro, e, apesar de ter muito passado, tem pouco presente e só terá um futuro decente se os portugueses souberem escolher governantes capazes de entre a legião de medíocres que nos parasitam.
Argentina: uma lição para os portugueses que vivem num país com poucos recursos naturais, que nunca foi um país do futuro, e, apesar de ter muito passado, tem pouco presente e só terá um futuro decente se os portugueses souberem escolher governantes capazes de entre a legião de medíocres que nos parasitam.
SERVIÇO PÚBLICO: Na aritmética da liberdade de informação 45 + 25 > 48 + 40
Não sei se os Repórteres sem Fronteiras são a entidade mais credível para avaliar a liberdade de informação. Se forem estão a dar-nos razões de preocupação quando fazem o Portugal do do jornalismo de causas descer de 28.º em 2013 para 30.º em 2014. Deveríamos ter um pouco de vergonha quando vemos à nossa frente vários sobreviventes do holocausto comunista (por ordem decrescente de classificação): Eslováquia, Polónia, República Checa e Estónia; o que pode significar que 45 anos de comunismo mais 25 anos de democracia liberal são mais benignos para a liberdade de informação do que 48 anos de salazarismo mais 40 anos de democracia socialista.
Como seria de esperar, democracia e liberdade de informação têm uma elevadíssima correlação. Ora veja-se o mapa dos Repórteres sem Fronteiras.
Como seria de esperar, democracia e liberdade de informação têm uma elevadíssima correlação. Ora veja-se o mapa dos Repórteres sem Fronteiras.
Fonte: Reporters Without Borders |
12/02/2014
Chávez & Chávez, Sucessores e Kirchner & Kirchner – A maldição dos recursos naturais e o socialismo fantástico
Adiadas pelo boom da procura e dos preços das matérias-primas - petróleo, no caso da Venezuela e soja no caso da Argentina – e escondidas pelas manobras intervencionistas e de manipulação das estatísticas dos respectivos governos, aproximam-se em ambos os casos, mais uma vez, crises cambiais. O Brasil poderá juntar-se-lhes brevemente.
Houve o socialismo real nos países da Cortina de Ferro, com os resultados conhecidos, e o realismo socialista na arte. Há o socialismo fantástico, com os resultados que se vão conhecendo, numa América Latina que cultivou na literatura o realismo fantástico ou realismo mágico.
«The party is over - Latin America’s weakest economies are reaching breaking-point», Economist |
11/02/2014
Pro memoria (159) – Os credores parecem acreditar cada vez mais, mas ainda não o suficiente (II)
Poderia poupar a tinta e fazer um link para este post do dia 16 de Janeiro - o que então escrevi continua substancialmente válido.
A emissão de hoje de 3 mil milhões de euros de OT a 10 anos teve uma procura de quase 9 mil milhões a uma taxa de juro implícita nos 5,1% (spread de crédito de 320 pontos base). Comparativamente a emissão de Março do ano passado teve uma taxa de 5,6%.
A yield da maturidade de 10 anos está nos mercados abaixo dos 5%.
São boas notícias? Certamente, mas, como já o mês passado escrevi, se medirmos a credibilidade pelos yields, hoje os credores, isto é os especuladores que nos emprestam dinheiro para nós continuarmos com a loja aberta, acreditam neste governo mais ou menos o mesmo que acreditavam no governo chefiado por José Sócrates com as Finanças entregues a Teixeira dos Santos por volta de Abril de 2010.
Eu, que não tenho quaisquer responsabilidades na dívida (antes da intervenção da troika nada devia aos bancos ou a quem quer que seja), posso dar-me ao luxo de escrever estas coisas. Teixeira dos Santos, que colocou para si próprio o limiar da taxa sustentável em 7% e deveria ficar calado rezando ave-marias para que não lhe peçam responsabilidades, não tem autoridade para dizer que «precisamos de taxas mais baixas que esta para assegurar condições de sustentabilidade da dívida», da dívida que ele nos deixou.
A emissão de hoje de 3 mil milhões de euros de OT a 10 anos teve uma procura de quase 9 mil milhões a uma taxa de juro implícita nos 5,1% (spread de crédito de 320 pontos base). Comparativamente a emissão de Março do ano passado teve uma taxa de 5,6%.
