Ouviu-se por todo o país um profundo suspiro quando a doutora Manuela Ferreira Leite confirmou a sua candidatura. Foi o suspiro de alívio das envergonhadas elites (sosseguem, é apenas uma figura de estilo) do PSD por finalmente poderem sair das tocas em que aguardavam ansiosamente o surgimento duma vítima para ser imolada (professor Marcelo dixit) no altar do senhor engenheiro. Formou-se um «mar de militantes», segundo as palavras do Público, para apoiar a Desejada. Porquê o alívio? Porque não foram outras candidaturas um lenitivo para o sofrimento expectante das elites? Simples, meu caro Watson: falta-lhes credibilidade (doutor Lopes) ou pátine (doutores Neto da Silva, Patinha Antão, Passos Coelho). Seriam imoladas mais facilmente, as cartas ficariam marcadas e as elites ficariam mal na fotografia.
O caso do ogro da Madeira, aka Bokassa das Ilhas, é completamente diferente. O homem corre numa pista separada e, mais do que isso, numa corrida diferente. É uma pseudo-candidatura. Há quem diga que deseja intimamente ser chefe do PSD ou mesmo, acreditam, chefe da República. Não creio. O homem faz de tonto mas não é tonto ao ponto de acreditar que os militantes ou eleitores do contenente votariam maciçamente nele. Só se for como o meu desejo íntimo de jantar com a Michele Pfeifer que, por sinal, daria uma excelente candidata.
Michelle, ma belle
Sont des mots qui vont très bien ensemble
très bien ensemble
[Vestida para matar]
29/04/2008
Perguntas difíceis de resposta fácil
«Porque gastar 3 mil milhões para atravessar o Tejo, se custa 300 com novas tecnologias?
As grandes capitais como Paris e Londres têm transporte integrado com minibus a biogás nos subúrbios até o metro no centro, com o mesmo cartão. Têm grandes parques junto às estações de comboio e metro; portagens se o automóvel entra na cidade.
Muitos engenheiros afirmam que a ponte Vasco da Gama tem capacidade até 2030 ou mais. Falta um túnel para comboios! É a mais simples e barata solução. Não altera a vista nem o habitat das aves. O de Estocolmo, para o metro, e o do Canal da Mancha para comboio de passageiros e veículos mostrou ser o melhor. Hoje é pré-construído à beira-rio em módulos estanques, rebocados, localizados a GPS e afundados numa semi-vala pré-dragada no rio, similar aos de Boston e Baltimore.
Um terramoto danificaria a ponte planeada, como em S. Francisco; um túnel modulado usa um tipo de airbag que fecha o módulo afectado sem danificar o resto do túnel.
As formas estão prontas, a tecnologia usada. Se querem quatro vias, faz-se dois túneis. Enquanto a ponte limita a uma dúzia os possíveis concorrentes e permite todo o tipo de lóbi, o túnel, após o projecto, pode abrir-se para oitenta concorrentes, todos locais. Usa 100% de materiais fabricados por cá, por empresas de cá, com empregados de cá.
A quem interessa gastar 3 mil milhões em vez de 300? Quem vai pagar 30 dos 40 mil milhões em obras faraónicas? Em portagens, tarifas e impostos, um milhão de contribuintes terão que pagar, cada um, mais 5 mil euros por ano em 6 anos para satisfazer o lóbi de uma dúzia de empreiteiras?? Inovar é usar um túnel para atravessar o Tejo.»
[Jack Soifer, no OJE de hoje]
As grandes capitais como Paris e Londres têm transporte integrado com minibus a biogás nos subúrbios até o metro no centro, com o mesmo cartão. Têm grandes parques junto às estações de comboio e metro; portagens se o automóvel entra na cidade.
Muitos engenheiros afirmam que a ponte Vasco da Gama tem capacidade até 2030 ou mais. Falta um túnel para comboios! É a mais simples e barata solução. Não altera a vista nem o habitat das aves. O de Estocolmo, para o metro, e o do Canal da Mancha para comboio de passageiros e veículos mostrou ser o melhor. Hoje é pré-construído à beira-rio em módulos estanques, rebocados, localizados a GPS e afundados numa semi-vala pré-dragada no rio, similar aos de Boston e Baltimore.
Um terramoto danificaria a ponte planeada, como em S. Francisco; um túnel modulado usa um tipo de airbag que fecha o módulo afectado sem danificar o resto do túnel.
As formas estão prontas, a tecnologia usada. Se querem quatro vias, faz-se dois túneis. Enquanto a ponte limita a uma dúzia os possíveis concorrentes e permite todo o tipo de lóbi, o túnel, após o projecto, pode abrir-se para oitenta concorrentes, todos locais. Usa 100% de materiais fabricados por cá, por empresas de cá, com empregados de cá.
A quem interessa gastar 3 mil milhões em vez de 300? Quem vai pagar 30 dos 40 mil milhões em obras faraónicas? Em portagens, tarifas e impostos, um milhão de contribuintes terão que pagar, cada um, mais 5 mil euros por ano em 6 anos para satisfazer o lóbi de uma dúzia de empreiteiras?? Inovar é usar um túnel para atravessar o Tejo.»
[Jack Soifer, no OJE de hoje]
27/04/2008
DIÁRIO DE BORDO: «Et pur si muove niente»?
24/04/2008
Galileo. Et pur si muove niente
Nascido em 2001 com a preocupação de dotar a União Europeia dum sistema de navegação por satélite que deveria tornar obsoleto o sistema GPS ianque, o projecto Galileo tem-se arrastado no limbo da eurocracia, torrando pelo caminho uns milhões de euros, em simples exercícios de aquecimento para torrar uns milhares de milhões nos próximos anos.
Ontem o Parlamento Europeu aprovou o orçamento e o plano do projecto. É claro que isso não significa nada, ou pior, é uma garantia de se torrarem os tais milhares de milhões por uma quimera. O que se passou nos últimos 8 anos, com um consórcio de 8 grandes empresas europeias de 5 países (EADS, Thales, Alcatel-Lucent, Inmarsat, Finmeccanica, AENA, Hispasat, TeleOp e Deutsche Telekom) que não se entenderam nem para decidir onde deveriam ficar as instalações, dá uma pálida ideia do que nos reserva o futuro.
