A sobrevivência de um Governo que se mantém à conta das cedências constantes às chantagens financeiras dos seus parceiros de esquerda, num espectáculo ininterrupto e deprimente a que o resto do país assiste, impotente, sabendo que, no final, tudo se traduzirá em mais dívida e mais impostos, é um processo contínuo de captura da riqueza da nação a favor de despesa fixa, eterna e não compensadora do Estado. Podemos fazer um esforço para acreditar que todas essas medidas contêm em si as melhores intenções para combater as desigualdades e garantir o Estado social. Simplesmente, quando vêm para ficar para sempre e quando reclamam quase metade da riqueza do país não funcionam, antes pelo contrário — temos 40 anos de demonstração da sua inoperância em conseguir inverter o círculo de morte da nossa economia: a baixa produtividade, a ausência de capital para investir, a falta de competitividade devido à asfixia fiscal e os baixos salários, com origem, em grande parte, na mesma razão. Porém, não sejamos ingénuos — se o Inferno está cheio de boas intenções, o Paraíso prometido está cheio de aldrabões: os que querem um Estado cada vez maior, mais gastador, mais endividado, mais cobrador e mais senhor do jogo não o fazem inocentemente, só para defender os pobrezinhos. Fazem-no também, ou sobretudo, porque isso é o mais próximo que podem ter de um Estado totalitário numa democracia europeia.»
30/05/2021
Terá o Dr. Miguel Sousa Tavares sofrido uma epifania?
Se me contassem que Miguel Sousa Tavares, aka o tudólogo, quase sempre atento, venerador e grato ao governo do Dr. Costa, tinha escrito na sua coluna no Expresso algo que poderia ter sido escrito aqui no (Im)pertinências, não acreditaria. Apesar disso, ele escreveu o que a seguir reproduzo parcialmente con gusto.
«A conclusão geral a tirar é que, primeiro que tudo, o Estado está ao serviço dos seus e só depois ao serviço da comunidade. Essa é, com as excepções da ordem, a filosofia reinante na Administração Pública portuguesa. Como aqui escreveu João Vieira Pereira na semana passada, o monstro está de volta e “a pandemia veio agora dar mais uma desculpa para alguns erros que nos vão custar caro, em impostos, claro está. O que se está a passar na Função Pública é o exemplo perfeito”. O número de funcionários é o maior dos últimos nove anos (antes da troika), o valor médio dos salários na Função Pública é o mais alto de sempre (1800 euros brutos) e as pensões de reforma dos servidores do Estado regressaram aos valores de 2004, também os mais altos de sempre, quando o ministro Vieira da Silva conseguiu impor uma reforma que evitou a falência iminente do sistema. Mas, na verdade, a pandemia apenas concedeu rédea solta para uma política que já estava implantada antes dela. O regresso às 35 horas na Função Pública foi um marco político e financeiro que só podia ter como consequência o aumento da contratação ou a degradação dos serviços.
Não me parece epifania. Toda a gente sabe que o país é refém de uma oligarquia partidária e que esta suga todos os recursos, mantendo o estado de pobreza da população.
ResponderEliminarQuer os Sousa Tavares e compinchas o digam ou não, todos sabem disto. O regime assenta no crime organizado.
Toda a gente saberá, menos a maioria dos que nas sondagens aprovam a governação do Dr. Costa. E os Sousa Tavares e compinchas também o saberão, mas aparte o tudólogo o silêncio dos compinchas é ensurdecedor.
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