A yield da maturidade de 10 anos está nos mercados abaixo dos 5%.
Fonte: Bloomberg |
Eu, que não tenho quaisquer responsabilidades na dívida (antes da intervenção da troika nada devia aos bancos ou a quem quer que seja), posso dar-me ao luxo de escrever estas coisas. Teixeira dos Santos, que colocou para si próprio o limiar da taxa sustentável em 7% e deveria ficar calado rezando ave-marias para que não lhe peçam responsabilidades, não tem autoridade para dizer que «precisamos de taxas mais baixas que esta para assegurar condições de sustentabilidade da dívida», da dívida que ele nos deixou.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Este filme da «Cóltura» está sempre a passar nos cinemas onde não há espectadores
A propósito dos Mirós e do cinema Londres arrendado para loja de produtos chineses, uma espécie de sequela das gravuras de Foz Coa e do cinema São Jorge de há uns anos, Helena Matos escreveu um artigo imperdível no Económico do qual destaco o seguinte parágrafo:
«No mundo dos activistas da cultura, salvar significa criar legislação que mumifica o que se pretende preservar. Simultaneamente criar-se uma equipa multidisciplinar com vista a gerir o bem protegido. Depois vêm os estatutos do parque, museu, empresa pública... com vista a tratar da coisa protegida. Também se tem de nomear um presidente e respectiva equipa e manda-se fazer papel timbrado. Por fim descobre-se que não há público e reivindica-se mais dinheiro para atrair e formar novos públicos. E assim com a coisa já institucionalizada, ou seja reduzida a uma vida orçamental que é a verdadeira vida cultural da maior parte dos espaços ditos culturais deste país, lá partem os frenéticos activistas para mais uma cruzada pela cultura».
Portanto, como diria a secretária de Estado adjunta americana, Victoria Nuland, se em vez da UE falasse de Cóltura, fuck the activists of the Cóltura.
«No mundo dos activistas da cultura, salvar significa criar legislação que mumifica o que se pretende preservar. Simultaneamente criar-se uma equipa multidisciplinar com vista a gerir o bem protegido. Depois vêm os estatutos do parque, museu, empresa pública... com vista a tratar da coisa protegida. Também se tem de nomear um presidente e respectiva equipa e manda-se fazer papel timbrado. Por fim descobre-se que não há público e reivindica-se mais dinheiro para atrair e formar novos públicos. E assim com a coisa já institucionalizada, ou seja reduzida a uma vida orçamental que é a verdadeira vida cultural da maior parte dos espaços ditos culturais deste país, lá partem os frenéticos activistas para mais uma cruzada pela cultura».
Portanto, como diria a secretária de Estado adjunta americana, Victoria Nuland, se em vez da UE falasse de Cóltura, fuck the activists of the Cóltura.
DIÁRIO DE BORDO: O céu visto da terra (4)
10/02/2014
Lost in translation (198) – Será o «sobressalto cívico» da bastonária uma bastonada inconseguida?
«Eu penso que, em função deste novo mapa judiciário, em que está em causa o Estado de Direito, aí sim é necessário um sobressalto cívico e que as populações demonstrem clara e inequivocamente que não querem este mapa judiciário», densificou a bastonária dos advogados com uma bastonada talvez sem «conseguimento», traduzindo «corporações» por «populações».
CASE STUDY: Quem sabe e pode, valoriza as empresas que dirige. Quem não sabe ou não pode … vai a Davos
Adaptado de «The data of Davos - Who’s on the Magic Mountain?» (Economist) |
09/02/2014
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (82) – Há Canalettos e há Mirós. E há Mirós e Mirós
Qual é a diferença entre a saída de Portugal e posterior venda pela Christie's há 9 anos da colecção Champalimaud com peças muito mais valiosas (Canaletto, Fragonard, etc., um grande etc.) do que os Mirós de um espanhol que os tinha dado como garantia ao BPN?
Várias. A venda da colecção Champalimaud foi pacificamente «autorizada pelo Instituto Português de Museus, com a justificação de que a sua exportação não podia ser evitada, uma vez que as peças são estrangeiras e foram compradas há menos de 50 anos» (Público, aqui recordado pelo Blasfémias), com um governo PS de Guterres, sendo Carrilho ministro da Cultura. A oposição de então ficou muda - por falta de instintos patrióticos deve ter achado tudo normal.
