31/08/2021

Unforgivable stupidity


The White House contends that limited information sharing with the Taliban is saving lives; critics argue it's putting Afghan allies in harm's way.

U.S. officials in Kabul gave the Taliban a list of names of American citizens, green card holders and Afghan allies to grant entry into the militant-controlled outer perimeter of the city’s airport, a choice that's prompted outrage behind the scenes from lawmakers and military officials.

The move, detailed to POLITICO by three U.S. and congressional officials, was designed to expedite the evacuation of tens of thousands of people from Afghanistan as chaos erupted in Afghanistan’s capital city last week after the Taliban seized control of the country. It also came as the Biden administration has been relying on the Taliban for security outside the airport.

A câmara de Lisboa do Dr. Medina comunicava às embaixadas da Rússia, da China e da Venezuela, entre outros países com regimes autocráticos, os dados pessoais de promotores das manifestações contra os respectivos regimes. Podeis voltar Dr. Medina, estais perdoado.

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (64) - Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes


Após o pico na primeira quinzena de Julho com média diária de 140 mil, semana após semana o ritmo de vacinação tem vindo a reduzir-se e na última semana baixou para 60 mil. Não obstante, salvo algum desastre, sempre possível no quadro do Estado sucial sob administração socialista, os objectivos principais anunciados continuam atingíveis.

ECDC

No ranking da EU/EEA, com 94,0% dos maiores de 18 anos, Portugal é o país com mais primeiras doses administradas. Já em relação à vacinação completa dos +18 anos, que é o que mais importa, Portugal baixou do 5.º lugar da semana passada para o sexto lugar, ultrapassado pela Dinamarca.

30/08/2021

Dúvidas (317) - E não se pode entregar aos talibãs Mr Fart-Hing, que tirou lugar a humanos para embarcar cães e gatos em Cabul?

The Guardian

«In the recorded message, reportedly sent on Monday, Farthing threatened to “destroy” Quentin (a special adviser to the defence secretary), on social media if he did not help arrange the evacuation.»

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (100) - Em tempo de vírus (LXXVII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O Dr. Costa reentronizado

Reeleito com uma maioria norte-coreana, o Dr. Costa foi durante o fim de semana consagrado como chefe do partido que continuará a comandar rumo à vitória eleitoral nas eleições autárquicas, onde soterrará provavelmente a oposição e em particular o Dr. Rio que talvez então perceba estar acabada a sua candidatura a vice-primeiro ministro.

O Estado sucial do Dr. Costa está cada vez mais parecido com o Estado Novo

O governo prepara-se para acrescentar no Código Penal uma nova sanção para o crime de «discriminação e incitamento ao ódio e à violência» que consistirá na expulsão da profissão de funcionários públicos, docentes e jornalistas. Sem dificuldade, o desrespeito da linguagem inclusiva poderá ser considerado crime de ódio.

A descentralização vista pela nomenclatura do regime

Alguém fez as contas e concluiu que 68 deputados (30% do parlamento) são candidatos nas eleições autárquicas e, se não forem eleitos, continuarão com lugar garantido. Qualquer que seja a explicação, é um claro sintoma da profunda moléstia do regime.

L'État c'est nous

Socialistas e comunistas aprovaram disfarçadamente no parlamento uma aparentemente inócua alteração ao Programa de Apoio à Economia Local de onde resultaria o fim das sanções para os cinco autarcas do PS, incluindo uma actual secretária de Estado do Dr. Costa, e um do PCP, todos com processos em curso na IGF dos quais poderia resultar a perda de mandatos. Desta vez S. Ex.ª estava atento e vetou a manigância.

O governo pretende acabar com os concursos internacionais para professor associado e catedrático. É mais um passo no sentido da consolidação na universidade do nepotismo e da endogamia do luso-socialismo como modalidade da kakistocracia.

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível

Já o escrevi a semana passada: depois de quase 9 meses de leilões com 9 a 12 rondas diárias de tirinhas de GHz para fazer render o peixe, a Anacom conseguiu que o Portugal dos Pequeninos fosse um dos dois únicos países da UE que ainda não tem oferta comercial 5G. Acrescento agora que o leilão montado pela Anacom é um anacronismo segundo o economista Paul Milgrom, que deve saber do que fala porque recebeu o Nobel da Economia em 2020 pelo seu trabalho na Teoria dos Leilões.

29/08/2021

Henry Kissinger sobre os erros estratégicos e políticos que levaram à retirada do Afeganistão

«THE TALIBAN takeover of Afghanistan focuses the immediate concern on the extrication of tens of thousands of Americans, allies and Afghans stranded all over the country. Their rescue needs to be our urgent priority. The more fundamental concern, however, is how America found itself moved to withdraw in a decision taken without much warning or consultation with allies or the people most directly involved in 20 years of sacrifice. And why the basic challenge in Afghanistan has been conceived and presented to the public as a choice between full control of Afghanistan or complete withdrawal.

An underlying issue has dogged our counterinsurgency efforts from Vietnam to Iraq for over a generation. When the United States risks the lives of its military, stakes its prestige and involves other countries, it must do so on the basis of a combination of strategic and political objectives. Strategic, to make clear the circumstances for which we fight; political, to define the governing framework to sustain the outcome both within the country concerned and internationally.
The United States has torn itself apart in its counterinsurgent efforts because of its inability to define attainable goals and to link them in a way that is sustainable by the American political process. The military objectives have been too absolute and unattainable and the political ones too abstract and elusive. The failure to link them to each other has involved America in conflicts without definable terminal points and caused us internally to dissolve unified purpose in a swamp of domestic controversies.
We entered Afghanistan amid wide public support in response to the al-Qaeda attack on America launched from Taliban-controlled Afghanistan. The initial military campaign prevailed with great effectiveness. The Taliban survived essentially in Pakistani sanctuaries, from which it carried out insurgency in Afghanistan with the assistance of some Pakistani authorities.

But as the Taliban was fleeing the country, we lost strategic focus. We convinced ourselves that ultimately the re-establishment of terrorist bases could only be prevented by transforming Afghanistan into a modern state with democratic institutions and a government that ruled constitutionally. Such an enterprise could have no timetable reconcilable with American political processes. In 2010, in an op-ed in response to a troop surge, I warned against a process so prolonged and obtrusive as to turn even non-jihadist Afghans against the entire effort.

For Afghanistan has never been a modern state. Statehood presupposes a sense of common obligation and centralisation of authority. Afghan soil, rich in many elements, lacks these. Building a modern democratic state in Afghanistan where the government’s writ runs uniformly throughout the country implies a timeframe of many years, indeed decades; this cuts against the geographical and ethnoreligious essence of the country. It was precisely Afghanistan’s fractiousness, inaccessibility and absence of central authority that made it an attractive base for terrorist networks in the first place.

Although a distinct Afghan entity can be dated back to the 18th century, its constituent peoples have always fiercely resisted centralisation. Political and especially military consolidation in Afghanistan has proceeded along ethnic and clan lines, in a basically feudal structure where the decisive power brokers are the organisers of clan defence forces. Typically in latent conflict with each other, these warlords unite in broad coalitions primarily when some outside force—such as the British army that invaded in 1839 and the Soviet armed forces that occupied Afghanistan in 1979—seeks to impose centralisation and coherence.

