25/10/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (108) - Em tempo de vírus (LXXXV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

É possível enganar todos durante algum tempo, é possível enganar alguns sempre, não é possível enganar todos sempre

O mundo do Dr. Costa parecia um paraíso, mas bastou uma derrota na câmara de Lisboa para de súbito os demónios escondidos nos armários socialistas saírem à luz do dia.

Na bolsa orçamental, onde cabe tudo o que os comunistas e os berloquistas quiserem, as cotações dos votos de aprovação subiram exponencialmente e exigem-se alterações na legislação laboral, na contratação colectiva, no desemprego dos "trabalhadores da cultura", nas horas extraordinárias, nas pensões, nos salários mínimos, etc. Para dificultar mais a mercearia, o PS já não tem mais nada de orçamentalmente intangível a oferecer ao BE, no domínio da "identidade de género", da linguagem neutra e das outras tretas que excitam o esquerdismo. Daí as nove exigências berloquistas terem directa ou indirectamente impacto tangível. Entalados entre a espada de uma aprovação, que será vista como mais uma cedência e causará perdas futuras de votos dos fiéis, e a parede de eleições antecipadas, onde terão perdas que esperam sejam menores, PC e BE vão especulando, fazendo bluff e jogando com expectativas. O PS do Dr. Costa faz o mesmo, mas tem muito mais a perder.

O país que o Dr. Costa nos deixa é um país devorado pelo Estado sucial

Entre 2019 para 2022 o governo socialista fez a despesa primária crescer 14 mil milhões de 84,7 (39,7% do PIB) para 98,7 mil milhões (43.6% do PIB).

No topo da União Europeia (e do mundo)

Terceiro lugar no ranking da UE em matéria de dívida pública e nos impostos na electricidade e o sexto no preço dos combustíveis. Na competitividade fiscal, o Portugal socialista ocupa o quarto lugar (a contar do último)

A emergência climática do Dr. Costa cede à necessidade de se manter no governo

Uma semana depois de apontar o dedo aos «responsáveis políticos (que dizem), durante metade da semana, que há uma emergência climática, e (na) outra metade da semana (dizem) que não querem medidas para combater a emergência climática», face aos protestos pelo aumento do preço dos combustíveis, o Dr. Costa anunciou que iria baixar «poucachinho» os impostos sobre os combustíveis em 2 (gasolina) e 1 (gasóleo) cêntimos.

Fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes é sinal de insanidade (ou estupidez)

A vocação empresarial socialista consiste em torrar o dinheiro dos outros nas empresas falidas. O caso da EFACEC é apenas mais um. Estão previstos este ano 20 milhões de prejuízo e prevê-se um novo financiamento com linhas de crédito com garantia pública. Aposto que o crédito não chegará e será necessário injectar mais dinheiro para alguém se chegar à frente e comprar o mono.

Ainda não é o mafarrico, mas já se sente o cheiro das brasas

Os sinais multiplicam-se. As cadeias logísticas globais estão entupidas (por cá há o risco de faltar quase tudo, desde os cereais até ao bacalhau). As consequências das políticas irrealistas de energias renováveis começam a fazer-se sentir com os combustíveis a faltaram e os preços a subirem. Por muito que os bancos centrais desvalorizem intencionalmente o risco do seu regresso, um pouco por todo o mundo a inflação perfila-se (por cá os preços na produção industrial aumentaram 13,3% em Setembro) com o consequente o aumento das taxas de juro e do peso do serviço da dívida pública.

E em cima disso temos o regresso ao velho normal do Portugal dos Pequeninos. Após sete anos de excedente da balança de transacções correntes, o FMI prevê défices pelo menos até 2026. Se temos de esperar até 2022 para atingir o PIB de 2019, bastaram 20 meses para o regresso de congestionamentos de trânsito piores do que antes da pandemia.

L'État c'est nous

A utilização do canal oficial do Ministério da Cultura no Twitter para fazer propaganda partidária é apenas um episódio menor a acrescentar episódios maiores, como a campanha do Dr. Costa nas autárquicas a propagandear a bazuca como se fosse dinheiro do PS.

Boa Nova

O ministro do Ambiente anunciou o leilão do hidrogénio para Janeiro de 2022 assegurando que a produção de hidrogénio verde é mais barata do que a partir do gás natural. Esqueceu-se de dizer que os preços actuais do gás natural são conjunturalmente os mais elevados de sempre e de explicar o que iria fazer com o hidrogénio verde se por acaso ainda cá estivesse nessa altura.

O Dr. Costa aprecia reguladores desde que só regulem o que o governo lhes mandar regular

Depois de 196 dias de licitação do leilão de 5G, o Dr. Costa acordou e expeliu uma verdade de La Palice, a de que «o modelo de leilão que a ANACOM inventou é, obviamente, o pior modelo de leilão possível», omitindo naturalmente que esse modelo foi inventado pelo presidente nomeado pelo seu governo há quatro anos. Se tivesse ficado por aqui teria apenas dito uma coisa já sabida por toda a gente que conheça um módico do assunto. Não ficou e colocou em causa o modelo de entidades reguladoras que é hoje um modelo adoptado no mundo civilizado para assegurar a regulação independente dos sectores em que a independência é crítica. Um dia o Dr. Costa ainda vai pôr em causa a independência dos tribunais.

«Em defesa do SNS, sempre»

O Hospital de Vila Franca Xira, uma unidade que recentemente deixou de ser uma PPP, está em situação caótica com doentes na garagem. A urgência pediátrica do hospital de Faro está em «situação de falência».

Entretanto, o número de pessoas sem médico de família continua a crescer e, como consequência disso e das centenas de milhar de consultas por fazer, as urgências são confrontadas com um número cada vez maior de doentes sem gravidade que procuram um meio de fintar o acesso a um médico.

Expresso

Em pleno caos do SNS, o governo aprova um novo estatuto que prevê um CEO e uma estrutura vagamente parecida com a do NHS britânico, previsivelmente terá o efeito mais relevante de criar uma resma de "vagas" para colocar boys socialista.

A educação é a grande paixão socialista

Depois de muitos milhões do FEDER torrados durante décadas e da "geração mais bem preparada de sempre", um estudo do ISCTE conclui que «um quarto dos trabalhadores tem qualificações a mais para o emprego que tem». E que outra coisa poderia ser? A única coisa que se obtém das fábricas de diplomados são diplomados.

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