06/04/2022

Dúvidas (334) - Não será um poucochinho exagerado? (5) - O surto inovador e inventivo que nos assalta

Continuação de (1), (2), (3) e (4)

Como habitualmente, quando são divulgados os dados do European Patent Office, a imprensa de ontem celebrou com entusiasmo os feitos da nação em matéria de patentes registadas, com títulos como os seguintes:
Ao leitor desprevenido pode ocorrer-lhe que, repentinamente, os portugueses, as portuguesas, as empresas e os empresários e, porque não?, o Estado sucial, foram assaltados por um surto de invenção e inovação. Ora, não é bem assim. O fulgor mediático apaga-se quando o confrontamos com os dados do EPO, desde logo porque o Portugal dos Pequenos representa 2,3% da população da UE e em 2021 apenas registou 286 patentes das cerca de 67,7 mil patentes da UE, ou seja 0,4%. 
 

Como se pode ver na parte superior do quadro, no ranking mundial Portugal está entalado entre Barbados (290 mil habitantes) e a Federação Russa (144 milhões, incluindo siloviki, apparatchik, oligarcas e cleptocratas). Quando comparamos na parte inferior do quadro as nossas 28 patentes por milhão de habitantes com países da UE do mesmo campeonato demográfico, fica-se um bocado deprimido: Países Baixos (615), Suécia (481),  Dinamarca (456), Bélgica (215), Áustria (259). Finlândia (380). 

Resta-nos a consolação que temos um rácio de patentes por milhão umas 15 vezes superior ao da Federação Russa que com, as suas 272, registou menos patentes do que o número de ucranianos que assassinou numa única cidade (Bucha). 

1 comentário:

  1. Ora aí está: a forte costela para a investigação que marca o Portugal dos Pequeninos.
    Quando jovem, trabalhei três anos no Laboratório Nacional de Física e de Energia Nucleares. Levei três anos a compreender que os novos não podiam investigar para que não se notasse que os mais velhos (os chefes) nada faziam. Estes cortavam-nos as pernas, as asas e outras coisas. Vim embora — apesar do excelente ordenado.
    Abraço

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