Both the calamitous British retreat from Kabul in 1842, in which only a single European escaped death or captivity, and the momentous Soviet withdrawal from Afghanistan in 1989 were brought about by such temporary mobilisation among the clans. The contemporary argument that the Afghan people are not willing to fight for themselves is not supported by history. They have been ferocious fighters for their clans and for tribal autonomy.

Over time, the war took on the unlimited characteristic of previous counterinsurgency campaigns in which domestic American support progressively weakened with the passage of time. The destruction of Taliban bases was essentially achieved. But nation-building in a war-torn country absorbed substantial military forces. The Taliban could be contained but not eliminated. And the introduction of unfamiliar forms of government weakened political commitment and enhanced already rife corruption.

Afghanistan thereby repeated previous patterns of American domestic controversies. What the counterinsurgency side of the debate defined as progress, the political one treated as disaster. The two groups tended to paralyse each other during successive administrations of both parties. An example is the 2009 decision to couple a surge of troops in Afghanistan with a simultaneous announcement that they would begin to withdraw in 18 months.

What had been neglected was a conceivable alternative combining achievable objectives. Counterinsurgency might have been reduced to the containment, rather than the destruction, of the Taliban. And the politico-diplomatic course might have explored one of the special aspects of the Afghan reality: that the country’s neighbours—even when adversarial with each other and occasionally to us—feel deeply threatened by Afghanistan’s terrorist potential.

Would it have been possible to co-ordinate some common counterinsurgency efforts? To be sure, India, China, Russia and Pakistan often have divergent interests. A creative diplomacy might have distilled common measures for overcoming terrorism in Afghanistan. This strategy is how Britain defended the land approaches to India across the Middle East for a century without permanent bases but permanent readiness to defend its interests, together with ad hoc regional supporters.

But this alternative was never explored. Having campaigned against the war, Presidents Donald Trump and Joe Biden undertook peace negotiations with the Taliban to whose extirpation we had committed ourselves, and induced allies to help, 20 years ago. These have now culminated in what amounts to unconditional American withdrawal by the Biden administration.

Describing the evolution does not eliminate the callousness and, above all, the abruptness of the withdrawal decision. America cannot escape being a key component of international order because of its capacities and historic values. It cannot avoid it by withdrawing. How to combat, limit and overcome terrorism enhanced and supported by countries with a self-magnifying and ever more sophisticated technology will remain a global challenge. It must be resisted by national strategic interests together with whatever international structure we are able to create by a commensurate diplomacy.

We must recognise that no dramatic strategic move is available in the immediate future to offset this self-inflicted setback, such as by making new formal commitments in other regions. American rashness would compound disappointment among allies, encourage adversaries, and sow confusion among observers.

The Biden administration is still in its early stages. It should have the opportunity to develop and sustain a comprehensive strategy compatible with domestic and international necessities. Democracies evolve in a conflict of factions. They achieve greatness by their reconciliations.
»

Henry Kissinger on why America failed in Afghanistan

27/08/2021

ARTIGO DEFUNTO: População vacinada é o que o jornalista quiser

Exemplos de alguns títulos de jornais portugueses do dia 25 de Agosto e tenha-se em conta que nos últimos 7 dias foram administradas 520 mil doses suficientes para uma primeira dose de 5% da população ou 2,5% de duas doses e repare-se na confusão sobre o que seja população, população vacinada e vacinação completa: 

«Portugal com mais de 80% da população vacinada com a primeira dose» (Sic Notícias)

«72% da população com vacinação completa». (DN)

«Portugal atinge meta de 85% da população vacinada com primeira dose na próxima semana» (Jornal i)

«81,6% da população vacinada contra a Covid-19» (Renascença)

«85% da população estará vacinada com a primeira dose na próxima semana» (Económico)

«Portugal atinge 85% da população com primeira dose na próxima semana» (Eco)

«Portugal deverá atingir os 85% da população vacinada na próxima semana» (Público)

«72% da população portuguesa já tem vacinação completa» (Público)

«Portugal deverá atingir os 85% da população vacinada na próxima semana» (Sapo)

É cruel dizer isso do idoso Joseph Robinette Biden, mas parece uma boa descrição do presidente dos EUA na retirada do Afganistão

«Mas a própria ideia da retirada, por motivos que Tony Blair explicou melhor do que ninguém, é também, pesadas todas as coisas, errada. Quer em termos idealistas, quer em termos realistas. Em termos idealistas, porque vai contra a intuição, pela maioria de nós partilhada, que há uma continuidade da experiência humana que sobrevive às descontinuidades culturais e que a devemos tentar preservar, o que significa, entre outras coisas, defender os direitos humanos onde eles estão em perigo. Em termos realistas, porque a presença das tropas americanas, mesmo em baixo número (e o seu número já era baixo), contribuía para que a ameaça do terrorismo islâmico fosse, numa certa medida, contida. Quer dizer que, num grau ou noutro, o interesse dos Estados Unidos não parece protegido com esta retirada, antes pelo contrário..

Aparentemente, Biden não teve em consideração nenhum dos dois aspectos. É verdade que ele parece cada vez mais destituído de inteligência emocional, o que, em parte, se pode atribuir à velhice. Com a idade – toleravelmente em certos casos, tendendo para o péssimo noutros —, vamos perdendo certa disponibilidade emocional, o que se percebe, já que o corpo se degrada e arrasta o espírito consigo. E a perda da inteligência emocional diminui grandemente a faculdade de julgar: Biden faz cálculos trôpegos, com toda a obstinação da falta de convicção. Já agora, diminui também a capacidade de se exprimir convenientemente. De facto, parece por vezes que tenta adaptar a técnica literária do cut-up (uma técnica desenvolvida pelo escritor William Burroughs nos anos 60, que consiste em recortar passagens de prosa já escrita, juntando-as depois numa ordem aleatória) à retórica política. Nas entrevistas, sem precisar de papel e tesoura, o sucesso é indisputável, produzindo sequências do tipo: “Os talibãs – A minha mulher disse – Olhe… – Só a América – Trump – Onde está o almoço? – Nada a ver com Saigão — Isso foi há cinco dias – Sejamos claros – Olhe… — A ideia – Olhe, George… – Vinte anos – Corn flakes – O aeroporto — A escolha é simples – Ray Ban — Foi o que aconteceu”. Fascinating!, como diz, na CNN, à média de cinco vezes por programa, Fareed Zakaria. Mas duvido que os afegãos apreciem por aí além esta nova contribuição para a retórica. E que os americanos, se pensarem bem, tenham muitos motivos para a admirar.

Não estou a dizer que Biden está xexé. Mas falta-me pouco para o pensar. Somando tudo, é a melhor das possibilidades.»

Excerto de Realistas, idealistas e Biden, Paulo Tunhas no Observador

26/08/2021

Pro memoria (412) – gone with the wind (epílogo)

Os jornais de ontem publicitaram a primeira central eólica offshore em Portugal a funcionar desde há um ano que já forneceu electricidade para suficiente para fornecer 60 mil famílias. Parece um grande sucesso, não é verdade? Vejamos as coisas mais de perto.

Para quem não saiba, trata-se do projecto Windfloat Atlantic que aqui no (Im)pertinências temos vindo a acompanhar há 10 (dez) anos, desde que em 2011 foi lançado para depois de 9 (nove) anos começar a produzir electricidade.

