A propósito do filme apresentado em Cannes «The Touch of Sin» do realizador Jia Zhang-ke, um crítico de cinema da Actual do Expresso, escreve que «o cineasta chinês … possui … um olhar amplo nas suas radiografias ao globo. Uma vez mais, pergunta-se o que está a acontecer às pessoas na China desde a viragem do país ao capitalismo selvagem e qual é o preço a pagar por esta nova forma de vida.»
Não sei se o realizador ou o crítico possuem um olhar amplo nas suas radiografias ao globo. Se possuíssem já se teriam perguntado o que aconteceu aos chineses no passado com a ditadura comunista de Mao Ze-dong e o seu cortejo de milhões de mortos (só em resultado do Grande Salto em Frente, 20 milhões morreram de fome, em 1958-60). E também não seria difícil saber o que aconteceu desde a viragem do país ao capitalismo selvagem: centenas de milhões de chineses saíram da pobreza mais absoluta e um realizador underground como Jia Zhang-ke, que teria sido internado num campo de reeducação antes da viragem ao capitalismo selvagem, conseguiu a partir de 2004 realizar vários filmes com o selo estatal.
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