09/03/2025
O Portugal dos Pequeninos não é deste mundo
Portugal importa por ano uns 12 milhões de toneladas de petróleo bruto que aos preços correntes podem custar 6 ou 7 mil milhões de euros, ou seja algo ao redor de 2,5% do PIB. Por muita transição energética que se faça durante décadas, daria imenso jeito ter uma extracção local de petróleo. Há uns 7 anos um Tribunal travou prospecção de petróleo no Algarve.
O lítio é um dos metais mais importantes para a transição energética e Portugal parece ter as maiores reservas de lítio na Europa. Andamos a encanar a perna à rã há vários anos e até hoje a extracção de lítio é irrelevante.
Há uma década ou mais que os políticos, os mídia e o comentariado todos os dias falam ou escrevem sobre a falta de habitação "digna" e os governos apresentam esplêndidos programas, reconhecendo-se que a construção de novas habitações depara com a falta de terrenos. Há meses que se discute uma “lei dos solos” para disponibilizar solos para construção a preços acessíveis, e os políticos, os mídia e o comentariado gritam contra “especulação imobiliária” que tal lei desencadearia apesar da lei ser praticamente inaplicável por falta de terrenos rústicos nos municípios de Lisboa e Porto onde a carência de habitação é mais acentuada.
E estamos assim.
08/03/2025
Make no mistake, Trumpism is here to stay (perhaps until the end of Trump's term)
Rasmussen's Daily Presidential Tracking Poll |
07/03/2025
PUBLIC SERVICE: Trumpism is a form of Max Weber's patrimonialism
«(...)
The other source of legitimacy is more ancient, more common, and more intuitive—“the default form of rule in the premodern world,” Hanson and Kopstein write. “The state was little more than the extended ‘household’ of the ruler; it did not exist as a separate entity.” Weber called this system “patrimonialism” because rulers claimed to be the symbolic father of the people—the state’s personification and protector. Exactly that idea was implied in Trump’s own chilling declaration: “He who saves his Country does not violate any Law.”
In his day, Weber thought that patrimonialism was on its way to history’s scrap heap. Its personalized style of rule was too inexpert and capricious to manage the complex economies and military machines that, after Bismarck, became the hallmarks of modern statehood. Unfortunately, he was wrong.
Patrimonialism is less a form of government than a style of governing. It is not defined by institutions or rules; rather, it can infect all forms of government by replacing impersonal, formal lines of authority with personalized, informal ones. Based on individual loyalty and connections, and on rewarding friends and punishing enemies (real or perceived), it can be found not just in states but also among tribes, street gangs, and criminal organizations.
In its governmental guise, patrimonialism is distinguished by running the state as if it were the leader’s personal property or family business. It can be found in many countries, but its main contemporary exponent—at least until January 20, 2025—has been Vladimir Putin. In the first portion of his rule, he ran the Russian state as a personal racket. State bureaucracies and private companies continued to operate, but the real governing principle was Stay on Vladimir Vladimirovich’s good side … or else.
Seeking to make the world safe for gangsterism, Putin used propaganda, subversion, and other forms of influence to spread the model abroad. Over time, the patrimonial model gained ground in states as diverse as Hungary, Poland, Turkey, and India. Gradually (as my colleague Anne Applebaum has documented), those states coordinated in something like a syndicate of crime families—“working out problems,” write Hanson and Kopstein in their book, “divvying up the spoils, sometimes quarreling, but helping each other when needed. Putin in this scheme occupied the position of the capo di tutti capi, the boss of bosses.”
Until now. Move over, President Putin.
06/03/2025
CASE STUDY: Democracias defeituosas (5) - Mais do que defeito, continua a ser feitio
A semana passada a Economist publicou o EIU’s Democracy Index que mostra uma queda média de 5,23 para 5,17, confirmando o declínio da democracia onde apenas vivem 45% da população mundial, dividindo-se os restantes entre o regimes "híbridos" (15%) e os autoritários (39%).
The Economist |
A Noruega foi pelo 16.º ano considerada o país mais democrático com 9,81, seguido da Nova Zelândia e da Suécia. Os EUA, que vêm descendo desde 9,6 em 2006, ficaram pelos 7,8, valor que se mantém desde 2021. Quanto a Portugal aumentou o índice de 7,8 em 2023 para 8,1 em 2024, o segundo maior valor desde 2006, e subiu no ranking para 31º para 23º, mostrando que a democracia não teve saudades do socialismo e do Dr. Costa.