Em 2017, seis anos depois do início do projecto, o ponto de situação era o seguinte:

«Até 2019, o parque eólico flutuante que o consórcio liderado pela EDP quer instalar ao largo de Viana do Castelo tem de estar ligado e a produzir energia de fonte renovável. O risco de falhar o prazo é o de o projecto Windfloat Atlantic, cujo custo estimado ronda os 115 milhões de euros, perder os fundos comunitários de 30 milhões atribuídos em 2012 pelo Programa NER300.» (fonte)

Repare-se o efeito Lockheed Tristar em todo o seu esplendor. Um projecto eventualmente inviável que custaria 15 ou 20 milhões há seis anos custará agora (em 2017) 115 milhões ou seis a oito vezes mais. À maneira habitual, provavelmente irão ser gastos ainda mais do que os 115 milhões para não perder os 30 milhões de fundos comunitários. Foi assim que uma parte significativa dos mais de cem mil milhões (130 mil milhões em 2021 antes do PRR) de subsídios comunitários pagos extorquidos aos contribuintes europeus, o equivalente a mais de 55% (70% em 2020) do PIB anual actual, foi delapidada.

Em 2020, nove anos depois do início, o ponto de situação era o seguinte:

O brinquedo, que era para custar 15 ou 20 milhões há nove anos e 115 milhões há seis anos, ficou este ano por 125 milhões, financiados por 60 milhões pelo Banco Europeu de Investimento, por um subsídio de 30 milhões do programa europeu NER 300 e outro de €6 milhões do Fundo Ambiental). Resta dizer que o parque Windfloat disfrutará de um preço garantido de venda de energia de €140/MWh quando o preço atual de mercado está abaixo de €40/MWh. Apesar deste maná que os consumidores de electricidade pagarão, a Windfloat está a dever vários milhões as dezenas de empresas subcontratadas. (fonte)

E assim chegamos aos dias de hoje com mais um exemplo do multiplicador socialista que, diferentemente do keynesiano que multiplica o montante do produto resultante de um investimento, o socialista multiplica o montante do próprio investimento do qual resultará um produto inferior ao previsto.

25/08/2021

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (50) - De que serve vacinar adolescentes?


Qualquer pessoa com um módico de cultura geral desconfia que a narrativa da vacina contra o SARS-Cov2 impossibilitar a infecção pelo mesmo vírus e, em consequência, impedir a transmissão a outras pessoas, é uma treta. De facto, o efeito das vacinas não é impedir a infecção é reforçar a resposta do sistema imunitário ao vírus e assim minimizar as consequências da infecção.

E os dados disponíveis aí estão para desmontar a treta:

  • Em Portugal cerca de 16 mil pessoas com a vacinação completa foram infectadas (fonte);
  • Um estudo da universidade de Oxford mostra os adultos vacinadas infectados com a variante Delta podem ter uma carga viral tão elevada como os não vacinados (fonte);
  • Duas equipas científicas holandesas concluem que as pessoas vacinadas podem infectar outras pessoas embora com menor probabilidade e gravidade (fonte).
Em conclusão, 
«Ao não prevenirem a infeção, estas vacinas não previnem a transmissão e, por isso, não distinguem vacinados de não vacinados no risco de transmissão da doença, se bem que nestes possa haver alguma atenuação devido à redução da carga viral, Contradizendo argumentos de peritos e autoridades de saúde que procuram justificar a extensão da vacinação às crianças e adultos jovens sem comorbilidades como estratégia de proteção dos indivíduos de risco (quase todos vacinados), estas vacinas também não produzem imunidade de grupo.»
pode ler-se neste artigo do Expresso com uma explicação médica em linguagem acessível.

24/08/2021

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (63)

Depois de uma primeira quinzena de Julho com média diária de 150 mil doses, desde então a média diária móvel tem variado entre as 80 e 90 mil doses e não é provável que saia daqui devido às férias, como o Sr. Almirante já reconheceu

Quanto à vacinação completa dos maiores de 18 anos, Portugal continua no 5.º lugar dos países EU/EEA.

ECDC

Citando outras fontes e com outros critérios (nomeadamente a população-alvo), alguns jornais têm entrado em delírios patrióticos colocando os portugueses no topo do mundo. É um bocadinho doentio mas já estamos habituados em muitos outros domínios. Não é grave, é apenas ridículo, demonstrativo de um complexo de inferioridade e sobretudo inútil porque, de acordo com os dados da European Centre for Disease Prevention and Control, a fonte mais credível a este respeito, a task force tem feito um excelente trabalho graças ao Sr. Almirante (eu sei que o posto da criatura é Vice) que o governo não reconheceu e o PR, se tinha de o condecorar, deveria tê-lo feito pelo seu trabalho na task force e não «pelas suas carreiras militares».

Entretanto, o Sr. Almirante reformulou o objectivo quase toda a população elegível com vacinação completa no fim de Setembro para 85% dos portugueses deverão estar totalmente vacinados até ao fim de setembro, o que, dependendo do que seja a população elegível, pode não ser a mesma coisa e também, como o objectivo anterior, não está garantido.

Uma última palavra para o disparate, a que o Sr. Almirante se deixou associar, de usar vacinas escassas a nível mundial para vacinar adolescentes, um grupo praticamente sem risco, como se a vacina impedisse a infecção e a transmissão pelo SARS-Cov-2  (voltarei a este tema).

23/08/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (99) - Em tempo de vírus (LXXVI)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O PS tem uma ambição: aumentar a freguesia eleitoral, eternizar-se no governo e, de caminho, fazer de todos portugueses funcionários públicos

O número de empregados do Dr. Costa atingiu no final do 2.º trimestre o recorde do Eng. Guterres de 731,3 mil utentes da vaca marsupial pública, acrescentando 72,2 mil aos 659,1 mil deixados pelo governo neoliberal. É um exemplo da obra feita do Dr. Costa na continuação da construção do Estado sucial, que mais do que duplicou os efectivos do Estado Novo, com os seus 350 mil que incluíam 150 mil militares que combatiam em três frentes da guerra colonial. O diagrama seguinte ilustra a marcha gloriosa a caminho do socialismo.

Fonte SIEP


Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei

O Vice-Almirante Gouveia e Melo, que recebeu do seu antecessor apparatchik socialista pouco mais de 500 mil doses administradas nos dois meses anteriores, conseguiu que fossem administradas 13 milhões de doses nos seis meses seguintes. Nem uma palavra de reconhecimento lhe foi dirigida pelo governo, presumivelmente porque lhe falta o cartão de novo situacionista. O Dr. Marcelo, com o seu apurado estilo florentino, para marcar as suas diferenças em relação ao Dr. Costa, resolveu condecorá-lo mas, como de costume, faltaram-lhe os tomates para o condecorar pelo seu trabalho na task force e condecorou-o «pelas suas carreiras militares».

