O Impertinente frequenta regularmente a Doutora Amélia no seu blogue Procuro marido, mas só hoje se deu conta que a Doutora incluiu as Impertinências na lista dos seus links. Tratando o Procuro marido da temática da formatação do decadente macho lusitano num ser minimamente conforme ao paradigma feminino, e sendo as Impertinências o que são, o que teria levaria a Doutora Amélia a tal?
Não encontrei respostas. Seja como for, fiquei comovido por ser a única mulher que parece ter-se interessado pelas Impertinências.
O mínimo que O Impertinente pode fazer é ir a correr comprar o romance da Doutora Amélia «naturalmente sincera!» que está para sair, que narra a história de um «marido que ... foge com uma senhora que tem um blog literário mas que, afinal, é uma net-dater».
Bem haja, Doutora Amélia. Que a divina providência coloque nos seus braços um marido sensível, sem bigode e com 27 aninhos acabados de fazer.
Bem precisará da divina providência porque, nos tempos que correm, a coisa não está fácil. Imensos homens estão ou, pior ainda, são desempregados, ou alcoólatras, ou drogados, ou já foram condenados, ou ainda estão presos, ou punem-se duma qualquer outra forma, como vestir o cabedal e levar com o chicote. Outro número não menos imenso de homens meneiam-se, agitam as mãozinhas, põem-nas na anca, fazem trejeitos e boquinhas enquanto compõem os trapinhos. O número residual pertence ao género marido e é que o alvo preferido das net-daters, como se calhar o seu romance demonstra.
Tão profunda é a crise que já vi escrito, preto no branco, por um grande especialista da condição masculina, que “por detrás de um homem de sucesso há sempre uma mulher espantada”.
Esta é a face pública da questão. A face privada é não menos preocupante. Durante muitos anos as mulheres portuguesas assumiram o mando doméstico, com autoridade, sim, mas também, com o pudor, recato e respeito devidos pelas aparências. Pudor, recato e respeito que se perderam nos dias de hoje em que os homens já têm que urinar sentados na sanita, obedientemente instruídos pelas respectivas esposas.
Termino, Doutora Amélia, fazendo-lhe um único pedido: corte-lhe o bigode, mas tenha a misericórdia de o deixar mijar de pé.
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