Finalmente, nós os machos dominantes chegámos ao fim dum processo de prolongada decadência e profunda agonia. Resistimos a tudo: à guerra, à paz, à globalização, ao fim da história, à ataque insano e inútil do feminismo, à queima dos sutiãs. Em particular nós, os machos lusitanos, resistimos até à Doutora Maria Teresa Horta, o que pode ser considerado um último grande feito.
Mas acabámos por baquear. Da dominância passámos à perda de confiança nos padrões comportamentais genuinamente machos: escarrar para o chão, bater na patroa, dar palmadas nas costas dos amigos, sopesar os testículos, assobiar apreciativamente às garotas passantes, etc.
Daí à falência da nossa auto-estima foi um passo. Entrámos numa crise de valores mais profunda do que a da Nasdaq depois do envelhecimento da nova economia. A nossa autoconfiança ficou mais em baixo do que a cotação das dotcoms e toda a parafernália das empresas do vapourware. Passámos a ter dúvidas sobre a nossa sexualidade, assistimos a milhões de machos de todas as idades a fazer o coming out e passarem-se para o inimigo, passámos a usar cremes, começámos a tentar chorar para parecermos sensíveis aos olhos do inimigo. Enfim, tentámos tudo para ser parecidos com o inimigo, e até desprezando a sabedoria popular: se Deus quisesse que os machos fossem iguais às fêmeas só tinha feito caracóis.
E qual o resultado desta estrondosa humilhação? It must be bad! Even feminists feel sorry for the state of men today, concluiu a jornalista anónima do Economist.
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