13/07/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (41) - Em tempo de vírus (XVIII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Cada vez mais entalado entre o desastre anunciado e as disputas para a sua sucessão

Muito provavelmente, o Dr. Costa, como o Eng. Sócrates, só será derrotado pela realidade, com o pequeno inconveniente do peso dessa realidade cair não sobre ele mas sobre os milhões de portugueses que durante os próximos anos pagarão a factura da sua governação, como ainda estão a pagar a dos seus antecessores. Ele dirá que a culpa é da pandemia, como o Eng. Sócrates disse que a culpa era da crise do capitalismo americano.

Porém, no caso do Dr. Costa, há uma novidade em relação ao Eng. Sócrates, a quem ninguém tinha a ousadia de contestar e muito menos de disputar o lugar. Para mal dos seus pecados, e para nosso bem que assim veremos talvez abreviado o seu mandato, o Dr. Costa, além da realidade que conspira para o derrubar, tem ainda o pedronunismo, a facção liderado pelo Dr. Pedro Nuno Santos que aspira a suceder-lhe o mais rapidamente possível e a fazer o PS uma espécie de Berloque de Esquerda tamanho XL.

O Plano pluriquinquenal dos Costas

Poderiam escrever-se páginas de análise do plano que o Dr. Costa Silva apresentou ao Dr. Costa, mas não vale a pena, até porque ele irá em breve para o cemitério dos planos socialistas. Depois de setenta anos de falhanço da economia "planificada" é difícil acreditar que um primeiro-ministro tenha a lata de encomendar a salvação da pátria e uma criatura tenha tido a insensatez de aceitar a incumbência derramando em mais de cem páginas um ror de vacuidades supondo «ser capaz de definir centralmente uma estratégia de recuperação económica para 10 milhões de diferentes projectos de vida com base na omnisciência do seu perfeito e total conhecimento qualitativo e quantitativo das infinitas interacções sociais passadas, presentes e futuras dos indivíduos», como aqui escreveu Telmo Azevedo Fernandes .

Mayday mayday. A queda anunciada sobre os contribuintes da TAP tripulada pelo pedronunismo

O que se vai sabendo sobre as consequências da nacionalização da TAP é cada vez mais inquietante. Tão inquietante que há quem suspeite que até o Dr. Costa e os seus fiéis já o perceberam e recuaram deixando o chefe do pedronunismo sozinho a ser torrado em fogo lento.

Pro memoria

Por falar em nacionalizações, a nacionalização da EFACEC fica a dever-se ao governo do PS que sucedeu ao governo do PS que facilitou a entrada de Isabel dos Santos na empresa.

Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei

A nomeação de uma pessoa, como Rita Rato, ex-deputada e dirigente do Partido Comunista, sem as qualificações técnicas e académicas e a experiência que seriam requeridas a um director de um museu, como o museu do Aljube, por uma entidade como a empresa municipal EGEAC, de uma câmara como a de Lisboa, presidida por um homem da máxima confiança do Dr. Costa, preterindo outras pessoas com essas qualificações, dificilmente pode deixar de ser vista como um preço a pagar por um serviço prestado ou prestar pelo Partido Comunista. A menos que tenha sido uma recompensa pelo alegado desconhecimento de Rita Rato do Gulag soviético e do carácter totalitário do regime chinês ou para demonstrar que, tendo sido preferida uma mulher incompetente a um homem competente, foi alcançada na câmara de Lisboa a igualdade de oportunidades entre sexos como definida por Françoise Giroud.

L’État, c’est nous

Para o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), uma entidade que exigiria gente com garantias de integridade e independência, o PS lembrou-se de propor um apparatchik como Luís Patrão. Ao ter circulado pelas empresas públicas e municipais Luís Patrão é mostrou ser um paradigma do pau para toda a obra socialista e já fez saber que este cargo não o impedirá de continuar na administração da ANA. Não sendo surpreendente a proposta do PS, à primeira vista pode parecer surpreendente que o PSD de Rui Rio a vá apoiar. Ou talvez não.