No entanto, o gesto foi suficiente para aliviar algumas almas, como a do Hexágono Quântico, linkado à notícia do Público, que acredita que o Galileo «permitirá reforçar a identidade científica europeia e desenvolver a independência da União no domínio estratégico da localização via satélite. Constitui, portanto, uma verdadeira alternativa ao surgimento de um monopólio em benefício do sistema GPS americano.»
Permito-me duvidar. Em primeiro lugar porque o projecto Galileo, como foi admitido pela Comissão Europeia, não tem interesse comercial, querendo com isto dizer nas entrelinhas que terá que ser financiado com dinheiros públicos, isto é com a aplicação compulsiva de dinheiros privados. No final o projecto Galileo poderá eventualmente produzir um sistema operacional, mas terá sido essencialmente um expediente dos grandes campeões nacionais serem financiados pelos contribuintes que o continuarão a pagar por ser sistema comercialmente inviável.
Segundo, quando estiver pronto em 2013, o sistema GPS (que não custa um cêntimo aos contribuintes europeus) já terá sido melhorado e o Galileo terá que competir ainda com o Glosnass russo e o sistema chinês.
Terceiro, porque o argumento que o sistema GPS poderá ser desligado pelo exército ianque em caso de conflito militar não parece muito credível. Apesar dos vários conflitos ocorridos e em curso (incluindo as 2 invasões do Iraque) o sistema esteve sempre disponível e um conflito ou ameaça global que deixasse inoperacional o GPS afectaria irremediavelmente o Galileo.
Ontem o Parlamento Europeu aprovou o orçamento e o plano do projecto. É claro que isso não significa nada, ou pior, é uma garantia de se torrarem os tais milhares de milhões por uma quimera. O que se passou nos últimos 8 anos, com um consórcio de 8 grandes empresas europeias de 5 países (EADS, Thales, Alcatel-Lucent, Inmarsat, Finmeccanica, AENA, Hispasat, TeleOp e Deutsche Telekom) que não se entenderam nem para decidir onde deveriam ficar as instalações, dá uma pálida ideia do que nos reserva o futuro.
No entanto, o gesto foi suficiente para aliviar algumas almas, como a do Hexágono Quântico, linkado à notícia do Público, que acredita que o Galileo «permitirá reforçar a identidade científica europeia e desenvolver a independência da União no domínio estratégico da localização via satélite. Constitui, portanto, uma verdadeira alternativa ao surgimento de um monopólio em benefício do sistema GPS americano.»
Permito-me duvidar. Em primeiro lugar porque o projecto Galileo, como foi admitido pela Comissão Europeia, não tem interesse comercial, querendo com isto dizer nas entrelinhas que terá que ser financiado com dinheiros públicos, isto é com a aplicação compulsiva de dinheiros privados. No final o projecto Galileo poderá eventualmente produzir um sistema operacional, mas terá sido essencialmente um expediente dos grandes campeões nacionais serem financiados pelos contribuintes que o continuarão a pagar por ser sistema comercialmente inviável.
Segundo, quando estiver pronto em 2013, o sistema GPS (que não custa um cêntimo aos contribuintes europeus) já terá sido melhorado e o Galileo terá que competir ainda com o Glosnass russo e o sistema chinês.
Terceiro, porque o argumento que o sistema GPS poderá ser desligado pelo exército ianque em caso de conflito militar não parece muito credível. Apesar dos vários conflitos ocorridos e em curso (incluindo as 2 invasões do Iraque) o sistema esteve sempre disponível e um conflito ou ameaça global que deixasse inoperacional o GPS afectaria irremediavelmente o Galileo.
22/04/2008
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: mais (quase) do mesmo
Secção Padre Anchieta
Como escreveu ontem Bruno Proença, citado pelo Pertinente (já que não escreve ultimamente nada de jeito, ao menos que cite), «as alternativas faladas ou desejadas: Manuela Ferreira Leite, Rui Rio, Pedro Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Cadilhe… São figuras do passado.» Ficou esquecido Aguiar Branco, uma figura do passado mais recente, que acabado de tomar a segunda decisão irreversível de apresentar uma candidatura, reverteu, outra vez, perante o avanço da veneranda doutora Ferreira Leite. Quanto ao doutor Marcelo, jura que não pretende imolar-se, outra vez. Contudo, como umas poucas semanas antes de se candidatar pela última vez havia jurado que só o faria se Cristo voltasse à terra, é melhor não fechar a porta à sua (de Marcelo) ressurreição.
A alternativa falada ou desejada ontem de manhã da doutora Manuel era à tarde considerada confirmada pela SIC Notícias e considerada «expectante» pelo doutor Marcelo, assim dispensado de esperar o regresso de Cristo à terra. Ficamos pois, segundo o doutor Marcelo, com um candidato e duas lebres: a doutora Ferreira Leite e os doutores Passos Coelho e Patinha Antão, respectivamente. Ou seja fica-se na mesma. Apenas talvez se perca o doutor Ribau, o que em si mesmo é um ganho não negligenciável.
Bourbons e chateaubriands à discrição para todos os candidatos.
Como escreveu ontem Bruno Proença, citado pelo Pertinente (já que não escreve ultimamente nada de jeito, ao menos que cite), «as alternativas faladas ou desejadas: Manuela Ferreira Leite, Rui Rio, Pedro Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Cadilhe… São figuras do passado.» Ficou esquecido Aguiar Branco, uma figura do passado mais recente, que acabado de tomar a segunda decisão irreversível de apresentar uma candidatura, reverteu, outra vez, perante o avanço da veneranda doutora Ferreira Leite. Quanto ao doutor Marcelo, jura que não pretende imolar-se, outra vez. Contudo, como umas poucas semanas antes de se candidatar pela última vez havia jurado que só o faria se Cristo voltasse à terra, é melhor não fechar a porta à sua (de Marcelo) ressurreição.
A alternativa falada ou desejada ontem de manhã da doutora Manuel era à tarde considerada confirmada pela SIC Notícias e considerada «expectante» pelo doutor Marcelo, assim dispensado de esperar o regresso de Cristo à terra. Ficamos pois, segundo o doutor Marcelo, com um candidato e duas lebres: a doutora Ferreira Leite e os doutores Passos Coelho e Patinha Antão, respectivamente. Ou seja fica-se na mesma. Apenas talvez se perca o doutor Ribau, o que em si mesmo é um ganho não negligenciável.
Bourbons e chateaubriands à discrição para todos os candidatos.
