Confesso a minha ambivalência em relação ao homem. Como resulta evidente de alguns posts (por exemplo este, este, este ou este) não gosto do doutor Mário Soares - o político de esquerda de pendor anti-liberal, desconfiado da iniciativa privada, oportunista, sem escrúpulos. Não gosto, mas devo-lhe três. Ter sido a pain in the ass do salazarismo bafiento. Ter sido o agente local do imperialismo americano no combate ao imperialismo soviético. A última, ter engavetado o socialismo quando primeiro-ministro. Infelizmente, nos últimos anos, o doutor Soares comprometeu este passado estimável com o esquerdismo senil.
Não gosto do doutor Soares, mas admiro o Mário Soares - a autenticidade, o gosto do risco, a coragem, a frontalidade. Gosto dos velhos em geral e começo a gostar do velho Mário Soares. A sua entrevista ao DN, que só ontem li, é notável. Confessa as suas fraquezas, relativiza os seus feitos e distancia-se, cada vez mais, da espuma dos dias.
[ler aqui a entrevista integral]
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