05/05/2020

Os inimigos da liberdade detestam a sociedade civil e aproveitam todas as oportunidades para a sufocar com o Estado. A "guerra" contra a pandemia é uma dessas oportunidades

«Aprender a lição ou fazer a revolução? Esta última tem os favores dos militantes, dos intelectuais e dos artistas. Há tantos a pensar que se deve aproveitar a “janela de oportunidade”, como agora dizem os papagaios! Ou então a “transformar os problemas em soluções”, como garantem as mesmas aves! Todos os dias se conhecem novas propostas. Ultrapassada a crise do vírus, há que mudar de modelo de desenvolvimento, transformar as relações de trabalho, remodelar os padrões de consumo, repensar o ambiente e o clima, estabelecer novas regras da democracia e ultrapassar o capitalismo. Exige-se já o grande debate nacional sobre o tema, assim como um olhar radical sobre o estado da sociedade actual. Pensa-se todos os dias na sociedade futura e nas relações sociais imaginadas por intelectuais que mantém relações esporádicas e intermitentes com a realidade. Para já, há que mudar a Constituição. E sair do Euro… Dizem.»

Excerto de Fechar é fácil, abrir é difícil, António Barreto no Público (também no seu bogue Jacarandá?

«O vírus da guerra sanitária pode estar a ser debelado. Ainda não o sabemos. A democracia liberal, todavia, está a perder a guerra com as emergências, as calamidades e as dívidas públicas e privadas. Com o medo, na versão marcelista, a preservação da estabilidade e do institucionalismo, domina-se uma sociedade.

Os empresários individualmente estão aquietados, pese embora as intervenções saudáveis dos órgãos patronais a exigirem que o Estado pague o que está a destruir. Os media estão emaranhados com a sua precariedade. O Estado paralisou os mercados e destruiu assim o capital das empresas por via de uma guerra sanitária, e agora não quer pagar as reparações de guerra. Ou melhor, quer fazê-lo à sua maneira para consolidar um projeto de poder disfarçado de um rumo a uma sociedade justa. Com o capital dos alemães e holandeses, os governos querem nacionalizar as perdas que criaram. Uma tarefa sem sucesso. Os tiques autoritários, e não de autoridade, emergem sempre nos tempos conturbados em que o rebanho anda à procura do pastor.»

Excerto de Nova democracia iliberal, Jorge Marrão no Jornal de Negócios

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