21/04/2008
Tirou-me as palavras da boca
«Os problemas do PSD são mais graves. Por um lado, a total incapacidade de renovação. Vejam-se as alternativas faladas ou desejadas: Manuela Ferreira Leite, Rui Rio, Pedro Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Cadilhe… São figuras do passado. Embora mais novo, também Pedro Passos Coelho é uma personagem do passado, apesar do longo intervalo da vida política activa. Olha-se para o PS e conseguem-se identificar sete ou oito pessoas que lutarão pela liderança daqui a dez ou quinze anos. Faz-se o mesmo no PSD e não se vislumbra futuro. O corte geracional deve ser feito e depressa.
Até porque só desta forma será possível acabar com a segunda causa da crise social-democrata: o enquadramento institucional. Com a excepção das eleições directas, o PSD continua organizado como nos anos oitenta. Distritais, concelhias, secções… Tudo com as suas lógicas de poder e caciquismo locais. Nada interessante para as novas gerações habituadas a conviver com o mundo digital e organizações mais horizontais. O PSD não é um partido moderno. Nem na sua organização, nem nas causas políticas que defende.
Este é um momento particularmente sério na vida do PSD. Pode ser a sua última oportunidade, antes de entrar num processo de declínio irreversível. As instituições também acabam. A bola está do lado das figuras do partido. Mesmo sendo uma causa dos problemas, desta vez terão de fazer parte da solução. Menezes tem tudo minado e o prazo para arranjar uma alternativa é curto. Ainda assim, isto não pode ser desculpa para a incapacidade de encontrar uma solução séria, que acalme o partido, o credibilize e permita o início das mudanças estruturais. Se isto não aparecer, então o papel do PSD no actual sistema democrático está em xeque.»
(Bruno Proença, no Diário Económico de hoje)
Até porque só desta forma será possível acabar com a segunda causa da crise social-democrata: o enquadramento institucional. Com a excepção das eleições directas, o PSD continua organizado como nos anos oitenta. Distritais, concelhias, secções… Tudo com as suas lógicas de poder e caciquismo locais. Nada interessante para as novas gerações habituadas a conviver com o mundo digital e organizações mais horizontais. O PSD não é um partido moderno. Nem na sua organização, nem nas causas políticas que defende.
Este é um momento particularmente sério na vida do PSD. Pode ser a sua última oportunidade, antes de entrar num processo de declínio irreversível. As instituições também acabam. A bola está do lado das figuras do partido. Mesmo sendo uma causa dos problemas, desta vez terão de fazer parte da solução. Menezes tem tudo minado e o prazo para arranjar uma alternativa é curto. Ainda assim, isto não pode ser desculpa para a incapacidade de encontrar uma solução séria, que acalme o partido, o credibilize e permita o início das mudanças estruturais. Se isto não aparecer, então o papel do PSD no actual sistema democrático está em xeque.»
(Bruno Proença, no Diário Económico de hoje)
19/04/2008
SERVIÇO PÚBLICO: n.º 1 nas bagagens
Ainda não percebi a razão do jornalismo de causas (várias) que ocupa os nossos mídia, sempre preocupado em mostrar que, mau grado a preguiça, a ignorância, a negligência e o culto da incompetência que impregnam a cultura local, somos um povo de talentos que o resto do mundo admira (ou inveja), ainda não percebi dizia eu, o porquê de não mostrarem que a TAP Air Portugal é a n.º 1 nas bagagens. (fonte Economist)
17/04/2008
CASE STUDY: mais um negacionista convertido?
«President Bush on Wednesday said that the United States should halt the growth in greenhouse gases by 2025, his first specific goal on the nation's emissions.
The remarks come after increasing pressure from the corporate sector for some kind of federal effort regarding climate change.
Bush said that he supports "realistic goals" of curbing carbon-dioxide emissions, but cautioned that the "wrong way is to raise taxes, duplicate mandates or demand sudden and drastic emissions cuts that have no chance of being realized."
Ahead of a Major Economies Meeting in Paris, the president reiterated his opposition to the global Kyoto Protocol, but said that he'd support talks to move beyond it.» (ver mais aqui)
Bush está a ser pressionado pela crescente verdura do mundo dos negócios, que pragmaticamente vê oportunidades de negócio onde outros vêem infernos ou céus (o que é a mesma coisa). Ainda recentemente num gather together da nata ianque dos negócios «General Electric Co.'s CEO and Chairman Jeffrey Immelt, attendees of The Wall Street Journal's Economics conference on creating environmental capital kicked off with a rollicking debate on energy, technology and regulation, raising plenty of divergent views.
But one theme quickly emerged: Inaction is unacceptable. Failure in the environmental arena means forfeiting a leading U.S. role in a rapidly growing global industry. And time is running short.
We live today in a certain kind of hell where nothing is getting done," Immelt told a room packed with 300 of the nation's top corporate leaders and venture capitalists.
Immelt's warning to other CEOs on capping carbon emissions was blunt. "The day it becomes law, you're five years late." (ver mais aqui)
The remarks come after increasing pressure from the corporate sector for some kind of federal effort regarding climate change.
Bush said that he supports "realistic goals" of curbing carbon-dioxide emissions, but cautioned that the "wrong way is to raise taxes, duplicate mandates or demand sudden and drastic emissions cuts that have no chance of being realized."
Ahead of a Major Economies Meeting in Paris, the president reiterated his opposition to the global Kyoto Protocol, but said that he'd support talks to move beyond it.» (ver mais aqui)
Bush está a ser pressionado pela crescente verdura do mundo dos negócios, que pragmaticamente vê oportunidades de negócio onde outros vêem infernos ou céus (o que é a mesma coisa). Ainda recentemente num gather together da nata ianque dos negócios «General Electric Co.'s CEO and Chairman Jeffrey Immelt, attendees of The Wall Street Journal's Economics conference on creating environmental capital kicked off with a rollicking debate on energy, technology and regulation, raising plenty of divergent views.
But one theme quickly emerged: Inaction is unacceptable. Failure in the environmental arena means forfeiting a leading U.S. role in a rapidly growing global industry. And time is running short.
We live today in a certain kind of hell where nothing is getting done," Immelt told a room packed with 300 of the nation's top corporate leaders and venture capitalists.