22/08/2021

A esquerdalhada nunca se engana no lado. Mais do que apreciar os talibãs, odeia os Estados Unidos, o Ocidente, a liberdade e a democracia liberal

«Ao longo da semana, formal ou informalmente, surgiram por aí inúmeras manifestações de relativização ou simpatia face aos talibãs. Do PCP ao BE, passando pelas zonas menos envergonhadas do PS actual, não se pouparam esforços para celebrar a derrota do “neoliberalismo” e a tomada de Cabul pelas forças “progressistas” (cito um candidato autárquico). E não, não estamos a falar de um daqueles movimentos patetas que prescrevem a virgindade antes do casamento. Trata-se dos talibãs, os bons e velhos talibãs das barbas e do surro, das castrações públicas e da escravização das mulheres, dos genocídios literais e simbólicos, que de resto já retomaram as tradições que os celebrizaram.        

Não há nada de novo. Se de um lado temos um psicopata a degolar infelizes e do lado oposto um infeliz degolado, os comunistas nunca se baralham na escolha. Lembram-se da última vez em que os comunistas hesitaram a decidir entre o totalitarismo e a democracia? Aconteceu há oitenta anos e apenas porque puderam opor-se a um regime assassino em prol de um regime assassino similar. Caso os nazis não tivessem violado o pacto germano-soviético, os comunistas negariam hoje o Holocausto com a ênfase com que negam o Holodomor, o Gulag e a bestialidade que calhar.»

Os talibãs de trazer por casa, Alberto Gonçalves no Observador

21/08/2021

A retirada do Afganistão vista por Condoleezza Rice, ex-secretária de Estado dos EUA

«In the wake of Kabul’s fall, though, a corrosive and deeply unfair narrative is emerging: to blame the Afghans for how it all ended. The Afghan security forces failed. The Afghan government failed. The Afghan people failed. “We gave them every chance to determine their own future,” President Biden said in his address Monday — as if the Afghans had somehow chosen the Taliban.

No — they didn’t choose the Taliban. They fought and died alongside us, helping us degrade al-Qaeda. Working with the Afghans and our allies, we gained time to build a counterterrorism presence around the world and a counterterrorism apparatus at home that has kept us safe. In the end, the Afghans couldn’t hold the country without our airpower and our support. It is not surprising that Afghan security forces lost the will to fight, when the Taliban warned that the United States was deserting them and that those who resisted would see their families killed.

No — they didn’t choose the Taliban. They seized the chance to create a modern society where girls could attend school, women could enter professions and human rights would be respected.

No — they didn’t choose the Taliban. They built a fledgling democracy with elected leaders who often failed but didn’t brutalize their people as so many regimes in the region do. It was a government that never managed to tame corruption and the drug trade. In this, Afghanistan had plenty of company across the globe.

Twenty years was not enough to complete a journey from the 7th-century rule of the Taliban and a 30-year civil war to a stable government. Twenty years may also not have been enough to consolidate our gains against terrorism and assure our own safety. We — and they — needed more time.

We have understood this before. Technically, our longest war is not Afghanistan: It is Korea. That war didn’t end in victory; it ended in a stalemate — an armistice. South Korea did not achieve democracy for decades. Seventy years later, we have more than 28,000 American troops there in an admission that even the sophisticated South Korean army cannot deter the North alone. Here’s what we achieved: a stable equilibrium on the Korean Peninsula, a valuable South Korean ally and a strong presence in the Indo-Pacific.

Afghanistan is not South Korea. But we might have achieved a reasonable outcome with a far smaller commitment. More time for the Afghans didn’t have to entail combat troops, just a core American presence for training, air support and intelligence.

More time for us might have retained American intelligence and counterterrorism assets on the ground to protect our allies and our homeland from the reemergence of a terrorist haven. More time might have preserved our sophisticated Bagram air base in the middle of a dangerous region that includes Pakistan and borders the most dangerous country in the Middle East — Iran.

More time would have served our strategic interests.

We did not want to give ourselves or the Afghans more time. Understood. But we were in such a hurry that we left in the middle of the fighting season. We know that the Taliban retreats in the winter. Might we have waited until then and given the Afghans a little more time to develop a strategy to prevent the chaotic fall of Kabul?

Now we have to live with the consequences of our haste.»

Excerto de The Afghan people didn’t choose the Taliban. They fought and died alongside us, Condoleezza Rice, Secretária de Estado dos EUA de 2005 a 2009.

Leitura adicional para ajudar a colocar as coisas em perspectiva: entrevista ao Observador de Thomas Barfield

20/08/2021

ARTIGO DEFUNTO: "Despublicação", o nome politicamente correcto da pós-censura

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A peça na imagem divulgada por Telmo Azevedo Fernandes no Blasfémias (corrigido) refere-se a um artigo publicado pelo Público e posteriormente "despublicado" com o pretexto da recusa «em absoluto de promover juízo que tendem a negar a importância ou o relativo consenso científico em torno das vacinas». 

A "despublicação" e a explicação suscitam-me alguns comentários.
 
O primeiro é que a "despublicação", na verdade um acto de pós-censura de uma opinião que já tinha sido publicada, é em si mesma incompatível com o culto e o estímulo da diferença de opiniões que o Pública se auto-atribui.

O segundo é que essa mesma justificação poderia muito bem ser usada para censurar o que se classifica como consenso científico, técnico, ético, moral ou outro qualquer consenso para tornar aceitável a supressão de ideias ou valores divergentes. Poderia, por exemplo, ter sido usada pelo Estado Novo para suprimir quase tudo o que a censura prévia censurou e até mesmo poderia ter sido usada pelo Público para censurar a promoção de comportamentos sexuais divergentes do relativo consenso nacional.

O terceiro comentário, puramente circunstancial, é que a peça publicada tem menos a ver com o suposto consenso científico sobre as vacinas e mais a ver com a denúncia dos «argumentos irracionais, emotivos e políticos, (...) usados pelos (ir)responsáveis e pelos especialistas», denúncia legitimada por vários exemplos de que cito só um: o "debate" entre a Dr.ª Graça e o Prof Marcelo e o posterior comentário do Dr. Costa.

Vivemos num estado policial? (21) - Sim vivemos. E por isso pedimos meças à UE (e ao mundo)

 Outros casos de polícia.

Revista do Expresso

Como venho repetidamente a escrever, Portugal é um dos países com mais polícias por habitante na UE e elsewhere. No caso da UE somos o sexto país em número de agentes mas, apesar disso, estamos na média de gastos com as polícias em percentagem do PIB porque nos polícias e em todas as profissões os salários médios portugueses são mais baixos do que a média da UE (porque recorde-se a produtividade do trabalho em Portugal é 65% da média da UE).

Se o Dr. Costa deixar o Dr. Cabrita cumprir o prometido o ano passado, até 2023 a polícia terá mais 10 mil efectivos o que provavelmente colocará Portugal no topo da UE ou mesmo do mundo.

Mas onde os polícias portugueses mais se distinguem é no seu exacerbado sindicalismo. No último levantamento que fiz há dois anos existiam 17 sindicatos de polícias, tendo o 16.º 451 associados e 459 dirigentes e delegados e o 17.º sindicato 27 polícias todos dirigentes sindicais. O desvelo policial pelo sindicalismo resulta do «trabalho sindical» dos dirigentes dar quatro folgas por mês e o dos delegados sindicais 12 horas.

Em Setembro os polícias irão fazer uma vigília em S. Bento a reivindicar o aumento do subsídio de risco dos agentes da PSP e dos militares da GNR. Faz todo o sentido, porque o salário dos polícias é apenas para ficarem sentados no interior das esquadras. Se se quiser que os polícias façam o trabalho policial expondo-os à meteorologia e aos contactos com a população, nem sempre agradáveis, será preciso pagar-lhe devidamente.

