26/12/2013

Pro memoria (153) – A quadratura do círculo

Depois de mais de 2 anos a clamar contra a austeridade, ou seja contra a redução da despesa, e o aumento dos impostos, o PS pela boca do seu secretário nacional Eurico Brilhante Dias comenta os dados da execução orçamental até Novembro com as seguintes palavras: «estes valores não só não nos surpreendem, como são a confirmação que a consolidação orçamental em 2013 é, no mínimo, insuficiente».

Vamos ver se percebemos: o que seria necessário para a consolidação orçamental em 2013 ser suficiente? Segundo a aritmética corrente, ter-se-ia que reduzir mais a despesa e/ou aumentar mais os impostos que são precisamente as medidas contra as quais o PS clamou e clama.

Corajosamente, o Dr. Brilhante ainda partilhou connosco uma previsão arriscada: «Portanto, Portugal passará para 2014 com um défice orçamental muito próximo dos 6%». Digo corajosamente porque nas últimas décadas o PS (e os outros partidos do «S» e os do «C» e o do «E») falhou praticamente todas as previsões. Receio que o Dr. Brilhante falhe outra vez, apesar de só já faltar meia dúzia de dias para fechar o ano.

Esclarecimento:

A alusão à quadratura do círculo, não é uma piada ao novo Dr. Pacheco Pereira. É apenas uma alegoria aos problemas sem solução. Para quem não saiba, o matemático Carl von Lindemann demonstrou que é impossível definir um quadrado com área igual à de um círculo porque Pi - a razão entre o perímetro e o diâmetro - é um número transcendente. Do mesmo modo, reduzir o défice sem reduzir mais a despesa e/ou aumentar mais os impostos é do domínio do transcendental – o domínio por excelência em que o PS se move depois de ter esvaziado os cofres.

Por coincidência, von Lindemann é um alemão como Wolfgang Schäuble, o actual e anterior ministro das Finanças de Angela Merkel, o qual, como até já o PS percebeu, também demonstrou que a consolidação orçamental não se faz com medidas transcendentais.

2 comentários:

  1. O programa Quadratura do Cícrculo passou a ser Quadratura do Quadrado, são todos tão óbvios.

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  2. O Dr. Eurico acredita em milagres!

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