26/10/2021

SERVIÇO PÚBLICO: Aristides Sousa Mendes, a construção de um mito

O jornal Nascer do Sol (que raio de nome) publicou no passado sábado o artigo de opinião Sousa Mendes no Panteão: justifica-se? (sem link disponível) de Rodrigo de Sá-Nogueira Saraiva que pretende reduzir o mito do herói Aristides à sua real dimensão, bem mais modesta.

Segundo o autor: (1) Aristides era monárquico, nunca foi opositor do regime e teve comportamentos eticamente censuráveis; (2) o regime nunca perseguiu os judeus e distanciou-se das posições nazis a este respeito; a posição do regime era de conceder visto a qualquer refugiado que o solicitasse; (4) Aristides ajudou judeus mas em muito menor número do que lhe é atribuído e ajudou não judeus ricos; (5) Aristides foi meramente suspenso com metade do ordenado até à reforma e não expulso, apesar do seu comportamento irregular. 

Em conclusão, escreve Sá-Nogueira Saraiva:

Num nível mais profundo, contudo, trata-se de um mito de legitimação do atual regime. Ao afirmar que houve um herói português que se levantou contra a perseguição dos judeus e que fui punido por isso, está-se, por implicação, a afirmar que o salazarismo era pró-nazi, o que os historiadores sabem não ser verdade, e antissemita, o que espero ter mostrado ser falso. Mas creio ser essa razão profunda da desinformação que se criou em torno deste caso tão complexo: descredibilizar o Estado Novo e apresentar a Terceira República como um triunfo contra as forças do mal. 

Não são raras estas manipulações da história para legitimar regímenes. Numa sociedade aberta, têm, contudo, de ser confrontadas. 

Foi o que aqui tentei fazer. 

4 comentários:

  1. Em conclusão:

    Os vencedores escrevem a história.

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  2. Qual história, qual carapuça.

    Moisés Bensabat Amzalak e Francisco Leite Pinto [ambos amigos de Oliveira Salazar] foram quem gizou e realizou a fuga de milhares de europeus [judeus ou não] desde Hendaye/Irun para Portugal (Figueira da Foz, Areia Branca, Estoril, v.g.)

    Não quero voltar a explicar tudo. Só quero acentuar que César de Sousa Mendes, da carreira diplomática, tapou muitas vigarices que o seu irmão gémeo, Aristides, fez na carreira consular.
    Paz e Verdade.

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  3. Sugestão de leitura " Salazar, , o Ditador que se recusa a morrer", de Tom Gallagher (D.Quixote".
    Vide pags. 171~180 sobre este assunto ...e esta personagem...

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  4. Só me apetece dizer o seguinte; Marcelo R Sousa para o panteão já! ( a par disso proponho uma catacumba por baixo do parlamento e selar qualquer saída do mesmo para impedir o alastramento de gases tóxicos)

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