Immelt's warning to other CEOs on capping carbon emissions was blunt. "The day it becomes law, you're five years late." (ver mais aqui)
16/04/2008
É cada vez mais visível que os ímpetos reformistas se esfumaram
PRACE e Simplex reduzidos ao folclore mediático, sem consequências no emagrecimento ou extinção de nenhum departamento. Plano tecnológico com um impacto epidérmico que se esgota nos anúncios. Avaliação dos profs em que todos acabaram a fazer de conta: uns que avaliarão, outros que serão avaliados. Reforma do SNS completamente subvertida, com a ministra a esconjurar da saúde o «negócio» e o «lucrativo».
O que resta das reformas mil vezes anunciadas por José Sócrates? Restam a amargura, o cansaço e a irritação dos grupos que foram massacrados pelos discursos, mas apenas mordiscados por umas tímidas medidas que deixaram praticamente intactos os direitos adquiridos.
Resta também o pior de dois mundos: uma desigualdade social crescente, mas a mesma falta de competitividade, a mesma rigidez nos mercados de trabalho, os mesmos omnipresentes direitos adquiridos, apenas erodidos pela crescente inflação. E resta um novo ciclo do betão que reduzirá a pó todos os microscópicos resultados conseguidos em 3 anos. No final, teremos um novo início.
Como justificar reformas, que seriam penosas se executadas, ao mesmo tempo que se anuncia o fim da crise e se imagina a prosperidade ao virar da esquina?
O que resta das reformas mil vezes anunciadas por José Sócrates? Restam a amargura, o cansaço e a irritação dos grupos que foram massacrados pelos discursos, mas apenas mordiscados por umas tímidas medidas que deixaram praticamente intactos os direitos adquiridos.
Resta também o pior de dois mundos: uma desigualdade social crescente, mas a mesma falta de competitividade, a mesma rigidez nos mercados de trabalho, os mesmos omnipresentes direitos adquiridos, apenas erodidos pela crescente inflação. E resta um novo ciclo do betão que reduzirá a pó todos os microscópicos resultados conseguidos em 3 anos. No final, teremos um novo início.
Como justificar reformas, que seriam penosas se executadas, ao mesmo tempo que se anuncia o fim da crise e se imagina a prosperidade ao virar da esquina?
15/04/2008
DIÁRIO DE BORDO: Fobos, filho de Marte e de Venús
14/04/2008
SERVIÇO PÚBLICO: As coisas não estão tão mal que não possam ainda piorar
Também convém lembrar que enquanto o PIB per capita em unidades de poder de compra (u.p.c.) em 2006 (últimos dados disponíveis do Eurostat) era em Portugal de 75% da média europeia, o mais baixo da zona euro e em queda nos últimos anos, a Espanha e, já agora, a Grécia (que durante anos disputou com Portugal a lanterna vermelha) tinham um PIB per capita em u.p.c. praticamente igual ao da média.
Não queria falar da Irlanda que há 20 anos estava ao nível de Portugal, não tinha uma única auto-estrada (Portugal arrisca-se a ser o campeão das auto-estradas no final do ciclo socrático do betão), e agora tem uma centena de kms de auto-estradas e um PIB per capita em u.p.c. que é 1,5 da média europeia, ou seja o dobro do português. Já que já falei da Irlanda, sempre acrescento que as coisas não melhoram quando, em vez do PIB, se toma por base da comparação o Produto Nacional Bruto (PNB), que é o produto criado por nacionais, residentes ou não residentes, apesar de quem defende que uma parte significativa da rendimentos gerados na Irlanda são repatriados. Foi o que há tempos Miguel Frasquilho demonstrou em dois artigos publicados no Jornal de Negócios: «A realidade do PNB escondida pelo PIB» (I) e (II).
Não queria falar da Irlanda que há 20 anos estava ao nível de Portugal, não tinha uma única auto-estrada (Portugal arrisca-se a ser o campeão das auto-estradas no final do ciclo socrático do betão), e agora tem uma centena de kms de auto-estradas e um PIB per capita em u.p.c. que é 1,5 da média europeia, ou seja o dobro do português. Já que já falei da Irlanda, sempre acrescento que as coisas não melhoram quando, em vez do PIB, se toma por base da comparação o Produto Nacional Bruto (PNB), que é o produto criado por nacionais, residentes ou não residentes, apesar de quem defende que uma parte significativa da rendimentos gerados na Irlanda são repatriados. Foi o que há tempos Miguel Frasquilho demonstrou em dois artigos publicados no Jornal de Negócios: «A realidade do PNB escondida pelo PIB» (I) e (II).
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13/04/2008
As coisas não estão tão mal como parecem
Antes de nos deixamos esmagar pelo diferencial para a Espanha do crescimento do PIB, convém lembrar que este depende do crescimento do PIB per capita e do crescimento demográfico, que no caso da Espanha tem sido muito significativo por via a imigração. Ao contrário, Portugal tem tido um crescimento pouco relevante da população residente.
O crescimento do PIB per capita do Japão e da Alemanha, por exemplo, ambos com uma população praticamente estabilizada, apresentam taxas que rivalizam com as dos EU e da GB. A Espanha, um dos campeões do crescimento europeu, tem taxas inferiores às da Alemanha.
[Fonte do gráfico: Grossly distorted picture, The Economist, March 15th]
O crescimento do PIB per capita do Japão e da Alemanha, por exemplo, ambos com uma população praticamente estabilizada, apresentam taxas que rivalizam com as dos EU e da GB. A Espanha, um dos campeões do crescimento europeu, tem taxas inferiores às da Alemanha.
[Fonte do gráfico: Grossly distorted picture, The Economist, March 15th]
12/04/2008
ESTADO DE SÍTIO: o supérfluo inócuo e o supérfluo nocivo
Uma boa parte dos 14 ministérios do governo do engenheiro Sócrates é supérflua e inócua ou supérflua e nociva, em potência e/ou em acto.
Exemplo do supérfluo inócuo é o ministério da Defesa, onde o respectivo ministro, com a ajuda duma dezenas de assessores de imagem ou aparentados, se esforça por disfarçar a sua não existência viajando incessantemente e fazendo declarações. Ontem esteve em França, comemorando os 90 anos da batalha de La Lys. Recorde-se que lá morreram num só dia mais de 7.000 campónios arrastados para a voragem pelo governo jacobino do doutor Afonso Costa, ou seja mais de um terço das mortes durante os 24 anos da guerra colonial. Em Lille, o ministro sublinhou as lições de La Lys que devem ser aplicadas nos dias de hoje. Não podia ter escolhido melhor audiência do que os franceses, de quem se diz que os seus generais depois de Napoleão e da última batalha que venceram em Borodino, estiveram sempre atrasados uma guerra. Se escutarem o pensamento do ministro passarão a andar atrasados uma meia dúzia: a II, a Coreia, Vietname, Afganistão, Iraque I e Iraque II.