19/08/2021

Possible unintended consequences of Mr Biden's decision


What if the New Middle Kingdom has already begun suggesting to the Taiwan government to see this withdrawal from Afghanistan as an anticipation of what will happen to Taiwan when it happens?

18/08/2021

A liberdade de imprensa e o politicamente correcto

«Although people of different political stripes in Western countries rarely find common ground on political correctness, they may have more in common than compatriots in other parts of the world. A recent survey conducted by Ipsos Mori, a pollster, on behalf of King’s College London asked 23,000 adults in 28 countries about their attitudes towards free speech. They asked respondents to rate, on a scale from zero to seven, how they felt about using potentially hurtful words when speaking with people from different backgrounds to their own. A zero would mean that they felt that “people are too easily offended”; a seven would mean they thought it was necessary to “change the way people talk”.

More than half of respondents in America, Australia, Britain and Sweden rated themselves between zero and three (excluding those who answered “don’t know”), meaning they were the most likely to feel that the general public are too sensitive when it comes to speech. At the other end of the scale, Chinese, Indians and Turks were the least likely to say people were being too sensitive—fewer than one-fifth of the people from these countries responded with a scale of zero to three—instead believing it was necessary to modify their language.

What affects these attitudes across countries? Using an index of press freedom from Reporters Without Borders, a watchdog, we found a strong correlation between the extent of press freedom and individual attitudes towards language. Although people living in places with less press freedom are most receptive to what the Anglosphere would call “political correctness”, it may be that, in countries such as China, cautious use of language is required for self-preservation. That might add fuel to conservatives’ fire that political correctness could somehow erode democratic norms.

The survey also asked respondents whether or not they agreed that “culture wars” were dividing their countries. Americans and Indians were among the most likely to say that they were, with about three-fifths agreeing. By contrast, fewer than one-tenth of Japanese and one-fifth of Russians and Germans thought that culture wars were divisive. Yet country-level responses to this question bear little relationship to their attitudes about offensive speech. Although Americans and Britons are similarly exercised about political correctness, just one-third of Britons are concerned about divisive culture wars.»

People in the West are least worried about hurtful speech

17/08/2021

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (62) - Em terra de cegos, quem tem um olho é rei e quem tem dois é o quê?

A queda acentuada do ritmo de vacinação desde a primeira semana de Julho com a descida da média de 150 mil doses para 70-80 mil nas semanas seguintes parece estar a estabilizar ao redor da média semanal de 90 mil.

Em relação à vacinação completa dos maiores de 18 anos, depois de uns vergonhosos primeiros quatro ou cinco meses, Portugal está bem posicionado no pelotão da frente no quadro da EU/EEA.

ECDC

Quase todos os objectivos estão a ser atingidos ou serão muito provavelmente atingidos nas datas anunciadas. Agradecei o trabalho do Sr. Almirante insultado por um bando de grunhos no sábado à noite em Odivelas, que até hoje o Dr. Costa não se dignou apreciar, possivelmente porque a criatura não tem ficha no PS, 

Após semanas de um concurso de dislates com vários participantes, nomeadamente a Dr.ª Graça e o Dr. Marcelo, que se revelou um inesperado especialista em vacinação, a primeira sucumbiu e recomendou a vacinação do escalão etário 12-15 anos, o que só em Marte seria uma prioridade considerando os adultos que faltam vacinar e o facto desse escalão representar uma percentagem negligenciável dos infectados e num total de 18 mil óbitos apenas haver dois no escalão 10-19.

Compare-se com a Inglaterra que no escalação 12-15 anos apenas vai vacinar os jovens clinicamente vulneráveis ou que vivam com adultos de risco com doenças graves.

16/08/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (98) - Em tempo de vírus (LXXV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Remodelar? Acham que o Dr. Costa é tolo?

Por que cargas de água haveria o Dr. Costa de fazer o que a oposição, que perdeu o norte e arrisca-se a perder o país, quer que ele faça? Por que haveria ele de mandar embora os seus amigos de sempre, ou o seu rival que ele espera continue a ser torrado, ou o lastro que, sendo descartável, lhe dá jeito para entreter a oposição? Logo que ele que na sua fase chinesa aprendeu que se deve manter os amigos por perto e os inimigos ainda mais perto.

A ciência é o que o Dr. Costa quiser

Depois de já ter dito tudo e o seu contrário, a Dr.ª Graça da DGS acabou a recomendar a vacinação dos jovens dos 12 aos 15 anos, recomendação suportada pelos pareceres técnicos desse grande epidemiologista que temos a sorte de ter em Belém. Faz todo o sentido porque, como é sabido, este grupo etário representa prá aí uns 5 % dos infectados e dois ou três dos 18 mil mortos e, ao contrário do que vem dizendo o Sr. Almirante da task force, não temos vacinas a menos, temos vacinas a mais. Se dúvidas houvesse, o Dr. Costa tê-las-ia arrumado definitivamente como uma decisão puramente técnica. Ditosa pátria que tal filho teve!

Take Another Plan. O Dr. Pedro Nuno Santos não salvando o que não tem salvação, ao menos ajuda a Ryanair

Com as operações a metade de 2019 em Agosto e Setembro, a TAP continua a queimar os 1.700 milhões que já recebeu dos contribuintes que em breve se esgotarão, enquanto revê o plano de reestruturação que a CE devolveu.

O Sr. O'Leary não tem mesmo nenhuma razão para tratar mal o Dr. Pedro Nuno comparando-o a Pinóquio, quando a TAP está a dispensar pilotos que a Ryanair se propõe recrutar num lote de mais de 300 profissionais que anunciou pretender contratar para as operações portuguesas e investir 300 milhões dariam imenso jeito ao Dr. Pedro.

Dr. Pedro Nuno, o Anunciador

O Dr. Pedro pode não ter o talento de um gestor mas não se lhe pode negar o talento para fazer anúncios. O mais recente foi o segundo anúncio do concurso de electrificação da linha entre Tunes e Lagos - o primeiro concurso foi anulado. É assim que o pedronunismo, passo a passo, se mostra uma doutrina indispensável a um governo socialista promovendo, antes da obra feita, a obra anunciada, obra com a vantagem de ter apenas um pequeno peso para o erário público, uma verba modesta para preparar concursos.

15/08/2021

Mitos (314) - Usar o "hidrogénio azul" é pior do que queimar o gás natural de onde é extraído

 "Industry has been promoting hydrogen as a reliable, next-generation fuel to power cars, heat homes and generate electricity. It may, in fact, be worse for the climate than previously thought."

"It is seen by many as the clean energy of the future. Billions of dollars from the bipartisan infrastructure bill have been teed up to fund it.

But a new peer-reviewed study on the climate effects of hydrogen, the most abundant substance in the universe, casts doubt on its role in tackling the greenhouse gas emissions that are the driver of catastrophic global warming.

The main stumbling block: Most hydrogen used today is extracted from natural gas in a process that requires a lot of energy and emits vast amounts of carbon dioxide. Producing natural gas also releases methane, a particularly potent greenhouse gas.

