16/12/2018

O plano de Piketty para a Europa: mais do mesmo

Thomas Piketty, o mediático autor de «Capital in the 21st Century», 700-páginas-700 de economia de causas (ler aqui, aqui e aqui o que escrevemos sobre o homem e a obra), obra que fez durante uns meses a felicidade de keynesianos e da esquerdalhada (grupos em parte coincidentes, sendo que os segundos interpretaram Keynes usando só o hemisfério cerebral direito), voltou agora às causas sem economia, desta vez liderando um manifesto de eurófilos progressistas apresentando um plano para tornar a «Europa mais justa».

A ideia central é a quadruplicação do orçamento europeu actual para os 800 mil milhões de euros - grosso modo quatro vezes o PIP português - que seria financiado com aumento dos impostos sobre os lucros (uma taxa única europeia de 37%), um imposto adicional sobre os rendimentos (10% acima de 100 mil e 20% acima de 200 mil) , um imposto adicional sobre imóveis (1% acima de 1 milhão e 2% acima de 5 milhões) e um imposto sobre as emissões de CO2 de 30€ por tonelada. 

Os 800 milhões seriam torrados em inovação e pesquisa (25%), tecnologias verdes (15%), refugiados (10%) e last but not least a restante metade dividida proporcionalmente à população para cada governo gastar como lhe aprouver.

Não me parece que valha a pena gastar muitos neurónios a examinar o lunatismo do projecto, bastando constatar que a ideia base é extorquir mais dinheiro e gastar metade como de costume e outra metade como aprouver a cada um dos governos. A Alemanha, por exemplo, tem um PIB per capita duplo do português e pagaria por pessoa cerca do dobro, recebendo por pessoa o mesmo que Portugal para gastar discricionariamente. A contribuição finlandesa seria superior à portuguesa e com metade da população receberia metade do financiamento para utilização discricionária. E todos sabemos como discricionário tem significados muito diferentes nas várias geografias.
A União Europeia do plano Piketty
No ponto em que a «construção europeia» está, este plano para tornar a Europa mais justa, enfiado pela garganta abaixo dos cidadãos dos países contribuintes, muito provavelmente faria implodir o que resta do edifício, apesar dos previsíveis esforços da eurocracia, cujo poder aumentaria, e naturalmente apesar do gáudio dos governos e de muitos cidadãos da Europa subsidiada.

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