04/11/2019

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (4)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Um programa igual ao litro de um governo igual ao litro

Os programas de governo são todos iguais, mas o deste é mais igual ao litro do que os outros. É um sortido de votos piedosos que irão pelo cano tão cedo a economia começar a patinar. Medidas para cumprir "mesmo" são as destinadas a apaziguar comunistas e berloquistas, como fim dos chumbos no ensino básico e o aumento do salário mínimo, que não custam nada (custar, custam imenso ao país mas para o orçamento são iguais ao litro). E as medidas que pesam no orçamento mas são indispensáveis para apaziguar a clientela eleitoral do PS, como a revisão das carreiras da função pública. Pelo caminho ficou a reforma do sistema eleitoral, uma das poucas medidas do programa igual ao litro que não era igual ao litro, e por isso caiu para apaziguar comunistas e berloquistas.

Por trás do manto da ilusão socialista, a luz crua da realidade

Como aqui no (Im)pertinências previmos (ver por exemplo posts de 07-10, 03-02, 26-03, 03-08 e 06-09), a redução dos passes sociais está a ter um efeito marginal na redução de tráfego nas cidades, que era o grande propósito («menos 37 mil carros a circular» anunciava, ufano, o semanário de reverência) . Sabe-se agora que os novos passes não são dos utilizadores de veículos particulares, que na sua grande maioria continuam a usá-los, mas dos 40 mil reformados dos grandes centros urbanos que desde Março adquiriram novos passes mais baratos e estão a aproveitar para passear.

O choque da realidade com a Boa Nova

Primeiro anuncia-se no semanário de reverência um «mega-investimento aeronáutico» de 400 milhões que criará 400 empregos directos. Três dias depois o mesmo semanário reduz o mega-investimento em 90%, que fica em 40 milhões, e os empregos em 40% e que ficam em 240. Quase ninguém repara (o olho atento do Insurgentenão deixou passar) e, no fim do dia, nas meninges da população fica como se fossem dois investimentos.

Por trás do manto da ilusão socialista, a luz crua da realidade

Primeiro anuncia-se que a «ADSE inverte ciclo e fecha 2018 com mais dinheiro em caixa». Menos de 6 meses depois o Tribunal de Contas prevê que se nada for feito o sistema entrará em défice no próximo ano e esgota as reservas em 2026. Talvez para ir habituando os «utentes» ao futuro, a «ADSE demora em média 78 dias a pagar reembolsos».

Primeiro o governo anuncia que a seguir a mais de uma centena de mortos em vários incêndios em 2017, no ano seguinte, graças às milagrosas medidas tomadas, deu-se um verdadeiro refrigério. Agora, a CE revela que «Portugal foi considerado o país que registou maior área ardida em 2018», isto num país que é apenas o 14.º em área e que, apesar disso, teve uma área ardida 15 vezes maior do que a de Espanha.

Apreciamos a liberdade da nossa imprensa

Para que serve a RTP que custa aos contribuintes milhões de euros? Para prestar um serviço público de informação, ora essa. E em que consiste esse serviço público? Consiste em apresentar o público aquilo que o governo socialista considera conveniente e em não lhe mostrar aquilo que considera inconveniente. Isso implica, por exemplo, interromper a emissão em directo quando intervêm os deputados de quem o governo não gosta.

No Estado Sucial não há conflito de interesse. Há interesses em conflito

Na altura passou desapercebido, mas agora a notícia «incendiou as redes sociais» (esta expressão idiota deve ser inspirada nos incêndios florestais com as árvores substituída por retardados): «a agora ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social terá desafiado em público os chineses do grupo Alibaba para fazerem de Portugal um "país de teste"». Não se percebe o escândalo quando o chefe da ministra acolitado por S. Exa o PR andaram de braço dado a tentar vender-se aos chineses.

O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas

Com o número de alunos a diminuir todos os anos, o ministério da Educação Socialista consegue a proeza de ainda ter 11 mil alunos sem professores.

Isso não impede o Estado Sucial administrado pelos socialistas de ser uma máquina de extorsão: o quarto país da OCDE com taxas mais elevadas para os rendimentos de topo e «o 8º país da União Europeia onde a carga fiscal mais subiu»

As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu

Como se pode ver nos diagramas que o Expresso nos oferece, sem que isso afecte o tom apologético da generalidade da produção de "notícias", a nossa dívida face ao exterior medida pela posição de investimento internacional continua a ser quarta mais alta na UE28. Pior do que isso, é que como os diagramas da esquerda mostram (uma piada involuntária) a situação depois de melhorar entre 2013 e 2018 está novamente a degradar-se por via dos défices que representam um aumento do endividamento ao exterior.

Expresso de 01-11-2019
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

Se a situação do endividamento externo voltou a ser preocupante, como se viu, os dados recentes confirmam o agravamento. As exportações até Agosto aumentaram 5,1% e as importações 8,1%, de onde o défice aumentou 2,9 mil milhões para 17,6 mil milhões de euros. Isto num contexto de arrefecimento da zona euro para onde se dirige uma parte importante das exportações portuguesas.

A outra face do mesmo problema é a poupança das famílias que atingiu o mínimo de quase 6 décadas e representa metade de há 20 anos e metade da média europeia.

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