01/09/2019

O silêncio dos culpados (Vol II)

Continuação do Vol I

José Sócrates quebrou o pesado silêncio e voltou a protestar inocência e a desvendar cabalas contra a sua ilustre pessoa usando as mesmas páginas do mesmo semanário de reverência que acolheu a acção de propaganda entrevista do seu rival sucessor e agora acolhe a indignação do Eng. Sócrates sob a forma de um artigo de opinião com um título ("Sem querer ir mais longe") que é um aviso e uma ameaça.

Com isso destruiu uma a uma as teorias da conspiração que esforçadamente alinhavei. Vejamos:
  1. Estamos no verão e os jornalistas amigos estão a banhos - há pelo menos um jornalista amigo que não está a banhos;
  2. O arguido converteu-se ao evangelismo e assumiu a culpa - não sabemos da conversão mas assumiu-se mais inocente do que o cordeiro pascal;
  3. Durante as férias judiciais o processo está parado - o processo está parado mas José nunca pára;
  4. O trabalho de desmantelamento das provas pelo juiz a quem saiu à terceira tentativa o processo no sorteio prossegue a bom ritmo e o José está optimista quanto ao desfecho  - não estando esta teoria negada pelos factos, até agora não está confirmada;
  5. Estamos em plena campanha eleitoral e o Dr. Costa exigiu ao Eng. Sócrates que ficasse calado e este trocou o silêncio pela assistência da máquina do PS na desinfecção do seu currículo - depositei uma certa esperança nesta teoria, pelos vistos sem fundamento. 
Especulando sobre esta última teoria, ou bem o Dr. Costa não exigiu o silêncio (embora tivesse uma óbvia vontade) ou exigiu e o Eng. Sócrates, com a pouca consideração que mostrou ter pelo Dr. Costa («o merdas do Costa que não tem tomates»), reagiu violentamente à acção de propaganda entrevista e fulminou -o com um «nunca me ocorreu vir a encontrar-me na desconfortável situação de ter que recordar a alguém que o governo que agora maldiz foi, afinal, um governo no qual participou».

Com a sua exaltada indignação o Eng. Sócrates, depois de já ter feito um retrato realista do Dr. Costa, mostra agora pouca clarividência ao surpreender-se pela criatura maldizer um governo no qual participou. Qual é a surpresa? Afinal foi essa mesma criatura que viraria a página da austeridade, com a sua inclinação pelas políticas do Syriza, a sua crítica à obsessão pelo défice, o seu amor ao SNS, o seu desvelo pelo investimento público e agora defende o que defende e faz o que se sabe.

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