10/07/2024

CASE STUDY: Outro exemplo de humorismo de causas de Ricardo Araújo Pereira

Na Revista do Expresso de 5 de Julho, o humorista Ricardo Araújo Pereira (RAP) escreveu numa peça sobre o debate Biden-Trump com o título «Um candidato que esteja vivo, se faz favor», o seguinte:

Apesar de esperar quase tudo dos disparates e do chorrilho habitual de meias mentiras e mentiras completas de Donald Trump, duvidei de que, mesmo ele, pudesse ter produzido a frase sublinhada. Não tive pachorra para ver o vídeo de mais de uma hora e meia do debate entre um velhote severamente diminuído e um velhote totalmente destituído de escrúpulos, fiz algumas pesquisas e não encontrei em fontes credíveis qualquer citação daquela frase. Encontrei-a apenas num post do X citado numa lista de memes publicados a pretexto do debate, obviamente parodiando-o.   

Ainda assim, resolvi perguntar ao ChatGPT que respondeu com alguma inteligência (artificial):

«The claim that Donald Trump stated "there are ten billion Guatemalans attacking the Lincoln Memorial right now" during the June 27, 2024, debate with Joe Biden on CNN does not appear to be accurate. Comprehensive reviews and fact-checks of the debate by sources such as FactCheck.org, PolitiFact, and Poynter did not report any instance of Trump making this statement.

Fact-checking sources covered a wide range of claims made during the debate, but there was no mention of such a quote from Trump regarding an exaggerated number of Guatemalans or an attack on the Lincoln Memorial​ (FactCheck.org)​​ (PolitiFact)​​ (PolitiFact)​​ (Poynter)​.

It is important to rely on verified sources and official transcripts for accurate information regarding statements made during public debates.»

Se, como tudo indica, Donald Trump não disse o que lhe foi atribuído, RAP praticou outra vez uma espécie de humor de causas, desta vez citando factos inexistentes, que na melhor hipótese não se deu ao trabalho de verificar e na pior os citou apesar de saber não serem verdadeiros, partilhando a mesma falta de profissionalismo ou de isenção, respectivamente, habitual no jornalismo de causas e assim desperdiçando o seu inegável talento.

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