29/03/2022

Traidores no gabinete do primeiro-ministro? No creo en brujas, pero que las hay, las hay

Na semana passada, na SIC Notícias, alguém disse: 

«Deixe-me fazer um apelo final a uma coisa que me indigna. Escolho bem a palavra: 'traidores'. Aqui em Portugal, no gabinete do primeiro-ministro, há um embaixador, um coronel e outros oficiais-generais a trabalhar para a Rússia. Isto é uma vergonha!». 
Quem disse essas palavras foi «Armando Marques Guedes é professor catedrático da Universidade Nova, dando ainda aulas no Instituto Universitário Militar, no Instituto de Defesa Nacional, no Instituto de Ciências Policiais e Segurança Interna e no Instituto Nacional de Administração. Além disso, foi presidente do Instituto Diplomático, nomeado por Diogo Freitas do Amaral, no tempo em que o primeiro-ministro era José Sócrates, e depois diretor de policy planning do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo membro de mais de três dezenas de think-tanks em Portugal e no estrangeiro. É, pois, um homem que conhece bem os meios diplomáticos e a área da Defesa Nacional.

Estas acusações poderiam ter sido proferidas imponderadamente, no calor de uma discussão. Mas não: foram ditas intencionalmente, como coisa pensada antes. No entanto, apesar de estarmos perante uma verdadeira 'bomba', a pivô de serviço não insistiu no tema e 'despediu' rapidamente o convidado. Foi estranho. Como estranho foi que nos telejornais seguintes não tenham passado estas declarações. O silêncio foi total.

Nos dias seguintes nenhum meio de comunicação social pegou no assunto - nem televisão nem imprensa, e Armando Marques Guedes não voltou a aparecer na SIC Notícias, onde era presença regular a comentar a guerra.

Perante isto, pensei: o homem teve um momento de desvario, de loucura, mas depois caiu em si, pediu à estação para não repetirem o que tinha dito, e os outros meios, avisados, não reproduziram as suas declarações.

Só que, inesperadamente, Marques Guedes voltou a surgir no pequeno ecrã - embora já não na SIC mas na CMTV. E, puxando deliberadamente pelo assunto, reafirmou tudo o que dissera antes - apenas ressalvando que da sua lista de 'suspeitos' não fazia parte o major-general Carlos Branco.

De novo sobre o tema caiu um pesado manto de silêncio - e só no Nascer do SOL o assunto seria tratado abertamente, com o gabinete de António Costa a declarar: «O gabinete do primeiro-ministro repudia categoricamente as afirmações, que são pura mentira e difamação em cada uma e todas as suas palavras e decidiu avançar com um processo judicial em sede própria».

Mas como entender que, depois de acusações de tamanha gravidade feitas num meio de grande audiência por uma pessoa altamente colocada, só três dias depois o gabinete do primeiro-ministro tenha reagido? E se a resposta deste for 'Porque nenhum meio de comunicação social nos interpelou antes', como explicar esse facto?

Estamos perante um caso perfeitamente insólito, que não me recordo de alguma vez ter acontecido. Os jornalistas geralmente fervem em pouca água, transformando em 'escândalos' assuntos sem qualquer importância. Custa muito a perceber, pois, que tenham ficado calados num tema como este. O que se passou? Que pressões se fizeram? Quem as fez? E quem as aceitou?

E perfeitamente óbvio que houve pressões políticas para o assunto não ser tratado. Estamos perante uma questão muitíssimo delicada. Num país da NATO, numa altura em que decorre na Europa uma guerra envolvendo a Rússia, a hipótese de haver gente no gabinete do primeiro-ministro a colaborar com os russos é de uma gravidade enorme.

Mas até por isso se exigiria uma investigação cabal - e não o silenciamento, como aconteceu. Ninguém tratou do assunto, ninguém procurou saber se as acusações tinham fundamento, ninguém investigou quem eram os suspeitos, ninguém - à exceção deste jornal - pediu uma reação ao gabinete visado nas acusações.

E aparentemente o 'acusador' foi despedido da SIC. Pelo menos, o seu aparecimento posterior na CMTV induz essa ideia.

Estas acusações de Marques Guedes surgiram numa altura em que alguns militares- comentadores habitués das televisões começavam a ser contestados pelo seu aparente alinhamento com a Rússia»

«Um silêncio muito suspeito», José António Saraiva no Jornal Nascer do Sol (em link disponível)

5 comentários:

  1. por coincidência há dias pensei se não somos um Kalinigrado Atlântico.
    Uma espécia de enclave da federação russa à beira mar plantada.
    Tudo começou com os ficheiros da pide, a partir daí foi só montar o processo,
    que culminou nisto: estamos putanizados.

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  2. adenda:
    Tudo começou com os ficheiros da pide, o atentado a Sá Carneiro, a partir daí foi só montar o processo

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  3. Ao que parece, o atentado ao Sá Carneiro teve outras origens, nada a ver com russos.
    Mas, após 50 anos de traição, que interesse tem agora falar do assunto?
    Portugal já não é independente. Todos os anos é transferida soberania para a UE e para os credores. Traição no gabinete do 1º ministro??? Começa nele próprio.

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  4. "... a hipótese de haver gente no gabinete do primeiro-ministro a colaborar com os russos é de uma gravidade enorme."

    Caro Senhor

    Num governo que inclui o ex-autarca derrotado, de nome bufo Medina, é absolutamente natural que, como disse Cintra Torres, o seu NIF ( e o meu, porventura), já esteja em Moscovo.

    Mas confessemos, a vantagem para a Rússia de haver traidores em Portugal será da mesma dimensão da sua desvantagem em não haver: nenhuma, nós somos uns bandidotes irrelevantes.

    Cumprimentos

    Vasco Silveira

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  5. Acertou na mouche o anónimo da 6:16,só acrescento o seguinte,Portugal em 74-75 balançava(tal a quantidade de traidores abrilistas e outros)entre a entrega da soberania à Russia/Urss e a entrega à Cee (e aos globalistas bilderberg e afins)o resultado está à vista(ou gato escondido com o rabo de fora).

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