Outras coisas: «Para mim Costa não é um mistério», (2), (3), (4), (5), (6), (7) , (8), (9) e (10).
«Na entrevista de três páginas ao "Público'', anteontem, António Costa diz coisas muito acertadas, faz diagnósticos muito correctos sobre o país e a Europa, mas, se me perguntarem hoje o que disse ele de novo ou de importante (considerando que até aqui não tinha dito rigorosamente nada), confesso que não me consigo lembrar de coisa alguma, só generalidades inócuas.
Perguntado como vem acompanhando a situação na Grécia, responde com o Governo português. Perguntado se concorda com a convocação de uma conferência europeia para discutir as dívidas públicas, responde comentando a recusa de Passos Coelho, mas sem dizer em concreto qual deveria ser a posição do Governo. Perguntado sobre o plano grego, responde que "numa Europa a 28 ninguém pode prever resultados" e que sempre recusou que "a renegociação da dívida seja a única e necessária solução", mas sim a concorrência de "diferentes variáveis". Já o seu diagnóstico crítico sobre a política europeia está correcto e é bem fundamentado, mas quando insiste no investimento público como meio indispensável para relançar a economia e o crescimento, isso devolve-nos à questão que ele acha que não é essencial: como gerar meios para o investimento público num país em que os saldos orçamentais primários positivos, conquistados a duras penas e a preço mortal para a economia, são integralmente absorvidos pelo serviço da dívida e mesmo assim não chegam, obrigando a novos pedidos de empréstimo e a um agravamento constante da dívida? Como é que a dívida pode ser sustentável, como ele diz, como é que pode não ser o problema principal, se o seu pagamento exige cada vez mais meios que tornam virtualmente impossível o crescimento económico?»
Miguel Sousa Tavares continua no mesmo tom por mais 5 colunas da sua peça no Expresso com o título surpreendente «Ó António, diga qualquer coisa, porra!» É mais um desiludido. Lamentavelmente, a maioria dos desiludidos está desiludida pelas razões erradas. O problema não está principalmente em António Costa - um político bom no género mau. O problema está no género, que é como quem diz nas políticas.
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