O salta-pocinhas |
Em entrevista ao Observador, Passos Coelho evocou os tempos do resgate e da troika e revelou a respeito do Dr. Portas «Julgo que ele não sabe isto: para impedir uma humilhação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, obriguei o ministro das Finanças a assinar comigo e com ele a carta para as instituições. Assinámos os três. A ´troika´' exigia uma carta só dele. Porque não confiava nele».
Essa evocação não deveria surpreender quem não tem falta de memória e não esqueceu o "guião" / "argumentário" que andou a ser escrito durante três meses nos idos de 2013, a demissão "irrevogável" do Dr. Portas e todas as outras palhaçadas, numa altura crítica, de um político inconfiável que, como escrevi na época, já defendeu tudo e o seu contrário, sem uma visão para o país para além das suas ambições e do seu ego híper-expandido, que já foi eurocéptico e eurófilo, Paulinho das feiras e frequentador de salões, conservador e liberal, que já intrigou tudo quanto havia para intrigar, sempre a contar os votos dos velhinhos e das velhinhas, dos reformados e da lavoura e a piscar o olho àquele trupe do jornalismo de causas e sem causas, com poucos princípios e muitos fins.
Confrontado com a entrevista, o Dr. Portas com a sua inegável vocação para os soundbites explicou «Passos Coelho achava que a troika era um bem virtuoso, eu achava um mal necessário». Provavelmente sem se dar conta, sublinhou a diferença entre um político que tentava ser um estadista, que percebeu a inevitabilidade mas também a oportunidade de mudar um país atrasado, afundado e dependente dos dinheiros de Bruxelas com um Estado sucial falido, e o político inconfiável que ele, Dr. Portas, foi e continua a ser.
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