Exemplo do supérfluo nocivo, é o ministério da Educação, cuja ministra acaba de deixar cair uma reforma incontornável chegando a acordo com os sindicatos ao fim de 7 longas horas de reunião. O ministério fingirá que vai avaliar os professores e, em troca, os professores fingirão que são avaliados e deixarão de pedir a cabeça da ministra. O engenheiro Sócrates fingirá que é um animal selvagem que nunca cede e que apoiou o ministra até ao fim.
Exemplo do supérfluo inócuo é o ministério da Defesa, onde o respectivo ministro, com a ajuda duma dezenas de assessores de imagem ou aparentados, se esforça por disfarçar a sua não existência viajando incessantemente e fazendo declarações. Ontem esteve em França, comemorando os 90 anos da batalha de La Lys. Recorde-se que lá morreram num só dia mais de 7.000 campónios arrastados para a voragem pelo governo jacobino do doutor Afonso Costa, ou seja mais de um terço das mortes durante os 24 anos da guerra colonial. Em Lille, o ministro sublinhou as lições de La Lys que devem ser aplicadas nos dias de hoje. Não podia ter escolhido melhor audiência do que os franceses, de quem se diz que os seus generais depois de Napoleão e da última batalha que venceram em Borodino, estiveram sempre atrasados uma guerra. Se escutarem o pensamento do ministro passarão a andar atrasados uma meia dúzia: a II, a Coreia, Vietname, Afganistão, Iraque I e Iraque II.
Exemplo do supérfluo nocivo, é o ministério da Educação, cuja ministra acaba de deixar cair uma reforma incontornável chegando a acordo com os sindicatos ao fim de 7 longas horas de reunião. O ministério fingirá que vai avaliar os professores e, em troca, os professores fingirão que são avaliados e deixarão de pedir a cabeça da ministra. O engenheiro Sócrates fingirá que é um animal selvagem que nunca cede e que apoiou o ministra até ao fim.
11/04/2008
Mudanças climáticas - quando o que parece pode não ser, mas em todo o caso vale a pena prestar atenção
Com excepção de certas correntes doutrinárias, libertárias umas, ultra-conservadoras outras, mas todas emanações dum lunatismo irreconciliável com os factos, o mainstream dos fazedores de opinião e a própria opinião pública acreditam que estão em curso mudanças climáticas, seja pelo greenhouse effect seja por outra(s) causa(s), cujos efeitos são o aquecimento global, para uns, ou o arrefecimento global, para outros, ou a crescente ocorrência de fenómenos extremos, para os restantes.
Quer se goste, quer se não goste, da personalidade de Al Gore, quer se pense dele que é um oportunista, quer se ache que se move por filantropia ambiental, tem de reconhecer-se que ao contribuir para colocar na ordem do dia as preocupações com o ambiente e ao derrotar na opinião pública o negacionismo prestou um serviço público.
Chegou-se aparentemente a um ponto de não retorno, quando se constata que no próprio mundo de negócios (e não apenas no negócio das energias renováveis que é mais um entre outros - fortemente subsidiado neste caso) as preocupações ambientais estão na ordem do dia, como se pode ver pelos resultados deste inquérito da McKinsey.
[Dados (ponderados pela população do respectivo país) dum inquérito em Dezembro de 2007 a 2.192 executivos de topo; Fonte: How companies think about climate change: A McKinsey Global Survey]
Quer se goste, quer se não goste, da personalidade de Al Gore, quer se pense dele que é um oportunista, quer se ache que se move por filantropia ambiental, tem de reconhecer-se que ao contribuir para colocar na ordem do dia as preocupações com o ambiente e ao derrotar na opinião pública o negacionismo prestou um serviço público.
Chegou-se aparentemente a um ponto de não retorno, quando se constata que no próprio mundo de negócios (e não apenas no negócio das energias renováveis que é mais um entre outros - fortemente subsidiado neste caso) as preocupações ambientais estão na ordem do dia, como se pode ver pelos resultados deste inquérito da McKinsey.
[Dados (ponderados pela população do respectivo país) dum inquérito em Dezembro de 2007 a 2.192 executivos de topo; Fonte: How companies think about climate change: A McKinsey Global Survey]
10/04/2008
Do papel almaço ao ciberespaço - a inovação por decreto
Segundo o DN, a proposta de Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas que o Governo aprovou e irá discutir com os sindicatos, prevê o teletrabalho na função pública.
Só quem não conhece de todo o que é administração pública e os requisitos de comunicações, de software e de hardware (este último é o problema mais simples de resolver) para executar um trabalho em condições minímas de produtividade e de controlo pode imaginar que uma medida como esta envolva mais do que uma dúzia de figurantes pagos pelo Governo para aparecer na foto.
A menos que se pretenda um sucedâneo para o casaco na cadeira e substituir o «saiu mas não deve demorar porque tem o casaco aí na cadeira» por «está em teletrabalho». Neste caso o sucesso estará garantido.
Só quem não conhece de todo o que é administração pública e os requisitos de comunicações, de software e de hardware (este último é o problema mais simples de resolver) para executar um trabalho em condições minímas de produtividade e de controlo pode imaginar que uma medida como esta envolva mais do que uma dúzia de figurantes pagos pelo Governo para aparecer na foto.
A menos que se pretenda um sucedâneo para o casaco na cadeira e substituir o «saiu mas não deve demorar porque tem o casaco aí na cadeira» por «está em teletrabalho». Neste caso o sucesso estará garantido.
09/04/2008
ESTADO DE SÍTIO: se por um lado, por outro
Se por um lado o governo quer mandar a ASAE fiscalizar os escritórios de advogados para verificar se têm «em local visível, uma tabela com os preços que cobram pelos serviços jurídicos, (e) também ... se possuem livro de reclamações», por outro, o mesmo governo (sublinho o mesmo) deixa o Tribunal de Comércio de Lisboa chegar à «completa ruptura» ao ponto da juíza presidente admitir que «se eu fosse um estrangeiro, não investia em Portugal». Conselho que, avant la lettre, já foi seguido e não deixará de o ser no futuro.
