25/04/2010

ARTIGO DEFUNTO: os desígnios do jornalismo de causas são insondáveis (8)

[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7)]

Se tivéssemos que classificar de alimária um economista, a qual dos seguintes aplicaríamos esse rótulo?
  • A Simon Johnson, o ex-economista chefe do FMI que comparou a actual situação portuguesa à situação argentina em 2001, a qual tinha na época um endividamento (62%) inferior ao português (77%);
  • A Nicolau Santos que classificou Simon Johnson como «alimária» na sua coluna do caderno Economia do Expresso e o incluiu no mesmo clube dos que «resolveram mal o sucesso do euro», um Nicolau Santos que até recentemente durante 5 anos desempenhou com gusto o papel de pastorinho da economia dos amanhãs que cantam enquanto abençoava a governação socrática que nos conduziu à presente situação comparável à Argentina de 2001.
E afinal será a situação portuguesa assim tão diferente da grega? O doutor Nicolau, em vez de estar a inventar explicações freudianas e teorias da conspiração, bem poderia ter olhado com mais atenção para o quadro publicado no caderno principal do seu jornal, e muito em particular para a dívida externa total e completá-los com outros indicadores, por exemplo, a taxa de poupança 7,5% e 5% e o défice do comércio externo 8% e 10%, respectivamente Portugal e Grécia.

Post Scriptum
No seu artigo, Nicolau Santos tenta justificar com as medidas anti-crise «grande parte» do aumento para 9,3% do défice previsto no OE 2009 que era de 2,7%. Pura fantasia, como NS sabe perfeitamente. Até ao final de 2009 o governo gastou menos de 1.100 milhões de euros dos 2.180 milhões previstos da Iniciativa para o Investimento e o Emprego. Em 2009 só foram gastos nessas medidas 824 milhões ou seja cerca de 0,5% do PIB. Onde está o grosso do acréscimo do défice: (9,3% - 2,7%) – 0,5% = 6,1%?

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