O discurso em torno do Novo Banco não é feito apenas de omissões, também é feito de mentiras. A primeira é sobre o alegado custo que existe para os cofres do Estado, como é vendido pelo PSD ou pelo Bloco. Apesar de aparecer inscrito no Orçamento do Estado, este não é o último a pagar a conta. O Estado emite dívida (a juros muito baixos, o que por si só é bom para ajudar a tapar o buraco) e empresta ao Fundo de Resolução. Este entrega ao Novo Banco, como acordado. Todos os anos, os bancos que fazem parte do sistema financeiro nacional entregam ao Estado milhões que servem para o Fundo de Resolução ressarcir o Governo em prestações mais juros. Ou seja, o Tesouro ainda lucra com a operação. É claro que um dos bancos que paga essa contribuição é a Caixa Geral de Depósitos, o que faz com que indiretamente o contribuinte suporte uma parte, mas isso decorre da escolha de se ter um banco público. Se a Caixa fosse privada (algo que não estou a defender), o Estado no final ainda ia lucrar com a operação.
A queda do BES custou, em injeção de dinheiro, cerca de 5 mil milhões de euros, aos quais se junta agora quase 4 mil milhões. No total, são perto de 9 mil milhões, dos quais a Caixa vai pagar entre 25% a 30%, ou seja, pouco mais de 2 mil milhões. Não são tostões. De todo. Mas comparem este valor com os cerca de 7 mil milhões que custou a falência do BPN ou com os 5 mil milhões que tiveram de ser injetados na Caixa Geral de Depósitos para tapar os seus buracos...
A segunda mentira é a veiculada agora por todos os que querem excluir o Novo Banco do OE, principalmente o Bloco de Esquerda. A venda em 2017 à Lone Star foi feita com o cheque de 3,9 mil milhões de euros já passado. Então, só os envolvidos negavam este facto, mas era óbvio que aquele dinheiro ia ser todo usado. O Bloco fazia parte da ‘geringonça’ que deu o sim à venda, naquela altura e nos anos seguintes, em cada Orçamento que era aprovado. Bem podem fingir agora que nada têm a ver com os cheques passados, mas o nome deles estará para sempre gravado nos milhões entregues para pagar as aventuras de Ricardo Salgado.
O Bloco está a criar desculpas para esconder a vergonha da sua cumplicidade não só em relação ao Novo Banco mas também em relação à política orçamental dos últimos cinco anos. A crise inesperada tornou claro que a despesa pública criada pela ‘geringonça’ era estrutural e que a receita era conjuntural. O resultado é um novo buraco nas contas do Estado.»
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