Não é preciso conhecer o papel da rule of law no desenvolvimento para perceber que os milhões da campanha The West Coast of Europe teriam sido bem aplicados para reformar o TCL.
[Fonte do gráfico: Order in the jungle, Mar 13th 2008, From The Economist print edition]
Não é preciso conhecer o papel da rule of law no desenvolvimento para perceber que os milhões da campanha The West Coast of Europe teriam sido bem aplicados para reformar o TCL.
[Fonte do gráfico: Order in the jungle, Mar 13th 2008, From The Economist print edition]
ARTIGO DEFUNTO / CASE STUDY: os analistas aplaudem
«Os analistas contactados pelo Jornal de Negócios aplaudem o nome de Jorge Coelho como futuro presidente da Mota-Engil. Acreditam que, independentemente das conotações políticas que o seu nome acarreta, o ex-ministro do Equipamento Social é uma boa aposta, que poderá favorecer a construtora quando se aproximam importantes adjudicações de obras públicas.É certamente uma boa aposta, não independentemente das conotações políticas que o seu nome acarreta, mas precisamente por via dessas conotações. Não é extraordinário que um analista e outro responsável se exprimam com tanta inocência e um jornalista reproduza essa inocência (ou a invente)? Não. O que é extraordinário é poucos acharem extraordinário - talvez apenas uns milhares de marcianos que nos habitam.
"É uma pessoa com conhecimentos no sector e com boas capacidades de gestão, pelo que, apesar das reservas políticas, pode ser uma boa aposta da Mota-Engil", adiantou um analista que preferiu não ser identificado. Outro responsável, que também pediu o anonimato, sublinhou que "pode ser um nome forte para a obtenção de futuras adjudicações ao estar ligado ao Partido Socialista".» (Jornal de Notícias)
08/04/2008
¿Por qué no te callas?
Depois de 20 anos à frente do Fed praticando a doutrina de fintar a recessão espevitando a procura à custa do preço do dinheiro artificialmente baixo, é difícil irresponsabilizar Greenspan pela crise financeira do subprime, que culminou uma longa série de housing bubbles, como ele lhes chama em mais uma das suas prolixas respostas aos críticos que emergiram da clandestinidade depois da sua saída do Fed. Ao menos os seus escritos não sofrem tanto do mumble jumble que infecta as suas conferências de imprensa.
07/04/2008
ESTADO DE SÍTIO: os fetos e os afectos do Estado, segundo o PS
O divórcio na hora, objecto do projecto de lei que o PS apresentará no parlamento, é mais uma emanação das concessões do oportunismo político do engenheiro Sócrates para sossegar as milícias do politicamente correcto que habitam no PS e que caminham a reboque do radicalismo chic berloquista. «É a concepção da conjugalidade assente nos afectos» explicou o doutor Alberto Martins, como se o Estado em vez de garantir clareza e previsibilidade nas relações contratuais – e face ao Estado, o casamento é apenas isso - tivesse que se imiscuir nos sentimentos e emoções das partes. Como contrato que é, em que se distinguirá o casamento duma união de facto, se uma das partes poder resolver unilateralmente o contrato sem uma causa objectiva?
A longo prazo, a maldita demografia torna divórcios na hora, abortos a pedido e cesarianas por receita médica dificilmente compatíveis com direitos adquiridos, pensões garantidas e toda a parafernália do Estado social, qual divina providência, que o infantilismo esquerdista nos quer impingir. E o infantilismo direitista, já agora.
A longo prazo, a maldita demografia torna divórcios na hora, abortos a pedido e cesarianas por receita médica dificilmente compatíveis com direitos adquiridos, pensões garantidas e toda a parafernália do Estado social, qual divina providência, que o infantilismo esquerdista nos quer impingir. E o infantilismo direitista, já agora.
06/04/2008
Onde tem andado António Borges?
Terminada a sua vice-presidência da Goldman Sachs (*), António Borges numa interessante entrevista ao Jornal de Negócio à mesa do Tavares, talvez animado pela sofisticada selecção de vinhos, revela uma interessante, original e insuspeitada doutrina sobre o papel sufocante do Estado português, a aversão ao risco dos empresários portugueses, a dependência dos jornalistas portugueses, a mediocridade das universidades portuguesas, a irrelevância do sector bancário em geral e as grandes empresas portuguesas protegidas da concorrência que não sabem o que fazer ao dinheiro.
Também se queixa pela boca do jornalista que o ministro Pinho cancelou os contratos entre o Governo e a Goldman Sachs, esquecendo que os contratos, talvez por acaso, tinham sido assinados por um ministro do PSD.
(*) Segundo as investigações do Impertinente aqui relatadas, a vice-presidência é a pertença como International Advisor a um gigantesco Partnership Pool.
04/04/2008
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O que é bom para a Mota-Engil é bom para o país e vice-versa. Hádem ver.
Secção Musgo viscoso
Durante o processo de nomeação como secretário da Defesa de Eisenhower em 1953, Charles Erwin Wilson, que tinha sido presidente executivo da General Motors e à data ainda detinha acções da GM, quando questionado pela comissão de Defesa do Senado sobre os potenciais conflitos de interesse, terá respondido com a maior ingenuidade «what was good for the country was good for General Motors and vice versa».
O que se passou com Charles Wilson, repetiu-se e com muitos outros nos EU e em vários países europeus, onde o caminho clássico se faz das empresas para um cargo público e se regressa ao primeiro no final do mandato. Uma das excepções notáveis é a de Shroeder, que de chanceler passou a presidente da Gasprom, a empresa controlada pelo cartel do czar Putin.
Em Portugal o caminho tem sido mais no sentido partido->cargo público->empresa. São inúmeros os exemplos, e o doutor Coelho, agora nomeado CEO da Mota-Engil, é apenas mais um. Neste caso a ordem dos factores não é arbitrária. É certo que o caminho empresa->cargo público contem potenciais conflitos de interesse. Mas o caminho inverso em que ao quadro político, que fez uma carreira nas bancadas do partido e que nunca manifestou um módico de talento gerencial, se apresenta uma oportunidade numa empresa privada tem fumos de tráfico de influências.
