Outros excertos.
Mais um excerto de outra das crónicas, compiladas em «De mal a pior» (D. Quixote), de Vasco Pulido Valente, o último dos queirozianos, não no estilo mas na substância, com a sua visão lúcida, por vezes vitriólica, deste Portugal de mentes pequeninas e elites medíocres, e das ilusões que povoam o mundo em geral e, neste caso, o Vaticano em particular.
«O Papa Francisco mandou fazer um inquérito aos católicos para saber o que eles pensavam da cultura (ou, se preferirem, da moral) sexual contemporânea. Não é que ele não saiba já.
(…)
Em princípio, Francisco, como, antes dele, João Paulo II e Bento XVI, pode escolher um de dois caminhos. Pode escolher o caminho do compromisso, na esperança de reconduzir à Igreja alguns dos milhões que se afastaram ou estão à sua margem. Mas, fatalmente, a cada concessão, irá crescendo a ideia de uma mudança radical na Igreja, que a deixaria irreconhecível como, por exemplo, sucedeu ao anglicanismo. O segundo caminho para o Papa Francisco é ficar em público pela retórica e, na substância, defender o que está. Esta estratégia, além de lhe ser pessoalmente nociva, aumentaria a desconfiança geral dos fiéis pela Igreja como hipócrita e fraudulenta. Apesar da sua imensa popularidade, e mesmo por causa dela, Francisco acabou numa velha armadilha, em que esbraceja em vão. O inquérito não o ajudará.»
O inquérito do Papa Francisco, 09-11-2013
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