A defesa dos centros de decisão nacional

Depois de quatro décadas de socialismo nacional, começa a ser difícil encontrar em qualquer sector grandes empresas de capital português, ou, vá lá, mesmo empresas médias, para além claro das empresas públicas cronicamente deficitárias que nenhum capital privado estrangeiro estará interessado em comprar, com a possível excepção de capital chinês telecomandando pelo governo chinês. As coisas foram tão longe que até nas obras públicas, onde as construtoras portuguesas tinham uma posição dominante, chegámos ao ponto que as construtoras espanholas detêm 70% das obras públicas portuguesas. A este respeito, a quem quiser ter uma perspectiva história de como chegámos aqui, recomendo a leitura da série de 27 posts A defesa dos centros de decisão nacional.

Ficção orçamental

Ainda vamos ter saudades do Dr. Centeno cujas previsões do défice eram quase sempre cumpridas - com mais cativação ou menos cativação, é claro. Ao anunciar a revisão do défice de 2020 para 7% e ao fazê-lo no dia seguinte ao Secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, o seu substituto Dr. Leão mostrou duas coisas: (1) ou bem acredita em milagres ou bem diz o que lhe mandam dizer; e (2) está a colocar-se como factótum do Dr. Costa para as Finanças.

Um novo ministro anexo

No tempo em que o Dr. Louçã ainda não era uma figura de cera do regime e tinha uns resquícios de independência e alguma imaginação, inventou para o Dr. Constâncio, na época em que ele estava no BdP ao serviço do Eng. Sócrates, um nome que foi um achado: ministro anexo. Pois bem, o Dr. Centeno, propõe-se no lugar do Dr. Constâncio estar em «sintonia» e «complementaridade» com o governo. Tendo em conta a missão do governador do BdP, se o Dr. Centeno estivesse a ser sincero (não está) é como se dissesse que para ter um salário duas vezes e meia maior aceitou despromover-se a ministro anexo.

«Estamos preparados»

Como tudo onde o socialismo lusitano põe a mão, o milagre na "guerra" contra a pandemia está a revelar-se uma fraude. Como sempre, o Dr. Costa começou por se emplumar com os resultados do cagaço popular, que levou quase toda a gente a fechar-se a sete chaves aos primeiros sinais da pandemia e o número de infectados e mortos a cair rapidamente. Como seria de esperar, o excesso de confinamento devido ao cagaço popular potenciado pelo cagaço de Costa-Marcelo, limitou drasticamente os contágios numa fase inicial. Logo que o confinamento aliviou as consequências indesejadas desse excesso começaram a fazer-se sentir com o aumento dos novos casos, e enquanto na maioria do países europeus o número de infectados está a diminuir drasticamente, em Portugal aumenta e leva vários países a colocarem restrições ao regresso dos seus nacionais o que dá a machadada final no turismo.

A "guerra" contra a pandemia até na intendência está a falhar. São os erros estatísticos que se repetem com um software experimental (que alguém desenvolveu e por isso foi certamente bem pago) que substitui o software gratuito da OMS, são as muitas dezenas de milhar de cirurgias e um milhão de consultas adiadas, são as máscaras sem qualidade ou não certificadas, etc.

«Queda monumental»

Já só se discute a monumentalidade da queda. Os optimistas oficiais por inerência falam numa queda de 6 ou 7% e os optimistas por dever de ofício falam em dois dígitos ou perto disso, como a CE que prevê agora uma quebra de 9,8%. Para os outros o inferno é o limite. Em relação ao 2.º trimestre, até o semanário de reverência ousa calcular a média das projecções - uma queda homóloga de 16,5%. Para o segundo semestre o ISEG prevê uma quebra de 15% a 20%. E não é caso para menos quando já se sabe que o comércio externo caiu em Maio 40% pelo segundo mês consecutivo, o volume de negócios dos serviços caiu 31,2% em Maio e até a construção civil caiu 8,8% .

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