Para o Dr. Centeno chegar ao Banco de Portugal de onde saiu há 5 anos, será nomeado pelo governo de que fez parte até há dias, por proposta do seu secretário de Estado que agora o substituiu. Quando tomar posse como governador será fiscalizado por um conselho de auditoria por ele nomeado, sem esquecer que terá em cima da mesa os casos do Banif e do Novo Banco em que se enfiou até ao pescoço como ministro das Finanças.
Por tudo isso, no final será o governador mais conforme com as práticas socialistas de governação, talvez até mais do que o Dr. Constâncio, o que não é dizer pouco.
Um Centeno para o BdP por troca com um 1.º de Maio e uma festa do Avante
Se uma parte da oposição se opõe a nomeação do Dr. Centeno, os parceiros da geringonça não têm atitudes tão radicais. Os berloquistas exercitam a sua falta de espinha dizendo são contra a nomeação sem um período de carência, mas não neste caso. Já o camarada Jerónimo de Sousa garante que não vê incompatibilidade e deve estar a ser sincero porque no estado soviético, que ele muito, admira não existia tal coisa.
Temos estes princípios. Se não gostarem temos outros
Vem a propósito da nomeação do Dr. Centeno recordar que o Dr. Costa na oposição defendia um BdP «acima da conflitualidade política» e sem «governamentalização». E, se falamos de princípios, recordemos que o Dr. Costa, que agora quer impedir o parlamento de alterar o orçamento rectificativo, é o mesmo Dr. Costa que não via nenhum problema em alterar os orçamentos rectificativos do governo PSD-CDS.
Ah, falta dizer que o rigor orçamental, que era muito importante na oposição e que levou o PS em 2015 a votar a favor das alterações à Lei de Enquadramento Orçamental, deixou de ser importante e a sua entrada em vigor foi adiada sucessivamente para 2019, para 2021 e agora novamente para 2023 já pelo Dr. Leão.
Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei
O que deve fazer o governo socialista a um magistrado que foi acusado e condenado «a uma pena disciplinar de 30 dias de suspensão por ter pressionado dois procuradores a arquivarem suspeitas contra José Sócrates»? Nomeia-o adjunto da ministra da Justiça.
Há três meses uma equipa do Instituto de Medicina Molecular liderada por Maria Manuel Mota criou um kit de despistagem do Covid-10 português muito mais barato do que os comprados pela DGS a outros fornecedores. Porém, só foram compradas ao IMM 50 mil kits. Porquê? Teoria da conspiração: Maria Manuel Mota transformou-se num persona non grata do regime por ter defendido que este é um «vírus relativamente bonzinho» e o confinamento total só era importante para evitar a implosão do SNS.
«Queda monumental»
Gradualmente vai sendo conhecida a dimensão devastadora da crise económica resultante das medidas de combate à pandemia. Os factores que puxaram pela economia portuguesa e criaram vacas gordas que o governo se atribuía estão em esvaziamento. As exportações, que em Portugal tiveram uma queda homóloga de 40% em Abril, na Zona Euro minguaram ao ponto do excedente do comércio externo de bens se ter reduzido em 80%, O turismo em Portugal desapareceu em Abril.
Por isso, a situação se degrada cada vez mais e 87 mil empresas pediram a prorrogação do lay-off. Para piorar as coisas, o custo da mão-de-obra portuguesa no primeiro trimestre deste ano sobe quase mais 3 pontos percentuais do que na UE, diminuindo ainda mais a competitividade da economia portuguesa.
Não admira, portanto, que até o BdP tenham sentido a necessidade de rever as suas previsões de queda do BIP para -9,5% a -13,1% e de subida da taxa de desemprego para 10,1%.
«Estamos preparados»
O maior erro na gestão do combate à pandemia foi ceder ao pânico - sempre um mau conselheiro - concentrando recursos e esforços na pandemia que, como agora é visível. estiverem sempre muito longe de ser usados em pleno. As consequências foram, por um lado, um confinamento excessivo com impacto na economia que está a criar a maior crise económica em muitas décadas e, por outro, o "confinamento" dos cuidados de saúde a outras patologias que deixou por fazer um saldo de centenas de milhar de consultas e uma percentagem significativa das cirurgias com as consequências conhecidas de aumento da mortalidade por outras causas.
