Summary for the sake of
I already told the case. After withdraw from its colonies, Portugal didn’t recover of the sense of losing its past grandeur yet. Lately, economic regression and the foreseeable consequences of EU enlargement to the East, together with plenty of scandals of cronyism, corruption and child abuse with suspects in the political and social establishment, put the Portuguese under depression and their self-esteem in short supply. Recently, three approaches were proposed to remedy this malaise.
The first asks for a legion of psychiatrist doctors, spin doctors and other doctors to cure the damaged Portuguese psyche. The second, the leftist favorite, prescribes cannabis to everybody who couldn’t recover from the first approach. Get real, the third starts.
During a conference promoted a week ago by psyche zealots of the first approach, a pessimistic devotee of the get real kind (invited by mistake, I guess) argued that Portuguese problem was not self-esteem in short supply, but on the contrary it is self-esteem in excess – Portuguese love themselves too much. Otherwise, he explained, one couldn’t understand why the folks use to blame for their misery everyone except themselves. The suspects use to be a bunch of creatures such as Spaniards, communists, fascists, capitalists, and, a big AND, free market followers.
______________
O doutor Vasco Pulido Valente terá dito, numa conferência do Portugal Positivo que auto-estima, mais do que falta, os portugueses têm de sobejo. Ao longo da história, segundo ele, endossaram as culpas do cartório aos jesuítas, aos absolutistas, aos fascistas, aos comunistas, e, por último, aos políticos.
Com a devida vénia ao doutor Vasco, o testamenteiro dos Vencidos da Vida, o Impertinências pede licença para acrescentar os pedreiros-livres, os monárquicos e os republicanos (entre os absolutistas e os fascistas), os capitalistas monopolistas (entre os fascistas e os comunistas), sem esquecer os neo-liberais. Esta última espécie, de existência não provada, descenderia dos liberais, cujos traços nos círculos políticos portugueses são como pegadas nas Penhas Douradas dum hipotético Abominável Homem das Neves.
[Neo-liberal: (1) papando o tele-evangelista (2) em fuga / Neo-lib: (1) preying upon a poor leftist (2) fleeing]
Seria injusto omitir os espanhóis da lista de culpados de todos os tempos e, fatalmente, os iberistas, seus cúmplices.
Mas a singularidade mais notável da cultura portuguesa, no que toca a bodes expiatórios, é o ELES. O ente eles pode abranger, além dos putativos culpados pela miséria nacional, ainda os responsáveis por nos assegurarem uma transição rápida, suave e sem esforço dessa miséria ao paraíso do lá fora, da ÓRÓPA. O eles abrange, por isso, uma vasta gama de entes, desde os já citados até ao governo ou à oposição, conforme o caso.
Recordadas estas evidências, resta definir as coisas.
Auto-estima (politiquês)
Atributo cuja alegada falta serve de escapatória, de desculpa de mau pagador, a fazer pela vidinha, dar corda aos tamancos, trabalhar duro, contar consigo próprio, assumir riscos, não contar com ovos no cu da galinha.
Eles (socialês)
(1) Os culpados da nossa miséria (dos fascistas aos liberais, passando pelos comunistas e, sempre, os espanhóis, e, em alternância, o governo e a oposição). (2) Os responsáveis pelo trânsito da miséria para a felicidade (quase todos os referidos). Antónimos: EU (que não sou parvo e não tenho nada a ver com isso) e NÓS (EU, a minha MÃE, a minha patroa, os putos, os amigos, talvez o clube, e o partido, às vezes).
Órópa (politiquês)
A Europa do doutor Soares, do engenheiro Guterres et alia, a Europa social, dos direitos, das liberdades, dos subsídios, o seguro contra todos os riscos que a preguiça e a falta de iniciativa imaginam ter subscrito. Distingue-se da Europa do doutor Louçã, que tem mais charros e abortos, e da Europa do doutor Carvalhas, que ia do Atlântico aos Urais, mas já não vai.
Sem comentários:
Enviar um comentário