Diferentemente, a venda dos Mirós pelo governo PSD-CDS desencadeou uma onda de indignação dos mesmos outrora pacíficos, porque apesar de as peças serem estrangeiras e adquiridas por execução da dívida há menos de 50 anos a sua exportação neste caso teria que ser evitada a todo o custo por razões patrióticas.
E porquê? Porque não teve lugar logo após o processo se ter iniciado ainda na vigência de outro governo do PS – o segundo de José Sócrates – e porque, segundo confessou Teixeira dos Santos ao Expresso, nessa altura a venda era da competência da administração da Parvalorem que recebeu o lixo do BPN nacionalizado pela dupla Sócrates-Teixeira dos Santos por um custo que se aproxima perigosamente dos sete mil milhões de euros. Agora tudo mudou, como é evidente.
Parece quase a mesma coisa, mas não é. E a diferença é que de um lado encontramos por duas vezes a gente do PS e do outro encontramos a gente do PSD e do CDS. Faz toda a diferença.
Várias. A venda da colecção Champalimaud foi pacificamente «autorizada pelo Instituto Português de Museus, com a justificação de que a sua exportação não podia ser evitada, uma vez que as peças são estrangeiras e foram compradas há menos de 50 anos» (Público, aqui recordado pelo Blasfémias), com um governo PS de Guterres, sendo Carrilho ministro da Cultura. A oposição de então ficou muda - por falta de instintos patrióticos deve ter achado tudo normal.
Diferentemente, a venda dos Mirós pelo governo PSD-CDS desencadeou uma onda de indignação dos mesmos outrora pacíficos, porque apesar de as peças serem estrangeiras e adquiridas por execução da dívida há menos de 50 anos a sua exportação neste caso teria que ser evitada a todo o custo por razões patrióticas.
E porquê? Porque não teve lugar logo após o processo se ter iniciado ainda na vigência de outro governo do PS – o segundo de José Sócrates – e porque, segundo confessou Teixeira dos Santos ao Expresso, nessa altura a venda era da competência da administração da Parvalorem que recebeu o lixo do BPN nacionalizado pela dupla Sócrates-Teixeira dos Santos por um custo que se aproxima perigosamente dos sete mil milhões de euros. Agora tudo mudou, como é evidente.
Parece quase a mesma coisa, mas não é. E a diferença é que de um lado encontramos por duas vezes a gente do PS e do outro encontramos a gente do PSD e do CDS. Faz toda a diferença.
ARTIGO DEFUNTO: Atropelados pela realidade
Inventado por Sartre, começou por lugar geométrico do maoísmo até este sair de moda e ser substituído pelo radical chic nas suas diferentes incarnações de marxismo cultural, politicamente correcto, causas fracturantes, social-libertário (com muito de social e nada de libertário), o jornal Libération – Libé para os connaisseurs - está falido e à beira de fechar.
Os jornalistas de causas que militam no jornal aceitam de bom grado o dinheiro dos capitalistas seus proprietários mas não as suas condições. A coisa promete um funeral agitado.
Os jornalistas de causas que militam no jornal aceitam de bom grado o dinheiro dos capitalistas seus proprietários mas não as suas condições. A coisa promete um funeral agitado.
08/02/2014
Títulos inspirados (22) – «Ditosa pátria que tal filho teve! Mas antes pai...»
07/02/2014
Pro memoria (164) - Um grande estadista em construção
«Governo diz que precisa de dar luz verde, mas Costa já está a aplicar as 35 horas.
A Câmara de Lisboa assinou ontem os acordos para a manutenção das 35 horas com mais dois sindicatos que representam os trabalhadores do município». (Negócios)ACREDITE SE QUISER: Aplicações úteis para o dia-a-dia de um português com smartphone
Hesitei durante algum tempo sobre a melhor opção para trocar o meu velho telemóvel com 7 anos. Quando varri a lista das aplicações disponíveis para os sistemas mais populares e encontrei esta deixei de ter dúvidas. 500-greves-500 desde que este governo tomou posse? Qual Android, qual iOS? O Windows Phone 8 com a sua aplicação «Há Greve?» bate a concorrência.
