04/10/2020

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (40) - Experiências fora da caixa (4)

Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de Suécia - "É uma questão de liberdade, não de epidemiologia" e de Experiências fora da caixa (1), (2) e (3).

Recapitulando: a Suécia adoptou uma abordagem desalinhada inspirada por uma valorização da liberdade de escolha estranha à cultura portuguesa. Por isso, apesar de ter registado um número de óbitos por milhão de habitantes (583) sempre inferior aos da Bélgica (865), Espanha (686) e Itália (595), a sua experiência foi geralmente vilipendiada pelos mídia portugueses que não apreciam liberdades.
 
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Sete meses decorridos desde o deflagrar da pandemia a situação da Suécia comparada com Portugal no que respeita ao excesso de mortalidade em relação à média pode ver-se no gráfico acima. Repare-se o perfil da curva da Suécia, que não adoptou um confinamento sistemático nem fechou as escolas, com uma queda gradual e consistente do excesso de mortalidade desde o pico em Abril, contrastando com a curva de Portugal que desde Junho recomeçou a crescer. 

Como explicar que a Suécia com uma população praticamente igual à de Portugal e o triplo da mortalidade por Covid (583 contra 196 por milhão) esteja a ter um excesso de mortalidade inferior a Portugal desde Junho? Ou, perguntado de outra maneira, porquê Portugal tem muito mais mortes não explicadas pelo Covid do que a Suécia? A única explicação plausível são os milhões de consultas e de cirurgias que não fizeram por falta de resposta de um SNS que em exclusivo concentrado na pandemia. 

Teremos então de concluir que, no final, a estratégia "liberal" sueca é mais eficaz a conter a mortalidade directa e indirectamente resultante da pandemia do que a estratégia "dirigista" portuguesa.

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