A atracção dos Espíritos pelo(s) poder(es) já foi muitas vezes relevada no (Im)pertinências, quer por mim, aqui e aqui, por exemplo, quer pelo outro contribuinte, na série «quem é o deus ex machina da Ongoing?». Esta atracção abrange também, e até especialmente, o quarto poder. Nalguns casos é mediada pelos poderes fácticos (partidos, por exemplo) e exerce-se directamente através dos manipulados publicados pelos escribas do jornalismo de causas, noutros assume formas mais subtis.
Ainda recentemente, o editor de economia do Expresso insinuava, enquanto metia delicadamente o pau nos Espíritos, que o melhor seria não ir mais longe, deixando no ar reticências invisíveis. A coisa percebe-se melhor à luz da ocupação das páginas do Expresso pela publicidade espiritual: no último número em 10 páginas inteiras de publicidade, o BES ocupou 8 e a Caixa e o próprio Expresso ocuparam uma, cada. Imagina-se sem esforço que qualquer jornalista tem que pensar várias vezes antes de beliscar o sensível ego dos Espíritos, em qualquer altura e ainda mais na presente conjuntura de procura deprimida de publicidade.
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