O fumo adensa-se quando a carreira profissional da personalidade em causa se resume a um ignoto lugar de quadro secundarissimo na Carris em tempos longínguos, aonde chegou levado pela mão do aparelho socialista. Mais se adensa quando o core business da empresa que o contratou são as obras públicas, de que o estradista doutor Coelho foi, nem de propósito, ministro. A coisa fica irrespirável quando tudo isto se passa à beira de mais um período desvairado da política de betão.
O facto disto não constituir um problema para o personagem é, em si mesmo, assaz significativo. 4 bourbons, 2 pilatos e 3 ignóbeis são amplamento merecidos.
Durante o processo de nomeação como secretário da Defesa de Eisenhower em 1953, Charles Erwin Wilson, que tinha sido presidente executivo da General Motors e à data ainda detinha acções da GM, quando questionado pela comissão de Defesa do Senado sobre os potenciais conflitos de interesse, terá respondido com a maior ingenuidade «what was good for the country was good for General Motors and vice versa».
O que se passou com Charles Wilson, repetiu-se e com muitos outros nos EU e em vários países europeus, onde o caminho clássico se faz das empresas para um cargo público e se regressa ao primeiro no final do mandato. Uma das excepções notáveis é a de Shroeder, que de chanceler passou a presidente da Gasprom, a empresa controlada pelo cartel do czar Putin.
Em Portugal o caminho tem sido mais no sentido partido->cargo público->empresa. São inúmeros os exemplos, e o doutor Coelho, agora nomeado CEO da Mota-Engil, é apenas mais um. Neste caso a ordem dos factores não é arbitrária. É certo que o caminho empresa->cargo público contem potenciais conflitos de interesse. Mas o caminho inverso em que ao quadro político, que fez uma carreira nas bancadas do partido e que nunca manifestou um módico de talento gerencial, se apresenta uma oportunidade numa empresa privada tem fumos de tráfico de influências.
O fumo adensa-se quando a carreira profissional da personalidade em causa se resume a um ignoto lugar de quadro secundarissimo na Carris em tempos longínguos, aonde chegou levado pela mão do aparelho socialista. Mais se adensa quando o core business da empresa que o contratou são as obras públicas, de que o estradista doutor Coelho foi, nem de propósito, ministro. A coisa fica irrespirável quando tudo isto se passa à beira de mais um período desvairado da política de betão.
O facto disto não constituir um problema para o personagem é, em si mesmo, assaz significativo. 4 bourbons, 2 pilatos e 3 ignóbeis são amplamento merecidos.
03/04/2008
Realpolitik no Vaticano
Benedicto XVI y el viaje a Cuba del cardenal Bertone
Lo más grave del viaje a la isla-cárcel del alto prelado es la enigmática continuidad de la política de mano extendida del Vaticano y de importantes figuras eclesiásticas hacia la tiranía del Caribe, durante casi cuatro décadas, continuidad enigmática que ineludiblemente llega al propio pontificado de Benedicto XVI, del cual el cardenal Bertone es secretario de Estado y fue a Cuba como su enviado
Por Armando F. Valladares
La visita a Cuba comunista del cardenal Tarcisio Bertone, secretario de Estado de la Santa Sede, entre el 21 y el 26 de febrero pp., provocó malestar e indignación entre los fieles católicos de la isla y del destierro, por el espaldarazo diplomático que su visita significó para el régimen cubano, en una coyuntura política particularmente delicada.
Antes de embarcar para Cuba, en declaraciones al periódico Avvenire, órgano de episcopado italiano, el cardenal Bertone reconoció que su viaje obedecía a una invitación del episcopado de la isla, en el marco de las conmemoraciones por el 10o aniversario del viaje de Juan Pablo II a Cuba; pero que también era fruto de "una invitación, particularmente cálida, de las autoridades civiles", o sea, de los actuales carceleros comunistas. Añadió el jefe de la diplomacia vaticana, de manera chocante, que "Cuba es la prueba de que el diálogo, si es sincero, siempre da frutos", pareciendo olvidar la advertencia evangélica de que un árbol malo jamás puede tener buenos frutos (S. Mateo 7, 18). Y no perdió la oportunidad de elogiar a monseñor Cesare Zacchi -nuncio apostólico durante los primeros años de la revolución comunista, tristemente célebre por su colaboración con el régimen, quien llegó a referirse a Castro como "un hombre con profundos valores cristianos"- quien, según el cardenal Bertone, "tanto hizo", y "con éxito", por incentivar las relaciones entre La Habana y Roma (cf. Zenit, Febr. 19, 2008).
El canciller Pérez Roque, que lo aguardaba en el aeropuerto junto con autoridades eclesiásticas y comunistas, dijo cínicamente que recibía al alto eclesiástico con "respeto y hospitalidad", y que esa visita era la expresión de las "excelentes" relaciones entre el régimen y el Vaticano.
Se comprende que la prensa comunista haya dado cierta notoriedad a su estadía en Cuba, en particular, a su entrevista con el nuevo dictador, Raúl Castro, increíblemente llena de sonrisas y cordialidad, de acuerdo con las fotos divulgadas por la prensa cubana. Castro, a pesar de ser junto con su hermano uno de los mayores represores y torturadores del régimen, durante medio siglo, recibió del enviado vaticano votos de "éxitos" en una "misión" que, según el cardenal, el nuevo dictador ejercerá "al servicio de su país". No faltaron, de parte del cardenal Bertone, enfáticas declaraciones contra el embargo norteamericano, pareciendo olvidar que la causa del problema es el implacable embargo interno del régimen comunista contra el pueblo cubano. Este viaje a Cuba y esta entrevista con el dictador de turno se produjeron diez años después del viaje de Juan Pablo II, que tantas esperanzas de libertad para Cuba suscitara en el mundo entero. En realidad, a juzgar sus propias confesiones a algunos periodistas, el enviado papal salió de la entrevista con los labios y el corazón tiznados por concesiones, los oídos llenos de promesas, y las manos vacías: ''Todo comienza siempre con promesas, pero esperamos una apertura, puesto que nada es imposible'' (cf. Isabel Sánchez, AFP; El Nuevo Herald, Miami, Febr. 27, 2008).
No fueron suficientes sus tímidas alusiones a los presos de la isla, efectuadas al pie del avión que lo condujo a Roma, para atenuar el sabor amargo que dejó su estadía en Cuba, especialmente, en los presos políticos y sus familiares.
