22/11/2018

ESTADO DE SÍTIO: «O Estado mete-se em tudo, menos no que importa»

«O problema não é Borba, como não era Pedrógão Grande ou Entre-os-Rios, porque esses são apenas os sítios onde saiu a fava de um bolo em decomposição acelerada – e, sobre isso, os inquéritos não esclarecem coisíssima nenhuma. O problema é estarmos a criar, cada vez mais, um Estado de fachada, que absorve uma quantidade gigantesca de recursos para alimentar actividades acessórias, enquanto esquece as suas funções essenciais. Um Estado centralista que acha que o país começa no Cais das Colunas e termina no arco da Rua Augusta; um Estado desleixado que mete o nariz em tudo mas não arregaça as mãos para fazer nada; um Estado, enfim, tão majestoso e tão oco como as pedreiras de Borba, que são lindíssimas vistas ao longe, mas que matam quando chegamos perto.»

O Estado mete-se em tudo, menos no que importa, João Miguel Tavares no Público

3 comentários:

  1. Um "estado" que tem costas, galambas, fonsecas,ferros rodrigues e, no topo, o "compère" do Parquue Mayer.
    Só podia dar m...

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  2. O regime está esgotado. É uma partidocracia dura e pura. Os partidos - onde medram aqueles a quem é dado o poder de tudo decidir na gestão do país - foram, por isso mesmo, assaltados pelos medíocres que neles vislumbraram um modo de boa vida fácil.
    Enquanto a AR for uma câmara de militantes partidários e a CS se dedicar a propaganda e não a informação, só podemos esperar que a mediocridade aumente.

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  3. A mim ocorre-me isto "O votismo e o parlamentarismo são,em Portugal pelo menos,os agentes mais destrutivos de toda a competência administrativa. Desde 1836 até hoje,toda a história do liberalismo português subsequente à ditadura filosófica de Mousinho da Silveira é a flagrante demonstração da nossa incapacidade governativa dentro de um regime parlamentar.Dessa estagnação do pensamento nacional na esfera governativa nasceu a progressiva corrupção dos caracteres poluídos e dos costumes progressivamente rebaixados,dando em resultado final a podridão profunda em que nos afundamos."

    Ramalho Ortigão in As Farpas na República de 1911

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