05/03/2025
Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (51)
Segundo a vulgata socialista, o SNS seria a solução de saúde pública em que os “utentes” teriam cuidados médicos “tendencialmente gratuitos”, melhores que dos “privados”, os profissionais seriam bem pagos, com empregos estáveis sem “precariedade”, e sem nenhum daqueles pecados da medicina privada. Saiu tudo ao contrário. A saúde pública custa a cada português mais de 2.500 euros por ano, custo superior em média a um seguro privado de saúde, o SNS está em avançado grau de decomposição, os profissionais são mal pagos, e os “precários” têm um peso cada vez maior – em 2024 os gastos com “tarefeiros” aumentaram 11% e ultrapassaram 200 milhões.
A bazuca encravada
Desde a aprovação do PRR em Julho de 2021, que vale 22 mil milhões – quase 8% do PIB, já foram entregues 10 mil milhões, dos quais apenas 3 mil milhões foram torrados, ou seja, há cerca de 19 mil milhões que serão derramados à pressa nos dois anos que faltam em projectos aprovados a trouxe-mouxe. Pior é difícil.
Só podia dar errado
mais liberdade |
Os resultados das políticas de imigração irresponsáveis dos governos socialistas que o gráfico ilustra são a miséria de milhares de imigrantes que vivem em condições sub-humanas e a emergência de um populismo que se alimenta do preconceito e o alimenta, paradoxalmente num dos países do mundo com maior emigração em termos relativos durante séculos.
O “1.º Direito” deu para o torto
O Programa de Apoio ao Acesso à Habitação “1.º Direito”, lançado pelo Dr. Costa e o Dr. Pedro Nuno no início de 2023 para garantir “habitação digna” a 26 mil famílias em situação de “vulnerabilidade” entregou até agora 1900 casas.
Os portugueses gostam muito do Estado sucial mas não estão satisfeitos com os seus serviços
mais liberdade |
O grau de satisfação dos portugueses com os serviços públicos é nos 10 aspectos considerados no inquérito da OCDE inferior à média dos nacionais dos países membros.
Take Another Plan. Em retrospectiva
O Dr. Lacerda Machado, o “melhor amigo de sempre” do Dr. Costa que esteve envolvido no SIRESP, na compra dos helicópteros Kamov, na reversão da privatização da TAP, na resolução do caso dos lesados do BES, no acordo do CaixaBank com Isabel dos Santos, no caso dos lesados do Banif e na tentativa de solução do crédito malparado da banca, ufa!, voltou ao parlamento onde classificou o negócio da compra da VEM pela TAP como o melhor "negócio dos últimos 50 anos". Quem não concordou foi o antigo CEO da TAP que no mesmo parlamento disse que o não faria de novo, e disse ainda, contrariando as teses do Dr. Costa e do Dr. Pedro Nuno, que o acordo com a Airbus. "foi bom para a Airbus e foi bom para a TAP" e considerou como “muito boa” a participação dos privados.,
Em conclusão, estima-se que a TAP seja avaliada para a privatização por uns 1.200 milhões de euros, ou seja, por menos 2.000 milhões do que os 3.200 milhões que lá foram enterrados nos últimos anos.
04/03/2025
Dúvidas (345) - Trump vê a Rússia como um aliado dos EUA ou vê Putin como um associado a quem tem de pagar favores?
Para quem tivesse dúvidas, quatro dias foram suficientes para confirmar o leitmotiv da encenação do dia 28 na Casa Branca. Hoje mesmo o presidente Trump anunciou a suspensão de toda a assistência militar à Ucrânia, seis meses depois de ter anunciado «within 24 hours that war will be settled. It will be over. It will be absolutely over.»
Não é preciso ser um especialista em estratégia para perceber que todos estes movimentos em relação à Ucrânia favorecem a Rússia de Putin, o que só faria sentido se Trump fosse uma espécie de reencarnação de um Henry Kissinger invertido, procurando aproximar-se de um potencial aliado na sua disputa com a China, propósito irrealista porque isso não faz o menor sentido no tabuleiro de xadrez de Vladimir Putin a quem Trump objectivamente está a servir de peão.
Outra possível explicação, mais fundada nos factos conhecidos que vão desde a body language subserviente na presença de Putin até aos favores de Dimitri Ryboloviev, um poderoso oligarca da maior confiança de Putin (integrou a delegação russa na Arábia Saudita para discutir a Ucrânia) que em 2008 salvou da falência a Trump Entertainment, são os favores que Donald Trump tem a pagar a Putin (sem mencionar o caso especulativo, mas não inverosímil, do kompromat conhecido como Golden Shower Memos em que Trump foi alegadamente filmado num hotel em Moscovo com prostitutas, um procedimento habitual do FSB para chantagem).
PUBLIC SERVICE: About the trap that the duo occupying the White House set for Zelensky
Five Failures in the Oval Office |
Timothy Snyder is a historian specializing in Eastern Europe and the former Soviet Union, from whom I published excerpts of his "On Tyranny" last year. In this video recorded on the same day it happened, he spoke about the trap that the duo occupying the White House set for Zelensky.