El procastrismo del cardenal Bertone ya había quedado de manifiesto en su anterior viaje a Cuba, en octubre de 2005, cuando, siendo aún arzobispo de Génova, tuvo una larga entrevista con Fidel Castro, después de la cual tejió loas a la "notable lucidez" del tirano, expresó su convicción de que en él "ha crecido el respeto por la religión" y el "aprecio por la Iglesia", rematando, contra todas las evidencias, que en la isla-cárcel "la apertura ya es total" (cf. Armando Valladares, "Cardenal Bertone-Cuba: el Pastor ‘bendice’ al Lobo", Oct. 25, 2005).
En realidad, lo más grave del viaje a Cuba de tan alto prelado es la enigmática continuidad de la política de mano extendida del Vaticano y de importantes figuras eclesiásticas de diversos países hacia la tiranía del Caribe, durante casi cuatro décadas, que se remonta a los años en que monseñor Zacchi, ahora ensalzado por el cardenal Bertone, era nuncio en Cuba; y a la época en que monseñor Agostino Casaroli, entonces secretario del Consejo para los Asuntos Públicos de la Iglesia, afirmó en visita a Cuba, en 1974, que los católicos de la isla eran felices. Enigmática continuidad que pasa por tantos lamentables episodios protagonizados por numerosos cardenales y altos eclesiásticos de diversos países, que han peregrinado a Cuba comunista, hechos que he tenido ocasión de abordar en artículos anteriores. Enigmática continuidad que pasa por Juan Pablo II cuando el 8 de enero de 2005, al recibir las cartas credenciales del nuevo embajador de Cuba ante la Santa Sede, hizo un increíble reconocimiento a diversas "metas" supuestamente alcanzadas por la revolución comunista en materia de "atención sanitaria", "instrucción" y "cultura", a través de las cuales se realizaría la "promoción humana integral", incluyendo el "crecimiento armónico del cuerpo y del espíritu"; algo que colocó a los católicos cubanos en una encrucijada espiritual sin precedentes (cf. Armando Valladares, "Juan Pablo II, Cuba y un dilema de conciencia", Enero 15, 2005 y "Cardenal Sodano y Fidel Castro: el Pastor sale en auxilio del lobo", Mayo 11, 2003). Continuidad enigmática que ineludiblemente llega al propio pontificado de Benedicto XVI, del cual el cardenal Bertone es secretario de Estado y fue a Cuba como su enviado.
En el extenso mensaje de Benedicto XVI, llevado por el cardenal Bertone, su alusión al drama de los católicos cubanos no podía ser más decepcionante: "En ocasiones, algunas comunidades cristianas se ven abrumadas por las dificultades, por la escasez de recursos, la indiferencia o incluso el recelo, que pueden inducir al desánimo". ¿A eso se reducirá, según la visión papal, el exterminio sistemático de los católicos cubanos, que incluye el asesinato físico en el "paredón" de fusilamiento de jóvenes mártires cuyas últimas palabras fueron "¡Viva Cristo Rey! ¡Abajo el comunismo!", y el asesinato espiritual de generaciones enteras?
Mi sospecha, con relación al futuro de Cuba, es que se prepara, con apoyos eclesiásticos del más alto nivel, un castrismo sin Castro que intentaría salvar los supuestos "logros" y "metas" del comunismo cubano en materia social, en particular, la educación y la salud, que en realidad han sido y continúan siendo dos instrumentos implacables de control de las conciencias y de extinción de la fe de niños, jóvenes y adultos.
No es la primera vez que me veo en la obligación de conciencia de publicar comentarios críticos, aunque invariablemente filiales, respetuosos y documentados, sobre las relaciones diplomáticas de altas figuras de la Iglesia con el Estado comunista. Son comentarios efectuados por el imperativo de conciencia de un fiel católico, cubano y preso político durante 22 años, que tuvo su fe vivificada al oír los gritos de esos jóvenes que murieron fusilados, cuyas últimas palabras fueron de fe en la Iglesia y de repudio a un sistema que, para usar la expresión del entonces cardenal Ratzinger, prefecto de la Congregación para la Doctrina de la Fe, es una "vergüenza de nuestro tiempo".
Diario Las Américas, Miami (FL), 04 de marzo de 2008.
Armando Valladares, ex preso político cubano, fue embajador de Estados Unidos ante la Comisión de Derechos Humanos de la ONU, en Ginebra, durante las administraciones Reagan y Bush.
E-mail: armandovalladares2005@yahoo.es
[email de Armando Valadares para Impertinente, trespassado para Pertinente]
02/04/2008
ESTADO DE SÍTIO: Michaelis e o PIN, a mesma luta
Por fim, depois de 2 semanas ausente sem justificação, o Pertinente deu à costa a escrever com pertinência sobre as orgias mediáticas do telemóvel disputado pelas 2 criaturas da Michaelis.
Por falar em orgias mediáticas, lembrei-me da montanha que pariu um PIN, para usar a expressão de Pedro Santos Guerreiro ao referir no JN o facto pouco mediático que «de 147 propostas de PIN, a AICEP aceitou 77; apenas 11 estão em execução; nenhum em laboração».
É mais um exemplo, de que para os portugueses só existe o que passa na televisão. No caso da decadência do sistema de instrução pública, a novela Michaelis consegue «chocar» os portugueses que até aqui dormiam descansados entregando alegremente os seus rebentos às fábricas de idiotas pagas com os seus impostos. No caso do PIN, nunca os portugueses se darão conta da diferença abissal entre a realidade pífia e os amanhãs cantados em duo pelo engenheiro Sócrates e pelo seu ajudante doutor Pinho e devidamente amplificados pelas câmaras de eco do jornalismo de causas.
Por falar em orgias mediáticas, lembrei-me da montanha que pariu um PIN, para usar a expressão de Pedro Santos Guerreiro ao referir no JN o facto pouco mediático que «de 147 propostas de PIN, a AICEP aceitou 77; apenas 11 estão em execução; nenhum em laboração».
É mais um exemplo, de que para os portugueses só existe o que passa na televisão. No caso da decadência do sistema de instrução pública, a novela Michaelis consegue «chocar» os portugueses que até aqui dormiam descansados entregando alegremente os seus rebentos às fábricas de idiotas pagas com os seus impostos. No caso do PIN, nunca os portugueses se darão conta da diferença abissal entre a realidade pífia e os amanhãs cantados em duo pelo engenheiro Sócrates e pelo seu ajudante doutor Pinho e devidamente amplificados pelas câmaras de eco do jornalismo de causas.