SERVIÇO PÚBLICO: Só o jornalismo de causas pode tornar mediática uma crise média
A dupla Reinhart-Rogoff autores de «This Time Is Different – Eight Centuries of Financial Folly», um título, que se ajusta muito bem ao caso português, de um estudo já aqui citado no (Im)pertinências, construiu, com base nos dados de uma centena de crises dos últimos 200 anos, um índice de gravidade das crises considerando a magnitude da queda do PIB per capita a preços constantes entre o ponto mais alto pré-crise e o ponto mais baixo na crise e o tempo previsto para recuperar a situação pré-crise.
Os resultados para uma dúzia de países no diagrama seguinte mostram claramente que a gravidade da crise portuguesa assim medida está até ligeiramente abaixo da média.
Podemos assim concluir que a nossa crise sendo média não chega a ser mediática. Não desesperemos, porém. Com uma dívida que é para gerir, segundo o mestre, e ingerível, segundo o discípulo, temos um bom ponto de partida nas próximas décadas para fabricar uma crise como deve ser. É só ter paciência e esperar pelo próximo governo PS.
Os resultados para uma dúzia de países no diagrama seguinte mostram claramente que a gravidade da crise portuguesa assim medida está até ligeiramente abaixo da média.
Fonte Economist |
06/02/2014
Estado empreendedor (79) - Os Mirós, as novas gravuras de Foz Côa
E porque não enterrar os Mirós aqui? |
Afinal de contas, o que são umas dezenas de milhões de euros comparados com o custo para os sujeitos passivos da nacionalização pela dupla Sócrates-Teixeira dos Santos do BPN, o proprietário dos ditos Mirós, que era para não custar nada e o nada já vai em sete mil milhões de euros?
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (30)
Outros princípios do princípio
Afinal, apesar da brilhante previsão «próxima dos 6%» do secretário nacional do PS Dr. Brilhante Dias, o défice do OE deve ficar ao redor dos 5,2% em contabilidade nacional ou 4,7% para efeito do cumprimento do PAEF. A Segurança Social que, para os mais distraídos, recordo se mantém insustentável a longo prazo, apresentou um excedente de 400 milhões muito acima dos 57 milhões estimados em Outubro que ajudou à festa.
E uma das melhores notícias quanto à contínua melhoria das contas externas é que parece dever-se mais a factores estruturais do que à contracção de procura que segundo o BCE representará apenas 1/5 da melhoria da balança de transacções correntes (ver este post de Pedro Romano - via Insurgente).
Segundo dos dados de ontem do destaque do INE, o desemprego continuou a diminuir e no final do 4.º trimestre de 2013 desceu 0,3% para 15,3%. Diferentemente da lengalenga do jornalismo de causas e da esquerdalhada, que só descobriram que o desemprego crescia depois do engenheiro Sócrates ter ido para Paris, e agora minimizam os ganhos como se devessem à emigração, os dados do INE mostram que a população desempregada diminuiu 10,5% no último ano e a população empregada aumentou 0,7% (cerca de 30 mil no mesmo período). É pouco? Pois é, mas para igualar os dislates dessa rapaziada eu poderia dizer (se fosse tão burro ou desonesto quanto eles) que a explicação é o regresso de emigrantes…
Entretanto, e não obstante o clima de instabilidade nos mercados, resultante da incerteza quanto aos países emergentes (onde se destacam os ruídos das rachas dos edifícios em construção do socialismo tropical: Brasil, Argentina e Venezuela), os yields da dívida pública portuguesa mantém a tendência de melhoria.
Não é que seja em si deprimente, mas não é de bom augúrio saber que o fluxo de depósitos bancários em Novembro foi o mais baixo desde Fevereiro de 2006. Estará o PQSQ no intervalo das queixas e manifs a preparar-se para mais uma demonstração do paradigma que postula que puxar pelo consumo não garantindo o crescimento da economia pelo menos assegura o crescimento da dívida?
Deprimente por antecipação será a reacção dos comentadores ressabiados a partir de Setembro quando a nova metodologia SEC 2010 do Eurostat para cálculo do PIB irá aumentá-lo entre 1 a 2% - continuando a economia na mesma, já se vê. Vai ser o maior concurso de despautérios da década com os ressabiados a tentarem demonstrar que o eventual crescimento (em qualquer caso, certamente muito modesto) se deverá em exclusivo à alteração metodológica .
