Estória
Era uma vez um pastorinho da economia dos amanhãs que cantariam mas não cantaram e, pelos vistos, não cantarão. Chamava-se Nicolau Santos e tinha o blogue «Keynesiano, graças a Deus», no Expresso, onde escrevia coisas que o John Maynard se ressuscitasse lhe diria Nicolau, Sir, you got stuck in the 30s.
Desta vez escreveu um artigo baptizado «O que dá vender empresas a estrangeiros». Escrevi baptizado, em vez de intitulado, em homenagem ao seu episódio com o vigarista Baptista da Silva que constitui o conto do vigário mas notável do século XXI, o que não é dizer pouco neste país onde há imensa gente a viver de contos do vigário.
Nesse artigo Nicolau Santos atira-se ao «hipermercado das ideias económicas (onde) há quem defenda que não interessa a nacionalidade de quem detém as empresas bla bla bla» e para demonstrar a justeza da sua tese, que parece ser a de que o que interessa é nacionalidade das empresas, apresenta dois exemplos, a PT e a Cimpor, com a mesma infelicidade que evidenciou a escolha de Baptista da Silva para demonstrar uma outra sua tese.
Quanto à PT, recordemos que o seu activo mais valioso (uma participação de 50% na Vivo) foi vendido à Telefónica pela agência Sócrates, Lula & Cª, por conta e ordem de Ricardo Salgado, para tapar o buraco do GES, em troca imposta pelo governo de Sócrates da compra de um chaço falido chamado Oi que servia de abrigo aos empresários amigos de Lula e que com esta operação se iniciou a irremediável queda do que Nicolau chama «uma bandeira de Portugal nos mercados externos», bandeira que, na verdade, se limitava à Vivo. Ver a este respeito os inúmeros posts do (Im)pertinências onde esta saga foi acompanhada.
Quando à Cimpor remeto para este post recordando que a Caixa, o lugar geométrico do socialismo bancário, e o BCP, nessa época dominado pela clique socrática que o assaltou, que detinham participações na Cimpor, aceitaram a OPA da Camargo à Cimpor e recusaram uma proposta de Pedro Queiroz Pereira, um empresário desalinhado do regime.
Por último, recordo que a venda dos ridiculamente chamados centros de decisão nacional foi levada a cabo pelos seus maiores defensores (ver a série de posts «A defesa dos centros de decisão nacional») por razões muito simples: a falta de capital português e o pesadíssimo e crescente endividamento ao estrangeiro, produto de várias décadas de desequilíbrio das contas externas resultante das políticas económicas das várias modalidades de socialismo «keynesiano».
Morais
Uma moral fabricada nos centros de decisão nacional: Nicolau foi buscar lã e saiu tosquiado.
Outra moral fabricada na pérfida Albion por Sir Fred Hoyle, um astrónomo com mais jeito para os provérbios do que para a astronomia: «Things are the way they are because they were the way they were».
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