And while the natural gas industry has proposed capturing that carbon dioxide — creating what it promotes as emissions-free, “blue” hydrogen — even that fuel still emits more across its entire supply chain than simply burning natural gas, according to the paper, published Thursday in the Energy Science & Engineering journal by researchers from Cornell and Stanford Universities."

For Many, Hydrogen Is the Fuel of the Future. New Research Raises Doubts via SEJ

14/08/2021

SERVIÇO PÚBLICO: A fuga de um laboratório chinês é a explicação mais plausível para a propagação do SARS-Cov-2 (e a China começa a admiti-lo)

«The lead figure in the World Health Organisation’s work on the origins of Covid-19 has given a remarkable interview to Danish TV. Peter Ben Embarek has revealed just how much political pressure the investigation came under and made clear that he thinks the lab leak hypothesis should not, pace the official report, be dismissed as extremely unlikely.

Embarek told TV2 ‘Until 48 hours before we finished the whole mission, we still had no agreement that we would talk about the laboratory part in the report, so there was a discussion right up to the end about whether to include it or not.’ He said that, ‘initially, they [the Chinese] didn’t want anything about the laboratory included because it was impossible and so it would be a waste of time. We insisted on including it because it was part of the whole issue about where the virus came from.’ He adds, ‘I said: "Listen. We need to include this, otherwise we don’t have a report. It's not going to be approved or accepted as a reasonable, credible report.’”

Embarek also makes clear the obstacles that were put in him and his team’s way: ‘We didn't get a look at lab books or documents directly from the lab. We got a presentation and then we got to talk about and ask the questions we wanted to ask, but we didn't get to look at any documentation at all.’ As he points out, the behaviour of the Chinese side raises questions:
‘We should investigate the hypothesis of a laboratory leak, it is for several reasons. One of them is the way in which the Chinese government has behaved. They have tried to suppress all research in this area. We can't know if it's because they're just trying to control the narrative or if it's because they have something to hide.’
Certainly, the fact that the laboratory moved location in December 2019 does raise suspicions. As Embarek recalls, ‘I ask the management, “How old is this lab?” And they say: “Well, it's from December 2019. We moved to these new laboratories on 2 December 2019.”’ As he points out, ‘It is interesting that the lab moved on 2 December 2019. That's the period when it all started, and you know that when you move a lab, it's disruptive to everything.’

Embarek posits that one likely explanation for the origin of a virus is a laboratory staffer being infected as they were collecting samples: ‘An employee who got infected in the field by taking samples is one of the likely hypotheses. That’s where the virus jumps directly from a bat to a human. In that case, it would be a laboratory worker rather than a random villager or other person who has regular contact with bats. So it's actually in the likely category.’

What is becoming increasingly clear is that the dismissal of the lab leak theory back in March 2020 was a huge mistake. Embarek’s interview backs up Matt Ridley’s view that the lab leak theory is looking increasingly plausible.

Given the amount of time that has elapsed, we will probably never know for sure what the origins of Covid-19 are. But it is becoming clearer by the day that the Chinese government conducted a cover up, for whatever reason, that made the whole situation even worse than it needed to be.
»

How China tried to suppress the lab leak investigation, James Forsyth na Spectator

Por coincidência, ou talvez não, o site estatal chinês Global Times publicou no dia 6 uma entrevista em inglês com Jeffrey Sachs, da Universidade Columbia e presidente da comissão do Lancet sobre a Covid-19, que menciona expressamente a possibilidade de fuga do vírus durante as pesquisas. O facto de ter sido publicada uma explicação até agora sempre negada pela nomenclatura chinesa indicia o uso dos habituais processos tortuosos para preparar a mudança da tese oficial.

13/08/2021

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (49) - Qual a letalidade da Covid-19? (8) O caso de Portugal 16 meses depois

Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de Qual a letalidade do Covid-19? (7) Ainda o caso de Portugal

Recordando a distinção entre taxa de letalidade, que relaciona o número de óbitos com o número de infectados, e a taxa de mortalidade que relaciona o número de óbitos causados por uma epidemia com a população, num caso e noutro com referência a uma determinada área (mundo, pais, região, cidade, etc.).

Recordando também algumas das patetices que os mídia publicaram no início da pandemia: 
  • 06-03 - «O novo coronavírus é igual à gripe? Não. Mata 26 vezes mais» (Sábado)
  • 19-03 - «Organização Mundial de Saúde (OMS) avançou na semana passada que a taxa de mortalidade do vírus se encontra nos 3,4%» (Expresso)
  • 29-03 - «a taxa de letalidade subiu para 2% » (SIC Notícias)
  • 12-04 - «Em Portugal, a taxa de mortalidade situa-se agora ligeiramente acima dos 3%» (ionline)
  • 13-04 - «A taxa de mortalidade subiu para 3%, disse a ministra da Saúde» (DN)
  • 13-04 - «OMS diz que o novo coronavírus é dez vezes mais mortal que o vírus da gripe de 2009» (Público)
  • 16-04 «Portugal tem taxa de letalidade de 3,3%. A média europeia é de 8,6%» (DN)
  • 19-04 - «A taxa de mortalidade belga está perto dos 15%» (Observador)
  • 20-04 - «o que fez baixar ligeiramente a taxa de mortalidade para 3,52%» (Observador)
Como tem evoluído afinal a taxa de letalidade em Portugal?


Como seria de esperar, sendo o número de infectados testados e conhecidos sempre inferior ao número real total de infectados, à medida que foram feitos mais testes o denominador aumentou mais rapidamente do que o numerador. Como mostra o gráfico, de um máximo inferior a 5% a taxa de letalidade vem descendo gradualmente e estabilizou na região dos 1,8%.

12/08/2021

Lost in translation (354) - É como se dissesse que a nomeação da Mesa diz respeito aos assistidos da Santa Casa da Misericórdia

«As eleições alemãs não são só dos alemães. Vai ser eleito o futuro governo da maior economia da Europa, por isso os escrutínios dizem respeito à União Europeia e ao mundo.» (Lido no semanário de reverência)

Por esta ordem de ideias, poderíamos defender que as eleições portuguesas não são só dos portugueses, também dizem respeito aos nossos benfeitores e aos credores dos 275 mil milhões.

Mudar as métricas do problema não muda a essência do problema

«The figures are stark: 44.8 per cent of grades were A or A*, up from 38.5 per cent last year and 25.2 per cent in 2019. Analysis by exams regulator Ofqual also picked up a widening in the attainment gap for students who are on free school meals, deprived pupils and black pupils. But given these results weren't based on the same assessment as last year, and certainly not comparable to the exams taken by pupils in normal years, is it really fair to call this grade inflation? Next year's A-levels will be similarly abnormal. What is probably of greater concern, as we discuss on our latest Coffee House Shots podcast, how employers and admissions offices at further and higher education institutions can distinguish between the grades of the three different Covid cohorts, and those attained by students under 'normal' conditions. It's not even that easy to compare within the results, given different schools adopted different methods of teacher estimates. Some were far more rigorous and less generous than others. 

The most immediate impact of these results is that there is now a serious squeeze on university places, to the extent that some medical schools are offering students who achieved their offer grades £10,000 to switch to a course at another university. On this, there are fears once again that the most disadvantaged young people will end up at less prestigious institutions because they are much more likely to need the £10,000 than their peers. The government is paying £6,500 of the grant and the university £3,500.

