11/04/2025

Pior do que aumentar discricionariamente os direitos de importação é induzir imprevisibilidade no sistema

Fonte
 Na lógica trumpiana o aumento das "tarifas" (*) iria ter três "belos" efeitos para Make America Great Again. Reduzir o desequilíbrio da balança comercial americana, equilibrar as contas públicas com o aumento da receita fiscal e pôr em prática uma estratégia de substituição das importações proposta pela Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) que os governos esquerdistas da América Latina adoptaram nas décadas de 60 e 70 do século passado, com o sucesso conhecido. Tudo isto com o propósito de trazer de novo para os EUA os empregos que tinha voado para a China, o México, etc. 

Esquecendo os efeitos inflacionários e que quem paga as "tarifas" são os consumidores americanos, esquecendo os efeitos da falta de concorrência na produtividade e na eficiência das empresas americanas, esquecendo os efeitos nas exportações americanas das retaliações da China, da UE, do Canadá, do México, etc. e esquecendo várias outras coisas talvez mais importantes, pergunto quem é que num contexto político, social e económico em que tudo pode mudar da manhã para a tarde vai investir na indústria americana para criar novos empregos? 

VIX (CBOE Volatility Index da Chicago Board Options Exchange) 

Antes de responder convém olhar para o índice VIX que traduz a expectativa de volatilidade dos investidores e que atingiu valores só ultrapassados nos últimos 20 anos pela crise do subprime e pela pandemia.

 U.S. Treasury Bond Futures

E, já agora, convém também olhar para os futuros da dívida americana.

(*) O jornalismo de causas amador e ignorante parece ter adoptado "tarifas" para traduzir "tariffs" (sinónimo import levy), termo que faz sentido em inglês e que traduzido em português por tarifas" é um perfeito disparate.
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Já depois de ter escrito este post, li o artigo de Ricardo Reis «As tarifas de Trump são ainda piores do que pensa», cuja meridiana clareza recomenda a leitura. 

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