Notícias positivas do Portugal Que Trabalha (PQT):
Afinal, apesar da brilhante previsão «próxima dos 6%» do secretário nacional do PS Dr. Brilhante Dias, o défice do OE deve ficar ao redor dos 5,2% em contabilidade nacional ou 4,7% para efeito do cumprimento do PAEF. A Segurança Social que, para os mais distraídos, recordo se mantém insustentável a longo prazo, apresentou um excedente de 400 milhões muito acima dos 57 milhões estimados em Outubro que ajudou à festa.
E uma das melhores notícias quanto à contínua melhoria das contas externas é que parece dever-se mais a factores estruturais do que à contracção de procura que segundo o BCE representará apenas 1/5 da melhoria da balança de transacções correntes (ver este post de Pedro Romano - via Insurgente).
Segundo dos dados de ontem do destaque do INE, o desemprego continuou a diminuir e no final do 4.º trimestre de 2013 desceu 0,3% para 15,3%. Diferentemente da lengalenga do jornalismo de causas e da esquerdalhada, que só descobriram que o desemprego crescia depois do engenheiro Sócrates ter ido para Paris, e agora minimizam os ganhos como se devessem à emigração, os dados do INE mostram que a população desempregada diminuiu 10,5% no último ano e a população empregada aumentou 0,7% (cerca de 30 mil no mesmo período). É pouco? Pois é, mas para igualar os dislates dessa rapaziada eu poderia dizer (se fosse tão burro ou desonesto quanto eles) que a explicação é o regresso de emigrantes…
Entretanto, e não obstante o clima de instabilidade nos mercados, resultante da incerteza quanto aos países emergentes (onde se destacam os ruídos das rachas dos edifícios em construção do socialismo tropical: Brasil, Argentina e Venezuela), os yields da dívida pública portuguesa mantém a tendência de melhoria.
Dívida pública portuguesa a 10 anos - pay attention: o eixo das ordenadas começa em 5% (Fonte: Bloomberg) |
Notícias deprimentes do Portugal Que Se Queixa (PQSQ):
Não é que seja em si deprimente, mas não é de bom augúrio saber que o fluxo de depósitos bancários em Novembro foi o mais baixo desde Fevereiro de 2006. Estará o PQSQ no intervalo das queixas e manifs a preparar-se para mais uma demonstração do paradigma que postula que puxar pelo consumo não garantindo o crescimento da economia pelo menos assegura o crescimento da dívida?
Deprimente por antecipação será a reacção dos comentadores ressabiados a partir de Setembro quando a nova metodologia SEC 2010 do Eurostat para cálculo do PIB irá aumentá-lo entre 1 a 2% - continuando a economia na mesma, já se vê. Vai ser o maior concurso de despautérios da década com os ressabiados a tentarem demonstrar que o eventual crescimento (em qualquer caso, certamente muito modesto) se deverá em exclusivo à alteração metodológica .
05/02/2014
Mitos (155) - Os alemães são ricos e devem gastar mais dinheiro para ajudar os pobres dos PIGS
Se ricos significar altos rendimentos, talvez sejam. Se ricos significar detentores de riqueza, um património líquido mediano de 51,4 mil euros inclui os alemães no clube dos europeus mais pobres. Mais pobres do que gregos, eslovacos e... portugueses com os seus mais de 6 milhões de casinhas.
Ainda que os pobres dos PIGS tivessem que ser ajudados – questão algo controvertida – não se sabe se os alemães, cuja poupança tem vindo a diminuir, poderiam contribuir mais comprando fancaria aos PIGS.
(Fonte: «German financial habits - Under the mattress», Economist)
Ainda que os pobres dos PIGS tivessem que ser ajudados – questão algo controvertida – não se sabe se os alemães, cuja poupança tem vindo a diminuir, poderiam contribuir mais comprando fancaria aos PIGS.
(Fonte: «German financial habits - Under the mattress», Economist)
DIÁRIO DE BORDO: Quem tem vagar faz colheres de pau
O Galo de Barcelos |
04/02/2014
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (81) – A cada um segundo as suas necessidades, de cada um segundo as suas capacidades
Há dois anos o mestre, cuja herança de 6 anos de governação foi o maior aumento da dívida pública da história portuguesa, postulou na inesquecível conferência em Sciences Po que «as dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se ... foi assim que eu estudei», explicou, ele que apresenta como currículo académico um curso acabado ao domingo cuja saga está contada em «O Processo 95385» das Publicações Dom Quixote.
