07/11/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (39a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

A cartola socialista está cheia de coelhos

O maior problema da economia portuguesa, e a raiz da nossa pobreza relativa, é a produtividade aparente do trabalho (isto é, a riqueza produzida em média por cada trabalhador), que é uma das mais baixas da Óropa. Se é certo que a riqueza produzida cresce com o aumento do número de horas de trabalho, é igualmente certo que diminui se esse número se reduzir, a menos que a produtividade do trabalho por hora trabalhada aumente mais depressa. Ora acontece que a produtividade do trabalho por hora não só é também uma das mais baixas da Óropa, representando menos de 66% da média da UE27, como tem vindo a diminuir.

Neste contexto a medida que o governo está a promover de redução da semana de trabalho para quatro dias revela-se mais uma negaça para iludir o povo ignaro e um expediente a adicionar ao repertório do Dr. Costa que aumenta na medida que mais entalado o governo se sente.

O Dr. Costa a tentar fugir ao dilema de «optar entre morrer da doença ou da cura»

No seu esforço para tentar ter a chuva no nabal da inflação que lhe aumenta as receitas fiscais e ter o sol na eira das taxas de juro baixas, o Dr. Costa argumentou, com a sua ciência económica aprendida nos corredores da Mouse School of Economics, que a inflação se deve à escassez da oferta pelo que não faria sentido aumentar os juros. O BCE e o próprio Dr. Centeno, o seu ex-ministro das Finanças, não concordam e um paper publicado pelo BCE também não.

Será que o Dr. Costa, depois de ter culpado o “neoliberalismo” pelo desastre socrático, se prepara com a cumplicidade de S. Ex.ª o PR para atribuir a culpa do próximo desastre ao BCE, seu salvador na crise anterior?

Banco de Fomento é «torrar dinheiro em coisas que não valem pevide»

O Banco de Fomento é mais uma das vítimas da maldição das empresas públicas. A sua criação foi várias vezes durante dois anos anunciada para as «próximas semanas», sucedendo a um banco de fomento que fora privatizado por um governo PS, ressuscitado em 2018, só viu a luz do dia em 2021. Descobriu-se recentemente que a Portugal Ventures, uma sociedade de capital de risco que o BF controla, gere 13 fundos com rentabilidade negativa. Sabe-se agora que as contas de 2021 só foram publicadas em Outubro e, por último, a Comissão de Auditoria queixou-se ao BdP de obstáculos ao seu trabalho. Guess why!

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

A EFACEC, uma empresa nacionalizada por um governo do PS que sucedeu a outro governo do PS que havia facilitado a entrada de Isabel dos Santos, foi tentada vender n vezes, a última à DST, chumbada pela DGComp. Em 2021 já tinha prejuízos de 184 milhões e no primeiro semestre de 2022 acrescentou mais 55 milhões. «Do lado dos trabalhadores, o desejo é manter o Estado como accionista», esclarece-nos o Expresso, sem surpresa, afinal quem não gostaria de ter um benfeitor?

Take Another Plan

O resultado positivo de 111 milhões da TAP no terceiro trimestre foi muito celebrado pelo governo e pelas suas agências de propaganda. Pouca gente se deu ao trabalho de verificar que nos últimos 12 meses terminados em 30 de Setembro a TAP teve um prejuízo de 1.060 milhões de euros e com os cancelamentos (300 tripulantes de férias no Natal, queixou-se a CEO) e as greves já anunciadas o quarto trimestre, por via de regra pior do que o terceiro, e todo o ano de 2022 arriscam-se a ser outro desastre. Quem não parece estar preocupado é o Dr. Pedro Nuno, aqui impiedosamente retratado por Henrique Raposo.

(Continua)

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