Não faço ideia do que Costa pretenderá com a construção em curso do futuro ministro Pedro Nuno Santos - sim esse, o que faria tremer as perninhas dos banqueiros alemães, se por acaso estes soubessem da existência dele. Pode querer emprestar um brinquedo à criatura para a manter entretida ou pode ser uma cedência ao pedronunismo visando apaziguar o berloquismo interno.
Não duvidando dos seus dotes para a manobra e a finta. pode dar-se o caso, como aqueles jogadores muito habilidosos, que se finte a si próprio e perca a bola. O episódio das vacas que eram gordas e voavam e três anos agora são magras e estão a despenhar-se poderia ser um começo. Infelizmente, neste caso particular, não há nenhum adversário para apanhar a bola por ele hipoteticamente perdida.
O Costa que mandou a ASAE (a ASAE?) espiolhar o crowdfunding para financiar as greves dos enfermeiros e mandou os seus adjuntos começar a preparar a proibição do seu uso pelos sindicatos, é o mesmo Costa que financiou com pouco sucesso a sua campanha para a câmara de Lisboa pelo crowdfunding que agora quer proibir. Por falar de adjuntos, Costa rodeia-se de gente que compete entre si para produzir factos alternativos como o “pleno emprego” para os investigadores doutorados ou o fim próximo dos veículos diesel.
Comparando com as grandes manobras, esta pequenas são quase inofensivas. Entre as grandes, salienta-se essa coisa chamada regionalização, que ninguém sabe o que seja, mas que se sabe bem demais para que serve e que, recorde-se, foi liminarmente rejeitada em referendo em 1998. Serve para criar camadas adicionais entre as autarquias e o governo central para colocar apparatchiks e construir um superstrutura administrativa digna dos Estados Unidos, num país com a população do Michigan e menos de metade da sua área. Por via disso, serve lindamente os propósitos das cliques partidárias para concluir a obra de captura do Estado Sucial.
Enquanto isso, esse mesmo Estado Sucial capturado é incapaz de preencher capazmente as suas funções básicas, deixa assaltar os seus bancos e os seus paóis, queimar os seus cidadãos, abandona os seus cadáveres, degrada a sua saúde ao mesmo tempo que tenta engordar engolindo instituições que funcionam para criar mais lugares para as corporações que nele se empoleiram e retém o dinheiro das empresas - incluindo os fornecedores do ministério da Cultura a quem paga em média a 517 dias.
Faço um parêntesis para relevar o balanço "muito positivo" da greve dos guardas prisionais e mostrar o imaginativo cartaz que produziram, porventura apelando à providência do prof. Marcelo.
Em matéria de crescimento esgotou-se a lengalenga do maior disto e daquilo. A CE reduziu em baixa para 1,7% as suas previsões e pressiona o governo para se deixar das fantasia dos 2,1%. Em termos relativos estamos «a caminho da quinta posição no ‘ranking’ dos mais pobres da UE» e o rendimento per capita desceu de 82% da média europeia em 2000 para 74% em 2018. O horizonte está a ficar nublado e o Ronaldo das Finanças começa a irritar-se e a mandar que «parem de classificar a desaceleração como crise» - que é algo que ninguém classificou -, ao mesmo tempo que se esquece que o plano dos 12 sábios que ele e os outros 11 cozinharam previa um crescimento médio de 2,7% nos quatro anos.
A este flop anunciado do crescimento podemos acrescentar outras bandeiras caídas como a «precariedade laboral inalterada após três anos de geringonça» ou a «subida de 14,1% do desemprego entre os licenciados»
Em parte, o nervoso do Ronaldo das Finanças decorre dele ter perfeita noção que com o crescimento a desacelerar, a gigantesca dívida que ele não reduziu em valor absoluto durante as vacas gordas poderá fazer o que faz uma carroça carregada de fardos de palha quando os burros param subitamente quando chegam vacas magras, cair em cima dos burros. Para se ter uma noção relativa do peso da dívida em relação às receitas do Estado (afinal é isso que importa para determinar a capacidade de pagar a dívida) veja-se o honroso lugar no ranking mundial a seguir a 11 estados falhados (o caso dos EU é um caso especialíssimo por várias razões, incluindo a sua moeda ser a divisa mais importante).
The debt of nations - A policy insight, ICAEW |
Gente reles, intrinseca e irremediavelmente reles.
ResponderEliminarMendigos ignorantes - mas crentes na perpetuidade da esmola...