Dois anos depois, o discípulo João Galamba habilitado com uma licenciatura em Economia (espero que não tenha sido concluída num feriado) e «frequentou um doutoramento em Filosofia Política na London School of Economics» (o que significa frequentar um doutoramento?) reconhece que a dívida que o mestre considera poder-se gerir, é «uma dívida insustentável e tem de ser assumida por todos e lidada por todos» e é obviamente «impagável» por quem a constituiu. Uma vez que não a podemos pagar, é pois «um problema europeu» porque «resulta de uma união monetária disfuncional que promoveu a acumulação destes desequilíbrios».
Ficámos assim a saber que a responsabilidade por décadas de desequilíbrios das contas públicas, que se pensava terem resultado das obras faraónicas não reprodutivas chamadas de investimento público, e da falta de produtividade de uma economia que consumiu persistentemente mais do que produziu e manteve um défice estrutural das contas externas de 10%, essa responsabilidade é afinal de «uma união monetária disfuncional».
Como em tempos escreveu um outro filósofo do PS, recentemente acusado de violência doméstica, trata-se de repetecas, ainda que ligeiramente diferentes. Ficamos assim a perceber que a diferença principal da tese do mestre que estudou se poderem gerir as dívidas por ele deixadas e a tese do discípulo consiste neste considerar que as dívidas deixadas pelo mestre não se gerem e por isso devem ser pagas por quem pode pagá-las por não ter vivido acima das suas posses e não se ter endividado. A diferença que faz uma licenciatura em Economia e a frequência de um doutoramento em Filosofia Política…
Dois anos depois, o discípulo João Galamba habilitado com uma licenciatura em Economia (espero que não tenha sido concluída num feriado) e «frequentou um doutoramento em Filosofia Política na London School of Economics» (o que significa frequentar um doutoramento?) reconhece que a dívida que o mestre considera poder-se gerir, é «uma dívida insustentável e tem de ser assumida por todos e lidada por todos» e é obviamente «impagável» por quem a constituiu. Uma vez que não a podemos pagar, é pois «um problema europeu» porque «resulta de uma união monetária disfuncional que promoveu a acumulação destes desequilíbrios».
Ficámos assim a saber que a responsabilidade por décadas de desequilíbrios das contas públicas, que se pensava terem resultado das obras faraónicas não reprodutivas chamadas de investimento público, e da falta de produtividade de uma economia que consumiu persistentemente mais do que produziu e manteve um défice estrutural das contas externas de 10%, essa responsabilidade é afinal de «uma união monetária disfuncional».
Como em tempos escreveu um outro filósofo do PS, recentemente acusado de violência doméstica, trata-se de repetecas, ainda que ligeiramente diferentes. Ficamos assim a perceber que a diferença principal da tese do mestre que estudou se poderem gerir as dívidas por ele deixadas e a tese do discípulo consiste neste considerar que as dívidas deixadas pelo mestre não se gerem e por isso devem ser pagas por quem pode pagá-las por não ter vivido acima das suas posses e não se ter endividado. A diferença que faz uma licenciatura em Economia e a frequência de um doutoramento em Filosofia Política…
CASE STUDY: Um imenso Portugal (8)
Uma espécie de sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7) e um ponto de situação do estado em que o socialismo tropical do PT de Lula da Silva e da «presidenta» Dilma está a deixar o Brasil, depois de 8 anos de 1995 a 2002 em que Fernando Henrique Cardoso domou a inflação endémica e lançou as bases para uma economia moderna e competitiva.
Não são precisos grandes dotes preditivos para antecipar o desastre para onde caminha o Brasil que ficará patente o mais tardar após as Olimpíadas 2016. A maquilhagem da realidade económica com estatísticas de causas e a prática de preços políticos (sobretudo combustíveis) escondem, entre outras coisas, uma inflação que oficialmente não atingiu 6% em 2013, em que ninguém acredita, quando a desvalorização face ao dólar no mesmo período foi de 18%.
