04/08/2005

DIÁRIO DE BORDO: será o liberalismo um estado de espírito? (7)

[Prosseguindo a série «será o liberalismo um estado de espírito?» (1), (2), (3), (4), (5) e (6)]

Invulgarmente pragmática a referência que Rui Ramos faz no seu artigo no DE «Para além do Estado Social» à necessidade de distinguir o «estado de espírito» do «espírito do estado».
«Uma coisa é o "liberalismo" teórico que cada um de nós, lendo e estudando, pode elaborar para consumo intelectual privado. Outra coisa há-de ser uma "política liberal". Essa será feita por políticos que precisarão de persuadir eleitores, e barganhar com adversários. Ninguém pode, de antemão, prever exactamente a forma que hão-de ter ideias postas em comum, nem os compromissos que será necessário aceitar para ressalvar certos princípios. Dependerá das circunstâncias. É frustrante? É assim.

Não bastam ideias "liberais". Precisamos de políticos "liberais". Mas não esperem tudo desses políticos. Talvez um projecto inspirado pelas tradições ditas liberais seja a solução para os problemas do Estado Social. Talvez. Nunca será, porém, a solução dos problemas dos portugueses. Esses, se tiverem solução, devem ser resolvidos por cada um dos portugueses. Há certamente vida para além do Estado Social. Mas há-de ser a vida que cada um de nós quiser e poder ter. Ninguém tem o direito de pedir mais, e ninguém tem poder para dar mais.»

À atenção dos seguidores do liberalismo lírico.

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