Elsewhere, it will be harder for students who've done better than expected to move up, or indeed for those who've missed a place by just one grade to find a suitable university because so many students have achieved the offer grades and there are therefore use fewer empty spaces. Admissions service Ucas estimates that around 80,000 students will get a place through clearing this year. 

Once they're at university, though, the Covid generation may not be able to move on from the disruption of the past two years. A large number of institutions, including 20 out of the 24 Russell Group members, have said that some of their teaching will continue to be online in the new academic year.»

Excerto da newsletter da Spectator de 10 de Agosto

Ao contrário deste ano em que as médias desceram, no ano lectivo passado passou-se algo semelhante em Portugal, mas pelos vistos ninguém se preocupou seriamente com o problema que foi varrido para baixo do tapete.

11/08/2021

Proposta Modesta Para Evitar que os Áctivistas Desperdicem Acções e Indignações (7) - Áctivistas exigi que todos órgãos tenham um representante de cada género

Outras propostas modestas

Em 1729 Jonathan Swift publicou um panfleto satírico com o título longo e insólito A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Public.

Desde então, inúmeras Propostas foram baptizadas de «Proposta Modesta». O (Im)pertinências, com quase quatro séculos de atraso, apresentou já várias, algumas delas, como esta, Para Evitar que os Áctivistas Desperdicem Acções e Indignações.

A minha proposta de hoje é inspirada pela nomeação de um juiz para o U.S. Court of Appeals noticiada com títulos que, com pequenas variações, são do tipo «Biden nominates first LGBT federal appeals court nominee. E porquê a inspiração? perguntareis. Porque a juíza Beth Robinson, que pertencia ao Supremo Tribunal de Vermont desde 2011, foi nomeada, ao que parece, sobretudo ou principalmente ou mesmo exclusivamente, por ser uma lésbica assumida.

O que me leva a perguntar, admitindo que no U.S. Court of Appeals já devem existir os dois géneros bíblicos, digamos assim, porquê discriminar os outros 109 géneros (de 112 até agora inventariados )? 

De onde a minha proposta:
Áctivistas do Correctês e do Inclusivês de todo o mundo ousai lutar pela representação de todos os géneros em todos os órgãos públicos e privados!

10/08/2021

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (61) - "S" na caderneta do Sr. Almirante e "MI" nas cadernetas do prof Marcelo e da DGS

Mantém-se a queda acentuada do ritmo de vacinação desde a primeira semana de Julho com a descida da média de 150 mil doses para 70-80 mil nas últimas semanas. Provavelmente a explicação, como já referi, são as férias das milícias do Almirante e dos "utentes". 

Fazendo um ponto de situação de dois dos múltiplos objectivos que foram sendo sucessiva e confusamente anunciados:
Só no início da primeira semana de Agosto, com dois meses de atraso, foram atingidas percentagens de ou perto de 100% (fonte ECDC):

99,9% dos +80
100% dos 70-79
97,7% dos 60-69 anos.

Como mostra o quadro seguinte, estão completamente vacinados três quartos dos maiores de 18 anos e em relação há duas semanas atrás (cfr. este post) houve um progresso de 16%.
ECDC

Dependendo do que seja quase toda e de qual seja a população elegível (continua a ser discutido) e do inevitável impacto das férias no mês de Agosto, nesta altura, a 7 semanas do fim de Setembro com 5,3 milhões totalmente vacinados, não é seguro que o objectivo seja atingido. 

Por último sublinhe-se que a bagunça da vacinação dos menores, com o professor Marcelo a enfiar o chapéu de epidemiologista, está a ser mais um episódio ridículo e lamentável.

09/08/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (97) - Em tempo de vírus (LXXIV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

A linguagem corporal é muito expressiva
O PS tem uma ambição: fazer de todos portugueses funcionários públicos ou, pelo menos, aumentar a freguesia eleitoral

A Dr.ª Leitão anunciou que se prepara para contratar mais uma leva de funcionários públicos o que dito pela ministra da Modernização do Estado confirma a suspeita de que para o PS modernizar o Estado sucial é enchê-lo de utentes da vaca marsupial pública. Recorde-se que o governo de Passos Coelhos reduziu 68,7 mil funcionários públicos de 727,8 para 659,1 mil e o governo do Dr. Costa, que começou por declarar praticar a regra "saem dois entra um" substituída depois por sai "um entra um", tem praticado a regra de "sai um e entram n", tendo aumentado os 659,1 mil que recebeu para 718,8 mil no final do ano passado.

L'état c'est nous, y compris la Carris

A autópsia que o Observador levou a cabo na Carris revelou que a empresa pública de transportes alfacinhas está hoje completamente ocupada por apparatchiks socialistas. Muito naturalmente, o Dr. Medina falando há tempos num jantar da célula do PS (eles chamam-lhe "sectorial") anunciou aos apparatchiks «Estamos a contratar mais pessoas, a contratar mais trabalhadores. Espero, aliás, que os possamos convencer da nossa estratégia e que venham a ser trabalhadores do PS e da secção do PS da Carris.»

Take Another Plan. Oito meses depois, o plano do Dr. Pedro Nuno ainda não foi parido

A comissária da Concorrência escreveu ao Dr. Pedro Nuno Santos dando várias más notícias. A primeira foi que os 3,2 mil milhões de dinheiro dos contribuintes não vão chegar. A segunda que não percebe porque os privados não entram com a grana. A terceira é que acharia melhor a TAP vender uns slots à concorrência. A primeira já toda a gente tinha percebido, com a possível excepção do Dr. Pedro Nuno. A segunda indicia que a Dr.ª Margrethe não tem em boa conta os privados portugueses, os quais, não obstante, já saltaram de paraquedas poupando-se ao crash do Dr. Pedro Nuno. A terceira é como sugerir a uma família arruinada que venda uns lotes da sua quinta hipotecada à banca.

Vem a propósito dizer que o único privado na TAP que sabia de aviação foi despachado pelo Dr. Pedro Nuno e está agora a encomendar 220 aviões eléctricos por mil milhões para operar no Brasil.

08/08/2021

Dúvidas (316) - Será por acaso que apenas um quarto da humanidade vive em regimes democráticos?

 “Power and paranoia”, the cover title to your special report on the Chinese Communist Party (June 26th), might equally well be the result of unfettered capitalism, so why pick on China? The Economist does a decent job of presenting the pros and cons of government policies, but you seem incapable of seeing the basic role of government as most people in the world view it.

The vast majority of the globe’s inhabitants believe that the purpose of government is to maintain stability, tranquillity and national defence, and not to protect individual liberty or provide social equality. For most, those ideals are the antithesis of traditional social norms. I especially think you have a bad take on China. The fact that there were only ten dynasties in a 4,000-year history shows that rocking the boat was considered an affront to the ancestors, the gods and to humanity. Laws made sure the masses fell in line. It worked for them, where democracy may never.

Until you recognise that most cultures are still built on a firm foundation that ranks stability—from the rule of kings, dictators or imams—as the paramount necessity of a society’s existence, you will never understand the world as most people see it.