Mas não é possível esconder tudo. Sobretudo, não é possível esconder tudo durante muito tempo e as estatísticas das contas externas agora conhecidas estão aí para o comprovar: o saldo da balança comercial foi o mais baixo em 13 anos e em Janeiro o défice da balança comercial brasileiro foi o maior desde 1994.
Não são precisos grandes dotes preditivos para antecipar o desastre para onde caminha o Brasil que ficará patente o mais tardar após as Olimpíadas 2016. A maquilhagem da realidade económica com estatísticas de causas e a prática de preços políticos (sobretudo combustíveis) escondem, entre outras coisas, uma inflação que oficialmente não atingiu 6% em 2013, em que ninguém acredita, quando a desvalorização face ao dólar no mesmo período foi de 18%.
Mas não é possível esconder tudo. Sobretudo, não é possível esconder tudo durante muito tempo e as estatísticas das contas externas agora conhecidas estão aí para o comprovar: o saldo da balança comercial foi o mais baixo em 13 anos e em Janeiro o défice da balança comercial brasileiro foi o maior desde 1994.
03/02/2014
DIÁRIO DE BORDO: O céu visto da terra (2)
02/02/2014
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (13) – A espiral recessiva e a promoção do colectivo e da coesão
«Portugal está numa espiral recessiva que leva à harmonização no retrocesso e só há uma forma de responder a isto, é vencer o medo, o que implica promover o coletivo e a coesão», disse Carvalho da Silva, ex-dirigente do PCP, ex-dirigente durante 35 anos da CGTP, putativo proto candidato a presidente da República e promotor do movimento 3D para as eleições europeias,
Espera-se que o doutor em Sociologia Carvalho da Silva se digne explicar à plebe ignara como é que se vence o medo, e, vencido este, porque será necessário promover o colectivo e a coesão num país colectivista desde pelo menos o senhor dom Afonso II O Gordo, e, sendo necessário, como vai essa promoção ajudar-nos a desenvolver a economia, pagar as importações (indispensáveis para ficarmos coesos) e a dívida pública e privada que resultaram a promoção do colectivo e da coesão nas últimas décadas.
Espera-se que o doutor em Sociologia Carvalho da Silva se digne explicar à plebe ignara como é que se vence o medo, e, vencido este, porque será necessário promover o colectivo e a coesão num país colectivista desde pelo menos o senhor dom Afonso II O Gordo, e, sendo necessário, como vai essa promoção ajudar-nos a desenvolver a economia, pagar as importações (indispensáveis para ficarmos coesos) e a dívida pública e privada que resultaram a promoção do colectivo e da coesão nas últimas décadas.
Pro memoria (163) – Registe-se para futuro ajuste de contas com o animal feroz
«Nós precisamos de ter um Estado transparente e um Estado que honre a sua palavra e ter governos que prometem uma coisa em campanha eleitoral e cumprem aquilo que prometem no exercício da sua governação. Os últimos quatro governos prometeram todos que não aumentavam impostos e quando chegaram ao governo aumentaram esses impostos.»
António José Seguro, citado pelo Expresso, durante uma intervenção na conferência mensal do Clube da Alameda, no Porto.
Recorde-se, a propósito, quais foram os últimos 4 governos: XVI de Durão Barroso/Santana Lopes (2004-5); XVII de José Sócrates (2005-9); XVIII de José Sócrates (2009-11) e XIX de Passos Coelho (desde 2011).
António José Seguro, citado pelo Expresso, durante uma intervenção na conferência mensal do Clube da Alameda, no Porto.
Recorde-se, a propósito, quais foram os últimos 4 governos: XVI de Durão Barroso/Santana Lopes (2004-5); XVII de José Sócrates (2005-9); XVIII de José Sócrates (2009-11) e XIX de Passos Coelho (desde 2011).
01/02/2014
ACREDITE SE QUISER: Os novos SUV são sargentos velhos
Não, estes SUV não são os Sport Utility Vehicles. Estes SUV são os Sargentos Unidos Vencerão, uma organização que no mundo real se chama prosaicamente Associação Nacional de Sargentos (ANS). Aliás, provavelmente a esmagadora maioria dos associados da ANS nem saberá o que foram os SUV e não imaginará porque diabo os baptizei assim.
