«Muitos julgaram perceber um contraste simbólico entre o país que finge ser moderno e o país em que uma mãe deita fora o próprio filho. Julgaram mal. A senhora em causa é estrangeira, crimes terríveis acontecem em toda a parte, e a loucura individual é uma permanência em todos os tempos. Por sorte, a loucura colectiva é menos frequente. Por azar, é uma constante do buraco a que descemos: num ápice, meio mundo decidiu que a responsabilidade pelo bebé atirado ao lixo não é da mãe que tentou o infanticídio, e sim da sociedade, da crise de valores, da crise da bolsa, do capitalismo, nossa, minha e sua. No dia em que eu resolver abalroar com um autocarro o comentador Y por proferir palermices, espero que seja a sociedade a responder em tribunal. A miséria mental da pátria, afastada da inovação tecnológica e próxima da insuficiência cognitiva severa, não se revela no acto isolado de uma senhora desesperada, maldosa ou demente. A chatice é a demência geral que “justifica” e tolera o acto.»
São os loucos de Lisboa (e do resto do país), Alberto Gonçalves no Observador
Mais palavras para quê(como dizia o outro),o Rectângulo é cada vez mais um manicómio a céu aberto(chame-se liberal-demo não sei quê ou capital-socialista ou progressista-franciscaninho).
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