Outras preces
Desta vez foi demasiado, até para Marcelo. As suas falhas de carácter como pessoa e as suas fraquezas como político ficaram patentes na comédia da nomeação do PGR.
Mentira e duplicidade: depois de vir soprando para os mídia durante semanas a sua pretensa opção pela recondução de Joana Marques Vidal, de ter encomendado através da sua porta-voz Ângela Silva um título de primeira página do Expresso («Acordo à vista para manter a PGR»), Marcelo acabou a dizer que a sua opção pelo «mandato único» estava escrita há anos, uma mentira tão óbvia que até a sua porta-voz se viu forçada a desmenti-la lembrando que Marcelo chegou a subscrever em 1997 com Guterres um documento sobre a revisão constitucional onde se referia o mandato do PGR «de seis anos, sem limite de renovação». Depois de soprar que teria já convencido uma hesitante JMV a aceitar renovar o mandato, a própria veio dizer publicamente a questão nunca lhe tinha sido colocada.
Pusilanimidade e falta de coragem: tentando encostar Costa à parede, Marcelo acabou ele próprio encostado por Costa, e acobardou-se. A sua porta-voz explica no semanário de reverência que «uma vez criado um clima de braço de ferro em torno deste dossiê, poderia penalizar o Presidente se vingasse a vontade do PS».
Com este desfecho e uma subida do PS nas sondagens, Marcelo condena-se à irrelevância gradual. Se o PS tiver a maioria nas próximas eleições Marcelo transformar-se-à num adereço do regime para selfies, beijinhos e abraços.
Em suma, assenta-lhe bem o chapéu que Passos Coelho mencionou e que Marcelo de pronto enfiou na sua cabeça, estamos perante um «catavento de opiniões mediáticas», que mudou o palco dos estúdios de televisão para Belém.
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