Para quem não saiba, os verdadeiros SUV (Soldados Unidos Vencerão) foram uns grupos de oficiais e sargentos a fingir de praças que apareciam embuçados em conferências de imprensa para os camaradas jornalistas de causas no «Verão Quente» de 1975. Na sua maioria pertenciam aos partidos «revolucionários» da época: FSP (uma dissidência do PS), LCI (os avós da facção trotskista do actual BE), LUAR (uns lunáticos assaltantes de bancos), MDP/CDE (uma organização «revisionista», como então se dizia, composta de comunistas reciclados), MES (um grupo de diletantes, muitos deles mais tarde incorporados no PS), PRP (o «verdadeiro» partido da luta armada liderado pelo casal Carlos Antunes-Isabel do Carmo – os pioneiros da liderança bicéfala actual do Bloco de Esquerda), UDP (os autoproclamados verdadeiros marxistas-leninistas, antecessores de uma da facções do actual BD).
Vale a pena citar um trecho do manifesto dos SUV:
«Considerando que já por diversas vezes fizemos cedências à burguesia nomeadamente ao submetermos a nossa luta à aliança com o MFA, que por causa das suas contradições e hesitações no passado, e de hoje estar ao serviço de elementos contra-revolucionários, nos tem valido não só o afastamento e hostilidade da população (especialmente dos nossos irmãos camponeses), como também a desmoralização de numerosos combatentes das nossas fileiras e o adormecimento perante a ofensiva reaccionária dentro e fora dos quartéis...", "...SUV luta com todos os trabalhadores pela preparação de condições que permitam a destruição do Exército burguês e a criação do braço armado do poder dos trabalhadores: o Exército Popular Revolucionário...,
...Sempre, Sempre ao lado do Povo é o nosso lema...»
Retornando aos sargentos da ANS, para se perceber o paralelo com os SUV talvez seja necessário citar algumas das boutades que o sargento-presidente da associação (um cargo com um nome impensável no Verão Quente): é precisa uma «revolução de mentalidades» e os sargentos irão estar «ao lado» dos portugueses quando estes se convencerem de que «a mudança está nas suas mãos»; quando «o povo português se consciencializar de que está nas suas mãos a mudança de que o país precisa, pode bem ter a certeza que os militares, e os sargentos em particular, estarão ao seu lado a defender os valores democráticos, da liberdade e os valores e princípios inscritos na Constituição».
Nesta altura perguntaria o camarada Ulianov: O que fazer? Já sabemos a resposta do próprio, já sabemos a resposta do Abrunhosa, falta conhecer a original resposta do presidente-sargento: uma manif no dia 13 de Fevereiro para «decidir o que fazer mais adiante».
Os pais dos SUV |
Vale a pena citar um trecho do manifesto dos SUV:
«Considerando que já por diversas vezes fizemos cedências à burguesia nomeadamente ao submetermos a nossa luta à aliança com o MFA, que por causa das suas contradições e hesitações no passado, e de hoje estar ao serviço de elementos contra-revolucionários, nos tem valido não só o afastamento e hostilidade da população (especialmente dos nossos irmãos camponeses), como também a desmoralização de numerosos combatentes das nossas fileiras e o adormecimento perante a ofensiva reaccionária dentro e fora dos quartéis...", "...SUV luta com todos os trabalhadores pela preparação de condições que permitam a destruição do Exército burguês e a criação do braço armado do poder dos trabalhadores: o Exército Popular Revolucionário...,
...Sempre, Sempre ao lado do Povo é o nosso lema...»
Retornando aos sargentos da ANS, para se perceber o paralelo com os SUV talvez seja necessário citar algumas das boutades que o sargento-presidente da associação (um cargo com um nome impensável no Verão Quente): é precisa uma «revolução de mentalidades» e os sargentos irão estar «ao lado» dos portugueses quando estes se convencerem de que «a mudança está nas suas mãos»; quando «o povo português se consciencializar de que está nas suas mãos a mudança de que o país precisa, pode bem ter a certeza que os militares, e os sargentos em particular, estarão ao seu lado a defender os valores democráticos, da liberdade e os valores e princípios inscritos na Constituição».
Nesta altura perguntaria o camarada Ulianov: O que fazer? Já sabemos a resposta do próprio, já sabemos a resposta do Abrunhosa, falta conhecer a original resposta do presidente-sargento: uma manif no dia 13 de Fevereiro para «decidir o que fazer mais adiante».