13/11/2005

ESTÓRIAS E MORAIS: da justiça entrevada ao jornalismo emocional

Estória - o Supremo decide o ressarcimento no Além
Ao fim de 13 anos de laboriosas andanças para cima e para baixo nas diversas instâncias, o STJ condenou a Shell, que já não opera há anos em Portugal, a pagar uma indemnização de meio milhão de euros ao revendedor de Caldas das Taipas entretanto falecido - vítima de falta de pachorra?

Moral
A justiça pode não ser cega, mas é coxa.


Estória - «afectos reprimidos»
Numa escola de Gaia uma estória que envolve duas garotas, talvez lésbicas (ou «fufas» segundo as suas próprias palavras), derramou-se durante a semana pelos mídia infectados pelo pensamento politicamente correcto (PC) e relançou na ordem do dia a grande questão do século: para que servem as escolas? Esta questão fundacional, civilizacional e fracturante já ficou pendente no século passado desde que as equipas do PC aterraram no ministério da educação. Para não me alongar na lista cito apenas duas das mais ilustres luminárias: o engenheiro de almas Roberto Carneiro e a doutora em felicidades Ana Benavente.
«Afectos reprimidos» chamou-lhes a jornalista de causas do Expresso, doutora Susana Branco.

Moral
«Abunda a malícia, onde falta polícia» (ditado popular).


Estória - tudo o que pode cair, um dia cai
Os afectos reprimidos não foram a única estória que apaixonou os nossos jornalistas durante a semana. Também excitou a sua mente imaginativa a morte de 5 operários portugueses que preferiram ser explorados em Espanha numa auto-estrada em construção, a trabalhar em Portugal. Os jornalistas mais criativos viram aqui a mão negra da globalização (ou mundialização, como eles preferem dizer), os menos delirantes só conseguiram culpar a ganância do empreiteiro pela «falta de condições de segurança». Falta essa que, por uma coincidência misteriosa, não afectou 4 outros operários portugueses que usavam «cintos de segurança obrigatórios».

(No país onde caiem pontes construídas e em construção, ainda ninguém se lembrou de culpar a ganância dos empresários gauleses do bâtiment pela morte dos incontáveis portugueses que em Agosto tombavam (e tombam ainda, mas menos), aos magotes, nas estradas espanholas já construídas, a bordo de bagnoles que demandavam a pátria?)

Moral
«As pessoas passam a vida a confundir com notícias aquilo que lêem nos jornais» (A. J. Liebling).

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