Com alguma surpresa, o excesso de prudência de há três meses foi seguido do seu défice quando agora o Dr. Costa e S. Ex.ª, o presidente dos beijinhos, e outras "forças vivas da Nação", anunciaram ao país e ao mundo a realização em Lisboa das fases finais da Taça UEFA, muito orgulhosos sem perceberam que a «afirmação da marca nacional no mundo» se ficou a dever a nenhum outro país querer correr os riscos de albergar uma nova Bergamo. Mais ou menos ao mesmo tempo, o Paddy anunciava que a Web Summit se iria realizar também em Lisboa. Ora tudo isto é pouco menos que insensato porque se sabe que os grandes eventos têm um «efeito desproporcional» na propagação do vírus.
E se a grande bazuca fizer plof?
É sabido que o Dr. Costa está a contar com a bazuca de Frau von der Leyen para manter a freguesia eleitoral satisfeita e os contribuintes esperançados. Tal como ele a conta, parece a estória do sobrinho miserável que acaba de saber que recebeu uma herança do tio rico. Seria então como que o estado superior do socialismo lusitano com uns amanhãs que cantam em que os "ricos" portugueses, agora "pobres", são substituídos pelos "ricos" europeus.
Porém, um espectro ronda a Europa, mas não o espectro do comunismo. como anunciaram Marx e Engels. Para o Dr. Costa o espectro são os «frugais», a começar pela Finlândia cujo parlamento rejeitou a bazuca de 750 mil milhões de euros o que, dada a exigência de unanimidade, põe em causa o bodo aos pobres. Entretanto, lembremos alguns antónimos de frugal: alarve, alambazado, lambão, guloso, comedor, comilão, glutão.
O choque da realidade com a Boa Nova
Uma vez mais, aos anúncios de grandes feitos segue-se a dura realidade: mais de metade das empresas continuam à espera que lhes chegue o anunciado dilúvio de crédito.
O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas
A Inspecção-Geral de Finanças concluiu que o Estado Sucial é proprietário de 12.000-imóveis-12.000 dos quais mais de 1/e está desocupado e em 3/4 deles, incluindo os maiores hospitais, não sabe qual o seu valor patrimonial (fonte).
Entradas de leão, saídas de sendeiro
Não, não me refiro à substituição do Dr. Centeno pelo Dr. Leão, mas ao ministro dos Negócios Estrangeiros - o tal que confessa gostar de malhar na direita e ostenta o ar de quem pergunta a si próprio meu deus porque me fizeste tão inteligente? - que ameaçou os governos estrangeiros que proibiram a entrada de portugueses devido à elevada taxa de infecção de lhes pagar na mesma moeda. Estais a ver os governos da Finlândia, Dinamarca, República Checa, Eslováquia, Hungria, Áustria, Grécia, Chipre, etc. preocupadíssimos com a perda de turistas portugueses?
É claro que era só voz grossa e conversa fiada para consumo interno, como se viu pela intervenção do Dr. Costa a garantir que não haveria retaliações.
Um ministro na sombra não é a mesma coisa de um ministro-sombra
Como referi na semana passada, os ministros na sombra do Dr. Costa são ministros a que ninguém presta atenção, seja pela sua pasta pertencer ao mundo da realidade alternativa, seja por o ministro em causa ser uma nulidade, seja por acumulação. A confirmar a regra de que o periódico preferido para alumiar os ministros na sombra é o Expresso, esta semana o semanário de reverência dedicou duas páginas do caderno de Economia ao Dr. João Galamba e ao seu balão de hidrogénio. Para se perceber melhor a conversa fiada que sustenta este balão, nada como ler no mesmo periódico o artigo sobre o tema hidrogénio solar de Mira Amaral que sabe mais do assunto a dormir do que o Dr. Galamba acordado.
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