«A economia portuguesa está a crescer de forma moderada e as exportações continuam a ser o motor da economia. É esse o caminho, apesar de o crescimento económico precisar de aumentar bastante mais para se poder desalavancar o endividamento do país.
A opção pelo aumento do consumo, ainda que seja uma ideia generosa, tem como senão o inevitável aumento das importações e o desequilíbrio da balança comercial que o país tem conseguido contrariar nos últimos tempos, vendendo mais ao estrangeiro do que aquilo que está a comprar.
Portugal é uma das economias mais endividadas do mundo. Segundo a McKinsey, ocupa a quarta posição, com um rácio de 358% do PIB. Estas contas são consistentes com os 228% de dívida do sector privado reconhecidos pelo Conselho das Finanças Públicas, a que se somam os 130% do rácio da dívida pública. À nossa frente, com dívida mais elevada, diz a McKinsey, só o Japão com 400% do PIB, a Irlanda com 390% e Singapura com 382%. Já no que se refere à dívida externa bruta - Estado e privados -, o Conselho das Finanças Públicas refere, na análise prospectiva para 2015-2019, um total de 233% do PIB no final de 2014.
Estes dados mostram como é extemporâneo dizer que a crise já foi ultrapassada, que já não vão ser necessários mais rigor e sacrifícios e que o que é necessário é aumentar o consumo.»
Francisco Ferreira da Silva, «Constituição deve impor limites para defender o país», no Económico
Estou certo que este endividamento é um problema - é uma mochila demasiado pesada para as nossas forças no declive que temos de subir. Não estou certo que a medida proposta tenha um contributo significativo para uma solução. A Constituição também tem uma colecção de garantias e direitos positivos que não passam de palavras.
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