A propósito do meu post de quinta-feira santa, um detractor do Impertinências insultou-me amavelmente assim: «insinuar que o povo tem mais que fazer do que andar a cheirar o bolor e a naftalina não passa duma impertinência elitista e reaccionária».
Só posso concordar. Em todo o caso, gostaria de acrescentar alguns exemplos de coisas mais importantes que povo tem para fazer.
Beber uns copos. Não falo do milhão de bebedores excessivos e 800 mil alcoólicos com os fígados desfeitos prematuramente por cirroses ou tumores, nem mesmo do excesso de zelo de virar 20 e tal bebidas por dia, como nos diz o doutor Rui Tato Marinho. Falo dos outros, a quem beber uns copos só pode fazer bem à saúde e ao humor.
Empurrar a família para dentro do chaço, sentar a sogra e o seu bigode no banco de trás, a fazer tricô e a tomar conta do puto, ir almoçar fora e, depois do almoço e dos arrotos, fazer o quilo durante o passeio dos tristes, é também uma actividade relevante. Não falo de ter um acidente, mesmo sabendo que o médico Tato Marinho admite que, no mínimo, 40% dos acidentes envolvam condutores alcoolizados. Falo dum passeio higiénico para respirar o ar do campo, temperado pelo escape de todos os automóveis dos portugueses que nessa tarde resolverão fazer a digestão ao volante.
Finalmente, escapar incólume à maior sinistralidade rodoviária europeia, chegar a casa, e sucumbir a uma bela sesta, contrariando a neurologista doutora Teresa Paiva que nos alerta para que os portugueses deitam-se cada vez mais tarde e levantam-se mais cedo e em relação aos espanhóis ... dormem em média menos meia hora (uáu).
Esquecendo os museus, que de resto poderão estar fechados, e seguindo estes meus conselhos, os portugueses ficarão bem menos estressados, melhorando assim a sua posição no ranking europeu do estresse onde tão mal classificados estão (ver Health in the EU under the microscope, STAT/04/34, 8 March 2004).
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