03/03/2025
Crónica de um Governo de Passagem (42)
Não ponho as mãos no fogo, como diz o povo, pelo Dr. Montenegro que a respeito dos negócios e das relações do escritório de advogados de que é (ou foi) sócio e da sua empresa familiar Spinumviva se tem enredado numa teia de informações pouco relevantes e explicações imprecisas e opacas que o estão a cozinhar em fogo lento nuns mídia em grande parte ocupados por gente a quem falta a independência ou o profissionalismo, ou ambos, perante uma audiência onde predominam as mentes que quando ouvem as palavras “empresa”, “negócio”, “lucro” puxam logo da pistola.
Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»
A semana passada mais um hospital (o de Évora) em que a administração se demitiu porque, “entre outras razões”, a obra do novo hospital já ultrapassou em 10 meses o prazo de execução e não se sabe quando terminará.
Entretanto, no hospital Amadora-Sintra, que já foi um hospital bem gerido até o Eng. Sócrates decidir terminar a PPP, a ministra do SNS faze micro-gestão para resolver um conflito entre cirurgiões desviando para o futuro hospital de Sintra os dois cirurgiões malquistos, hospital de Sintra previsto há sete anos cuja inauguração já falhou várias vezes.
Como se fosse pouco, o relatório do IGAS sobre as falhas do INEM de que resultaram 11 mortes em Novembro concluiu que essas falhas se ficaram a dever ao INEM não ter sido informado pelo ministério dos pré-avisos de greve do pessoal do… INEM (fonte jornal SOL). Não é extraordinário ninguém ter avisado o INEM de uma greve do seu próprio pessoal anunciada nos jornais?
Como não resolver o problema da falta de habitação
Primeiro, o governo tenta aprovar um instrumento chamado “lei dos solos” para disponibilizar solos para construção a preços acessíveis. Depois a esquerdalhada em peso mobiliza-se para evitar a “especulação imobiliária” que se suporia ser nas zonas de maior densidade urbana que são mais afectadas pela falta de oferta de habitação. Ninguém parece ter reparado que a lei não se aplica precisamente aos municípios de Lisboa e Porto por falta de terrenos rústicos.
02/03/2025
Body language speaks louder than verbal language (2)
01/03/2025
You may not be interested in the world order—but it is interested in you
«The rupture of the post-1945 order is gaining pace. In extraordinary scenes at the UN this week, America sided with Russia and North Korea against Ukraine and Europe. Germany’s probable new chancellor, Friedrich Merz, warns that by June NATO may be dead. Fast approaching is a might-is-right world in which big powers cut deals and bully small ones. Team Trump claims that its dealmaking will bring peace and that, after 80 years of being taken for a ride, America will turn its superpower status into profit. Instead it will make the world more dangerous, and America weaker and poorer.
You may not be interested in the world order—but it is interested in you. America’s Don Corleone approach has been on display in Ukraine. Having initially demanded $500bn, American officials settled for a hazy deal for a joint state fund to develop Ukrainian minerals. It is unclear if America will offer security guarantees in return.
The administration is a swirl of ideas and egos but its people agree on one thing: under the post-1945 framework of rules and alliances, Americans have been suckered into unfair trade and paying for foreign wars. Mr Trump thinks he can pursue the national interest more effectively through hyperactive transactions. Everything is up for grabs: territory, technology, minerals and more. “My whole life is deals,” he explained on February 24th, after talks on Ukraine with Emmanuel Macron, the French president. Trump confidants with business skills, such as Steve Witkoff, are jetting between capitals to explore deals that link up goals, from getting Saudi Arabia to recognise Israel to rehabilitating the Kremlin.
This new system has a new hierarchy. America is number one. Next are countries with resources to sell, threats to make and leaders unconstrained by democracy. Vladimir Putin wants to restore Russia as a great imperial power. Muhammad bin Salman wants to modernise the Middle East and fend off Iran. Xi Jinping is both a committed communist and a nationalist who wants a world fit for a strong China. In the third rank are America’s allies, their dependence and loyalty seen as weaknesses to exploit. (...)
Meanwhile, when borders are contestable wars will follow. Even giants like India may feel insecure. Because Mr Trump views power as personal rather than anchored by America’s institutions, he may find it hard to persuade his counterparts that agreements will endure—one reason he is no Henry Kissinger. (...)
Mr Trump believes that America can partially or fully abandon Europe and perhaps its Asian allies, too. He says it has a “beautiful ocean as a separation”. However, wars now involve space and cyberspace, so physical distance offers even less protection than it did in 1941, when Japan’s attack on Pearl Harbor ended America’s isolationism. What is more, when America wants to project hard power or defend the homeland, it depends on allied help, from the Ramstein airbase in Germany and Pine Gap signals station in Australia to missile-tracking in Canada’s Arctic. In Mr Trump’s world, America may no longer have free access to them. (...)»