Kirk Lovenbury 

(Carta de um leitor da Economist) 

O caso da China é a este respeito particularmente interessante. Repare-se que de todas as ideologias ocidentais foi o colectivismo marxista a única profundamente adoptada, hoje reduzido a doutrina oficial da nomenclatura do PCC como religião do Estado. Note-se também que, para quem pense que a democracia liberal resulta automaticamente da prosperidade, a China é o exemplo mais notório que é melhor pensar duas vezes.

07/08/2021

SERVIÇO PÚBLICO: Teremos de decidir se somos ou não capazes

«Com a sucessão das crises do século XXI, a realidade ficou intensamente mais nítida e cruel. São enormes as debilidades do investimento, da criação de novas produções e de novas vias de exportação consolidada. Estas crises mostraram as fragilidades fundamentais da economia e da sociedade e a pobreza de ambas. Tornaram mais visíveis a falta de capital e de ciência, a mediocridade das estruturas empresariais e a fraqueza dos grupos económicos. Sublinharam a reduzida competência do Estado e dos governos. Patentearam a venalidade de tantos políticos democráticos, assim como a corrupção e o nepotismo que parecem ser, entre nós, costumes impunes ou aceitáveis.

Este último aspecto, o da corrupção, do nepotismo e do favoritismo, é particularmente cru, num país com tanta pobreza. A incapacidade do sistema político para combater tais deficiências e a dificuldade da justiça para punir e prevenir são especialmente dolorosas num país tão desigual. (...)

Para sair das crises, para curar as feridas, para relançar e criar a economia e para finalmente desenvolver, vai ser necessário repensar e partir com novas bases. Os últimos anos mostraram que não se pode nem deve adiar mais. Mostraram que as escolhas são cada vez mais inevitáveis e inadiáveis. Há muito que não estávamos diante de dilemas essenciais. Como poucas vezes no passado, vamos decidir, nos próximos dois a três anos, se queremos ou não ter mercado e iniciativa privada. Se nos organizamos para o desenvolvimento económico. Se damos confiança aos investidores nacionais e estrangeiros. Se somos capazes de novos grandes projectos. Se queremos realmente promover a colaboração do público com o privado. Se queremos cuidar das bases económicas indispensáveis ao Estado social e à sua consolidação. Se estamos ou não à altura de crescer economicamente mais do que os restantes países europeus ou grande parte deles.
»

Excerto de Tempo de decisões, António Barreto

06/08/2021

A fuga do paraíso do Novo Império do Meio dos chineses que votam com os pés

Economist

Já que estamos a falar da China de Xi Jinping, sempre acrescento que os diagramas não carecem de ser explicados porque «uma imagem vale mais do que mil palavras», como lembrou Confúcio, um filósofo muito apreciado pelo Imperador em exercício (cfr. por exemplo este seu discurso).

05/08/2021

CASE STUDY: A coragem da desistência ou o culto dos desgraçadinhos e os portugueses na vanguarda

A propósito da decisão da ginasta Simone Biles - a melhor do mundo, diz-se -  não competir em várias provas, alegando que estava a enfrentar problemas mentais, uma comovente onda de solidariedade percorreu os mídia nacionais e internacionais e, ao que parece, as redes sociais (não tenho a certeza porque não consumo o produto) enaltecendo frequentemente a «coragem de uma desistência».

É claro para mim que, não havendo nada a censurar à mocinha por ter sucumbido ao peso da responsabilidade e à enorme expectativa dos fãs, também não haveria nada a exaltar. Afinal trata-se de uma atleta profissional de alta competição em dedicação exclusiva que deveria estar preparada para enfrentar estas situações. Mostrou que não estava e, no seu pleníssimo direito, desistiu, mas daí a legiões de jornalistas de causas várias e patetas de várias outras profissões se curvaram perante o feito, ou melhor perante o não feito, vai uma grande distância.

O assunto não justificaria gastar tinta com ele, não fora o facto da unanimidade à volta da exaltação da desistência ser em si mesmo muito revelador das mudanças ideológicas e culturais introduzidas pelos movimentos politicamente correctos, da identidade de género, etc., em suma pelo chamado marxismo cultural que contamina uma boa parte da intelectualidade (mais uma batalha que a direita está a perder na guerra das ideias). A unanimidade foi tão evidente que as únicas vozes dissonantes que encontrei foram, et pour cause, de dois humoristas (José Diogo Quintela e Tiago Dores).

E, já que estou com a mão na massa, sempre acrescento que um fenómeno induzido por essas mudanças é a crescente feminização das sociedades, feminização caracterizada pela prevalência do estereotipo feminino (sim isso existe, como existem os cromossomas sexuais X e XY), o que, como mostra o modelo 5-D de Geert Hofstede (amplamente citado neste blogue) inclui a simpatia pelo desafortunado, a valorização do underdog e o ciúme pelo sucesso. É nesta matéria das sociedade femininas que podemos dizer com toda a propriedade que os portugueses estão desde há muito no topo do mundo entre os países mais femininos (ver em especial este post).

04/08/2021

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (196) - Nepotismo e altruísmo na grande família socialista

«Como refiro, no “Manual de Gestão de Empresas Familiares”, que publiquei recentemente, as ações de nepotismo e altruísmo estão presentes, com grande frequência, nestas empresas.

No exercício de ações de nepotismo, os acionistas familiares impõem membros da família, sem os conhecimentos e qualificações adequadas, para lugares de direção e administração das suas empresas.

Na adoção de ações de altruísmo, os acionistas e administradores familiares admitem para os quadros das suas empresas, numa postura quasi caritativa, membros da família, claramente incapazes de executarem com eficiência e qualidade as funções que lhes são atribuídas.

Ambas as situações, que negam princípios de meritocracia na seleção e admissão de quadros para estas empresas, produzem danos relevantes nas mesmas e estão na base de muitos insucessos.

Nos casos em que as administrações das empresas familiares são compostas exclusivamente por membros da família, a destruição de valor, originada pelas ações de nepotismo e altruísmo, aumenta exponencialmente.

À semelhança do exercício de teoria comparada, que realizei no meu livro, entre as empresas familiares e as alianças estratégicas, proponho um exercício semelhante para a situação atual da família socialista, na sua relação com as entidades públicas.

Esta família considera ser proprietária do Estado, onde se incluem todas as entidades públicas, pelo que desenvolve, à semelhança do que ocorre nas empresas familiares, ações de nepotismo e altruísmo.
Neste exercício de teoria comparada, o Partido Socialista é o acionista familiar, o Conselho de Ministros o conselho de família, e a Cresap o gestor do protocolo de família.

Com o beneplácito da Cresap, a família socialista, numa aproximação de nepotismo, impõe os seus militantes para a direção e administração de todos os órgãos públicos.

Com a cumplicidade destes dirigentes, admitidos desta forma, a família socialista desenvolve ações de altruísmo, admitindo para os vários organismos públicos, militantes socialistas, sem a adequada preparação técnica e profissional.

A família socialista açoriana é o expoente máximo desta aproximação.

Estas ações de nepotismo e altruísmo, da família socialista, no poder há dezenas de anos, explicam o atraso estrutural e a pobreza do nosso país.

Dir-me-ão que o mesmo aconteceu, na família social-democrata, a que pertenço.

É verdade. Infelizmente.

Mas em muito menor extensão. Felizmente.»

Nepotismo e altruísmo, Luís Todo Bom no Expresso